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Ao longo do texto, buscou-se apontar a internacionalização como um ativo a ser utilizado em benefício da universidade e das comunidades, acadêmicas e externas. Destacou-se o quanto a formação de um órgão especialmente dedicado à operacionalização na UFRJ, a Diretoria de Relações Internacionais, contribuiu para o incremento das ações internacionais desenvolvidas pela universi- dade. Considera-se que a UFRJ nunca esteve tão internacionalizada nos dias de hoje. Isso se deve não apenas ao fato de as circuntân-

cias conjunturais favorecerem a internacionalização; foi preciso também que a universidade, internamente, optasse por perseguir ações internacionais, e dedicasse parte de seu corpo funcional a esta tarefa. A UFRJ escolheu internacionalizar-se e, com isso, vem operacionalizando uma série de mudanças administrativas orientadas à promoção de ações internacionais, além de difundir, internamente, a cultura da internacionalização.

Concluiu-se que a celebração de acordos acadêmicos interna- cionais é condição sine qua non à internacionalização como um bem público. Estabeleceu-se que os regramentos e procedimentos que circunscrevem a instrução processual dos acordos até a sua assinatura, longe de serem meramente componentes de ordem burocrática, buscam o alinhamento das parceiras internacionais aos preceitos do Direito Público. Representam, com isso, uma tentativa de trazer a cooperação para o domínio público, revestindo-a dos requisitos necessários à publicização dos resultados da cooperação.

Argumentou-se ainda que diversos programas internacionais dos quais a UFRJ participa já evidenciam nítidos esforços no sentido de tornar a internacionalização um projeto a serviço da universi- dade e de seus valores edificantes, tendo inclusive resultados em termos de participação e inclusão social. Notadamente, projetos como Erasmus+ e Riesal demonstram não apenas que a UFRJ vem cada vez mais se aproximando de parceiros internacionais, mas que busca converter essa aproximação em ganhos acadêmicos, epistêmicos e sociais.

Reconhece-se e valorizam-se todos os esforços empreendidos pela DRI ao longo desses três anos de sua existência enquanto primeiro órgão da UFRJ destinado exclusivamente à implemen- tação de ações internacionais. Não obstante, reconhecem-se que esforços ainda são necessários tendo em vista não somente a inter- nacionalização da UFRJ, mas a internacionalização como um vetor de desenvolvimento social. Acredita-se que a cultura de interna- cionalização na UFRJ é ainda bastante incipiente. É preciso não

apenas que a DRI operacionalize ações internacionais, mas que a internacionalização, como um valor, se irradie pela UFRJ e por suas unidades acadêmicas. Na prática, constata-se que algumas unidades são mais participativas em termos de ações internacio- nais, enquanto outras permanecem inertes e deixam de explorar a internacionalização como um instrumento de aperfeiçoamento.

Para que logre internacionalizar-se em função do interesse público, é primordial que a UFRJ debata cada vez mais a internacio- nalização e discuta o seu papel enquanto promotora do bem comum ao qual a universidade atende. Nesse sentido, destaca-se que, para além da discussão sobre a internacionalização em órgãos colegia- dos, é preciso que haja um engajamento de toda a comunidade acadêmica nessa discussão. Pensar criticamente a internaciona- lização é fundamental para que a universidade tenha condições de aproveitá-la devidamente. Ressalta-se que a UFRJ possui um corpo de pesquisadores e estudantes de excelência, que podem ajudar a refletir sobre as ações internacionais da universidade e propor novos modelos de internacionalização. Cursos de graduação como Pedagogia e Relações Internacionais, por exemplo, podem e devem discutir a internacionalização, seja em laboratórios, grupos de pesquisa ou cadeiras específicas. Trazer esse conhecimento especializado pode em muito ajudar a ressignificar a internaciona- lização da UFRJ em novas bases, tornando-a um projeto a serviço do bem comum.

Verifica-se ainda que, embora a DRI tenha desempenhado função primordial para a internacionalização, fatores de ordem de pessoal/orçamentária têm constrangido significativamente seu escopo de atuação. Notadamente, a UFRJ ainda tem tido dificulda- des em desempenhar um papel prospectivo em termos de parceiras internacionais. O Plano de Desenvolvimento Institucional da UFRJ inclusive menciona como um obejtivo a ser alcançado a criação de uma seção, na DRI, destinada à prospecção de projetos inter- nacionais (UNIVERSIDADE FEDERAL DO RIO DE JANEIRO,

2018, p. 167). Atualmente, essa função é desempenhada ainda de forma difusa pelos setores de Relações Internacionais e Acordos Acadêmicos, sem uma linha de continuidade bem definida. Por falta de recursos e pessoal, a UFRJ ainda permanece como uma instituição em grande medida reativa à internacionalização, sendo mais procurada por potenciais parceiros do que procurando por parcerias frutíferas.

Por fim, destaca-se que o cenário que se avizinha, caracteri- zado por cortes e contingenciamentos orçamentários, certamente impactará sobre as ações internacionais da UFRJ. Nesse cenário, é fundamental que a universidade reafirme o valor da inter- nacionalização e persiga soluções alternativas, a fim de refrear possíveis retrocessos. Pode-se citar como soluções internas de baixo custo o estímulo à irradiação do conhecimento adquirido por servidores em treinamento no exterior, ministrando cursos internos a outros servidores, por exemplo. Fato é que, com os avanços tecnológicos, é possível beneficiar-se da internacionali- zação sem obrigatoriedade de mover-se a um outro país. Acima de tudo, a internacionalização é um valor, um ativo que pode ou não ser convertido em benefícios, e seu desenvolvimento como tal depende em grande medida de como os principais agentes da universidade pensam sobre a internacionalização e que ações tomam com vistas a irradiá-la. A priori, precisa haver uma sensi- bilização generalizada sobre a importância da internacionalização, não só para a UFRJ, como para todas as comunidades que dialo- gam com a universidade. A partir dessa mudança intelectual, os avanços virão, malgrado as adversidades.

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