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Baseado em Baker, 2006 BILINGÜISMO Desenvolvimento tardio do bilingüismo Desenvolvimento infantil do bilingüismo Bilingüismo seqüencial/ consecutivo Aquisição simultânea Uma pessoa - uma língua Mistura de línguas Língua de casa é diferente da língua utilizada fora de casa Introdução tardia da segunda língua Bilingüismo circunstancial/ funcional Bilingüismo eletivo

Fernanda Meirelles Fávaro

41 Neste momento, tentarei definir educação bilíngüe, além de diferenciar e compreender os tipos de educação bilíngüe existentes, uma vez que a educação infantil bilíngüe é o foco desta pesquisa que, como dito anteriormente, procura descrever o panorama da educação infantil bilíngüe na cidade de São Paulo, investigar a realidade atual da educação infantil bilíngüe em algumas escolas de educação infantil bilíngüe da cidade de São Paulo, além de traçar o perfil dos profissionais da área.

Para tanto, farei um paralelo entre os estudos existentes nos Estados Unidos da América e Canadá (Freeman, 1998; Hornberger, 1991; Lindholm-Leary, 2006 e Baker, 2006) e as pesquisas realizadas na América Latina por Mejía (2002).

1.1.2- Tipos de educação bilíngüe

Começo então este tópico com os questionamentos levantados por Freeman (1998) de que educação bilíngüe é um campo controverso e freqüentemente mal-entendido. Existe ainda hoje uma considerável confusão e conflito em determinar o que significa educação bilíngüe, para quem são os programas bilíngües, que objetivos eles têm, para que população alvo e se o programa é ou pode ser efetivo. Este mal-entendido ocorre, uma vez que educação bilíngüe pressupõe conceitos distintos em países e contextos diferenciados em função de questões étnicas, dos próprios educadores e legisladores e de fatores sociopolíticos.

Um dos pontos desse “descompasso” é a grande variação de um contexto educacional bilíngüe para outro dentro de um mesmo país e, principalmente, de um país para outro. Em outras palavras, para Freeman (1998),

o mesmo termo (educação bilíngüe), contudo, é utilizado para se referir a uma extensão de programas que podem variar em termos ideológicos, lingüísticos e culturais, população alvo diferente e diferentes objetivos para estas populações [...]. Como resultado o que significa educação bilíngüe e se o programa é efetivo tem sido e continua a ser uma fonte de confusão e conflito em nível político, na prática educativa e na imprensa popular16(p.03).

16 Tradução do trecho “This same term (bilingual education), however, is actually used to refer to a wide

range of programs that may have different ideological orientations toward linguistic and cultural diversity, different target population, and different goals for those populations [...]. As a result, what bilingual

Fernanda Meirelles Fávaro

42 Baker (2006) afirma que educação bilíngüe é “um rótulo simples para um fenômeno complexo”17 (p.213) uma vez que esse mesmo termo é utilizado para descrever programas que promovem duas línguas, programas relativamente monolíngües para crianças com língua minoritária e escolas em que o alvo é somente a língua e, para tanto, aumentam o número de horas de instrução da língua estrangeira.

Mackey (2000) afirma ainda que diferentes modalidades de instituições, que utilizam outra língua como meio de instrução, se denominam escolas de educação bilíngüe. Ou seja, escolas no Reino Unido nas quais metade das matérias escolares são ensinadas em inglês são denominadas escolas bilíngües. Escolas na União Soviética em que todas as matérias, exceto o Russo, são ensinadas em Georgiano são denominadas bilíngües. Escolas nos Estados Unidos nas quais o Inglês é ensinado como segunda língua são chamadas escolas bilíngües. Percebe-se, conseqüentemente, que o conceito de escola bilíngüe tem sido utilizado sem qualificação para cobrir tamanha variedade de usos de duas línguas na educação.

