Muitos são os obstáculos para o controle da leishmaniose visceral no país e visível é o insucesso das medidas que tem sido implementadas há décadas (ROMERO & BOELAERT, 2010), e que precisam ser revistas (WERNECK et al., 2014). Costa (2008) defende que a avaliação das intervenções atuais, assim como potenciais mudanças nas recomendações do PVCLV devem ser pautadas em pesquisas, em evidências científicas. Faz-se necessário ressaltar que, assim como as intervenções vigentes, é fundamental que o encoleiramento dos cães seja feito de maneira contínua, sem as tradicionais interrupções, uma vez que o sucesso da adoção desta intervenção depende da cobertura e da reposição das coleiras (REITHINGER et al., 2004).
Este estudo mostrou que o uso de coleiras impregnadas com deltametrina 4% foi efetivo na redução da incidência e prevalência de infecção canina em um município de intensa transmissão. Além disso, buscou-se adotar esta nova intervenção sob as condições que seriam as mais próximas da “vida real”, ou seja, simulando as dificuldades que seriam enfrentadas pelos profissionais envolvidos, caso este dispositivo venha a ser adotado como medida de controle em massa. Sendo assim, questões referentes ao custo, à logística de aplicação e substituição das coleiras, associada à velocidade da reposição canina, precisam ser cuidadosamente avaliadas.
É necessária a condução de estudos de custo-efetividade, visando analisar a viabilidade da adoção deste dispositivo como mais uma medida de controle de uso populacional ou como uma estratégia para substituir a controversa eutanásia canina. Como as estratégias para contenção da doença devem ser diferentes, dependendo da intensidade de transmissão do local onde estão sendo implementadas (WERNECK et al; 2014), outra questão a ser considerada é a implementação dessas coleiras em cenários diferentes, tal como em locais de baixa transmissão.
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