• Nenhum resultado encontrado

4.2 DESCRIÇÃO DO RELACIONAMENTO EF-FA

4.2.3 Considerações sobre a colaboração da relação EF-FA

Considerando a perspectiva da Empresa Focal, o relacionamento apresenta como características de colaboração um nível de confiança considerado bom, devido a nota oito, enquanto a adaptação, o compromisso e o alinhamento estratégico são medianos recebendo duas notas sete e uma nota seis, respectivamente. Neste aspecto percebe-se que a Empresa Focal, busca adaptar e coordenar suas atividades de modo que seu fluxo de suprimento não seja comprometido.

Com relação aos fatores ligados ao desenvolvimento de vantagem competitiva interorganizacional, os mecanismos de governança são bem avaliados, recebendo nota oito, e, por fim, os recursos compartilhados não foram avaliados por não apresentar características que levam ao desenvolvimento de vantagens no relacionamento. Apesar de bem avaliados, os ativos no relacionamento só surgiram por problemas de abastecimento do Fornecedor A e pela

dificuldade deste em repassar informações claras e confiáveis à Empresa Focal, que por sua vez, por depender diretamente do Fornecedor A, investiu em ativos temporários que buscassem garantir o despacho de energia solicitado pelo ONS.

Sobre os benefícios do relacionamento, foi possível constatar a ausência de indicadores para medir os resultados do relacionamento. Além disso, apesar do sucesso na negociação por um preço melhor, o que foi positivo para diminuição dos custos operacionais, a possibilidade de existir outro fornecedor poderia melhorar a qualidade do serviço prestado atualmente, haja vista que os problemas enfrentados na díade mostra que ainda é necessário amadurecer o relacionamento.

Fazendo um comparativo entre o discurso do Entrevistado 3 com as notas atribuídas foi possível notar alguns conflitos de avaliação, pois, em dado momento da entrevista, após a sinalização da problemas de confiança, [3. 8:20 (56:56)] mesmo o Fornecedor A uma predisposição de não permitir que a falta de abastecimento ocorresse, podendo levar o abastecimento para outra base, [3. 8:6 (16:16)] o fator confiança foi avaliado com a nota oito, enquanto o compromisso foi avaliado com a nota sete.

Diante dessa discrepância, foi questionado se o Entrevistado 3 “sente que o relacionamento está mais pautado na confiança do que no compromisso?” [3. 8:54 (67:67)] Mesmo assim, o Entrevistado 3 finalizou afirmando “Sim” [3. 8:23 (68:68)] Esse posicionamento mostra que o Entrevistado 3 pode ter adotado uma postura um tanto quanto parcial com relação a avaliação dos fatores do Fornecedor A.

Analisando a perspectiva do Fornecedor A, nota-se que o discurso está pautado basicamente no planejamento a longo prazo, atuando na coordenação de decisões operacionais, mas carente de medidas que contribuam para o aumento da colaboração. Além disso, apesar de existir no discurso forte indício de compromisso por parte do Fornecedor A, este ainda parece depender da burocracia para começar a apresentar resultados consistentes associados ao comprometimento do relacionamento. Com relação a confiança, esta depende basicamente da comunicação, das informações trocadas e da sinergia associada ao compromisso para resolver seus conflitos, que apesar de serem negados, estão presentes e são tratados de forma reativa. O alinhamento estratégico é estabelecido para atender metas interdependentes, para isso, é utilizada a comunicação para ajuste e acompanhamento dos objetivos estratégicos e para a resolução de conflitos que surgem no relacionamento.

Considerando os fatores que podem conferir ao relacionamento o desenvolvimento de vantagens competitivas, verificou-se que não há investimentos em ativos específicos do relacionamento; e, o desenvolvimento de conhecimento tem ficado a desejar frente a quantidade

de informações compartilhadas. Sobre os mecanismos de governança, todas as ações são definidas formalmente e a confiança estabelecida no decorrer dos anos levou a um relacionamento amistoso e os recursos compartilhados limitam-se a área física do Fornecedor A. Sobre os benefícios do relacionamento, foi identificado a falta de indicadores de desempenho, pautados basicamente no faturamento, além do fato do Fornecedor A remeter sempre a sua história e confiabilidade no desenvolvimento de suas atividades.

