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O fenômeno das eflorescências consiste no aparecimento de formações salinas (manchas esbranquiçadas) sobre a superfície de muitos materiais de construção (argamassas de revestimento, concretos, estuques, gesso, tijolos cerâmicos, pedras, etc...). Na maioria dos casos esta anomalia não causa problemas maiores que o mau aspecto que resulta desta manifestação; porém, existem circunstâncias em que a formação salina pode levar a lesões tais como os descolamentos dos revestimentos ou das pinturas, desagregações das paredes e até o colapso de elementos construtivos. O mecanismo das eflorescências é bastante simples: quase todos os procedimentos construtivos utilizam água como um elemento da construção. Esta água pode estar contida no interior dos próprios materiais usados ou derivar de ações exteriores (chuva, condensações e água do solo) as quais acabam por se somarem, elevando assim o teor de umidade das paredes e conduzindo, provavelmente, ao surgimento de alguma manifestação patológica no edifício.

A umidade é um dos graves problemas que podem afetar as construções. Portanto, é de essencial importância conhecer as formas de sua manifestação e as anomalias construtivas a que pode dar origem nas edificações. Segundo estudo desenvolvido no Estado do Rio Grande do Sul [4], 18% das anomalias encontradas nas construções é proveniente da umidade. Por meio deste conhecimento é que poderemos elaborar corretamente um diagnóstico e identificar as causas, propondo as soluções de reabilitação adequadas.

A umidade é proveniente das intempéries, quando a água da chuva penetra, através das fachadas e/ou cobertura de uma edificação; da condensação, quando o vapor de água existente no interior de um ambiente entra em contato com superfícies frias e condensa, ou se difunde através dos elementos da envolvente dos edifícios, condensando no seu interior; da água do solo, que aparece nas áreas inferiores das paredes, que absorvem esta água através da fundação; e da água contida nos materiais que compõem a construção e/ou no processo construtivo empregado. A presença de umidade nas construções determina um estudo mais aprofundado desta anomalia, onde se busca conhecer e tratar com maior conhecimento técnico a anomalia advinda da umidade, garantindo assim, uma boa habitabilidade dos edifícios. As manifestações de umidade, embora muitas vezes sejam desconsideradas as suas importâncias, determinam consequênciasbastante gravosas, principalmente nas áreas social, cultural e econômica.

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A degradação causada pela umidade é um fator bastante presente nas habitações populares, quer pelo uso de materiaisde qualidade inferior, quer pelo processo construtivo descuidado, o queacaba por gerar umasucessão de anomalias, as quais, isoladamente ou combinadas, determinam o aparecimento das manifestações de umidade. Estes edifícios se tornam insalubres e acabam por contribuir para as manifestações de doenças nos seus utentes, além da deterioração da construção.

Já nas edificações antigas, a falta de manutenção ou as formas erradas de intervenções acabam por torná-las inapropriadas ao uso. Muitas vezes, esta impossibilidade de ocupação dos edifícios gera problemas sociais, pelo desalojamento de pessoas que os habitam, e grandes danos culturais, determinados pela descaracterização de períodos relevantes da cultura. Estes dois fatores, social e cultural, com certeza, acabam por determinar grandes perdas econômicas, os quais poderiam ser evitados com maiores investimentos nos cuidados construtivos e preventivos, no conhecimento das causas e anomalias determinadas pela presença da umidade e nas formas corretas de recuperação dessas manifestações nas construções.

Como se sabe, grande parte dos materiais de construção possuem, na sua constituição própria, a presença de sais solúveis ou foram contaminados por sais exteriores, provenientes de outros materiais, do solo ou da poluição ambiental. A presença de umidade ou de sais nas construções, por si só, não caracteriza um problema construtivo. As manifestações de eflorescências são determinadas, basicamente, pela ação conjunta da água e dos sais solúveis. Este fenômeno só não ocorre quando uma das duas variáveis não estiver presente, principalmente a água.

Durante a absorção de água por parte do material de construção os sais são incorporados dissolvidos, e são transportados do interior do material até sua superfície durante o processo de secagem. Uma vez evaporada a água, os sais cristalizam-se novamente e se fazem visíveis em forma de cobertura, geralmente de cor branca, a qual se chama de eflorescência. Por efeito do ar, os sais podem transformar-se, na superfície, em compostos insolúveis, constituindo um defeito permanente do aspecto do material, ou também podem permanecer solúveis em água. Neste caso serão dissolvidos por novas absorções de água, podendo penetrar novamente no material. A mudança constante de diluição e cristalização dos sais solúveis em água conduz com o tempo à destruição da estrutura do material; donde, paulatinamente, o material vai debilitando- se e começa a degradar-se, erodindo e/ou provocando o desprendimento de camadas completas dos revestimentos [3, 7, 8, 9, 10, 11, 12].

2-Eflorescências nas construções 31 As características apresentadas pela eflorescência, como cor e esboroamento nos revestimentos, estão diretamente relacionadas com as composições químicas dos sais solúveis. Os sais solúveis de coloração esbranquiçada são sais de cálcio, potássio e sódio. As colorações de cor marrom ouverde, além de conter sódio, potássio e cálcio, também contêm oxido de ferro, manganês e material orgânico.

2.2– Origens e formas de manifestação das