O marketing de relacionamento realizado pelas empresas potiguares que mencionamos, tendo em vista a midiatização online, possibilitou a ascensão das mesmas. O Instagram é a rede social preferida e de maior popularidade no momento, pelas ferramentas que proporciona interações em vários âmbitos através dos stories, reels, feed, IGTV, Lives, Direct e demais interações como comentários, curtidas e possibilidades de compartilhamento e salvamento de conteúdo.
Em nossa pesquisa, verificamos que muitas das carências acentuadas nos períodos de quarentena, são amenizadas com a utilização de redes sociais, que mediam a interação entre usuários e quebram barreiras físicas.
As empresas, em suas construções de perfis comerciais, buscam cada vez mais criar relações afetivas e estreitar laços com os demais usuários, na intenção de uma quebra da aparente hierarquia existente entre pessoas físicas e pessoas jurídicas.
Quando empreendedores encontram sua maneira de expressar propósitos, ideais, posicionamentos, inspirar e vender os seus produtos de maneira sutil, além de serem cordiais e empáticos, encontram seu lugar neste universo - atrelando, obviamente, uma boa qualidade de produtos oferecidos ou atuação profissional.
Neste sentido, a transparência é fundamental, pois não basta ser uma construção visual empática - é necessário humanizar no sentido de mostrar, de fato, quem está por trás daquela pessoa jurídica. Produções diárias, montagens, bastidores, relatos eufóricos, rostos sem filtro. Sem a necessidade de roteiros, fórmulas e enquadramentos. As pessoas querem interagir com pessoas.
E por isso, o chamado Marketing 4.0, voltado para o relacionamento, torna-se tão importante neste período. As empresas precisam vender, as pessoas precisam comprar e uma construção de bom relacionamento pode ser um fator decisivo de compra.
Uma venda, é um dos objetivos da presença online; tal como o retorno dos clientes, a participação no dia-a-dia das pessoas como parte fundamental, que alegra, inspira.
O relacionamento constrói vínculos acerca de determinadas empresas, que formam promotores, embaixadores, sem ter a necessidade de remunerá-los em qualquer quantia por isso. Muito pelo contrário, é um lucro que traz outros.
Fora das redes sociais, tal relacionamento também pode ser construído e mantido, porém, o período da pandemia trouxe oportunidade de aproximação ainda maior, pois, com
mais tempo direcionado às redes sociais, as pessoas consequentemente têm mais tempo para uma interação com as marcas, ainda que mediado por aparato digital.
Quando as mídias trazem novas ferramentas de utilização e interação com os usuários e partem da utilização das mesmas para aumentar o engajamento destes perfis, a própria rede se encarrega de fazer uma seleção ainda maior do que merece ser mostrado como destaque.
E isso também estimula a criação de conteúdos cada vez melhores, mais aperfeiçoados e de acordo com as expectativas de cada público.
Podemos assim, concluir que a utilização das redes sociais e a criação de um relacionamento afetivo com os clientes neste período de pandemia, foi de essencial relevância para a ascensão das empresas entrevistadas durante o período da pandemia.
As estratégias aplicadas com a utilização das ferramentas do próprio Instagram foram também essenciais para captar preferências do público, assim como carências, o que supriu um lado emocional através da escuta de seus anseios e aproximaram os clientes e potenciais clientes, fazendo com que estes se sentissem parte de cada negócio.
Como consequência disso, o alcance de novos seguidores foi realizado de maneira natural, orgânica, sem a necessidade de despender verba de patrocínio para conteúdos.
Um fator importante é também o interesse de cada um, de conhecer o que está em alta e tentar adaptar aos seus negócios. Uma outra característica em comum entre as três empresas é o perfil jovem de cada um dos empreendedores, todos na casa dos 20 anos; são completamente imersos no universo digital. Não são todas as empresas que têm a iniciativa de seguir em frente nos negócios restringindo sua empresa apenas ao Online - e não por falta de perspectiva, mas de conhecimento das ferramentas das redes sociais ou mesmo interesse de atualização, por uma mentalidade tradicionalista e antiga.
Logo, este também é um fator relevante a ser considerado. Influi diretamente no destaque destas empresas.
De maneira geral, as empresas estão bem assistidas no quesito comunicação. Da venda, entrega, retorno e logística - todos estes pontos conseguem e são mediados diariamente através das redes sociais.
Como sugestões futuras, mediante crescimento ainda maior de cada uma das docerias, estão a complementação com mídias exteriores Offline, que permitem um fortalecimento ainda maior de marca por estarem inseridas nas rotinas das pessoas, tais como Outdoor, peças de rádio (spots e jingles) e mídias alternativas como busdoor.