Analisando o discurso e as notas atribuídas pelo Entrevistado A1, também há discrepâncias ligadas a superestimação nas suas avaliações, pois mesmo confrontado com problemas ligados ao seu fluxo de abastecimento, com exceção dos ativos específicos do relacionamento que não foram identificados no relacionamento, todos os fatores foram avaliados com a nota dez. Comparando os fatores avaliados entre a Empresa Focal e o Fornecedor A é possível notar que a Empresa Focal ainda espera muito do Fornecedor A enquanto na contrapartida, o fornecedor considera que o relacionamento está muito bem avaliado.

A Figura 28 foi elaborada para sintetizar as notas atribuídas pelos entrevistados durante os estudos de caso, além disso, buscando sintetizar as duas perspectivas, o Quadro 23 apresenta os fatores e subfatores que estão associados a colaboração nos discursos estudados da díade. O Quadro 24, semelhantemente, foi elaborado para sintetizar os fatores ligados a vantagem competitiva interorganizacional que pode ser desenvolvida nesse relacionamento. Por meio destes, será possível desenvolver posteriormente reflexões entre a literatura e os estudos de caso.

Figura 28 – Avaliação dos fatores EF-FA

Quadro 23 – Síntese de fatores de colaboração da díade da EF – FA

Empresa Focal-Fornecedor A Fornecedor A-Empresa Focal

ADAPTAÇÃO Agilidade Agilidade

Flexibilidade Flexibilidade

Compromisso Coordenação de atividades operacionais Comunicação Planejamento e orientação de longo prazo

na estratégia do negócio Mecanismos de governança Resolução de conflitos Utilização de acordos informais

COMPROMISSO Desenvolvimento do conhecimento, troca e rotinas de compartilhamento do conhecimento

Cooperação

Integração e gerenciamento da troca de informações

Forte interação entre os parceiros Alinhamento estratégico Resolução de Conflitos

Coordenação de decisões operacionais Comunicação

Cooperação Compartilhamento de informações Forte interação entre os parceiros Integração e gerenciamento da troca de

informações

Resolução de Conflitos Planejamento e orientação a longo prazo na estratégia do negócio

Comunicação Adaptação Agilidade Flexibilidade

CONFIANÇA Compromisso Compromisso

Resolução de Conflitos Resolução de Conflitos

Comunicação Comunicação

Mecanismos de governança Sinergia Utilização de contratos formais composto

de cláusulas contratuais

Integração e gerenciamento da troca de informações

ALINHAMENTO ESTRATÉGICO

Comunicação Objetivos e metas interdependentes Adaptação Coordenação de decisões operacionais Objetivos e metas interdependentes Comunicação

Coordenação de decisões operacionais Resolução de Conflitos Compartilhamento de informações

Quadro 24 – Síntese de fatores de VCI da díade da EF – FA

Empresa Focal – Fornecedor A Fornecedor A – Empresa Focal ATIVOS ESPECÍFICOS

DO RELACIONAMENTO

Confiança Não há

Resolução de Conflitos Mecanismos de governança Utilização de contratos formais composto de cláusulas contratuais DESENVOLVIMENTO

DO CONHECIMENTO, TROCA E ROTINAS DE COMPARTILHAMENTO DO CONHECIMENTO

Compartilhamento de informações Compartilhamento de informações Integração e gerenciamento da troca de

informações

Integração e gerenciamento da troca de informações

Compartilhamento de recursos e tecnologias

Compartilhamento de recursos e tecnologias

Comunicação Forte interação entre os parceiros Alinhamento estratégico Comunicação

Coordenação de decisões operacionais Cooperação Objetivos e metas interdependentes Sinergia MECANISMOS DE

GOVERNANÇA

Utilização de contratos formais composto de cláusulas contratuais

Utilização de contratos formais composto de cláusulas contratuais Utilização de acordos informais Confiança

RECURSOS

COMPARTILHADOS

Não há Compromisso

Compartilhamento de recursos e tecnologias

Uso de recursos complementares Fonte: Dados da pesquisa (2016).