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Considerações Metodológicas

Este estudo, de abordagem qualitativa, caracteriza-se, de acordo com seus fins, como uma pesquisa prioritariamente descritiva, que possui como objeto de pesquisa o Programa Esporte e Lazer da Cidade (PELC). A coleta de dados foi realizada por meio de entrevistas pessoais semiestruturadas, com os gestores federais do PELC, cujo roteiro encontra-se no Apêndice I (VERGARA, 2006; GIL, 2008; BARDIN, 2009).

O PELC é uma iniciativa da Secretaria de Desenvolvimento de Esporte e Lazer do Ministério do Esporte (SNDEL), cuja estrutura é ilustrada pela Figura 1.

Fonte: Dados da Pesquisa.

Figura 1. Estrutura Administrativa da Secretaria de Desenvolvimento de Esporte e Lazer (SNDEL)

As entrevistas foram realizadas individualmente com os gestores de cada subdvisão da SNDEL, expostas na Figura 1. Dessa forma, foram entrevistados a Secretária Nacional de Desenvolvimento de Esporte e Lazer, a Diretora do Departamento de Políticas Sociais de Esporte e Lazer, o Coordenador-Geral de

Departamento de Políticas Sociais de Esporte e de Lazer (DPSEL)

Ministério do Esporte

Secretaria de Desenvolvimento de Esporte e Lazer (SNDEL)

Departamento de Ciência e Tecnologia do Esporte Coordenação-Geral de Políticas Sociais de Esporte e de Lazer Coordenação-Geral de Apoio, Capacitação e Eventos Esportivos

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Políticas Sociais de Esporte e de Lazer, e o Coordenador-Geral de Apoio, Capacitação e Eventos Esportivos. Todas as entrevistas ocorreram em Brasília, no mês de agosto de 2009, e foram gravadas com consentimento dos entrevistados.

O tratamento dos dados coletados foi feito por meio do procedimento de Análise de Conteúdo (BARDIN, 2009), com auxílio do Software SPHINX® Léxica®. Optou-se por recorrer a este Software para auxiliar na análise de conteúdo, pelo fato de a análise dos dados coletados ser complexa e comportar um grande número de variáveis a tratar simultaneamente, havendo grande número de categorias e unidades a serem registradas. Neste caso, recomenda Bardin (2009), é interessante poder recorrer à informática para esse procedimento metodológico.

3.1. Referencial Analítico: Análise de Conteúdo

O procedimento metodológico denominado Análise de Conteúdo foi proposto por Laurence Bardin, em 1977, e desde então vem sendo amplamente utilizado em pesquisas de natureza qualitativa, especialmente na área das Ciências Humanas e Sociais Aplicadas (BARDIN, 2009).

Para a autora, a Análise de Conteúdo é um “conjunto de técnicas de análise das comunicações que utiliza procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens”, de forma que o analista, a partir do tratamento das mensagens que manipula, deduz de maneira lógica, isto é, infere conhecimentos sobre o emissor da mensagem ou sobre seu meio (BARDIN, 2009:40).

Segundo Freitas e Janissek (2000), a análise de conteúdo é uma técnica de análise de dados que possui como propósito prover conhecimento a partir de dados qualitativos, por meio da análise da expressão verbal ou escrita de opiniões ou ideias. Essa técnica possibilita analisar nas entrelinhas as opiniões das pessoas, além do que é expresso diretamente em palavras, sendo seu objetivo a inferência de conhecimentos por meio de processos dedutivos.

A análise de conteúdo é, de acordo com Bardin (1996:47 apud Freitas e Janissek, 2000)

um conjunto de técnicas de análise das comunicações que, através de procedimentos sistemáticos e objetivos de descrição do conteúdo das mensagens, visa obter indicadores (quantitativos ou não) que permitam a inferência de conhecimentos relativos às condições de produção e de recepção (variáveis inferidas) destas mensagens.

