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A extração de amostras dos revestimentos foi executada com utilização de broca de meia polegada; onde as perfurações ocorreram em profundidades de 2,5cm, 5,0cm e 10,0cm (Figura

5-Organização do trabalho experimental 99 5.3). Estas amostras foram recolhidas em sacos plásticos e devidamente lacradas para não alterar as características encontradas no local e serviram, também, para a identificação dos possíveis sais solúveis. Com o uso de uma serra copo, forma retirados testemunhos maiores (biscoitos), os quais foram igualmente protegidos e transportados para o laboratório para averiguação do teor de água (Figura 5.4). Para a análise do solo, foram realizadas escavações na base da construção, com profundidade suficiente para expor por completo a fundação, onde o solo encontrado, junto à base da fundação, foi recolhido e cuidadosamente armazenado.

Figura 5.3 –Extração de amostras dos revestimentos Figura 5.4 – Extração de amostras serracopo

Os tijolos a serem ensaiados foram extraídos de partes da construção que apresentavam uma grande área deteriorada, não implicando traumas maiores ao patrimônio (Figura 5.5).

Figura 5.5 – Extração dos tijolos a serem ensaiados

Para os ensaios de absorção de água e de reconstituição do traço (composição) das argamassas de revestimento e de assentamento antigas, foram retiradas amostras irregulares, com áreas e profundidades médias de 75cm² e 3,0cm, respectivamente, correspondentes aos locais anteriormente selecionados. Estas amostras foram extraídas com o uso de uma ponteira de ferro e martelo de picão (Figura 5.6).

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Figura 5.6 – Amostras de revestimentos para ensaios de absorção de água e reconstituição do traço

1– Medição laboratorial do teor de água das amostras de argamassas e do solo extraidos As amostras foram colocadas em cápsulas numeradas e taradas e foram registradas a massa úmida do conjunto (amostra + tara) e a massa úmida, descontando a tara da cápsula. Em seguida o conjunto foi mantido em estufa a 105ºC, repetindo-se a pesagem do mesmo até o registro de massa constante; obteve-se, assim, a massa da água contida na amostra, a qual foi expressa em percentual. Estas análises foram realizadas para todas as amostras colhidas, tanto para as argamassas de revestimentos como para as amostras de solo.

2–Método usado para reconstituição dos traços das amostras de argamassas extraídas

Uma das etapas do estudo é o conhecimento das características das argamassas originais. Para tal foram colhidas várias amostras em cada um dos cinco locais selecionados e, também, procurou-se obter informações sobre o uso e as possíveis intervenções ocorridas no edifício durante a sua existência. Como a construção possui mais de 120 anos; um tempo considerado longo, em comparação com as demais construções locais, verificou-se que algumas argamassas de revestimento haviam sofrido substituições, descaracterizando algumas partes da construção original. Porém, como estas modificações, e outras que o edifício possa ter sofrido, não foram registradas, é difícil poder traçar considerações sobre os fatos que possam ter influenciado a construção ao longo do tempo, principalmente no que se refere aos revestimentos (anamnese). Portanto, o estudo deteve-se naqueles locais que, pelas características visuais (textura, forma, cor e continuidade de conjunto), mostravam pertencer ao período da construção original.

As amostras recolhidas foram devidamente catalogadas e armazenadas. Parte delas foram destinadas ao ensaio de reconstituição do traço usado na sua confecção. Estas amostras

5-Organização do trabalho experimental 101 forneceram também uma identificação expedita das camadas de pintura que o edifício recebeu ao longo do tempo, na qual se pode identificar que as duas últimas intervenções utilizaram tintas plásticas; o que acabou por contribuir para o agravamento das anomalias.

O ensaio foi desenvolvido conforme descrito em 5.2.3(c). Das cinco amostras analisadas do edifício estudado, três foram retiradas dos paramentos exteriores (B, C e E) e duas retiradas dos paramentos interiores (A e D), sendo que a amostra D diferencia-se das demais amostras por pertencer a um reboco em escaiola. Todas as amostras de rebocos extraídos do edifício selecionado, conforme a tradição à época da construção a constatação visual e as análise laboratoriais, são constituídas de argamassas de cal e areia.

A reconstituição do traço foi baseada no princípio de que os aglomerantes são solúveis em ácido clorídrico permanecendo inalterados os agregados utilizados na composição da argamassa. A metodologia utilizada para esta reconstituição foi desenvolvida pelo IPT [52]. Este método foi desenvolvido originalmente para uso na reconstituição de traços de concreto, mas tem sido utilizado com êxito em argamassas. A dissolução dos aglomerantes em presença do ácido clorídrico e a permanência dos agregados permitem a determinação das quantidades destes últimos. Assim, determina-se, por diferença de massa, a quantidade de aglomerante que compunha a argamassa. Por se acreditar que as argamassas reconstituídas não utilizam cimento na sua composição, aumenta a confiança no procedimento aplicado, pois o resultado envolve apenas as massas de agregado e um tipo de aglomerante.