REFERÊNCIAS
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TUA SAÚDE. O que é Serotonina. Disponível em:
APÊNDICE A - Entrevistas
Entrevista Dani (Colher Confeitaria)
Realizada em 24/08/2021 às 13h
Principais questionamentos:
- Nos últimos dois anos a forma de se comunicar com os clientes mudou? - Quais as principais mudanças/adaptações sofridas durante a pandemia - Quais conteúdos nas redes têm mais destaque, por elogios e interações - Um diferencial da empresa
- Quais os desafios diários que podem levar em certos momentos a querer desistir dos negócios
- Qual a principal motivação do início/atualmente - Impacto direto da pandemia
- Produção - como se deu
- Percentual de crescimento
Forma de se comunicar:
As atividades da Colher se intensificaram durante a pandemia, já que foi a partir do início dela que Dani se dedicou totalmente à confeitaria; logo, a maneira de se comunicar com os clientes foi fortificada de uma maneira contínua e relativamente recente, há aproximadamente um ano e meio. A marca está em atividade desde o mês de agosto de 2019.
Como a proprietária possui graduação em Publicidade e Propaganda, estava por dentro do que vinha sendo trabalhado nas redes sociais para os perfis comerciais e principalmente o que envolvia relacionamento.
Aos poucos, foi inteirando o que achava poder também dar certo para a confeitaria e até então, deu.
Na visão de Dani, a pandemia alterou a maneira com que as pessoas consomem redes sociais e aumentou ainda mais o vínculo entre empresas e clientes, e isso favoreceu a ascensão da Colher.
Utilizar o maior número de ferramentas que o Instagram proporciona também ajudou na presença do perfil e engajamento, por isso ela utiliza sempre alguma função diferente (entre
postagens no feed, reels, stories, IGTV e Live) para a produção do seu conteúdo/interação. Dani não costuma entrar em todas as “trends” em alta, como as dancinhas publicadas por TikToker’s e diversas doceiras que entram na onda.
Ela é fiel ao que se identifica e por isso nas redes da Colher, só há espaço ao que acha coerente com o seu perfil e da doceria, não querendo passar determinada imagem para o público apenas para seguir tendências. No início de 2021, a Colher também passou por um trabalho de rebranding, visando fortalecer a identidade da marca.
Mudanças/adaptações: Alterações no cardápio para opções menores de bolo, para comemorações mais casuais.
Conteúdos de destaque:
Os conteúdos de mais destaque da Colher são os “bastidores” da cozinha, que mostram o preparo e a montagem das opções do cardápio, sobretudo os bolos decorados para festas. Dani acredita que consegue se aproximar dos clientes mostrando a realidade do seu dia-a-dia, que vai além de postar sempre os bolos já finalizados e perfeitos - além da sua própria aparência, que não está “impecável” no dia-a-dia, segundo ela.
Diferenciais:
Os diferenciais citados foram o uso da cobertura Buttercream, pouquíssimo utilizada pelas confeiteiras do mercado natalense, que traz retorno em forma de elogios por feedback dos clientes. “Eu nunca comi a cobertura inteira do bolo e dessa vez não sobrou nadinha no prato” - relata um depoimento. Para ela, esta é uma forma de fidelização. Dani também destaca os estudos excessivos e incansáveis sobre doces, que formam o seu “terceiro turno de trabalho”. Isso acaba por atrair também novas confeiteiras como seguidoras, que têm curiosidade e vontade de aprender novas técnicas. Inclusive, uma das apostas de Dani para 2022 é uma consultoria voltada para este novo público, de confeiteiras.
Desafios que podem levar a desistir:
Os desafios citados que poderiam levar à desistência dos negócios envolvem o valor dos insumos e a concorrência desleal. Principalmente durante o período da pandemia, o valor dos
materiais usados na cozinha sofreu um aumento muito significativo, o que reflete diretamente no valor dos doces.
Nesta situação, restam duas opções para Dani, que são: subir o valor dos produtos do
cardápio, (continuando o padrão de qualidade) ou ter uma baixa na qualidade dos insumos - o que para ela, na verdade, não seria uma opção. Por isso, a concorrência acaba muitas vezes por optar por uma mudança na qualidade do produto para inferior, na intenção de manter os mesmos valores e não perder os clientes.
Para ela, é entendível, visto que com a crise diversos profissionais perderam ou tiveram sua renda reduzida e consequentemente o poder de compra também foi reduzido para muitas famílias, logo, um bolo da Colher que tem valor médio de R$200,00 não torna-se por vezes viável para uma comemoração, para estas famílias. Com a democratização das redes sociais, a oferta de bolos por valores bem abaixo desta faixa, por estas empresas que costumam optar por manter o preço, é frequente e comum.
