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O estudo sobre o Sistema Municipal de Ensino de Ananindeua produziu importantes reflexões quanto à redemocratização da educação que vem ocorrendo no Brasil nos últimos anos. Este processo vem sendo marcado pela recuperação do pacto federativo, redefinindo-se as responsabilidades dos entes federados – União, Estados, Distrito Federal e os Municípios – num contexto que acarretou grandes mudanças no cenário das políticas públicas educacionais, principalmente na gestão educacional. O município passa a assumir um papel fundamental nesta organização, passando a ter a prerrogativa legal de constituir seu próprio sistema de ensino.

Questões referentes à democratização, descentralização e autonomia municipal foram discutidas nesta pesquisa em meio a muitas inquietações suscitadas diante de um cenário em que a implementação das mudanças na gestão da educação influenciou fortemente a organização e as relações de poder nas instâncias subnacionais. Ao compreender que as políticas públicas definem-se como princípios e propostas de ações de intervenção para se mudar ou manter uma dada realidade, considero que essas são o resultado de uma construção histórica e de concepções que, ao longo dos anos, orientam as ações governamentais e dos sujeitos participantes.

Na primeira parte deste estudo apresentei uma série de considerações acerca dos anteriores e atuais ordenamentos da gestão da educação no que se referem à redemocratização, à descentralização e à autonomia. A forma histórica como foram concebidas teoricamente e no conjunto das determinações legais, especificamente ao que diz respeito à ação municipal e a criação e implantação dos sistemas municipais de ensino. Enfatizei que a descentralização da educação está diretamente ligada ao debate sobre as formas de efetivação das políticas sociais e, que, destaca-se no bojo da atual reforma administrativa que vem sendo instituída pelo Estado brasileiro.

O estudo ajudou a perceber que a relação entre descentralização e democratização das tomadas de decisões não é direta. Pois, descentralizar implica em uma grande alteração no âmbito do exercício do poder político, devendo haver o seu remanejamento do nível central para os subnacionais, conferindo a Estados e municípios maior autonomia política, financeira e administrativa, pelo menos pela via legal. No entanto, se observou que no Brasil as mudanças ainda requerem uma maior distribuição deste poder decisório, ainda bastante impregnado pelas deliberações tomadas pelo governo central. Os mecanismos de poder instalados se revelam disfarçados pelo discurso descentralizante, por proporcionarem o envolvimento de um número crescente de pessoas nas definições de rumos e nas

organizações, mas que, por outro lado, presencia-se um Estado onde o poder ainda está nas mãos de instituições públicas que delegam responsabilidades, mas são detentoras dos direcionamentos das políticas sociais de forma centralizada, em processos que identifiquei como desconcentradores.

Discutir a distribuição do poder mostrou que a participação social e política dos cidadãos ainda se revelam como pontos cruciais em meio às novas determinações dadas aos municípios, que historicamente se viram diante de idas e vindas na definição de sua autonomia. O estudo das percepções de alguns autores evidenciou que este tema, associado às liberdades individuais e sociais e a transformação da sociedade, mostraram um processo ainda em disputa e de muita tensão, pois, não basta apenas que se regulem normas para a gestão autônoma da educação, é preciso que a autonomia seja construída e não somente decretada. Ser considerada não como obrigação, mas como possibilidade.

Em seguida, analisei que a descentralização é defendida como uma oportunidade do Estado promover uma ampla desburocratização e dar um novo significado às formas de gestão das instâncias públicas, a serem ajustadas aos moldes do gerencialismo, no qual a eficiência e eficácia se dariam pela instalação de processos administrativos e financeiros descentralizados. Muitas medidas, que foram implementadas desde o início das reformas do aparelho estatal brasileiro, foram fortemente influenciadas pelo intervencionismo de organismos internacionais, principalmente na América Latina. Caracterizando um processo de indução, com forte impacto de diagnósticos, relatórios e receituários, definidos por instituições multilaterais de financiamento e cooperação técnica, como Banco Mundial, CEPAL e UNESCO.

Nas mudanças efetivadas no âmbito da educação municipal, a municipalização do ensino se mostrou como um grande viés das propostas descentralizantes de caráter indutivo. Mesmo que se considere que tal medida pode facilitar a democracia em nível local, por dar a possibilidade de quem está mais perto da realidade escolar decidir seus próprios rumos, a forma como foi implantada é que merece críticas, por ter evidenciado mais a racionalidade e eficiência dos processos de gestão. Da mesma forma que, muitos municípios, não avaliaram a contento as inúmeras responsabilidades que passariam a ter quando assumissem tal procedimento. Com estruturas deficientes, pessoal sem qualificação e diversos processos a serem estabelecidos para se garantir a qualidade do ensino, se tornaram reféns de suas próprias escolhas. O regime de colaboração propugnado pela CF de 1988 e pela LDB de 1996 é fortemente aviltado, em face de um processo de forte teor competitivo e de desresponsabilização por parte dos Estados.

