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CONSIDERAÇÕES FINAIS:

No documento MARILEIDE SILVA GOMES (páginas 58-63)

As políticas implantadas durante o governo Dantas foram de fundamental importância para integrar o Acre à fronteira capitalista, favorecendo sua expansão seja através da criação de reservatórios de mão-de-obra, exploração da matéria- prima existente na região, atração de investidores através de incentivos fiscais, propaganda do baixo preço das terras acreanas e mesmo através da mudança na mentalidade dos acreanos que até a década de 70 caracterizava-se por ser uma população predominantemente rural, com hábitos “arcaicos” e tradicionais.

O crescimento desordenado da cidade de Rio Branco foi resultado dos conflitos pela posse da terra ocorridos principalmente nos municípios de Rio Branco, Brasiléia e Xapuri, onde a violência no campo tomou maiores proporções, visto que os posseiros sofriam ameaças não só por parte dos novos proprietários, mas também por parte do Estado através da força policial. As famílias expropriadas neste processo viram como única opção migrar para a cidade e Rio Branco que por ser a capital do estado passava a ilusão de oferecer melhores oportunidades.

Contudo os conflitos não se restringiram à área rural. As áreas de terras próximas ao perímetro urbano passaram também a ser objetos de disputas entre os proprietários e migrantes expulsos de colônias e seringais, somando a isso as precárias condições de vida a que foram submetidas essas famílias, que passaram a criar as mais diversas formas de resistências, que compreendem desde o trabalho informal até o apelo aos meios violência para poder sobreviver.

O principal objetivo da ditadura militar foi favorecer a exploração das riquezas nacionais pelo capital norte-americano, e o crescimento econômico porque passou o Brasil durante o governo militar beneficiou apenas as classes dominantes associadas ao capital internacional. Por esta razão a modernidade implantada no Brasil e conseqüentemente no Acre, na época em questão, trata-se de uma modernização conservadora que não priorizou o desenvolvimento da sociedade como um todo.

Portanto, pode-se concluir que o Acre, durante o governo Dantas passou por mudanças crucias em todos os setores, a essas transformações denominamos de modernidade, visto que o propósito era integrar as áreas atrasadas à economia 57

capitalista, portanto ao mundo moderno, porém de forma conservadora e excludente em relação aos trabalhadores extrativistas.

A partir de 1970, o Acre passou por alterações que produziram novos costumes e novas atividades econômicas. A sociedade acreana de hoje é resultante dessas transformações que puseram fim não só em uma economia gomífera agonizante, mas também aos valores e referenciais de uma sociedade pacata, pautada na religiosidade, no misticismo e na solidariedade.

Na última década houve no plano político uma reorientação quanto ao desenvolvimento do Estado, desta forma foi propagandeado no Acre a implantação de uma economia sustentável com o uso racional dos recursos naturais, contudo o que podemos constatar depois de doze anos da adoção desse modelo é que o que houve foi uma crescente mercantilização da natureza, principalmente o aumento na exploração de madeira via manejo florestal.

REFERÊNCIAS:

1. Monografia em geral:

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1.1 Livros:

ALMEIDA NETO, Domingos José. Aos trancos e barrancos: identidade cultura e resistência seringueira na periferia de Rio Branco-AC (1970-1980). Rio Branco: EDUFAC, 2004.

BANDEIRA, Moniz. O governo de João Goulart e as lutas sociais no Brasil 1961- 1964. 4 ed. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 1978.

BERMAN, Marshall. Tudo que é sólido desmancha no ar: a aventura da modernidade. São Paulo: Companhia das Letras, 1986, p. 15–125.

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GORENDER, Jacob. Combate nas trevas - a esquerda brasileira: das ilusões perdidas à luta armada. 3ª ed. São Paulo: Ática, 1987.

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TOURAINE, Alain. Crítica da modernidade. Petrópolis: Vozes, 1994.

2. Publicações periódicas:

2.1. Artigos do Boletim “Nós Irmãos”:

NÓS IRMÂOS. Duzentas famílias da “fazenda do inglês” invasoras? Rio Branco, Ano II – nº 10, out. 1973, p. 04.

NÓS IRMÂOS. Floresta com as promessas de luz elétrica. Rio Branco, Ano IV – fev.1975, p. 8.

NÓS IRMÂOS. Bairro Experimental: o nordeste acreano. Rio Branco, Ano V – ago. 1976, p. 14-15.

