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Considerações Finais sobre Sistemas de Informações Florestais Internacionais

1. INTRODUÇÃO

2.5. SISTEMAS DE INFORMAÇÕES FLORESTAIS INTERNACIONAIS

2.5.6. Considerações Finais sobre Sistemas de Informações Florestais Internacionais

sistemas de informações florestais em países como Finlândia, Canadá, Estados Unidos e Chile, bem como das organizações internacionais FAO/FORIS, ITTO/MIS e GFIS permite algumas considerações:

 O planejamento florestal estratégico em âmbito nacional, regional e local, bem como o inventário florestal nacional são instrumentos e ferramentas de gestão fundamentais no processo de desenvolvimento florestal de países como Finlândia e Estados Unidos. Esses instrumentos vêm sendo melhorados, adaptados e modernizados desde a sua implementação, na década de vinte e atualmente, são responsáveis pela geração e consolidação das informações florestais, de forma sistematizada, atualizada, confiável e acessível tanto aos setores público e privado, quanto à sociedade civil organizada e aos proprietários de terras florestais. Portanto, a construção e a implementação do SIFLOR-BR, devem estar inseridas no contexto de um planejamento florestal estratégico e operacional para o país integrado com outros instrumentos como o Inventário Florestal Nacional, Sistemas de Monitoramento e Controle, Redes de Informações Florestais, Programas e

 Considerando que cerca de 1.0 milhão de finlandeses, quase um quinto da população é proprietária da maioria das terras florestas do país, e que, eles tomam as suas próprias decisões quanto ao corte, operações e os serviços florestais, e consequentemente podem afetam as provisões de suprimento e abastecimento de matéria prima para o setor produtivo e a economia finlandesa em geral, o governo procura apoiar e fundamentar o processo decisório desses proprietários florestais, com um planejamento local e regional e informações estratégicas sobre mercados, cenários e tendências. No caso brasileiro, quando consideramos a nossa tipologia e biodiversidade florestal, as características locais e regionais, a complexa questão fundiária, os limites e gargalos do manejo florestal comunitário e ainda a falta de informações de produção e mercado de produtos não madeireiros, podemos avaliar a nossa distância de um planejamento florestal local, regional e estratégico. Entretanto, mesmo que incipiente e sem uma padronização bem definida, as informações locais e regionais devem ser coletadas, compiladas e disponibilizadas visando formar as bases para um processo decisório menos empírico e mais sistemático;

 A pesquisa florestal finlandesa é uma forte aliada no processo de melhoria contínua da informação florestal. O Instituto Finlandês de Pesquisa Florestal (METLA) criou um programa de pesquisa “Sistemas de Informações de Recursos Florestais e Planejamento 2007 – 2010” visando apoiar o desenvolvimento de sistemas de informação e de planejamento de recursos florestais. Destaca-se também que, o principal papel da coordenação deste programa é de buscar apoio para a integração entre os diversos atores através de reuniões técnicas, seminários, banco de dados e outros eventos. Dessa forma, o modelo finlandês mostra que a parceria entre governo, institutos de pesquisa, universidades, empresas e representações setoriais funciona e pode viabilizar a pesquisa e o desenvolvimento no âmbito do planejamento e da informação dos recursos florestais;

 No Canadá, a ênfase maior na gestão da informação florestal não parece estar vinculada diretamente com a questão do planejamento estratégico, como no caso da Finlândia e Estados Unidos, mas em estabelecer uma infra-estrutura de informação florestal no país, para responder aos assuntos relativos às práticas de manejo florestal sustentável das florestas canadenses;

 O novo Sistema Nacional de Informação Florestal (NFIS) do Canadá é baseado em normas internacionais (ISO) e um modelo de acesso que viabiliza a integração, análise e distribuição de dados e relatórios originários de fontes múltiplas e independentes (pelos

governos das províncias, agências, instituições, ongs, etc.) com diferentes conteúdos, definições de atributos, procedimentos de coleta, resoluções e formatos. A arquitetura deste sistema consiste de uma rede de servidores que trabalham dentro de uma estrutura de serviços e informação compartilhada, com ferramentas independentes (do tipo webservice), padrões geoespacial (OpenGIS) e tecnologias Web Mapa. Isso faz do NFIS um sistema bastante interativo e transparente. Essa é uma arquitetura de sistema moderna, inteligente e que trabalha dentro do conceito da interoperabilidade, ou seja, diferentes sistemas, em diferentes instituições trabalhando de forma interativa e eficaz. Certamente, este tipo de arquitetura de sistema deve ser melhor estudada e avaliada na consolidação de uma proposta final de construção e desenvolvimento do SIFLOR-BR;

 Nos Estados Unidos, o Serviço Florestal mantêm um Sistema de Informações de Recursos Naturais (NRIS) que combina um banco de dados padrão com aplicativos projetados para apoiar os vários tipos e níveis de usuários. Este sistema permite aos gestores, técnicos, parceiros e ao público em geral, acessarem dados e informações sobre os recursos naturais, bem como as características biológicas, físicas e humanas que compõem todo o sistema de Florestas Nacionais, visando apoiar os processos de gestão e tomadas de decisão que são a essência do negócio do Serviço Florestal Americano;

 O Programa de Inventário Florestal e Análise (FIA) do Serviço Florestal Americano, além de coletar, tratar, analisar e disponibilizar dados e informações, realiza também estudos de avaliação do estado e de tendências das florestas americanas utilizando para isso, ferramentas de mineração de dados que permitem aos usuários extrair informações da base de dados para atender às suas necessidades específicas, como o Mapmaker que produz, de forma bastante interativa para o usuário, mapas e tabelas estatísticas florestais. Esse tipo de interatividade do sistema com o usuário, que o FIA possibilita é um bom exemplo de como sistemas de informações podem ser desenvolvidos com uma visão mais centrada no usuário e não no próprio sistema, são os chamados user-friendly ou user-oriented. Essa é uma temática muito interessante para o desenvolvimento do SIFLOR-BR;