Dellagnelo e Silva (2007:100-102) recorrem a autores como Bardin, Berelson e Minayo para a conceituação do método como um conjunto de técnicas de análise das

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comunicações, que busca “inferir os significados que vão além das mensagens concretas” na pesquisa qualitativa, na busca do “conhecimento de variáveis de ordem psicológica, sociológica, histórica etc., por meio de um processo de dedução com base em indicadores reconstruídos a partir de uma amostra de mensagens específicas”.

As etapas da análise de conteúdo seriam, segundo Freitas e Janissek (2000): a definição do universo estudado, a categorização do universo definido (segundo a necessidade de informações a testar), a escolha das unidades de análise e a quantificação (que objetiva permitir o relacionamento das características dos textos combinados ao universo estudado). Para Bardin (2009) e Dellagnelo e Silva (2007), as etapas desse método seriam a pré-análise, a exploração ou análise do material (que utiliza técnicas como a codificação, a quantificação e a categorização), e o tratamento de resultados, inferência e interpretação.

Durante a pré-análise das entrevistas realizadas, o material foi reunido e editado, ou seja, as entrevistas gravadas foram transcritas integralmente e as gravações digitalizadas e conservadas para possíveis consultas.

Segundo Bardin (2009:129), referindo-se à segunda etapa do método, “tratar o material é codificá-lo”. A codificação corresponde a uma transformação dos dados que se encontram em forma bruta no texto, por recorte (escolha das unidades), enumeração (escolha das regras de contagem), e agregação e classificação (escolha das categorias), permitindo atingir uma representação do conteúdo, ou de sua expressão.

Assim, na codificação são estabelecidas unidades de registro, as quais são unidades de significação codificadas que correspondem ao segmento de conteúdo a considerar como unidade de base, visando a categorização e a contagem frequencial. As unidades de registro mais utilizadas são o tema e a palavra.

Neste artigo, foi priorizada a análise temática, que consiste em descobrir os “núcleos de sentido” que compõem a comunicação e cuja presença ou frequência pode significar algo para o objetivo analítico escolhido. Frequentemente as respostas a questões abertas e as entrevistas são analisadas tendo o tema por base (BARDIN, 2009).

No que se refere à categorização, Bardin (2009:145) afirma que a maioria dos procedimentos de análise organiza-se em redor desse processo, embora a divisão das componentes das mensagens analisadas em categorias ou rubricas não seja etapa obrigatória em toda e qualquer análise de conteúdo. A categorização é uma “operação

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de classificação de elementos constitutivos de um conjunto por diferenciação e, seguidamente, por reagrupamento” segundo critérios previamente definidos.

As categorias são rubricas ou classes, as quais reúnem um grupo de elementos (unidades de registro) sob um título genérico, formadas em razão das características comuns destes elementos. O critério de categorização utilizado neste artigo foi semântico, sendo formadas categorias temáticas.

A categorização pode empregar dois processos inversos: por “Caixas”, “aplicável no caso da organização do material decorrer diretamente dos funcionamentos teóricos hipotéticos”, sendo fornecido o sistema de categorias e repartidos da melhor maneira possível os elementos à medida que são encontrados; e por “Acervo”, no qual o título conceitual de cada categoria somente é definido no final da operação, sendo o sistema de categorias resultante da classificação analógica e progressiva dos elementos (BARDIN, 2009:147). Neste artigo, as categorias foram formadas progressivamente durante a análise dos dados coletados, e não fornecidas por uma base teórica, isto é, foi utilizado o sistema de categorização por “acervo”, definindo-se categorias, subcategorias e unidades de análise a partir do estudo empírico.

No procedimento de inferência, última etapa do método, optou-se pelo nível de análise de significação, isto é, a partir das significações que a mensagem das entrevistas fornece. Dessa forma, a Análise de Conteúdo foi utilizada neste artigo como instrumento para melhor compreensão da percepção dos agentes estratégicos do Programa Esporte e Lazer da Cidade, isto é, seus gestores federais, acerca de questões sobre a evolução política das temáticas esporte e lazer, o papel do PELC na política governamental, a implementação e avaliação do PELC, e seus resultados, relacionados a seus objetivos.

4. Análise da Percepção dos Gestores Federais sobre o Programa Esporte e