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Após a descrição das teorias ora apresentadas foi possível desenvolver o Quadro 5 na busca de sintetizar autores, suas respectivas teorias e quais aspectos estão relacionados a vantagem competitiva interorganizacional. Nota-se que alguns elementos identificados pelos autores seminais estão correlacionados. Desse modo, pode-se chegar à conclusão que os recursos que podem ser compartilhados nos relacionamentos devem apresentar características do modelo VRIO pela necessidade de se ter uma vantagem competitiva interorganizacional sustentável, assim, os recursos podem ser compartilhados com o parceiro ou criados nos relacionamentos.

Os recursos compartilhados nos relacionamentos podem depender do investimento conjunto de ativos, da combinação e troca dos recursos. Entretanto, na utilização de recursos complementares surge a necessidade de utilização de mecanismos de governança, haja vista que, além dos recursos compartilhados, os parceiros interorganizacionais tanto podem acessar

como disponibilizar recursos de modo não intencional, o que, por sua vez, podem ser acessados pelo parceiro da díade ocasionando, dessa forma, um comportamento oportunista, o que é prejudicial para o relacionamento.

Quadro 5 – Síntese das teorias sobre vantagens competitivas interorganizacionais

Teorias Autores Vantagens competitivas interorganizacionais dependem de: Visão Baseada

em Recursos

Wernerfelt (1984), Barney (1991)

Recursos que apresentam como características o fato de serem valiosos, raros, inimitáveis e serem utilizáveis pela organização. Os relacionamentos estabelecidos nos arranjos empresariais podem ser considerados recursos com essas características.

Visão Baseada em Recursos Estendida

Lavie (2006)

Recursos que são compartilhados no relacionamento e recursos que podem ser acessados por meio de sua disponibilidade através do transbordamento de rendas que normalmente não estão disponíveis para as empresas.

Visão Relacional

Dyer e Singh (1998)

Investimento conjunto de ativos, além da combinação e/ou troca de recursos, utilização de recursos complementares e utilização de mecanismos de governança. Teorias de Custos de Transação Coase (1937), Williamson (1985, 2005)

Custos mínimos obtidos por meio das estruturas de governança (ou seja, estruturas de contrato e mercado de atuação), dos atributos de transação (concernentes as incertezas e as especificidades dos ativos do relacionamento), e dos pressupostos comportamentais (que abrangem o oportunismo e a racionalidade limitada).

Fonte: Elaborado pelo autor.

A partir da análise da VR e da VBRE também foi elaborada a Figura 4 que busca sintetizar os conceitos apresentados por essas teorias através das potencialidades de geração de rendas relacionais, ligadas ao compartilhamento de ativos, troca de conhecimento, recursos que passam a ser complementares nos relacionamentos e diminuição dos custos de transação proveniente dos processos de governança (DYER; SINGH, 1998) e pela necessidade de identificar as rendas que podem ser compartilhadas ou apropriadas através dos transbordamentos das rendas que podem acontecer em uma aliança (LAVIE, 2006).

Analisando as teorias, convém notar que nos relacionamentos interorganizacionais as empresas buscam acessar novos recursos e disponibilizar recursos para seus parceiros. Como a distribuição de recursos é feita de maneira heterogênea, as empresas que possuem recursos escassos e de eficiência superior, desenvolvem vantagem competitiva (HELFAT; PETERAF, 2003).

Sob a ótica dos relacionamentos, além dos recursos organizacionais, existem também recursos que são definidos como interorganizacionais, que são desenvolvidos nos relacionamentos e podem proporcionar vantagem competitiva interorganizacional. Por meio da análise das teorias ora apresentadas foram identificadas diversas definições de recursos interorganizacionais, que estão apresentadas no Quadro 6.

Figura 4 – Análise de Potencial de Rendas Relacionais

Quadro 6 – Classificação e conceitos de recursos interorganizacionais

AUTORES CLASSIFICAÇÃO CONCEITO

Williamson (1985)

Ativos específicos de relacionamento

São responsáveis pelo desenvolvimento de salvaguardas satisfatórias que evitam comportamentos oportunistas, proporcionando uma coordenação mais efetiva das atividades e recursos que são parte de um relacionamento.

Dyer e Singh (1998)

Recursos complementares

Adquiridos a partir da formação de alianças essenciais para a obtenção de vantagens competitivas interorganizacionais, por meio de uma governança eficaz, a sinergia gerada pelas alianças muitas vezes permite que os recursos e as capacidades compartilhados sejam valiosos, raros e de difícil imitação, o que torna sustentável a vantagem competitiva interorganizacional resultante desse processo.

Lavie (2006), Dyer e Hatch (2006) Recursos de rede

São acumulados, surgindo da participação das firmas nas redes e das suas experiências acumuladas em alianças anteriores. Estas redes criam novos laços interorganizacionais para a troca de recursos, proporcionando base sobre a qual se formam as alianças entre as organizações depende da complementaridade dos recursos, da similaridade do status das organizações envolvidas e do capital social.

Molina- Morales (2001)

Recursos coletivos

Tais recursos não são de exclusividade nem de propriedade das empresas individualmente e não são disponibilizados a empresas externas, são compartilhados por empresas de um arranjo empresarial. Esses recursos proporcionam as empresas oportunidades que são exclusivas aos participantes do arranjo tornando difícil imitação no mercado por se tratarem de conhecimentos tácitos, complexos e específicos dos relacionamentos interorganizacionais no arranjo.

Wilk (2006)

Recursos de acesso restrito

São aqueles que não pertencem a nenhuma firma individual, no entanto, só podem ser acessados por apenas grupos privilegiados de empresas que se beneficiam dela.

Recursos sistêmicos

São aqueles que não pertencem às firmas individuais, mas atuam sobre o desempenho de todas as integrantes da rede; não existe rivalidade no seu uso, podendo ser compartilhados por todos.

Lavie (2006) Recursos compartilhados

São aqueles permutados entre empresas participantes de uma aliança/rede de empresas e que estão relacionados à obtenção de rendas relacionais e vantagens competitivas interorganizacionais, apresenta diferentes graus de compartilhamento e essa variação depende do fluxo de troca de recursos entre as empresas.

Wong e

Karia (2010) Recursos relacionais

São recursos que apresentam capacidade de construir e manter relações de trabalho de longo prazo com seus principais fornecedores e clientes, o que desencadeia num melhor desempenho para o relacionamento.

Li e Wu

(2013) Recursos externos

São todos aqueles que podem ser obtidos por meio de alianças cooperativas e aquisições.

Fonte: Adaptado de Oliveira (2014).

De modo geral, os conceitos de recursos interorganizacionais apresentam algumas semelhanças e particularidades. Dentre as semelhanças pode-se destacar as definições de recursos de rede, recursos coletivos, recursos compartilhados e recursos relacionais que, em linhas gerais, tratam dos recursos que estão disponíveis nos relacionamentos, sejam eles diáticos ou em rede. Para fins de estudo, esta pesquisa adotará a classificação de recursos relacionais apresentados por Wong e Karia (2010).