 Outro aspecto interessante no sistema americano é que o Serviço Florestal utilizou a informação de Critérios & Indicadores do Manejo Florestal Sustentável (SFM), de acordo com o Processo de Montreal, para estabelecer uma estrutura de conhecimento, organizar a informação, planejar processos, tomar decisões informadas e realizar suas atividades de forma planejada otimizando estruturas e recursos públicos. Esse modelo de planejamento

reflete os componentes básicos de planejar e construir uma decisão: 1) Inventário e Avaliação; 2) Planejamento; 3) Implementação; 4) Monitoramento e 5) Informação Incorporada. Entretanto, todo esse modelo de planejamento é possível quando o país dispõe de instrumentos e ferramentas como: inventários florestais contínuos; sistemas de análise e avaliação; planos estratégicos com o estabelecimento de prioridades, metas e resultados; monitoramento dos planos com avaliação dos indicadores e relatórios de progresso; e os sistemas de informação incorporados. No Brasil, precisamos caminhar muito do sentido do desenvolvimento e da implementação desses instrumentos e procedimentos, para uma gestão florestal adequada e proporcional ao patrimônio florestal do país;

 No caso do Chile, apesar da sua tradição florestal mais recente, se comparada com os países já mencionados e a predominância das florestas privadas, existem dois exemplos que merecem destaque. O primeiro, remonta à década de 80, quando o país atravessava um bom momento de crescimento econômico mas muitas decisões de investimentos públicos e privados não se concretizaram, em grande parte, porque os investidores não tinham as informações necessárias para uma melhor avaliação dos projetos. Criou-se então, o Centro de Informações de Recursos Naturais (CIREN) para servir de ponte entre os investidores e as diferentes fontes e tipos de informações. Hoje os benefícios do CIREN vão muito além do que avaliar e reduzir riscos e custos de novos empreendimentos, suas atividades estão atreladas às políticas agrícolas, mediante a contribuição com informações, capacitação profissional e tecnológica, que constituem subsídios para a tomada de decisão, tanto no âmbito público quanto privado. O desenvolvimento dos setores frutícola e florestal chilenos são provas da efetividade deste tipo de apoio, esses setores têm baseado grande parte da suas decisões nas informações procedentes do CIREN;

 O outro exemplo chileno refere-se ao envolvimento do governo nos novos desafios do setor florestal fortalecendo o trabalho realizado pelo Instituto Tecnológico Florestal (INFOR). As pesquisas nas áreas de inovação tecnológica, os estudos de mercado e as informações florestais geradas permanentemente pelo INFOR tem sido fundamentais no desenvolvimento do setor florestal chileno. O INFOR mantém por mais de 40 anos, um Sistema de Informação único no país, que sustenta uma serie de atividades que vão desde as mais simples pesquisas de campo, até análises e estudos de mercados. Não nos mesmos moldes, mas da mesma forma que o governo finlandês, o governo chileno tem na pesquisa florestal, por meio do INFOR, uma instituição responsável pela implementação e melhoria dos sistemas de informações florestais do país.

 No caso dos sistemas de informações florestais de organismos internacionais, a FAO utiliza o Sistema de Informações dos Recursos Florestais (FORIS), no âmbito do Programa de Avaliação dos Recursos Florestais (FRA), para conhecer as informações básicas sobre os recursos florestais dos seus países membros. Este Sistema tem basicamente dois processos principais: o processo de produção da informação e o processo de acesso à informação. Para efeito dessa pesquisa, abordou-se apenas o processo de produção da informação que começa com a coleta periódica de dados e informações nos países, pela metodologia do Programa FRA e termina com a publicação na forma de relatórios ou arquivos eletrônicos, para o sistema da FAO. Atualmente, a coleta de dados nacionais nos países membros é realizada com base em um conjunto de 15 tabelas (Figura 2.15). É oportuno ressaltar que o Brasil ainda encontra dificuldades para atender a este conjunto de dados e informações solicitados periodicamente pela FAO;

 Outro sistema internacional e que de certa forma, complementa o FORIS/FAO é o Serviço de Informação de Mercado (Market Information Service – MIS) da ITTO. As estatísticas e dados de produção de madeira tropical e comércio são publicados na Revisão Anual e Avaliação da Situação de Madeira Mundial (Annual Review and Assessment of the World Timber Situation) visando proporcionar maior transparência nos mercados internacionais de madeiras tropicais. Outro tipo de informação disponibilizada pelo MIS/ITTO refere-se a uma publicação quinzenal sobre preços de mercado. Os dados sobre preços são coletados de forma distinta, não são dados de governo e estão relacionados às operações de mercado.

 O GFIS tem como principal característica ser um sistema aberto, mas com uma política expressa de coleta de documentação de dados que promove a integração dos provedores de informação. Alguns princípios básicos deste sistema são: a informação publicada eletronicamente é mais barata; acesso fácil e amigável pela Web, do tipo user-friendly; as ferramentas de busca da informação usam sistemas de classificação, distribuição geográfica e palavras chaves; o usuário pode decidir facilmente quais informações são pertinentes ou não à sua pesquisa; e permite que os usuários comuniquem suas necessidades de informação aos provedores. É um sistema com canais bem definidos de comunicação que permitem a troca de grandes quantidades de informações. Essa proposta do GFIS é bastante atual e procura utilizar as vantagens e oportunidades das tecnologias associadas com a Internet e o WWW.