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UM OLHAR SOBRE A FORMAÇÃO DOCENTE PARA A EDUCAÇÃO PROFISSIONAL E O CENÁRIO NO IFBA

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Inicialmente, devemos refletir sobre a legitimação do professor como profissional da educação e termos a consciência que os seus saberes dependem, além da experiência e da prática docente, de sua formação inicial. Esta é composta por, além dos conhecimentos que o docente deve ensinar, por saberes pedagógicos. Na educação profissional não há exigência desses saberes, principalmente por se acreditar que a prática da técnica é mais importante que a teoria. Aliado a este fato, apesar de existirem documentos orientadores com objetivos de normatizar a educação e a formação do docente, inclusive para a educação profissional e tecnológica, não percebemos uma política consolidada, organizada e planejada para este fim. Encontramos Resoluções, Leis, Decretos desagregados, descontínuos e apressados, remediando situações/ dificuldades de modo imediatista. Precisamos de uma política nacional para a educação profissional que contemple a valorização da formação dos professores e de seus saberes. Que a formação do professor ocorra de maneira articulada entre a teoria e prática docente, além dos conhecimentos técnicos dos conteúdos a serem ministrados por ele.

Neste sentido, percebemos que os cursos de Licenciatura para a EPT do IFBA apresentam-se como iniciativas louváveis (cursos de licenciatura em informática, computação e eletromecânica) apesar de serem ainda incipientes e com pouca diversidade. Acreditamos que os Institutos Federais tenham um papel fundamental na formação de professores para a EP e que outras modalidades devam ser experimentadas a fim de incentivar ainda mais cursos como este.

Para que isso ocorra, alguns entraves devem ser contornados, como: 1. ter a capacidade de ofertar licenciaturas para as mais variadas formações técnicas; 2. direcionar qual a área ou disciplinas que o curso se destina; 3. Formar a identidade profissional do egresso (ensinar X trabalhar na indústria); 4. Selecionar os saberes da licenciatura, a fim de que o licenciado não fique em desvantagem em relação aos conhecimentos do bacharel; e 5. conquistar o amparo legal para a formação de professores para e EPT.

Julgamos que um dos principais obstáculos para a organização de licenciaturas voltadas para a EPT é a imensa diversidade de formações técnicas existentes. Isso porque, o desenvolvimento de cursos de licenciatura para cada uma das muitas áreas técnicas, necessita

de investimentos elevados, que podem não os retornos sociais e educacionais almejados. Seguindo esse raciocínio, precisamos considerar as especificidades dos cursos EPT e abrir novas possibilidades de formar professores para a área técnica, de jeito que em sua formação contemplem, além dos saberes técnicos, também os pedagógicos. Julgamos que isso é possível em curso de pós-graduação lato-sensu e num curso de dupla formação – Curso de licenciatura e superior em tecnologia.

REFERÊNCIAS

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NOTAS

1 Saviani (2009) dividiu os anos de 1827 a 2006 em seis períodos: 1827-1890, 1890-1932, 1932-1939, 1939-1971, 1971-1996 e 1996-2006, fazendo uma análise histórica da formação docente no Brasil.

2 Ambiente virtual de coleta, validação e disseminação das estatísticas oficiais da Rede Federal de Educação Profissional, Ciência e Tecnológica (rede Federal). Mais informações, vide homepage: https://www.plataformanilopecanha.org/

3 Os dados foram enviados em planilha Excel, por e-mail, pela Pró-reitora de Ensino (PROEN), quando solicitei. Por isso, não está referenciado nas Referências deste artigo.

CAPÍTULO 3 – ARTIGO 2

PERSPECTIVAS E DESAFIOS DE UMA LICENCIATURA