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FUNÇÕES NORMATIVA, CONSULTIVA, PROPOSITIVA E DELIBERATIVA Para Cury (2006) a função normativa é aquela pela qual um conselheiro interpreta a

legislação com os devidos cuidados na tentativa de aplicá-la às finalidades maiores da educação escolar. Dá-se, principalmente, por meio da emissão de pareceres e resoluções com a intenção de executar o ordenamento jurídico que lhe dá fundamento. Esta se define como uma das funções essenciais do CME, pois a elaboração de normas próprias e complementares às nacionais dá um novo sentido à educação municipal, dando-lhe identidade própria.

Por se tratar de um Conselho cuja efetiva atuação ainda é muito nova, essa sua função vem sendo exercida com grande responsabilidade pelo CME para se aplicar à sua realidade as incumbências previstas nos dois documentos. Assim, um conjunto de normas ainda está por ser definidas, dentre elas, regras para a eleição de diretores escolares, resolução para a autorização de funcionamento das instituições educacionais, dentre outras. No entanto, o Art. 92 da Lei do SME prevê que, enquanto o seu órgão normativo não tiver elaborado normas próprias, serão adotas as normas complementares do Conselho Estadual de Educação.

Dentre as principais atribuições do CME para que sejam cumpridas as funções normativa, deliberativa e propositiva, estão:

Autorizar o funcionamento e credenciar as instituições educacionais, bem como de seus cursos, séries ou ciclos; estabelecer procedimentos normativos necessários ao efetivo gerenciamento do SME, principalmente relativos a planejamento, informação e avaliação; estabelecer normas para instalação e funcionamento de entidades e iniciativas educacionais, nos níveis, modalidades e tipos que lhe compete; manifestar- se previamente sobre acordos, convênios e similares, inclusive de municipalização, a serem celebrados pelo Poder público com escolas comunitárias, profissionais, confessionais ou filantrópicas e com as demais instâncias governamentais; sugerir medidas que visem à expansão e aperfeiçoamento do ensino municipal; fixar diretrizes e normas complementares às nacionais para a organização e funcionamento do sistema de ensino; estabelecer diretrizes curriculares para a Educação Infantil, e Ensino Fundamental em seus níveis e modalidades; aprovar os regimentos escolares e modelos curriculares das instituições educacionais do SME; manifestar-se sobre proposta do estatuto do Magistério, bem como sobre concessões de auxílio e subvenções a instituições educacionais; propor medidas ao Poder Público para o aperfeiçoamento da execução de suas responsabilidades em relação à educação infantil e ao ensino fundamental; estabelecer normas de divulgação de sua atuação; elaborar, aprovar e alterar o seu Regimento Interno;

Os Registros-Sínteses das Ações do CME dos anos de 2006 a 2008 dão a clara dimensão da importância desse colegiado em cumprir essas funções que são a expressão da efetiva autonomia da gestão na construção e consolidação de sua política educacional. Principalmente a função normativa vem sendo efetivada desde o ano de 2006 com a emissão de duas Indicações, a saber:

- A Indicação nº 1, de 30 de janeiro de 2006, que contempla orientações gerais para a implantação/implementação do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade, nos termos das Leis 11. 114/2005 e 11.274/2006, no Sistema de Ensino de Ananindeua;

- A Indicação nº 2, de 28 de agosto de 2006, que contem as orientações/procedimentos quanto ao processo para autorização de Secretária(o) Escolar neste Sistema Municipal de Ensino.

De acordo com o Regimento Interno do CME o Plenário ou Conselho Pleno é a instância máxima de deliberação do CME, constituído pelo conjunto dos conselheiros, sob a presidência do Presidente do Conselho (Art. 11). As Câmaras são instâncias colegiadas setoriais, destinadas às discussões, estudos e decisões sobre matérias que independam de deliberações do Plenário ou Conselho Pleno e/ou por ele delegadas, inclusive, de análises e pareceres prévios de matérias a serem submetidas às suas deliberações (Art. 12). As Câmaras de Educação Infantil, Ensino Fundamental e de Legislação, Normas e Planejamento, deverão ser constituídas por um prazo de um ano, tendo suas composições dispostas em Resolução própria, que deve considerar a representação de diferentes órgãos e/ou entidades integrantes do CME, a composição eqüitativa em relação ao total de conselheiros e a participação do mesmo conselheiro, como membro efetivo, em somente uma das Câmaras (Art. 13).

