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O estado de conservação dos edifícios pertencentes ao perímetro central da cidade de Pelotas, segundo os critérios de Paladini (1995), que considera como lesão grave o defeito que impede a utilização do produto para o fim a que se destina; ou diminui sua vida útil afetando sua eficiência e, por lesão superficial, os defeitos menores que não atingem o desempenho do produto na sua função essencial, é aqui apresentado, relacionando as anomalias identificadas com as fachadas das construções [6].

Verifica-se que praticamente metade das fachadas, ou seja, 189 fachadas (44,6%) apresentam bom estado de conservação. Em muito bom estado de conservação são identificadas 66 fachadas (15,6%), em estado regular se encontram 156 fachadas (36,8%) e, em estado ruim, estão 13 fachadas (3,1%). Estas fachadas apresentam de zero a onze lesões, distribuídas de forma assimétrica, donde 212 fachadas (50,0%) apresentam 3 ou menos lesões. Daquelas identificadas, os resultados evidenciam que as manchas de sujidades ou por vegetação parasitária são as mais frequentes com 19,3% das lesões; seguidas da umidade ascensional com 17,2% das lesões, descolamento em placas com 10,7% das lesões e descoloração com 9,1% das lesões. Também apresentaram significativa incidência às fissurações do tipo mapeamento com 6,5% das lesões, as fissurações horizontais com 5,4% das lesões e as fissurações verticais com 5,3% das lesões. Já as eflorescências, objeto deste trabalho, apresentaram índice de incidência um pouco menor; totalizando 4,3% das lesões,valor que pode, em princípio, ser considerado baixo. Porém; como se trata de fachadas exteriores, lavadas pela chuva e varridas pelo vento, se pode considerar como importante esta quantidade de lesões por eflorescência, presumindo-se que, no interior das edificações este tipo de lesão deva apresentar incidências bem mais significativas, as quais,

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comcerteza, contribuirão para a ocorrência de anomalias bem mais gravosas à construção (Figuras 1.2, 1.3, 1.4 e Tabela 1.4).

Figura 1.2 –Manchas de sujidade e fissurações

Figura 1.3 –Umidade ascensionalFigura 1.4 –Descolamento em placas e eflorescências

As 1575 lesões, identificadas na Tabela 1.1, estão distribuídas em 2339 elementos construtivos; sendo que o soco foi o elemento construtivo que apresentou maior concentração de lesões com 27,2% das lesões, seguido do pano cego com 22,9%, da platibanda com 17,0%, da moldura com 8,9% e dos muros com 5,4% das lesões (Tabela 1.4).

O fato de o soco ser a zona das fachadas com maior concentração de lesões deve-se, talvez ao fato de não receber os cuidados recomendados pela boa técnica construtiva, tais como uma impermeabilização eficaz e uso de revestimentos mais fortes, capazes de resistir a choques, respingos de água e erosão. Justamente no troço formado pelo soco é que se observa a maior

1-Introdução 21 concentração de umidade e de manifestações de eflorescências e/ou criptoflorescências derivadas da umidade ascensional, o que evidencia a inexistência, falência ou insuficiência de impermeabilização da base das paredes.

Tabela 1.4 –Distribuição das lesões nas fachadas analisadas, por elemento construtivo Elemento construtivo Lesões % total de elementos construtivos com lesões

Soco 638 27,2 Pano cego 536 22,9 Platibanda 399 17,0 Moldura horizontal 208 8,9 Muro 127 5,4 Porta 87 3,7 Parapeito 71 3,0 Janela 64 2,7 Elemento decorativo 43 1,8 Sacada 29 1,2 Grade 28 1,2 Marquise 22 0,9 Moldura vertical 21 0,9 Laje 16 0,7 Soleira 15 0,6 Peitoril 14 0,6 Pilar 7 0,3 Cobertura 2 0,1 Viga 1 0,0 Outros 11 0,5 Total 2339 100,0

Do ponto de vista dos materiais de revestimento, a maior incidência das lesões registradas ocorreu nos acabamentos em reboco com 64,8% da totalidade das lesões, principalmente naqueles que utilizaram argamassas inorgânicas (mais utilizados nos revestimentos analisados), e nas pinturas, com 18,3% das lesões. Estes altos valores expressam o grande uso deste tipo de revestimento na cidade de Pelotas. Considerando-se que das 424 fachadas analisadas 382 empregaram reboco com pintura ou reboco aparente em seu revestimento (Tabela 1.5) e que 1041 lesões foram localizadas neste material, chegamos a uma média de 2,75 lesões por fachada revestida em reboco.

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Tabela 1.5 –Distribuição das lesões nas fachadas analisadas por tipo de material de revestimento

Material de revestimento Lesões % dos materiais com lesões

Reboco 1041 64,8 Pintura 294 18,3 Madeira 50 3,1 Plaqueta cerâmica 47 2,9 Metal 42 2,6 Tijolos aparentes 38 2,4 Pastilha 34 2,1 Revestimento Pétreo 11 0,7 Minerplast 10 0,6 Betão aparente 9 0,6 Cerâmica vidrada 7 0,4 Telha 2 0,1 Plástico 1 0,1 Outros 21 1,3 Total 1608 100,0

As lesões identificadas evidenciam a falta de proteção nas fachadas dos edifícios, pois a maior parte das anomalias ocorreu, de forma localizada, em zonas não protegidas (Tabela 1.6).

Tabela 1.6 –Distribuição das lesões nas fachadas analisadas por condição de exposição Condição de exposição Lesões %

Zona não protegida 1541 97,8

Zona protegida 34 2,2

Total 1575 100,0

A incidência das lesões mostra que 1020 lesões (64,8%) ocorreram de forma localizada e que 555 lesões (35,2%) distribuíram-se de forma generalizada nas fachadas (Tabela 1.7). A predominância das lesões ocorreu no primeiro piso das edificações, embora também tenham ocorrido lesões no segundo piso e no terceiro ou mais pisos. Estas lesões apresentaram quantidades de 1486, 218 e 51; respectivamente no primeiro piso, no segundo piso e no terceiro piso ou em pisos superiores, o que corresponde a um espaço vertical de 0 a 3 m, de 3 a 6m e de mais de 6m; totalizando, de acordo com este último parâmetro, 424 lesões (74,1%) para uma altura até 3m, 112 lesões (21,3%) de 3 a 6m e 26 lesões (4,5%) (Tabela 1.8).

1-Introdução 23 Tabela 1.7 –Distribuição das lesões nas fachadas analisadas por incidência

Incidência Lesões %

Lesões localizadas 1020 64,8 Lesões generalizadas 555 35,2

Total 1575 100,0

Tabela 1.8 –Distribuição das lesões nas fachadas analisadas por piso

Pisos Lesões %

Primeiro piso 1486 84,7

Segundo piso 218 12,4

Terceiro ou mais pisos 51 2,9

Os posicionamentos das fachadas em relação às orientações norte, sul, leste e oeste não estão relacionados com a quantidade de lesões, evidenciando que, independentemente da orientação, as lesões se distribuem equilibradamente nas fachadas (Tabela 1.9).

Tabela 1.9 –Distribuição das lesões nas fachadas analisadas por orientação

Orientação Lesões % Norte 390 24,3 Sul 363 22,7 Leste 473 29,5 Oeste 376 23,5 Total 1602 100,0