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TIPOS “FORTES” DE PROGRAMAS BILÍNGUES PARA BILÍNGUISMO E „BILITERACY‟

Tipos de programa* Público alvo Língua da aula Obj.

educacionais Obj. lingüísticos

Imersão Grupo de língua

majoritária ênfase inicial em Bilíngüe com L2 Pluralismo, enriquecimento e aditivo Bilingüismo e „biliteracy‟ Manutenção ou Educação Bilíngüe de enriquecimento Grupo de língua

minoritária Bilíngüe com ênfase em L1 Manutenção, pluralismo, enriquecimento e

aditivo

Bilingüismo e „biliteracy‟

Fernanda Meirelles Fávaro

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Duas línguas (Dual

Language) (minoritário e Misto majoritário) Língua minoritária e majoritária Manutenção, pluralismo, enriquecimento e aditivo Bilingüismo e „biliteracy‟ Bilinguismo bem

estabelecido Grupo de língua majoritária majoritárias 2 Línguas Manutenção, pluralismo, enriquecimento e

aditivo

Bilingüismo

Notas:

L2 = segunda língua (língua-alvo)19

L1= língua materna LE= língua estrangeira20

Lga= língua

A partir deste momento, descreverei brevemente todos os programas aqui propostos e, por fim, me atentarei mais aos dois últimos (duas línguas e imersão), pois são os tipos de educação bilíngüe mais difundidos atualmente e que atendem, em sua maioria, os grupos majoritários, que é o caso das escolas bilíngües brasileiras. Tento, sempre, fazer uma correlação com os programas propostos por Mejía (2002) nas escolas da América Latina e que se assemelham mais às escolas de Educação Infantis Bilíngües encontradas na cidade de São Paulo – Brasil.

Submersão

Para Baker (2006), o programa de submersão surgiu a partir da idéia de que quando crianças de grupos minoritários são colocadas em escolas de grupos majoritários recebem o apelido de “submersion”. Portanto, submersão é um rótulo utilizado para descrever a educação oferecida para crianças de grupos de língua minoritária e que estudam em escolas regulares de educação. Nenhuma escola, contudo, se denomina “Escola de Submersão”.

Baker (2006), para demonstrar e caracterizar os programas de Submersão, faz uma analogia como se as crianças de língua minoritária fossem jogadas em um lago fundo e se

19 Para Mejía (2002) a segunda língua é definida como tendo reconhecimento oficial ou funcional em um país. 20 Língua estrangeira pode ser entendida como “when a language not used as a regular or frequent means of

communication within a particular country is taught in schools, this is referred to as „foreign language‟” (Mejía, 2002: 47).

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47 esperasse que elas aprendessem a nadar o mais rápido possível, sem a ajuda de bóias e aulas especiais de natação.

Submersão de classes sociais diferentes

Já o tipo submersão de classes sociais diferentes existe em países onde ocorreu muita imigração e há uma procura para assimilar esses grupos minoritários. A educação do tipo regular pode ocorrer com ou sem aulas específicas para ensinar a língua majoritária. Assim, Baker (2006) afirma que crianças de língua minoritária podem ser “encaminhadas” para aulas compensatórias na língua majoritária.

Este tipo de programa pode ser “fraco” ou “forte” e o que diferencia é que no tipo “fraco”, existem aulas de língua estrangeira para que os grupos minoritários sejam capazes de “acompanhar” as aulas ministradas em língua majoritária e no tipo “forte”, utilizam-se duas línguas majoritárias diferentes para instrução. Ou seja, Baker (2006) afirma que nesses casos, a educação bilíngüe se compromete com a utilização de duas ou mais línguas majoritárias para instrução escolar.

Segregacionista

Educação segregacionista (Segregationist Education) é um tipo de educação para grupos sociais minoritários e ocorre em países em que esses grupos minoritários são proibidos de estudar em programas ou escolas que atendem unicamente o grupo majoritário.

Separatista

Nesta mesma linha de pensamento, a educação separatista (Separatist Education) acontece em lugares onde pessoas de grupos minoritários procuram se desvencilhar dos grupos majoritários e perpetuar sua existência independente. Surge com o intuito de proteger os grupos minoritários de serem sobrepostos pelo grupo de língua majoritária, em sua política, religião, cultura entre outras coisas.

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48 Bilingüismo transicional

O tipo de educação bilíngüe de transição (Transitional Bilingual Education) é o tipo mais comum nos Estados Unidos da América. Nesse tipo de educação, estudantes tiveram que ter uma transição rápida de suas línguas maternas para o Inglês (Lindholm-Leary, 2006). Para que esse objetivo seja alcançado, Freeman (1998) coloca que a língua é vista como “língua como problema”21 uma vez que a língua nativa é utilizada somente até o aluno adquirir Inglês suficiente para se transferir para as classes de falantes de Língua Inglesa em que as matérias curriculares são ensinadas somente naquele idioma.

Em outras palavras, após um pequeno período de bilingüismo (língua materna e Inglês), os estudantes dos programas de transição dos Estados Unidos da América passam para o monolingüismo em Inglês.

Manutenção ou educação bilíngüe de enriquecimento

A educação do tipo Manutenção (Maintenance ou Heritage Language) é o programa menos comum de transição nos Estados Unidos da América. A abordagem está em encorajar a língua materna, fortalecendo a identidade cultural da criança e suas raízes para então desenvolver a aprendizagem da segunda língua.

Nessa perspectiva, “[...] crianças de língua minoritária utilizam suas línguas nativa, étnica, de casa ou de herança na escola como meio de instrução com o objetivo do bilingüismo completo”22 (Baker, 2006: 238). Esse modelo de ensino objetiva o pluralismo cultural e a diversidade lingüística em que se mantêm a língua materna e a cultura de cada criança, acrescentando a segunda língua (Mejía, 2002).

Nos programas chamados Heritage Language Programs são atendidas crianças de língua majoritária e minoritária o que os caracteriza como recursos nacionais e individuais.

21 “language-as-problem” – expressão utilizada por Freeman (1998: 04).

22Tradução do trecho “[...] language minority children use their native, ethnic, home or heritage language in

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49 Duas línguas (Dual Language)

Os programas de Dual Language são os programas mais comuns e difundidos nos Estados Unidos e também no Canadá. Para alguns autores, como Freeman (1998), esses programas recebem o nome de Two-way Bilingual, Bilingual Immersion, Two-way Immersion ou Developmental Bilingual.

Enquanto nos programas de Dual Language coexistem alunos de língua majoritária e minoritária, os programas de imersão são destinados à elite e, portanto, não atendem crianças de língua minoritária. Pensando dessa maneira, para esta dissertação, farei a separação proposta por Baker (2006) e colocada no Quadro 01. Ou seja, entenderei os programas de imersão (Bilingual Immersion) como sendo diferentes dos de Two-way ou Dual Language. A partir deste momento, descreverei brevemente os programas de duas línguas e, posteriormente, os de imersão.

Para entender melhor esse tipo de programa (Duas Línguas) deve-se ter clara a idéia de que ele acontece, para Baker (2006), quando se tem na classe aproximadamente o mesmo número de alunos falantes de língua minoritárias e majoritárias e as duas línguas são utilizadas como meio de instrução.

Existem duas variantes de programas de Dual Language, uma delas é chamada de programa 90:10 e a outra de programa 50:50.

Para visualizar melhor esta diferença, que diz respeito à língua utilizada para instrução, utilizarei os gráficos a seguir:

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