Procurei evidências que mostrassem porque Ananindeua não fez a opção por esta lógica descentralizadora, por meio da análise dos documentos do seu Sistema Municipal de Ensino. Poucos elementos foram encontrados para se justificar essa não inserção. No entanto, verifiquei que este SME definiu como estratégia primeira seguir avaliando os atuais ordenamentos no que diz respeito à transferência da administração das escolas estaduais para o nível local. Para que, em seguida, determine a melhor uma forma de ação que contemple a expressão da sua coletividade. Consolidar a institucionalização e organização do seu SME e continuar estabelecendo parâmetros para que se imprima uma melhor qualidade no atendimento dos níveis e modalidades de ensino.

Os aspectos evidenciados na terceira parte deste estudo demonstram que, para a criação e implantação de um SME, deverá estar presente o necessário estabelecimento de um conjunto de normas que dêem orientação ao seu funcionamento e aos processos educativos a serem definidos a partir da identidade local, sem perder de vista as políticas nacionalmente determinadas. Nesse sentido, o SME de Ananindeua vem se produzindo como um sistema de ensino ainda em vias de sua consolidação; que traz em si a marca de dar especial atenção, tanto no âmbito de sua função normativa como no da mobilizadora, à participação dos seus diversos segmentos.

É um sistema bastante novo do ponto de vista de sua criação. Mas, com uma significativa trajetória de avanços e avaliações de sua política local, por entenderem, localmente, que a ação educativa não se dá de um dia para o outro e, que, também, se efetiva em meio a uma construção coletiva e a ser revista em todos os momentos. Isso se mostrou patente na análise de seus principais instrumentos normativos, principalmente aqueles amplamente discutidos e definidos pelo Conselho Municipal de Educação.

Ao definir quatro dimensões para análise da organização que vem sendo estabelecida em Ananindeua, procurei identificar elementos que penso serem centrais no processo de sistematização de um estudo sobre um SME. Dessa forma, consubstanciando as contribuições de alguns autores da área e minhas conclusões pessoais, produzi um quadro de quatro dimensões que, espero, contribua para outras análises e sejam sempre passíveis de reordenações, como tem que ser um estudo de cunho crítico. Assim o fiz porque compreendo que a política educacional municipal deve contemplar uma fundamental articulação entre os seus órgãos gestores e o respeito às incumbências de cada um dos envolvidos no planejamento e execução das ações educativas; a organização dos seus níveis e modalidades de ensino que perpassa pela busca das decisões locais para se atender as diretrizes gerais e aquelas definidas localmente para imprimir qualidade à educação; a democratização da gestão

que considere os sujeitos e a sociedade à sua volta; e a constante valorização dos profissionais que atuam na educação. E a educação municipal de Ananindeua está conseguindo tomar tudo isso como desafios a serem trilhados no grande percurso que leve até sua consolidação.

Afirmo que Ananindeua possui um SME em vias de consolidação. Mas, sua configuração quanto sistema se tornou bastante evidente quando percebi que há uma intencionalidade que vem perpassando todo o seu processo de criação e implantação, que reforça em nível local as finalidades da educação estabelecidas nacionalmente: ajudar no processo de construção permanente de sujeitos plenamente desenvolvidos, que estejam conscientes de sua cidadania e da necessária qualificação para o trabalho. A busca de uma identidade própria em meio a tantas possibilidades de se constituir a sua autonomia, que busca suas formas de interpretação dos diversos processos que compõem a ação educativa. Com uma definição explicita de suas instituições e órgãos, atribuições e formas de organização, assentada num conjunto de normas, valores, pessoas e instituições. Necessitando ainda de um ordenamento mais articulado de alguns de seus elementos, como no caso do seu órgão gestor executivo, que necessita de considerar com mais cuidado as normatizações do SME para se pronunciar quanto à definir atribuições ou que atribuições seguir.