2.2. Matérias do jornal “O Rio Branco”:

O RIO BRANCO. Relatório de Dantas a Geisel indica rumos do novo Acre. Rio Branco, Ano VI - maio 1974, Nº 1125, pp. 01-03.

O RIO BRANCO. Nabor Júnior define ação do legislativo no último mandato. Rio branco, Ano V - mar. 1974, Nº 1063, p. 01.

O RIO BRANCO. Dantas chega pelo Caravelle. Rio Branco, Ano V - jan. 1974, Nº 1024, p. 01.

O RIO BRANCO. Governador volta otimista com os resultados da viagem. Rio Branco, Ano V - jan. 1973, Nº 1035, p. 01.

O RIO BRANCO. Dantas viaja para defender recursos para o estado. Rio Branco, Ano VI - jun. 1974, Nº 1044, p. 01.

2.3. Artigos do jornal “Varadouro”:

VARADOURO. Agora, teatro. Rio Branco, ano I – nº 10, jun. 1978,p. 17-18.

VARADOURO. Bahia à margem da cidade. Rio Branco, ano II - nº 11, ago. 1978, p. 05.

VARADOURO. Educação “não há vagas”. Rio Branco, ano I – nº 8, mar. 1978, p. 21.

VARADOURO. Posseiros urbanos. Rio Branco, ano II - nº 14, mar. 1979,pp. 9-10.

VARADOURO. Tangará virou barraco. Rio Branco, ano I – nº 8, mar. 1978, pp. 15- 16.

2.4. Revistas:

CHARTIER, Roger. O mundo como representação. Annales, nov-dez., 1989, Nº 6, p. 1505-1520.

3. Documentos pessoais, oficiais ou jurídicos:

ACRE (Estado). Administração Wanderley Dantas. Mensagem ao legislativo. Novos caminhos para o Acre. Rio Branco, 1975. s.p.

ACRE (Estado). Novo Acre. Ano I. Nº X. Rio Branco, 1972.

COMISSÃO DE ASSUNTOS REGIONAIS. O II PND e os programas de desenvolvimento regional do Acre: estudos e debates II. Brasília: Senado Federal, 1975.

FERREIRA, Jurandir Pires (Org.). Enciclopédia dos municípios brasileiros v. XIV. Rio de Janeiro: INSTITUTO Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), 1957.

PLANO DE DESENVOLVIMENTO DO ESTADO DO ACRE. Administração Francisco Wanderley Dantas. Projeto Oeste, 1971-1974. [s.l.: s. d.].

4. Entrevistas:

SOUZA FILHO, José Higino. [5 de jun 2010]. Entrevistadora: Marileide Silva Gomes, Rio Branco.

5. Material de internet:

FAGUNDEZ, Paulo Ávila Roney. O significado da modernidade. Acesso em: 08 jun. 2010. Disponível em: <http://www.tj.sc.gov.br/cejur/doutrina/modernidade1>.

Golpe de Estado. Acesso em: 13 out 2010. Disponível em:

<http://pt.wikipedia.org/wiki/Golpe_de_Estado>.

RIBEIRO, Alexandro Rodrigues; SILVA, Ivana Aparecida Ferrer. Culturas agrícolas perenes no ecótono cerrado / floresta amazônica: iniciativas endógenas na ausência de políticas públicas. In: VIII ENCONTRO DA SOCIEDADE BRASILEIRA DE ECONOMIA ECOLÓGICA (ECOECO), Cuiabá: UFMT, 2009. Acesso em: 10 jun.

2010. Disponível em:

<http://www.ecoeco.org.br/conteudo/publicacoes/encontros/VIII/GT1-104-39- 20090712162007.pdf.>.

RODRIGUES, Adriano Duarte. Modernidade. Acesso em: 15 jul. 2010. Disponível em: <http://www.fcsh.unl.pt/invest/edtl/verbetes/M/modernidade.htm>.

OLIVEIRA, Gilson Batista. Uma discussão sobre o conceito de desenvolvimento. Revista FAE. Acesso em: 15 jun 2010. Disponível em:

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PAULA, Elder Andrade. O Movimento Sindical dos Trabalhadores Rurais e a Luta Pela Terra no Acre: conquistas e retrocessos. Revista Nera, ano 7, nº 5, 2004.

Acesso em: 10 jun 2010. Disponível em:

<http://www4.fct.unesp.br/grupos/nera/revistas/05/8_elder_andrade_de_paula.pdf>.

No documento MARILEIDE SILVA GOMES (páginas 58-63)

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