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Principais Experiências e Resultados do Estudo Rede Petro

3.1 O Poder de Compra da Petrobras

3.2.1 Principais Experiências e Resultados do Estudo Rede Petro

De acordo com as experiências relatadas no Estudo de Caso que tem por base a Rede Petro – RS, os resultados consistem da realização de um Survey sobre o processo de Inovação, ocorrido nas empresas componentes da rede. Nesse sentido, foram enviados 81 questionários via e-mail, e respondidos 50 questionários que correspondem a 62% das empresas que deram resposta.

Em termos, se pode dizer que a iniciativa de fundação da Rede PETRO-RS foi pioneira, e sua origem está relacionada com: (a) a existência de demanda na indústria de petróleo; (b) os estudos comparativos associados com outros países, tais como a Noruega, a Inglaterra, o Canadá, dentre outros (ANP, 1999), nos quais é possível observar sistemas de inovação nacionais e setoriais maduros, ao mesmo tempo um conjunto amplo de firmas competitivas, tendo por base o fornecimento para essa Indústria; (c) a potencialidade de fornecimento das empresas instaladas no Rio Grande do Sul, tendo por base os setores: metal-mecânico, eletro - eletrônico e software para a indústria; e também (d) a existência de um ambiente político-institucional favorável à constituição de redes de inovação.

Ressalte-se que o apoio da PETROBRAS/REFAP, desponta como principal ator, que representa a demanda potencial para as firmas fornecedoras, compreendendo fundamental importância na montagem da rede.

O estudo apresenta vários indicadores, que foram comparados com o Survey realizado nas empresas da Rede PETRO-RS, sendo os principais: “(i) PINTEC- 20003 – Pesquisa sobre Inovação Tecnológica – realizada pelo IBGE para o período 1998-2000 (PINTEC, 2005a); (ii) PINTEC-20034, também efetuada pelo IBGE, mas referente ao período 2001-2003 (PINTEC, 2005b); (iii) PAER5 – Pesquisa da Atividade Econômica Regional, realizada pela Fundação SEADE para o período 1995-1999 (SEADE, 2005); e (iv) Norwegian Research Council6, realizada no ano de 1997”.

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Compreende 70.005 empresas, de todos os portes. Para detalhes ver http://www.pintec.ibge.gov.br/ 4

Compreende 84.262 empresas, de todos os portes. Para detalhes ver http://www.pintec.ibge.gov.br/ 5

Da PAER (SEADE, 2005) utilizaram-se somente indicadores de taxa de inovação por tamanho de empresa, como uma referência adicional à PINTEC. Compreende cerca de 6.600 empresas de médio e grande porte. Para detalhes ver http://www.seade.gov.br/produtos/paer/

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Sobre essa pesquisa foram utilizados somente indicadores de % de empresas que cooperam em processos de inovação em uma população de 1.250 empresas fornecedoras da indústria de Petróleo offshore da Noruega (MIKKELSEN et al., 2004). Não foram localizados outros indicadores dessa pesquisa do mesmo tipo que os levantados na pesquisa da PETRO-RS. (PELLEGRIN, 2006 p. 252).

Contudo, a tese destaca a existência de várias limitações sobre as comparações entre os resultados da PETRO-RS em relação a outras pesquisas, que tiveram por base os indicadores referidos. Nesse sentido, merecem destaque as seguintes observações:

 A base do survey realizado na PETRO-RS 2005 fundamenta-se numa amostra intencional, derivada de uma população que apresentou viés em relação a índices de inovação alto, com relação aos interesses qualitativos da pesquisa, destacando-se a média da Indústria Nacional;

 O número de respondentes da pesquisa que a survey se baseou, consta de 50 empresas, do que 62% desta amostra segundo o autor seja insuficiente estatisticamente para ser representativo do total de 81 empresas da amostra intencional;

 Os períodos que se referem às informações das várias pesquisas, em relação à survey, são diferentes em três aspectos:

1- O survey realizado na PETRO-RS 2005 (período 2000-2004) se refere a um período posterior ao da PINTEC-2000 (PINTEC, 2005a), a PINTEC- 2003 (PINTEC, 2005b) assim como ao da PAER (SEADE, 2005);

2- As respectivas amplitudes do survey realizado na PETRO-RS 2005 e da PAER correspondem a 5 (cinco) anos, enquanto da PINTEC a 3 (três) anos, e ao mesmo tempo o autor enfatiza que os indicadores do Norwegian Research Council se referem somente ao ano de 1997.

