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Considerações parciais do Estudo Fornecedores da Petrobras

3.1 O Poder de Compra da Petrobras

3.1.8 Considerações parciais do Estudo Fornecedores da Petrobras

Conforme os autores das pesquisas de campo realizadas com foco no presente estudo, as exigências de fornecimento corroboram em maior ou menor grau, seu pressuposto orientador. Em face das exigências requeridas pela PETROBRAS, destacam-se ainda uma série de aspectos relacionados com os seguintes indicadores: certificação e normatização de produtos e processos, meio ambiente e condições de trabalho.

Nesse sentido, as exigências requeridas têm levado as firmas a buscarem melhorias contínuas, no seu processo produtivo. Tais esforços, ainda que por vezes onerosos, requer das firmas que buscam ser fornecedores, uma mudança significativa na estrutura produtiva e organizacional, sendo avaliados os fatores que contribuem para o aumento da competitividade no mercado nacional.

Ao mesmo tempo, tendo como parâmetro uma única empresa, os fornecedores investigados apontaram que a especialização na produção, pode levar a uma dependência inibidora, no que diz respeito à inovação de produtos, bem como na busca de novos mercados.

Sendo assim, os fornecedores muito especializados, destacaram que a maior parte da produção é orientada pela demanda da PETROBRAS, apresentando pouca inserção no mercado internacional.

Ao mesmo tempo, conforme destacam os autores do Estudo que baseia a presente seção, os diversos estudos realizados no âmbito do projeto mostram que os fornecedores avaliam a sua relação com a PETROBRAS, conferindo efeitos positivos na sua capacitação, bem como em sua consolidação no mercado parapetroleiro, sendo possível ressaltar que a percepção sobre os efeitos da PETROBRAS para com as firmas fornecedoras, vai depender de vários aspectos relacionados ao setor de atividade em que está relacionada, do nível de intensidade tecnológica do que é fornecido, do porte da firma, da intensidade do contrato, dentre outras dimensões.

O estudo apresentado por Negri et al (2010) mostra as especificidades, permitindo melhor qualificar os efeitos da interação da PETROBRAS com seus fornecedores.

Com relação aos aspectos tecnológicos, a exploração da camada pré-sal proporciona criação de grande potencial de inovações para as empresas.

De acordo com Negri et al (2010), se compreende haver uma tendência geral de relativa convergência tecnológica, fundamentada em pilares que se baseiam nas estruturas de produção flutuantes principalmente as do tipo FPSO (Plataforma de Produção Flutuante), e as grandes estruturas interligadas voltadas à produção submarina, que proporcionam reduzir o volume de equipamentos na plataforma, assim como os sofisticados e diversificados serviços de apoio.

As inovações referidas apresentam condições de continuar as trajetórias tecnológicas que estão em curso, mas dificilmente serão unicamente capazes de alterar estruturas de mercado existentes.

Enfatiza-se também que, a experiência encontrada nos grandes oligopólios globais, apresenta rápida transformação dentro de uma mesma trajetória tecnológica, permitindo a percepção baseada nas empresas que já estão estabelecidas, ao mesmo tempo as que apresentam por tendência garantir o controle do processo inovativo através de arranjos, com base na concorrência e interdependência industrial, compreendendo também o processo intensivo do movimento de aquisições de empresas menores, ou mesmo de empresas emergentes.

Esse panorama compreende também, uma abordagem com base na capacidade de apropriação dos benefícios das inovações, fundamentadas nos seguintes temas: novos mercados, novos produtos, novas formas de organização empresarial e setorial, exigência de recursos disponíveis, tempo e também articulação de agentes, com ênfase nos estudos de Lastres e Cassiolato (2003).

Essas empresas poderão passar pelo processo de capacitações, que já é desenvolvido na PETROBRAS, e ao mesmo tempo estabelecido em segmentos correlatos, assim como por medidas de estímulo financeiro e de reorganização patrimonial.

Destaca-se também que, esse processo demandará novos esforços conjuntos entre indústria, universidades e centros de pesquisa, num projeto que se fundamente na articulação educacional, tecnológica, industrial e energética para o

país, de forma que proporcione garantir a condição que se baseia em ganhos de escala dinâmicos, e também por sustentação do crescimento da indústria petrolífera nacional.

3.2 A Rede Petro – Rio Grande do Sul (RS)

Esta seção tem como base a tese de doutorado de Pellegrin (2006), denominada por: “Redes de Inovação – Dinamizando processos em empresas fornecedoras da Indústria de Petróleo e Gas Natural”.

