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As duas escolas pesquisadas pertencem a universos diferentes apesar de estarem localizadas na região do extremo sul da cidade de São Paulo. Na escola A a comunidade é de baixo poder aquisitivo, composta por cidadãos de baixa renda e na escola B, a comunidade é formada de cidadãos de classe média baixa.

Os alunos pertencentes à comunidade A aparentemente são mais pobres e com menos acesso aos meios de aculturação, já os da comunidade B estão mais próximos destes meios. Apesar de serem crianças e jovens pobres, os alunos da escola A e seus familiares desfrutam de um ambiente educacional agradável e acolhedor graças às características dos gestores que procuram manter o nível do ensino e o máximo possível de aprendizagem. Este empenho se dá pelo elevado tempo de serviço de seus professores e seu constante aprimoramento.

Também se acopla à disposição da gestão e ao grande esforço dos professores, o auxilio de uma empresa parceira que auxilia na criação de um ambiente saudável e muito bem equipado, voltado para o aumento da produtividade escolar.

Na escola B os alunos possuem um nível um pouco mais elevado, também desfrutam de uma gestão escolar muito bem planejada e eficiente que visa o desenvolvimento mental do aluno em direção do estudo e do alcançar metas. O corpo docente também é responsável por essa maior qualidade de ensino que os destaca nas avaliações externas, pois é composto também por professores que dedicam uma vida toda ao ato de ensinar.

É possível apontar alguns pontos em comum, nas práticas pedagógicas utilizadas pelas duas escolas da Diretoria de Ensino Sul 1, que obtiveram os melhores resultados no SARESP 2007:

• Os corpos docentes em sua maioria são de professores efetivos com muita experiência e boa formação profissional, trabalhando na escola há muitos anos;

• Os grupos são coesos e tem excelente relacionamento interpessoal, pois o objetivo maior de todos os membros é a melhoria da qualidade do ensino ministrado;

• Os grupos querem ver o resultado de seus esforços traduzidos na boa reputação da escola em relação ao ensino oferecido aos aprendizes;

• Os grupos participam constantemente de reuniões para avaliar as estratégias pedagógicas, e muita discussão se traduz em constante renovação, onde todos participam em um trabalho árduo e profícuo;

• As diretorias e coordenadorias são atuantes, ouvem, participam e discutem, sendo ponte de ligação entre os anseios dos alunos e da comunidade.

As duas escolas esforçam-se por dar o que há de melhor no ensino público para seus alunos e a reposta é positiva, pois os alunos participam das atividades extra-curriculares e procuram sempre melhorar. E com a auto-estima elevada tornam-se pessoas mais tranqüilas e mais respeitosas de suas atitudes perante a sua comunidade.

Entendemos que nas duas escolas pudemos identificar a prática de avaliações formativas, que compreendem um conjunto de práticas variadas que se integram ao processo ensino-aprendizagem e que procuram contribuir para que os alunos se apropriem melhor das aprendizagens curricularmente estabelecidas como importantes. Prepararam professores para a prática reflexiva, a participação crítica, a inovação e a cooperação, formando um profissional avaliativo. A evolução dessas práticas pedagógicas e avaliativas depende da profissionalização desses professores.

O empenho destas escolas é medido por uma avaliação externa - Saresp - de cunho político onde o governo preocupa-se em qualificar o envolvimento dos gestores, professores alunos no processo de ensino aprendizagem. A avaliação processa-se na relação professor-aluno, baseado no interior da auto-análise feita pelo aluno ou pelo professor, que sempre pedem a intermediação dos pais e da comunidade com ela envolvida pais como pedidos declarados de intervenção.

É um movimento de cooperação entre professores, alunos e pais, na construção de um processo de aprendizagem com bons resultados. Mas este comprometimento deve passar por instâncias maiores, onde o comprometimento político-pedagógico procure recursos financeiros e técnicos capazes de darem o aporte necessário para o desenvolvimento desta ação de valoração do estudo e da ampliação do conhecimento.

Esperamos que este sistema de avaliação venha a trazer respostas ao problema dos países com grandes populações, como é o caso do Brasil. O problema é vencer o analfabetismo e vencer as barreiras do conhecimento mal estruturado e ineficiente que aniquila a mente dos seres humanos, tornando-os páreas em sua própria sociedade.

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ANEXO 1