3- Destaca-se também que o survey PETRO-RS 2005, não delimitou sua amostra com base em número mínimo de empregados. Nesse aspecto, a PINTEC delimitou um número mínimo de 10 empregados, e a PAER um número mínimo de 100 empregados. Quanto à pesquisa do Norwegian Research Council, não se conseguiu informação sobre esse aspecto. Em relação à delimitação do número de empregados, a tese considera que a pesquisa da PAER indica que as empresas maiores em relação ao número de empregados, apresentam um percentual maior de inovação de produto (PELEGRIN apud QUADROS, FRANCO e BERNARDES, 2001).

Ao mesmo tempo, a pesquisa da PINTEC-2000 (PINTEC, 2005a) aponta essa tendência (PELEGRIN apud DE NEGRI, SALERNO e CASTRO, 2005). Quanto à

pesquisa da PINTEC-2003 (PINTEC, 2005b) essa tendência é ainda mais forte para inovações de produto voltado ao mercado nacional.

Quanto às inovações de processo, essa tendência também ocorre na forma mais reduzida. Ao mesmo tempo, em relação às empresas que implantaram apenas mudanças estratégicas e organizacionais, a pesquisa PINTEC-2000 (PINTEC, 2005a) apresentou uma taxa de inovações organizacionais decrescente com o porte da empresa, ao passo que a PINTEC-2003 (PINTEC, 2005b) não apresenta uma tendência clara, indicando maior taxa para empresas de médio porte.

aa - Inovação Tecnológica de Produto e Processo

Para o autor da tese, a inovação tecnológica em produto e processo é um tema importante dentro do contexto da Rede. Com relação a esse tema destacado no survey realizado na Rede PETRO-RS, apresenta-se o seguinte conceito que tipifica inovação tecnológica:

“ novação tecnológica é definida pela implementação de produtos (bens ou serviços) e ou processos tecnologicamente novos ou substancialmente aprimorados. Um produto/processo tecnologicamente novo é um produto/processo cujas características fundamentais (especificações técnicas, usos pretendidos, software ou outro componente imaterial incorporado) diferem significativamente de todos os produtos previamente produzidos pela empresa”7

(Manual de OSLO - OECD, 1996).

Segundo o autor do estudo que esta seção se baseia, o índice geral que corresponde a inovação tecnológica de produto e/ou processo na amostra da PETRO-RS, alcançou 94%. Nesse sentido, das 50 empresas que responderam ao survey, apenas 3 (três) não desenvolveram inovações no período 2000-2004. Esse índice compreende estarem incluídas inovações de produto e processo para a empresa, do que se entende serem existentes no mercado, podendo inclusive assumir processo tecnológico adquirido, proporcionando ao mesmo tempo inovações de produto para o mercado nacional, e para o mercado internacional.

A tese aborda que, em relação à inovação tecnológica de produto, que corresponde a uma taxa de inovação no mesmo, foram verificadas as seguintes condições: (a) 77% das empresas desenvolveram novo produto para a empresa, porem já existente no mercado; (b) 61% desenvolveram inovações para o mercado nacional; e (c) 23% desenvolveram inovações para o mercado internacional.

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As questões e definições do survey PETRO-RS 2005 tomaram como base o Manual de OSLO (OECD, 1996), o mesmo adotado na PINTEC e na PAER.

Com relação à inovação tecnológica de processo, que corresponde a uma taxa de inovação no processo, verificou-se que: (d) 61% realizaram inovação tecnológica mediante aquisição de novos processos, (e) enquanto que 69% das empresas desenvolveram novos processos internamente. Em ambos os casos, as inovações de processo, referem-se a inovações para a empresa, não para o mercado nacional ou internacional. Esses resultados são superiores aos resultados médios da indústria nacional, se comparados aos apresentados pela PINTEC-2000 (PINTEC, 2005a), pela PINTEC-2003 (PINTEC, 2005b) e pelo PAER-1999 (SEADE, 2005).