A definição das instâncias deliberativas são imprescindíveis para determinar fluxo de normatizações e consultas feitas ao CME. Dependendo do teor de cada processo, uma Câmara específica ou conselheiro poderá ser acionado para emitir parecer sobre o assunto. Seguindo essa linha, as resoluções e pareceres determinados pelo Conselho, são datados desde o ano de 2006 e evidenciam a busca por estabelecer regras claras e pronunciamentos condizentes com a legislação educacional.

Dentre as principais Resoluções e Pareceres aprovados pelo CME estão:

- Resolução nº 02, de 11 de dezembro de 2006, estabelece normas para autorização, estrutura e funcionamento das escolas da Rede Pública Municipal;

- Parecer 01, de 26 de junho de 2006, sobre o Projeto de Lei n° 056/2005 que institui no âmbito educacional de Ananindeua a ampliação do Currículo da EJA;

- Parecer 02, de 18 de dezembro de 2006, define orientações gerais para a implantação/implementação do Ensino Fundamental de 9 (nove) anos, com matrícula obrigatória a partir dos 6 (seis) anos de idade, nos termos das Leis 11.114/2005 e 11.274/2006, no Sistema de Ensino de Ananindeua;

- Resolução 010, de 26 de setembro de 2007, que autoriza a certificação de alunos concluintes do Ensino Fundamental – ProJovem (5ª a 8ª série), pela Escola Municipal de Ensino Fundamental “Profª Maria do Carmo Barbosa Monteiro”, no município de Ananindeua;

- Resolução 011, de 18 de dezembro de 2007, que estabelece normas para o funcionamento de anexos de Educação Infantil na Rede Municipal de Ensino de Ananindeua;

- Parecer 01, de 26 de fevereiro de 2007, que analisa e emite parecer sobre Calendário Escolar do ano letivo de 2007;

- Parecer: 006, de 19 de maio de 2008, para normatização para o exercício da função de Secretário(a) de Unidade Educacional no Sistema Municipal de Ensino de Ananindeua.

Além destes, houve a emissão de um conjunto de pareceres, resoluções e indicações acerca de temas como validação de estudos de alunos, autorizações para funcionamento, credenciamento para oferta da Educação Infantil em escolas particulares, composições das Câmaras e disposições sobre outras diretrizes e normas. Destaca-se na emissão desses pareceres e resoluções a participação de representantes da sociedade civil, numa clara demonstração de que, naquilo que for possível, se tem a intenção de agregar todos nas funções do CME.

Na sua função de normatizadora, um aspecto que necessita de observação atenta do CME é o que se refere o que está disposto no Art. 18 da LDB, no qual se determina que as instituições de educação infantil sejam de responsabilidade administrativa dos municípios. No entanto, devendo-se considerar o disposto no Art. 30 da CF de 1988 acerca de se contar com o apoio técnico e financeiro das outras instâncias do Poder Público. Por se tratar de uma das grandes novidades trazidas pela atual legislação educacional, colocando-a como etapa da educação básica e definindo-se o dever do Estado para sua oferta.

Assim, ao CME de Ananindeua cabe a tarefa de traçar as diretrizes para a definição de uma proposta pedagógica e de condições mínimas para o atendimento das crianças na faixa de idade que compreende a educação infantil, a serem consideradas as diretrizes nacionais e sua necessária articulação às peculiaridades locais. Principalmente, o atendimento em creches, que, como vimos anteriormente, carece de maior atenção para se eliminar o grande déficit que ainda se faz presente.

A delegação de competências a serem exercidas pelo CME deve vir ou da Lei do Sistema, do seu Regimento Interno ou dele próprio pela modificação deste mesmo

Regimento. Compreendendo-se dessa forma, a aprovação pela SEMED da Instrução Normativa nº 02, de 05 de março de 2007, a partir da qual se delega competências ao CME para proceder à eleição dos representantes do Conselho Municipal de Acompanhamento e Controle Social do FUNDEB, contraria todos os trâmites legais. Tal medida foi na ocasião assumida pela então gestão do Conselho, sem qualquer tipo de questionamentos, mas que, na verdade, deveria estar agindo de forma inversa, pois tal delegação não se aplica. Ao órgão executivo não é dada a competência de emiti-la, considerando-se os rigores da lei.

Essa medida também fere a idéia de necessária articulação, no momento em que os órgãos ou instituições se colocam acima das determinações impostas pela legislação do SME. Pode-se considerar como falta de conhecimento da lei ou de esclarecimentos prévios, no entanto, agindo dessa forma a SEMED criou um conflito que demanda falta de sintonia entre os órgãos do SME e o efetivo cumprimento das normas, podendo se dá um passo para o retorno de ações centralizadas, desmerecendo-se os processos constituídos coletivamente e democraticamente no âmbito educacional.