Neste tópico, procuro, então, esclarecer algumas dessas confusões, tomando como base, principalmente, cinco autores: Hornberger (1991), Freeman (1998), Mejía (2002), Lindholm-Leary (2006) e Baker (2006), fazendo uma apresentação geral sobre as diferentes propostas de educação bilíngüe que são discutidas na literatura da área, com atenção especial à variação encontrada na prática.

Tecnicamente, segundo Freeman (1998), educação bilíngüe significa, em termos gerais, utilizar duas línguas para instrução. Na mesma linha, Brisk (2005) define a educação bilíngüe como sendo aquela que “[...] utiliza duas línguas como meio de instrução [...] educação bilíngüe aparece em diferentes „formas‟ influenciadas por circunstâncias particulares, necessidades dos alunos e recursos”18(p.08). Ainda segundo os autores, as línguas escolhidas para esse tipo de educação serão as “majoritárias” do mundo, ou seja, Inglês, Francês, Espanhol, Alemão, Italiano entre outras, assim como há muito tempo foram o Latim e o Grego.

education means and whether it is effective has been and continues to be a source of confusion and conflict on the policy level, in education practice and in the popular press” (Freeman, 1998: 03).

17 Tradução do trecho “[...] simplistic label for a complex phenomenon” (Baker, 2006: 213).

18 Tradução do trecho “[...] use of two languages as media of instruction [...] bilingual education comes in

Fernanda Meirelles Fávaro

43 Mejía (2002) faz uma importante distinção entre educação bilíngüe e intensificação. A autora afirma que os dois termos são, em muitos casos, confundidos, já que em ambas as situações o objetivo educacional é o ensino de uma segunda língua. Mejía (2002) diz ainda que muitas escolas se denominam como escolas de educação bilíngüe quando, na verdade, o ensino desse segundo idioma se refere à intensificação. Na educação bilíngüe, o idioma é ensinado como segunda língua (L2), ou seja, conteúdos escolares são ensinados através deste idioma e na intensificação, o idioma é ensinado como língua estrangeira (LE), há um acréscimo no número de horas de ensino de língua estrangeira.

A autora exemplifica citando os programas de intensificação na Colômbia em que o número de horas de aulas de língua estrangeira chega a 10-15 horas semanais em comparação com as usuais 2-3 horas na semana nas escolas que não adotam esse modelo de ensino. Os programas de intensificação têm como foco o ensino-aprendizagem de aspectos lingüísticos da língua estrangeira, ou seja, gramática, vocabulários, ortografia entre outros. Já que a língua estrangeira é o objeto de estudo e não instrumento de comunicação das áreas de conhecimento, mesmo que textos de outras áreas sejam utilizados (Ciências, Geografia, História etc.), o objetivo do trabalho são os aspectos lingüísticos e não as questões conceituais da Geografia ou da História.

No caso da educação bilíngüe tanto a língua materna como a segunda língua, são os meios de ensino-aprendizagem, não apenas dos aspectos lingüísticos, mas com igual importância dos conteúdos conceituais das áreas do conhecimento (Ciências, Matemática, Geografia etc.). Segundo Mejía (2002) o foco na aprendizagem da língua está associado aos aspectos acadêmicos dentro da instituição escolar e, nesse contexto, o ensino-aprendizagem da língua é objeto e instrumento do ensino.

Lyle French (2007) afirma que um ponto muito importante para diferenciar escolas brasileiras com aula de Inglês (língua-alvo) e escolas de educação bilíngüe é que, no segundo caso, matérias do currículo são ensinadas na segunda língua e, no primeiro, as crianças aprendem a língua, o Inglês.

Alguns autores (Hornberger, 1991; Freeman, 1998 e Baker, 2006) diferenciam a educação bilíngüe em três grandes modelos que podem na prática, se desdobrar em vários tipos de educação. Esses modelos são definidos em termos do seu planejamento de língua, seus objetivos, orientações ideológicas e diversidade cultural existente na sociedade; os

Fernanda Meirelles Fávaro

44 tipos de programa são definidos em termos de contexto específico e de características estruturais. Para visualizar melhor, apresento o seguinte quadro: