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MARINHO I. P Sistemas e Métodos da Educação Física: recreação e jogos 4 ed São Paulo: Cia Brasil, 1958.

INÍCIO DO TÓPICO 4: EVOLUÇÃO HISTÓRICA DA GINÁSTICA RÍTMICA

4.1 Considerações Históricas e Evolução da Ginástica Rítmica

A Ginástica Rítmica (GR) é conhecida pela sua graciosidade, elegância, expressividade, movimentos de grande flexibilidade e manejo de aparelhos. Essas características têm a ver com o objetivo que motivou o surgimento desta modalidade: a valorização da mulher. De acordo com Marinho (1979), apesar de hoje ser praticada também por homens, de forma não oficial, a GR teve origem como uma possibilidade de atividade para as mulheres, até então impedidas de praticarem ginástica e outras manifestações esportivas.

Mas para compreendermos melhor como aconteceu esse processo é preciso que retomemos algumas informações discutidas no tópico 2 da unidade 1, que relata a sistematização da Ginástica. Vimos que no século XIX a Ginástica teve um grande desenvolvimento gerado pelas Escolas de Ginástica (alemã, nórdica e francesa), certo? Vimos também que as ideias destas Escolas sofreram transformações no século XX, quando emergiram os chamados Movimento do Centro (Escola Alemã), Movimento do Norte (Escola Nórdica) e Movimento do Oeste (Escola Francesa). Afirmam Langlede e Langlade (1970) que foi justamente o Movimento do Centro que deu fundamentos ao surgimento da Ginástica Rítmica.

O Movimento do Centro era composto por duas manifestações: a artístico- rítmico-pedagógica e a técnico-pedagógica. De acordo com Oliveira et al. (1988), a manifestação artístico-rítmico-pedagógica, também chamada de tendência musical, é que deu base para a consolidação da Ginástica Rítmica, ao proporcionar a integração das artes na Educação Física.

A criação deste método ginástico recebeu contribuições de diversos estudiosos de diferentes países, que estavam ligados a quatro diferentes correntes, conforme afirma Peuker (1974): a corrente pedagógica, a corrente da arte cênica, a corrente da dança e a corrente da música. Falaremos brevemente sobre os pensadores que mais se destacaram em cada corrente.

De acordo com os autores Peuker (1974) e Barbosa-Rinaldi et al.(2009), na corrente pedagógica podemos evidenciar: Jean Jacques Rousseau (1712- 1778), filósofo e pedagogo alemão que considerava a educação do corpo como parte da educação total do indivíduo; Basedow (1723-1790), alemão que inspirava-se em Rousseau, interessava-se pelos aspectos educacionais da Educação Física e que deu início à ginástica natural; Salzman (1744-1811), também alemão e seguidor das ideias de Basedow, fundador de uma escola onde se priorizava a Educação Física; Pestalozzi (1746-1827), o primeiro a considerar corpo, espírito e alma como um todo inseparável e indivisível; Guts Muths (1959-1839), austríaco, considerado o pai da ginástica pedagógica e que criou um sistema de Ginástica inspirado na filosofia e nos exercícios da Grécia Antiga; Per Henrik Ling (1776-1839), criador do método da ginástica sueca, em que a verdadeira educação ginástica deveria atender às necessidades morais e corporais, e que dedicava atenção à correção postural, à flexibilidade da articulações e relaxamento neuromuscular; Hilma Jalnaken (1889-1964), professora finlandesa que contribuiu para a difusão das ideias da ginástica feminina na Finlândia.

Na corrente da arte-cênica temos como principais representantes: François Delsart (1811-1871), francês, autor da teoria que diz que há uma influência mútua entre espírito e atividade física, criador da ginástica expressionista, que influenciou a expressividade da Ginástica atual; Genevieve Stebbins (1857-1934), americana, difundiu as ideias de Delsart em seu país, criadora da ginástica respiratória europeia que implica em três elementos básicos: respiração, tensão e relaxamento; Hedwig Kallmeyer (1864-1960),

alemã, aluna de Genevieve que introduziu na Alemanha os conhecimentos adquiridos com a professora.

Na corrente da dança, foram importantes: Jean George Noverre (1727- 1810), autor das “Cartas sobre a Dança e os ballets”, na qual apresenta-se contrário aos excessos de rigidez do ballet clássico; Isadora Duncan (1878- 1927), americana conhecida como a “dançarina dos pés descalços”, buscou a libertação do formalismo da dança clássica, expressando-se com movimentos naturais, expressivos e inspirados nas linhas gregas, trazendo uma nova concepção à dança; Rudolf Laban (1879-1958), austro-húngaro, objetivou reconstruir o estudo da coreografia em linguagem especial do espírito, corpo e alma, que até então era limitado a uma linguagem simplesmente corporal, trouxe uma nova forma de expressão para a Ginástica enquanto arte; Mary Wigman (1886-1973), professora de dança na Alemanha que criou uma forma de dança com movimentos naturais e simples.

Início da descrição da imagem: Legenda: Figura 12 - Laban.

Descrição: A imagem mostra uma foto em preto e branco de seis pessoas realizando movimentos artísticos com o auxílio de um professor coordenando os movimentos dos alunos.

Fonte: Educação Musical (BLOGSPOT, 2012, on-line). Disponível em:

<http://bieamusica.blogspot.com.br/2012_12_01_archive.html>.Acesso em: 10 de jul. de 2016.

Fim da descrição da imagem. Início da descrição da imagem: Legenda: Figura 13 - Isadora Duncan.

Descrição: A imagem mostra uma foto em preto e branco de Isadora Duncan realizando movimentos artísticos, ela está com a perna direita ereta, a

esquerda está estendida para o lado esquerdo com o pé em posição de ponta apoiado no chão, o tronco flexionado para o lado esquerdo e os braços

semiflexionados à frente estando um em cima do outro.

Fonte: The Linosaurus (BLOGSPOT, 2014, on-line). <http://gerrie-

hefriendlyghost.blogspot.com.br/2014/09/isadora-duncan-taste-for-life.html>. Acesso em: 10 de jul. de 2016.

Fim da descrição da imagem.

Na corrente da música evidenciamos, de acordo com Peuker (1974) e Barbosa-Rinaldi et al. (2009): Jacques Dalcroze (1865-1950), professor de música e compositor alemão, criador da euritimia, trouxe valiosas contribuições à Ginástica com suas ideias de relacionamento entre ritmo ginástico, ritmo musical e suas possibilidades de alternância. Desenvolveu o instinto ritmo e métrico musical, em um método que buscava fazer do corpo um instrumento de expressão estética. Influenciou não só o ensino da música, mas também a formação de escolas de dança e o desenvolvimento da Educação Física; Rudolf Bode (1881-1971), alemão considerado o fundador dos princípios básicos da GR, entre eles a ideia de movimento ôrganico, o trabalho de contração e relaxamento, a totalidade do movimento considerando o corporal e o espiritual. Deu mais importância ao exercício corporal, colocando a música a serviço deste e utilizando ações em grupos; Henrich Medau (1890-1974), que foi estudante na escola de Bode, estabeleceu a diferença entre exercícios rítmicos e métricos, deu importância aos exercícios respiratórios e boa formação postural. Introduziu aparelhos manuais como bolas, arcos e maças para aprimorar o sentido rítmico, com ênfase no acompanhamento musical; Elli Bjorkesten (1870-1947), finlandesa, professora de Ginástica na faculdade de Helsinki, apresentou movimentos de caráter rítmico, estético e expressivo, influenciando a ginástica neosueca, que era rígida e mecânica; Elin Falk (1872-1942), também influenciou a ginástica neosueca levando movimentos mais livres e naturais para a ginástica infantil, aliando ritmo, naturalidade e relaxamento; e Maja Carlquist (1884- 1968), finlandesa que deu continuidade às ideias de Falk e que contribuiu para o caráter interpretativo da Ginástica.

Início da descrição da imagem: Legenda: sem legenda.

Descrição: A imagem mostra uma foto em preto e branco de quatro mulheres realizando movimentos artísticos ao ar livre, elas estão em forma de roda, estão saltando, todas estão na mesma posição, com uma perna estendida alinhada ao tronco e a outra está flexionada para trás, os pés em posição de ponta, seus braços estão estendidos para cima com as mão dadas, e a cabeça estendida para trás.

Fonte: Dalcroze K-6 (on-line). Disponível em:

<https://sites.google.com/site/eurhythmicfritz/>. Acesso em: 10 de jul. de 2016. Fim da descrição da imagem.

Início da descrição da imagem: Legenda: sem legenda.

Descrição: A imagem mostra uma foto em preto e branco de cinco mulheres realizando movimentos artísticos ao ar livre, elas estão enfileiradas uma atrás da outra, todas estão na mesma posição, com as pernas juntas e estendidas alinhadas ao tronco, com os pés em posição de ponta, tronco está ereto, seus braços estão estendidos para cima segurando uma bola.

Fonte: Wikimedia (2016, on-line). Disponível em:

<https://commons.wikimedia.org/wiki/File:Bundesarchiv_Bild_146-1979-099- 21A,_Ballgymnastik.jpg>. Acesso em: 10 de jul. de 2016.

Fim da descrição da imagem.

Conforme afirma Peuker (1974), foi a partir da contribuição destes pensadores de diferentes correntes que algumas manifestações gímnicas se desenvolveram, assim como a Ginástica Rítmica, um sistema ginástico destinado à mulher, baseado em movimentos orgânicos, rítmicos e dinâmicos e, de acordo com Paoliello e Toledo (2010):

[...] não possuía caráter competitivo, assim como os demais métodos europeus de ginástica, mas de prática de atividade física sistematizada, visando não à comparação de performance, mas ao

condicionamento, à disciplina e à estética do corpo, entre outros objetivos (PAOLIELLO e TOLEDO, 2010, p. 25).

Quando falamos em movimentos orgânicos estamos nos referindo a um sistema em que há a participação do corpo em sua totalidade. De acordo com Peuker (1974), a realização destes movimentos deve acontecer de forma fluida, ou seja, sem fragmentações, e dessa maneira a sua dinâmica deve ser rítmica e não orientada por uma contagem métrica e rígida.

O processo para que a GR se tornasse uma modalidade reconhecida e única fo marcado por alguns acontecimentos. O seu processo de sistematização se iniciou em 1948, na primeira competição organizada pela antiga União Soviética. Em 1951 foi criada a Liga Internacional de Ginástica Moderna (LIGIM) por Henirich Medau, em Viena, a fim de difundir a prática. Assim, a GR (na época Ginástica Moderna) ia sendo inserida por meio de apresentações em eventos de Ginástica e fazendo parte das competições de Ginástica Artística, como aconteceu nos Jogos Olímpicos de Londres e nos Jogos Olímpicos de Helsinki, em 1952, até ser abolida nos Jogos de Melbourne, em 1956. Entretanto, encontros internacionais continuaram a ser realizados, até que, em 1962, no Campeonato Mundial de Ginástica Artística em Praga, foram feitas demonstrações que chamaram a atenção a ponto de a Federação Internacional de Ginástica (FIG), em 1962, a reconhecer como uma modalidade independente.

De acordo com os autores Barbosa-Rinaldi et al. (2009), Langlade (1970) e Llobet (1998), o primeiro Campeonato Mundial de Ginástica Moderna aconteceu em dezembro de 1963, na Hungria. O código de pontuação, no entanto (ou seja, as regras da modalidade), foi publicado apenas em 1970 pela FIG.

Vale ressaltar que quando a GR surgiu foi inicialmente denominada Ginástica Moderna (1963), e passou por outras nomenclaturas como Ginástica Rítmica Moderna (1972) e Ginástica Rítmica Desportiva (1975). Afirmam Barbosa-Rinaldi et al. (2009) que foi a partir de 1997 que a Federação Internacional de Ginástica tornou oficial o nome Ginástica Rítmica, ao considerar redundante a menção desportiva, por se tratar de uma modalidade competitiva de qualquer forma, além de criar uma padronização com outras denominações gímnicas, como a Ginástica Artística, com apenas dois nomes.

A Ginástica Rítmica começou a ser difundida no Brasil por cursos ministrados pela professora austríaca Margareth Fröhlich, em 1953 e 1954, promovidos pelo Departamento de Esportes do Estado de São Paulo, com assistência da professora da Universidade Federal do Rio de Janeiro, Erica Saur. No entanto, a principal divulgadora da modalidade foi a húngara Ilona Peuker, por meio de cursos e demonstrações em diversas cidades. De acordo com Publio (1998), foi a partir daí que a Ginástica Moderna passou a ser desenvolvida na área estudantil, incentivando a formação de grupos de elite, como o pioneiro Grupo Unido de Ginastas (GUG) e a realização da primeira competição em 1968, pela Federação Carioca de Ginástica.

Início da descrição da imagem: Legenda: Figura 14 - GUG.

Descrição: A imagem mostra uma foto em preto e branco de um grupo de atletas do sexo feminino do Grupo Unido de Ginastas (GUG), realizando movimentos artísticos ao ar livre, elas estão em forma de semicírculo, todas estão na mesma posição, com uma perna estendida atrás e outra à frente cruzadas, tronco está ereto, seus braços estão estendidos para cima um para cada lado segurando em cada mão um objeto não identificado.

Fonte: Entre Arcos e Fitas (BLOGSPOT, 2011, on-line). Disponível em: <http://entrearcosefitas.blogspot.com.br/2011/03/brasil-na-ginastica-

ritmica.html>. Acesso em: 10 de jul. de 2016. Fim da descrição da imagem.

Afirmam os autores Santos et al. (2010) que a criação da Confederação Brasileira de Ginástica (CBG), em 1978, permitiu que a modalidade evoluísse no país. Em 1984, o Brasil foi representado pela primeira vez nos Jogos Olímpicos de Los Angeles, ano em que a GR se tornou modalidade olímpica, na categoria individual, pela ginasta Rosane Favilla Ferreira, do Rio de Janeiro. O Brasil teve até o presente quatro participações em Jogos Olímpicos na categoria de conjuntos: em Sydney, 2000, Atenas, 2004, Beijing, 2008 e Rio de Janeiro, 2016. Como país sede, será representado também na categoria individual.

Início da descrição da imagem: Legenda: sem legenda.

Descrição: A imagem mostra uma foto colorida de um grupo de cinco atletas do sexo feminino da seleção brasileira da Ginástica Rítmica. Elas estão em pose inicial e pose final. Da esquerda para a direita, a primeira atleta está com a perna direita estendida e a esquerda semiflexionada para o lado esquerdo com o pé em meia ponta apoiada no chão, o lado direito de seu tronco está semiflexionado, seu braço direito está estendido para o lado direito com a mão segurando o arco, que está apoiado no seu ombro esquerdo. A segunda atleta está de lateral com a perna direita estendida e a esquerda semiflexionada para frente com o pé em meia ponta apoiado no chão, o tronco está ereto, seu braço esquerdo está estendido para o seu lado esquerdo com a mão apoiada na “cabeça” da maça que está apoiada em outras duas que estão apoiadas no chão, que está apoiado no seu ombro esquerdo. E a atleta do centro está com a perna direita estendida atrás e a esquerda semiflexionada para frente com o pé em meia ponta apoiado no chão, o tronco está inclinado para frente e seus braços estendidos cada um para o seu respectivo lado com as mãos segurando os arcos que estão com a primeira e a última atleta. A quarta atleta está na mesma posição da segunda, e a quinta na mesma posição da primeira.

Fonte: Portal Bragança (2015, on-line). Disponível em: <http://news.portalbraganca.com.br/esporte/ginastica-ritmica-em-preparacao-

para-o-mundial-brasil-embarca-para-copa-do-mundo.html>. Acesso em: 10 de jul. de 2016.

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