No trabalho de tese de Doutorado, apresentado à Universidade Federal do Rio de Janeiro - UFRJ, o referido autor apresenta importante conteúdo sobre a formação das redes de inovação, assim como os processos tecnológicos e inovativos.

Em sua abordagem, o autor da tese que baseia esta seção, menciona seu estudo de Caso desenvolvido na REDE PETRO – RS (Rede Gaúcha de Fornecedores de Base Tecnológica da Cadeia de Petróleo e Gas)1, importante panorama dos trabalhos nela realizados, tendo como base o envolvimento de diversos parceiros.

Estes parceiros compreendem as instituições e organizações relacionadas a seguir:

(1) o Governo do Estado do R. Grande do Sul, através da SCT/RS e da SEDAI/RS; (2) as empresas compreendendo diferentes graus de participação;

(3) os laboratórios de P&D compreendendo diferentes graus de participação; (4) a PETROBRAS/REFAP;

(5) o SEBRAE-RS e a FINEP representando instituições de apoio e fomento.

Para o autor, os objetivos específicos dos atores que compõem a Rede PETRO-RS são convergentes. Essa condição contribuiu para que a PETRO-RS se estruturasse, contando com a participação de atores diversos, os quais desempenham papéis complementares, desenvolvem colaboração mútua, e ao mesmo tempo partilham de objetivos centrais à Rede.

1

O SEBRAE-RS vem implantando o Programa da Cadeia Produtiva do Petróleo e Gás do SEBRAE Nacional no Rio Grande do Sul em parceria com a PETRO-RS e a REFAP, capacitando empresas subfornecedoras, indicadas por empresas da PETRO-RS, e capacitando micro e pequenas empresas fornecedoras diretas da REFAP (PELLEGRIN, 2006 p. 211).

De acordo como o estudo, vale destacar que os parceiros tiveram uma participação efetiva no Grupo Executivo, contribuindo decisivamente para o desenvolvimento da Rede PETRO-RS, ao mesmo tempo compartilham três conceitos que fundamentaram sua estruturação, destacando-se: (1) que a governança da rede é horizontal, por conseguinte, tendo a participação direta das empresas; (2) que a rede é voltada para resultados, de maneira que o mercado define as demandas; (3) que a inovação apresenta como lócus (origem) principal a firma.

Na abordagem do autor, a rede teve sua formação advinda de um Fórum composto por 8 (oito) empresas2 privadas que a originaram, tendo por objetivo discutir as potenciais restrições de competitividade das empresas gauchas, ao fornecimento da Industria de Petróleo e gás natural.

Destaca-se então que, estas 8 (oito) empresas não tinham relação direta entre si, tendo sua base nos diversos setores, compreendendo: a - cabos de ancoragem, b - serviços de engenharia e válvulas, c - software de automação, d - bombas submersas, e - ferramentas de perfuração, f - componentes metálicos forjados, g - atuadores hidráulicos, h - controles programáveis, i - componentes metálicos fundidos, dentre outros materiais.

O que as 8 (oito) empresas possuíam em comum, consistiu da percepção de que havia oportunidades, bem como desafios tecnológicos, oriundos da indústria de petróleo representando, por conseguinte, condições de alcance mediante a formação de uma rede fundamentada nas relações entre empresas, e ao mesmo tempo as universidades, com a participação da PETROBRÁS, o CENPES (Centro de Pesquisas da PETROBRÁS), com o Serviço de Materiais (SERMAT) e ao mesmo tempo com as Unidades de Negócios representando clientes e/ou usuários finais.

Conforme o autor da tese houve envolvimento político institucional da Secretaria de Ciência e Tecnologia do Rio Grande do Sul SCT/RS, para a formação da Rede PETRO – RS, culminando seu lançamento em Dezembro/1999, tendo por base um “ ermo de Referencia para o Projeto Desenvolvimento da Rede Gaúcha de Fornecedores para a Cadeia de Produção de etróleo e G s”.

2

Empresas Gauchas formadoras do fórum estadual que originou a Rede Petro – RS: Altus S.A., Coester Automação Ltda., Cordoaria São Leopoldo S.A, Hidrover Equipamentos Óleo Dinâmicos S.A, Kock Metalúrgica S.A, Produttare Consultores Associados Ltda., Valmicro Lupatech S.A., Weatherford Sistema de Completação (Caxias do Sul) e Weatherford Sistemas de Elevação Artificial (São Leopoldo Geremia).