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Sistema de Informações Florestais da Finlândia

1. INTRODUÇÃO

2.5. SISTEMAS DE INFORMAÇÕES FLORESTAIS INTERNACIONAIS

2.5.1. Sistema de Informações Florestais da Finlândia

As florestas e a indústria de base florestal sempre tiveram um importante papel na economia finlandesa. Assim, diferentes medidas e políticas florestais vêm sendo definidas para incentivar o uso intensivo das florestas, bem como a gestão de áreas de florestas públicas e privadas visando prover matéria-prima para a indústria florestal. De acordo com Nuutinen (2006), essas políticas incluem o planejamento florestal estratégico, em âmbito nacional, coordenado pelo Ministério de Agricultura e Florestas (MAF) e no âmbito regional e local, realizado pelos Centros Florestais Regionais (RFC).

Esse planejamento estratégico cobre todas as categorias e tipos de propriedades com terras florestais, sejam elas; propriedades privadas não-industriais, propriedades de empresas e as propriedades do Estado. O planejamento é apoiado no Inventário Florestal Nacional (NFI), realizado desde 1920. Esse trabalho resultou em programas florestais de financiamento florestal, que após a Segunda Guerra Mundial tinham também como objetivo apoiar o trabalho intensivo de gestão florestal e a sua melhoria. O tempo de duração desses programas, em geral, é de algumas décadas. Desde os anos 80, o Programa Floresta 2000 e seus sucessores como, o Programa Florestal Nacional (NFP) e o Programa Florestal Regional (RFP) buscam interesses maiores do que apenas a produção de madeira.

A maioria das florestas finlandesas aproximadamente, 14 milhões de hectares ou 53% das terras florestais é de propriedade de particulares, são as chamadas florestais privadas não- industriais (Metsätilastollinen, 2005). O termo florestas privadas não-industriais (NIPF) indica apenas que são áreas de proprietários particulares e não da indústria, o que não quer dizer que não tenham uso industrial. São cerca de 400 mil famílias finlandesas que correspondem a quase um milhão de proprietários florestais particulares. Isso significa que quase um quinto da população é proprietária de terras florestais, que passam de uma geração para a outra, através de herança. O Estado detém 34% das terras florestais, as indústrias privadas, 8% e outras organizações, cerca de 5% (METLA, 2007a).

Os proprietários de terras florestais não-industriais tomam as suas próprias decisões com relação ao corte e às operações florestais e, dessa forma, podem afetar as provisões de suprimento de madeira e as condições dos demais serviços florestais para a economia.

Portanto, o planejamento local é importante para apoiar os donos de florestas, em suas decisões, mostrando cenários e horizontes para períodos de 10 anos (Nuutinen, 2006).

Desde a década de 80, os dados de inventário são armazenados em banco de dados computadorizados e sistemas cartográficos. Atualmente, o Sistema LUOTSI (originalmente chamado SOLMU) contém, também um Sistema de Apoio à Decisão (SAD) que provê estimativas e possibilidades de produção de madeira e desenvolvimento de futuros negócios florestais (Nuutinen, 2006). A Figura 2.6 mostra como funciona o esquema dos provedores de informações para o planejamento estratégico do uso dos recursos florestais finlandeses.

FONTE: NUUTINEN (2006)

Nos anos 90, o sistema de planejamento florestal finlandês foi reprogramado para coletar dados e informações florestais de uso contínuo e atualizado, o chamado planejamento operacional. Entretanto, apenas uma parte dos dados do Sistema LUOTSI, menos de 75% é utilizada para preparar os planos de gestão florestal local, visando aos donos de propriedades florestais, e uma porção ainda menor dos dados tem sido armazenada dentro dos sistemas de informação das Associações de Manejo Florestal (FMA) ou mesmo, nas empresas florestais para atualização e planejamento operacional. O restante dos dados do Sistema LUOTSI é mais utilizado pelos próprios Centros Florestais Regionais, no desenvolvimento dos trabalhos de planejamento e monitoramento (Nuutinen, 2006).

Para os proprietários de terras florestais, os dados relacionados às florestas são coletados periodicamente (tradicionalmente em intervalos de 10 -15 anos), pelos Centros Florestais Regionais. No caso das empresas florestais, nas áreas de produção ou mesmo em áreas públicas (florestas estatais), os dados e informações são armazenados em seus próprios sistemas de informação, em tempo real e constantemente atualizados (Metla, 2007a).