Conforme os resultados expressados na tese, esse comportamento era esperado, na medida em que a amostra do survey da PETRO-RS foi intencional, e nesse sentido corresponde a um viés pró-inovação, pois as empresas pesquisadas já pertenciam a uma rede de inovação e/ou já eram fornecedoras da PETROBRAS, ou mesmo entraram na rede com o objetivo de desenvolver produtos, com a pretensão de serem consideradas inovadoras. Em qualquer dos casos, vivenciaram o contexto dinâmico da Indústria de Petróleo e Gás Natural no Brasil.

bb - Inovações Organizacionais

O autor da tese enfatiza também no survey PETRO-RS, a questão das inovações organizacionais. Dentre as questões relacionadas a atividades organizacionais que a PINTEC-2005 8 formulou, 4 (quatro) foram abordadas no survey da PETRO-RS 2011, correspondendo aos seguintes resultados:

1) Implantação de orientações estratégicas corporativas novas ou substancialmente modificadas representando 58%;

2) Implementação de significativas mudanças na estrutura organizacional, 64%; 3) Mudanças significativas nas práticas de marketing, 50%;

4) Utilização de ferramentas de gestão, visando o atendimento de normas de certificação (ISO, TQM, JIT, STP, etc.), 70%;

5) Observou-se que os resultados gerais médios da PINTEC-2000 (PINTEC, 2005a) para as questões acima foram: 7% (item 1), 12% (item 2), 13% (item 3), e 8% (item 4).

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A PINTEC inclui além dessas questões, as seguintes questões temáticas: Técnicas avançadas de gestão; mudanças significativas na estética, desenho ou outras mudanças, subjetivas em pelo menos um dos produtos.

Segundo o autor da tese, a incidência encontrada nas empresas da PETRO- RS, que responderam ao survey, com relação a serem fornecedoras ou novas fornecedoras da PETROBRAS, provavelmente apresentou impacto sobre essas questões, destacando-se como exemplo a condição referente ao 4º (quarto) resultado, que destacou como requisito obrigatório a certificação ISO 9000 com relação ao fornecimento de equipamentos para a PETROBRAS.

cc – Patentes

De acordo com o autor da tese, as empresas participantes da survey PETRO- RS 2005 que destacaram o indicador de patentes apresentam valores relativamente altos (em relação à população nacional). Nesse sentido, o percentual de empresas que respondeu ter solicitado registro relativo a patentes no período 2000-2004, compreende as seguintes áreas e respectivos percentuais: a - Depósito de patentes sobre invenção – 16,3%; e b - Depósito de patentes sobre modelo de utilidade – 20,4%.

Os percentuais citados anteriormente podem parecer baixos, levando em consideração que 61% das empresas declararam ter lançado um novo produto para o mercado nacional, ao mesmo tempo 23% declararam lançamento para o mercado internacional.

Quando das entrevistas em profundidade, detectou-se a falta de prática e/ou valorização das firmas em relação ao registro de patentes, correspondendo por sua vez a uma parte significativa dos entrevistados. Em relação a esse tema, a pesquisa da PINTEC, aponta que a média geral de solicitações de depósito de patentes representou 2,54% relativo ao período 1998-2000 e 2,04% ao período 2001-2003.

dd - Fontes Externas de Informação e Conhecimento

As fontes de informação mais valorizadas nos resultados da survey foram os Clientes, os Fornecedores e eventos como Feiras e Exibições. Nesse sentido, os resultados da pesquisa na PETRO-RS são coincidentes com os dados da PINTEC, e também com as tendências internacionais apontadas (VIOTTI, BAESSA e KOELLER, 2005 apud PELLEGRIN, 2006), que apresentam como fontes externas mais importantes os clientes e/ou usuários, os fornecedores, bem como as feiras e exibições. Contudo, há exceção na pesquisa da Alemanha que apresenta feiras e

exibições em segundo lugar, e fornecedores em terceiro lugar (PELLEGRIN apud VIOTTI, BAESSA e KOELLER, 2005).

Para o autor desta tese, a survey realizada na Rede PETRO-RS, não fez comparação quanto à relevância das informações internas da empresa frente às externas. Esse fato abordado nas demais pesquisas citadas, refletem maior grau de importância atribuído às informações que se obtém internamente nas empresas, ou informações de outra empresa que faça parte de um grupo.