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Fernanda Meirelles Fávaro

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CONSIDERAÇÕES FINAIS

“(...) Nada é tão perigoso quanto a certeza de ter razão. (...) Um saber que não se questiona constitui

um obstáculo ao avanço dos saberes”. Hilton Japiassu

“Não se pode ter paz e tranqüilidade para sempre. Mas os infortúnios e os obstáculos também não são definitivos. A relva queimada pelo fogo

da estepe renascerá no verão”. Sabedoria da Estepe Mongol

COMO INTERAGI COM O TRABALHO

Como já mencionado na Introdução desta dissertação, a vontade de realizar esta pesquisa surgiu em 2005, quando fui contratada como professora por uma escola de educação infantil bilíngüe na zona sul da cidade de São Paulo.

Havia saído há pouco da Faculdade de Educação (Licenciatura Plena em Pedagogia) e, para dizer a verdade, nunca havia ouvido falar em educação bilíngüe. Aos poucos, com o começo das aulas, as dificuldades foram aparecendo e comecei a sentir a necessidade de saber mais sobre a área e sobre a aquisição da segunda língua por crianças pequenas; entretanto, logo percebi que pouco se escrevia sobre o tema em Português.

Quando iniciei esta dissertação, buscava respostas para duas questões que me acompanhavam há algum tempo:

Fernanda Meirelles Fávaro

175 1- Qual a concepção de educação infantil bilíngüe em algumas escolas da cidade de São Paulo?

2- Qual a formação dos profissionais da área nestas escolas?

Minhas inquietações sempre estiveram relacionadas à maneira como se organiza a educação infantil bilíngüe e também à formação dos professores que trabalham nessas instituições. No início das investigações, imaginei que a discussão se voltaria para as diferentes concepções de educação bilíngüe e a organização da mesma nas escolas existentes em nossa cidade e as diversas possibilidades de formação dos professores; entretanto, no final deste trabalho me deparo com questões maiores: a ausência de formação específica para os professores e a utilização de mesma concepção de educação bilíngüe pelas escolas participantes da pesquisa.

Senti algumas limitações ao realizar o trabalho: a primeira estava relacionada com o fato de não ter obtido respostas de muitas instituições. Isso me dava a impressão de não conseguir investigar a realidade atual da educação infantil bilíngüe nas escolas da cidade de São Paulo. A segunda limitação esteve na resistência por parte das instituições e de vários educadores que não quiseram fazer entrevista, preferindo responder a um questionário escrito.

No entanto, não considero que meus questionamentos tenham ficado sem resposta; pelo contrário, acredito que esta pesquisa contribuiu de alguma maneira para a análise da realidade da educação infantil bilíngüe paulistana.

Assim, espero que este trabalho contribua tanto com as pesquisas que se seguirem, como com os envolvidos na educação infantil bilíngüe. Como contribuição acadêmica, espero que esta dissertação possa colaborar, de acordo com as afirmações aqui feitas, com as pesquisas voltadas para a educação bilíngüe, assim como para a formação de professores para esse campo de trabalho, pensando em um novo tipo de formação mais específico para esses profissionais. Do mesmo modo, a discussão dos documentos (textos prescritivos) e leis nacionais também pode servir como contribuição e reflexão acerca da elaboração desse tipo de texto, destacando que considero necessário que existam leis específicas para essas instituições.

Fernanda Meirelles Fávaro

176 Espero que esta pesquisa ofereça uma contribuição aos envolvidos com a educação de crianças pequenas, principalmente na educação infantil bilíngüe, do mesmo modo que contribuiu para as minhas próprias reflexões; que as questões aqui levantadas possam contribuir também para o questionamento da formação atual dos professores que atuam na área, tendo como base a necessidade das escolas e a reformulação das legislações vigentes.

E espero, finalmente, que este trabalho seja mais um passo na construção de um novo olhar para as escolas de educação infantil bilíngüe. De maneira que essas possam inovar na forma de organizar a educação bilíngüe e propor diferentes formas de trabalho. Além de deixarem de ser escolas de intensificação (Mejía, 2002), ou seja, escolas que elevam a carga horária da língua estrangeira e passem, de fato, a ser escolas de educação infantil bilíngüe em que as duas línguas são utilizadas para a mediação do conhecimento.

Parece haver, atualmente, um crescimento no número de escolas bilíngües devido à demanda social, uma vez que os pais procuram esse tipo de educação para seus filhos pequenos, já que dominar mais de uma língua é muito importante para o mundo em que vivemos. Dessa forma, muitas escolas, a cada dia que passa, começam a se denominar bilíngües sem que de fato o sejam.

Acho que este trabalho poderia ser ampliado na medida em que levasse em consideração outros aspectos referentes às concepções de ensino-aprendizagem das instituições, percebendo a organização nas diferentes séries da educação infantil e no ensino fundamental. Seria interessante tentar perceber a organização do espaço de sala de aula de cada instituição a fim de maximizar as propostas educacionais. Seria pertinente também realizar uma pesquisa mais abrangente de campo para pensar na aquisição da segunda língua por parte das crianças. Para isso, acredito que uma ou mais visitas às instituições fossem necessárias. Outro ponto que poderia ampliar as considerações acerca da educação bilíngüe seria conseguir a participação de um maior número de escolas, o que acarretaria em uma investigação mais aprofundada da realidade da educação infantil bilíngüe na cidade de São Paulo.

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REFERÊNCIAS

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