Atualmente, a silvicultura finlandesa enfrenta novos desafios devido ao processo de globalização e às conseqüentes exigências de melhorias e equilíbrio de custo-eficiência envolvendo necessidades múltiplas das pessoas e da sociedade em geral. Os proprietários de florestas não-industriais buscam para as suas áreas o uso possível (em relação a mercados disponíveis e limitações fixadas pela sociedade) e efetivo do ecossistema florestal, em relação aos recursos e produtos subseqüentes. As empresas buscam obter madeira ou serviços silviculturais com custo-eficiência em suas logísticas para as quais dependem de dados e informações atualizadas dos recursos florestais. E o governo busca uma política efetiva de uso sustentável no atendimento das necessidades das pessoas e da sociedade, necessidades essas que, às vezes, são contraditórias com o comportamento de mercado.

Entretanto, existe potencial para melhorar custo-eficiência e efetividade nas atividades florestais. Por exemplo, as técnicas de sensoriamento remoto com altas resoluções (baseadas em imagens de satélite e fotografias aéreas digitais) integradas com levantamentos de campo cobrindo, anualmente, o país inteiro são aplicáveis para monitorar e realizar o planejamento estratégico nacional e regional. Além disso, os proprietários de florestas têm acesso a uma seleção maior de dados e informações dos inventários florestais e serviços para o planejando das suas atividades. As associações de manejo florestal, as companhias florestais (Tornator,

Stora-Enso, UPM e Metsäliitto) e vários provedores de serviços oferecem ferramentas e serviços para planejamento de operações florestais baseado em informações de tempo real.

Nessa mesma direção, o Instituto Finlandês de Pesquisa Florestal (Finnish Forest Research Institute - METLA) criou recentemente, um programa de pesquisa denominado Sistemas de Informações de Recursos Florestais e Planejamento 2007–2010 (Forest Resource Information Systems and Forest Planning 2007–2010)16. Esse programa tem como principal objetivo apoiar o desenvolvimento de sistemas de informação e de planejamento de recursos florestais (METLA, 2007b). O programa tem duas áreas focais:

1) monitoramento, planejamento e melhoria da informação florestal no nível regional, inclusive a manutenção dos dados e de informações florestais regionais; e

2) planejamento do manejo florestal e da venda de madeira no nível da propriedade florestal, com a manutenção contínua dos dados florestais locais.

Um objetivo adicional do programa é o de melhorar o custo-eficiência em pesquisa e desenvolvimento. Assim, o programa não iniciou nenhum novo projeto, trata-se de uma rede de grupos de pesquisa e de diferentes atores envolvidos com a silvicultura. As negociações envolveram o Centro de Desenvolvimento Florestal, os proprietários de florestas e as suas representações, a indústria de base florestal e os pesquisadores. Constatou-se que já havia diversas pesquisas em andamento e projetos de desenvolvimento relacionados com inventários e planejamentos florestais, mas realizados e implementados por diferentes organizações, ou mesmo a existência de pesquisas semelhantes, mas com fontes de dados diferenciados. Então, o programa foi dirigido para facilitar a interação entre os atores em silvicultura, produtores de informação florestal, fomentadores e pesquisadores.

Esse programa de pesquisa é sincronizado com o programa de "Produção e utilização de dados atuais do recurso florestal", coordenado pelo Ministério de Agricultura e Florestas Finlandês (MAF). O programa construiu redes internacionais para reuniões e seminários em conjunto com o Instituto Europeu de Florestas (EFI) e Universidades. Além disso, promove discussão e cooperação com as companhias florestais. O papel da coordenação do programa é oferecer apoio para essa interação por meio de grupo aconselhador, seminários, anuário

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estatístico, banco de dados, eventos para treinamentos, troca de informações com diferentes atores (stakeholders) e demonstrações experimentais de estudos de casos.

Outro aspecto importante em relação aos dados e informações florestais finlandesas refere-se à elaboração e publicação do Anuário Estatístico Florestal da Finlândia (Finnish Statistical Yearbook of Forestry) que, no ano de 2007, comemorou 40 anos desde a usa primeira publicação. Além de estatísticas florestais consistentes, com séries temporais longas, esse Anuário contém informações detalhadas sobre os recursos florestais e a indústria de base florestal finlandesa, apresentadas na forma de tópicos, gráficos e tabelas com relação a consumo, produção, preços, vendas, importação e exportação de espécies e produtos florestais. O Anuário Estatístico contém também informações sobre o ecossistema florestal, áreas de proteção, uso múltiplo de florestas e serviços ambientais. As estatísticas florestais de todo o METLA, também estão disponíveis na Internet, pelo Serviço Estatístico Metinfo 17 (sujeito a um custo).