Toda a preparação e o método usado possibilitaram também, além da quantificação do teor de finos, a análise granulométrica do agregado usado na composição da argamassa. Sabe-se que, para o número de variáveis a ser considerado na reconstituição dos traços, este procedimento não contempla um domínio total sobre todas estas variáveis, mas para efeito de comparações entre os locais de onde foram extraídas as amostras de argamassa, nos permite uma boa caracterização do material utilizado.

O método preconizado pelo IPT [52] e utilizado no presente estudo constituiu-se das seguintes etapas (Figuras 5.7 e 5.8):

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Figura5.7– Pesagem, destorroamento, secagem e imersão em ácido clorídrico

Figura 5.8 – Filtragem, secagem do papel filtro e análise granulométrica

3-Método usado para a identificação de sais solúveis nas amostras extraídas

As amostras das argamassas de revestimento e assentamento, de tijolos e de solo, foram submetidas a ensaios para a detecção da presença de sais solúveis. As amostras de argamassa e de solo foram ensaiadas segundo a NBR 9917/1987 [53], que prescreve o método para determinação do teor de sais solúveis em água, em agregados para concreto, quantificando em particular os teores de cloretos e sulfatos solúveis. Estes ensaios foram desenvolvidos no Laboratório de Química Analítica do Curso de Química da Universidade Católica de Pelotas (Figura 5.9).

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Figura 5.9 –Registro fotográfico do ensaio

4-Método usado para a verificação de manifestações de eflorescência nas amostras dos tijolos extraídos e dos tijolos empregados na construção dos painéis experimentais

No ensaio de eflorescência realizado nas amostras de tijolos extraídas do edifício estudado bem como nas amostras dos tijolos usados na construção dos painéis experimentais, o procedimento de análise baseou-se na Norma Americana ASTM C67 [17] - American Society for Testing and

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Materials,Standard Methods of Sampling and Testing Brick and Structural Clay Tile, de 1966,e constituiu-se na seguinte metodologia:

Os tijolos ensaiados foram devidamente limpos, tendo-se eliminado toda a sujidade superficial aderente, evitando assim enganos na análise final.

O ensaio consiste em imergir uma unidade de cada par de amostras em água destilada, a uma profundidade de aproximadamente 2,5 cm, por um período de sete dias, num ambiente seco. Havendo mais de uma unidade em cada recipiente, estas deverão estar separadas de no mínimo 5,0 cm. A outra unidade de cada par será mantida no mesmo ambiente, sem contato com a água. Depois dos sete dias, se coloca cada par em estufa para secagem por um período de três dias. Em seguida, examina-se a parte superior e as quatro faces dos tijolos. Não havendo diferenças entre eles, considera-se a não presença de eflorescências. Se houver alguma diferença devido a formações eflorescentes, a unidade afetada deverá ser observada a uma distância de aproximadamente 3,00m; sob iluminação, e, se desta forma, ainda for notada a presença de eflorescências, podemos considerar tal anomalia como presente no tijolo analisado; caso contrário, sob as mesmas condições, nada for observado, considera-se como fraca eflorescência (Figura 5.10).

Figura 5.10 –Análise visual de manifestações de eflorescências

5-Métodos usados para a determinação de absorção de água por capilaridade e secagem da água absorvida nas amostras de argamassas extraídas

Das amostras de argamassas antigas extraídas pelo uso de ponteira e martelo picão com forma e dimensão irregulares, uma parte serviu para o ensaio de absorção de água por capilaridade e secagem da água absorvida. O método aplicado para este ensaio baseia-se no modelo preconizado pelo relatório 140/00 – NCCt do LNEC [54] (Figuras 5.11 e 5.12).

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Figura5.11– Pesagem e contato dos corpo de provas com a água

Figura 5.12 – Medição dos corpo de provas

Os coeficientes de capilaridade são depois calculados através da razão entre a massa de água absorvida por unidade de área entre os instantes t1e t0 ( por regressão linear)e a diferença entre

as raízes quadradas desses tempos: Ccc= (M1-M0)/(t1-t0) e os resultados obtidos se encontram

nas Tabelas I (18 a 22) do Anexo I e nos valores compilados na Tabela 5.11.

5.3–Apreciação dos resultados dos ensaios no