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Capítulo II Estudo das Normas

3. Aplicação das Normas

3.7. Consolidação de contas

A consolidação de contas tem como objectivo fornecer informação económica e financeira de um conjunto de empresas como se tratasse de uma única. Nesse sentido, é um processo contabilístico que consiste em agregar as contas de uma empresa-mãe com as suas subsidiárias, de modo a que as contas daí resultantes representem a situação financeira e os resultados das operações do grupo, como se de uma única entidade se tratasse, apresentando assim os resultados das operações que as empresas do grupo tiveram com terceiros.

No caso particular dos empreendimentos conjuntos, a consolidação dos interesses do empreendedor nas suas contas individuais apresenta algumas particularidades, aplicando-se no entanto, as regras gerais de consolidação expressas nos normativos nacionais ou internacionais. As contas consolidadas são fonte de informação para os utentes interessados e para o centro de poder do grupo, na mesma medida que as contas individuais o são, para os accionistas/sócios e para as respectivas administrações, entre outros. Neste sentido, esta informação financeira deve gozar de todas as características qualitativas exigíveis, nomeadamente as da compreensibilidade, da relevância, da fiabilidade e da comparabilidade24.

O âmbito de aplicação da consolidação é o grupo.25 O grupo deve caracterizar-se pelos seguintes requisitos:

― Entidades juridicamente autónomas;

― Dependência, relativamente à empresa-mãe, que pode ser uma dependência de natureza, financeira, directa, contratual ou económica:

Existem três métodos de consolidação:

1º Método de consolidação global ou integral (line-by-line metthod); 2º Método de consolidação integral;

3º Método da equivalência patrimonial.

Por regra, o primeiro método aplica-se nas partes de capital em empresas do grupo, também designadas por subsidiárias ou afiliadas, o segundo método aplica-se em empreendimentos conjuntos e o terceiro método aplica-se nas partes de capital em empresas associadas, conforme anteriormente referido neste trabalho. As participações financeiras noutras empresas são de relevar nas contas consolidadas ao justo valor, caso este possa ser determinado de forma fiável,

24

Conforme a Estrutura Conceptual do SNS nos seus parágrafos 24 a 46.

25

senão, serão mensuradas ao custo de aquisição, eventualmente deduzido de perdas consideradas irreversíveis.

O Regime de Consolidação Fiscal, introduzido em Portugal pelo Decreto-Lei n.º 414/87, de 31 de Dezembro, com as alterações operadas pela Lei 30-G/2000, de 29 de Dezembro (Lei da Reforma Fiscal), veio reconhecer os grupos societários como uma realidade jurídico-tributária autónoma. A opção pela ―consolidação fiscal‖ tem como fundamento principal, em sede de imposto sobre o rendimento, o princípio da neutralidade do imposto na tributação dos rendimentos da actividade empresarial (Nunes: 2001). Segundo este autor, este princípio existe quando, independentemente da estrutura funcional utilizada para o exercício de actividades económicas, exista possibilidade de o sistema fiscal tributar o rendimento da mesma forma. Face à realidade dos grupos de sociedades, a legislação portuguesa prevê um regime em que tais grupos sejam objecto de uma tributação única, em sede de imposto sobre o rendimento, desde que enquadráveis nas condições previstas no art.º 69.º do Código do Imposto sobre o Rendimento das Pessoas Colectivas.

O actual Regime Especial de Tributação dos Grupos de Sociedades (RETGS), anteriormente designado por Regime de Tributação dos Grupos de Empresas pelo Lucro Consolidado (RTLC), traduz-se na determinação do lucro tributável do grupo com base na soma algébrica dos lucros e prejuízos fiscais apurados na declaração periódica de cada uma das sociedades que o integram, corrigido da parte dos lucros distribuídos entre as empresas. Conforme refere Nunes (2001), outro dos fundamentos que justifica a opção por este regime é o princípio da capacidade contributiva como concretização do princípio da igualdade. Estando as sociedades organizadas em forma de grupo, compreende-se que o mesmo seja tributado em função da sua capacidade, pelo que o

princípio da capacidade contributiva do grupo deverá prevalecer sobre o princípio da capacidade

contributiva individual, enquanto concretização do princípio da igualdade.

Quanto à obrigatoriedade de elaborar contas consolidadas, o n.º 1 do artigo 6.º do Decreto-Lei n.º158/2009, refere que: ―Qualquer empresa-mãe sujeita ao direito nacional é obrigada a elaborar demonstrações financeiras consolidadas do grupo constituído por ela própria e por todas as subsidiárias…‖. Nos n.ºs 2, 3 e 4, deste artigo, indicam-se as particularidades destas formas de detenção do capital.

Ao contrário, no seu artigo 7.º – ―Dispensa da elaboração de contas consolidadas‖, estão definidas as condições em que uma empresa-mãe fica dispensada de elaborar as demonstrações financeiras consolidadas, quando na data do seu balanço, o conjunto das entidades a consolidar não ultrapasse alguns limites26 ou quando a empresa-mãe seja também uma subsidiária e quando a sua própria empresa-mãe esteja subordinada à legislação de um Estado Membro da União Europeia e, seja titular de todas as partes de capital da entidade dispensada ou detenha 90%, ou mais, das partes da capital da entidade dispensada da obrigação e os restantes titulares do capital desta entidade tenham aprovado a dispensa. Tal dispensa está ainda subordinada às condições elencadas nos seus n.ºs 4 e 5.

26 Dois dos seguintes limiteis: Total de balanço: 7 500 000€; Total das vendas líquidas e outros rendimentos:

O artigo 8.º – ―Exclusões da consolidação‖, define um conjunto de circunstâncias em que uma entidade pode ser excluída da consolidação, não se aplicando, todavia, tais disposições, quando as demonstrações financeiras consolidadas sejam preparadas de acordo com as Normas Internacionais de Contabilidade adoptadas pela União Europeia.