Motivação:
No início do seu negócio a principal motivação de Dani era viver de vender bolos e receitas da avó, que faziam sucesso entre diversas pessoas do seu convívio - inclusive nos seus trabalhos em agências de publicidade, ela sempre era requisitada para fazer os quitutes das comemorações.
Hoje, além da inspiração familiar, com o espaço de destaque que conseguiu ocupar, a
motivação é continuar a se aprofundar no mundo da confeitaria, que a encanta cada dia mais, continuando também com o uso dos melhores ingredientes disponíveis do mercado e
futuramente a ideia da consultoria consolidada. Como de costume, sempre mostrando os detalhes e bastidores aos seguidores, clientes, amigos e parceiros através das redes sociais e das demais mídias que permitirem, a crescer ainda mais com o tempo.
Impacto direto da pandemia (dificuldades):
A dificuldade da pandemia citada por Dani foi o impacto posterior ao início do período. Isso porque, nos primeiros meses as pessoas respeitavam de uma maneira mais forte a questão do isolamento em si e compravam muito no intuito de presentear os seus próximos.
Porém, quando perceberam que seria realmente um problema sério que exigiria um período mais longo de restrições, começaram a segurar os gastos e consequentemente as compras. Isso
porque, com a instabilidade financeira, as pessoas ficaram com medo de exceder os seus gastos e posteriormente faltar dinheiro para aquisições mais essenciais.
O maior impacto sentido foi no Dia dos Namorados de 2021, em que as vendas foram cerca de três vezes mais inferiores ao ano anterior, em 2020.
Produção:
Sobre a produção, o seu carro chefe são os bolos festivos, mais artísticos. São eles os principais atrativos e também de onde tira o maior percentual de lucro.
Apesar de dispor, a produção semanal para pronta entrega não é a real prioridade. Geralmente, Dani elege semanalmente alguns produtos, os divulga previamente no Instagram para que o público fique ciente da produção (colocando, inclusive, os bastidores), mas não é um cardápio fixo.
Percentual de crescimento:
Por atuar sozinha na divulgação, controle de estoque, produção, logísticas de entrega e retirada, cursos, decoração e tudo mais que envolve a empresa, Dani não conseguiu ainda encontrar uma maneira de organização financeira que a permita fazer um comparativo do faturamento no início da empresa e atualmente, já mais consolidada e com a pandemia instaurada.
Porém, foram os seus ganhos deste período que a permitiram alugar o espaço utilizado para a produção, além da aquisição de equipamentos auxiliares da cozinha industriais e de ponta, condição que até o início da pandemia ainda não tinha alcançado. Além disso, é sua única fonte de renda e acredita mensalmente ter uma faixa média de lucro de R$4.000.
Devido aos motivos apresentados, não foram obtidos dados fechados sobre faturamento.
EXTRAS (Ações):
Em comemoração ao segundo ano de Colher Confeitaria, Dani promoveu duas ações nas redes sociais, ambas escolhidas pelo próprio público através de votação em enquetes postadas nos stories do Instagram da empresa.
A primeira delas foi a montagem de um bolo realizada por Live, mostrando todos os detalhes do processo, no qual o público, através dos comentários, poderia escolher as partes utilizadas, tais como: tipo e sabor de massas, tipo e sabor de recheios, cores e sabor de cobertura em
buttercream e estilo de decoração. Ao final da Live, uma das participantes esteve entre 3 sorteadas para responder perguntas sobre o processo e ao acertar todas, levou para casa o bolo confeitado.
A segunda ação foi a postagem de uma das receitas secretas, do “Cookie Triple Chocolate”, também votada pelo público.
Ela acredita que tais ações contribuem para que o público se sinta parte da Colher, de maneira afetiva, ao votar e ter o poder de escolhas em ações importantes deste tipo, principalmente sendo motivadas pelo aniversário da empresa.
Entrevista Amanda (Lula Brownies)
Realizada em 30/08/2021 às 16h
Principais questionamentos:
- Nos últimos dois anos a forma de se comunicar com os clientes mudou? - Quais as principais mudanças/adaptações sofridas durante a pandemia - Quais conteúdos nas redes têm mais destaque, por elogios e interações - Um diferencial da empresa
- Quais os desafios diários que podem levar em certos momentos a querer desistir dos negócios
- Qual a principal motivação do início/atualmente - Impacto direto da pandemia
- Produção - como se deu
- Percentual de crescimento
Forma de se comunicar:
Foi no início da pandemia que Amanda se dedicou também ao Lula Brownies, que antes funcionava apenas com seu noivo, Luis. Com mais uma pessoa no comando da empresa, as