O que se evidencia na criação do SME de Ananindeua é a perspectiva de uma opção política que exigiu daqueles que são responsáveis pela educação municipal assumirem responsabilidades por sua organização. Sua construção ensejou a análise dos problemas locais da educação, a definição institucional das estruturas e funções dos organismos locais e percepção dos fins e valores da educação local. Exigiu competência técnica e financeira e compromisso político para destruir as estruturas arcaicas que não abriam espaços para a democratização efetiva dos procedimentos educacionais no município. E, o exemplo significativo dessa mudança foi a Lei do SME, bastante avançada do ponto de vista de se estabelecer formas claras de democratização da gestão, onde se corrige um gravíssimo erro que se apresenta ainda na LOM de Ananindeua onde se determina que a direção escolar é um cargo de confiança, cujas pessoas seriam indicadas pelo executivo municipal. O estabelecimento de regras para a eleição de gestores das instituições educacionais públicas foi devidamente expressa na Lei Municipal da Educação, aguardando, somente, diretrizes mais específicas que estão sendo colocadas em discussão pela atual gestão.

O CME é considerado parte fundamental do SME e importante espaço de participação social. Além do seu caráter consultivo, deliberativo, normativo e fiscalizador, somam-se as suas funções mobilizadora, propositiva e de controle social. Um órgão de gestão onde a participação é um dos aspectos mais valorizados. Isso se viu tanto no processo de

institucionalização do sistema quanto na sua forma de organização. A participação da comunidade local nos conselhos, conferências públicas, audiências públicas e outros espaços mostrou-se como condição essencial para a conquista da autonomia e da democratização da educação.

A construção do SME/Ananindeua também aponta alguns desafios que devem estar constantemente nas pautas de discussões. Dentre eles, se destacam: dar continuidade na atuação em defesa da educação com qualidade social, enquanto direito de cidadania para todos os munícipes; a instalação do Núcleo de Ouvidoria, para assegurar o cumprimento da Função Fiscalizadora do Conselho Municipal de Educação; a articulação com a Secretaria Municipal de Educação para a estruturação do setor próprio de incumbência relacionada à documentação escolar; e a ampliação do debate acerca da gestão democrática, em vista da definição de diretrizes para eleição direta para gestor e instalação de conselhos escolares.

O projeto inicial deste estudo tinha a intenção de responder a diversos questionamentos mostrados na parte introdutória. Alguns devidamente respondidos, ou com questões que precisam de um maior aprofundamento. O que se destaca no SME/Ananindeua é a importância que é dada, nos documentos legais, aos dispositivos legais que sustentam a organização da educação municipal e os preceitos constitucionais e da legislação educacional específica quanto à organização dos sistemas municipais. O estudo das dimensões aqui definidas, que tomaram por base as informações dos documentos oficiais, mostra que há uma preocupação quanto a esta necessária articulação e a vontade de se imprimir uma identidade própria considerando-se diversos fatores que são peculiares a esta localidade.

A lógica que vem perpassando a criação e implantação deste sistema de ensino é o estabelecimento de bases democráticas sólidas, onde a descentralização e a autonomia são elementos pensados e repensados de forma conjunta para se chegar ao que é possível e necessário para o avanço da educação local na sua missão de educar a todos com qualidade. Uma organização que deverá ainda refletir melhor a articulação de suas instituições, pois fortes evidências de fatores que ferem algumas normas dos seus documentos oficiais como o respeito por parte do executivo às atribuições dos órgãos do sistema; a urgência de se definir parâmetros locais mais específicos para o cargo de diretor escolar; por em prática a construção efetiva dos regimentos escolares que, na Lei do SME, deve se dar em cada unidade de ensino; a definição de normas de credenciamento de suas instituições de ensino que ainda considera as regras definidas pelo Sistema Estadual; propor a revisão de diversos aspectos contidos na LOM; a revisão do Plano Municipal de Educação; dentre outros.

O SME estudado possui uma organização que serve de referência para os demais municípios do Pará que possuem, estão em fase de construção ou que ainda não iniciaram o processo de construção do seu sistema de ensino. Tal afirmativa se justifica por entender que este vem se dando em meio a uma situação de envolvimento dos diversos segmentos que o constituem que demonstra sua legitimidade e respeito aos princípios da legalidade.

Finalmente, considero que este estudo não procurou fazer uma extensa avaliação da gestão deste SME e, tampouco, apontar suas falhas de forma deliberada. O objetivo maior foi contribuir com a sistematização de estudos sobre esta maneira de organizar a educação municipal e o que isso representa para a condução da política educacional local e para o seu aperfeiçoamento e com a construção de outros sistemas de ensino no Estado do Pará.

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