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Capítulo II Estudo das Normas

3. Aplicação das Normas

3.2. Investimentos Financeiros

Os investimentos em partes de capital de sociedades são considerados como operações de investimento externo das entidades e podem resultar da compra directa de acções ou quotas de uma sociedade (designadas genericamente por instrumentos de capital próprio de outra entidade21) ou de aquisições realizadas por entidades por elas controladas. O conceito de investimento inclui também os interesses em entidades que não sejam constituídas em forma de sociedade, como por exemplo, as parcerias.

As participações financeiras podem assumir características temporárias, que visam a aplicação de excedentes de tesouraria e rentabilizar os capitais investidos ou de médio/longo prazo, ou estratégicas, que se destinam a permanecer no seio da empresa por períodos longos (carácter permanente), pois destinam-se a controlar outras empresas ou a exercer uma influência significativa que, na prática, se traduz na participação da definição das políticas de gestão e nos órgãos sociais.

Tendo em conta este carácter de negociação ou permanência – O POC, em termos de apresentação, dividia estes investimentos por contas do Activo Circulante – conta ―15 – Títulos Negociáveis e do Imobilizado, conta ―41 – Investimentos Financeiros‖. No SNS, as participações financeiras temporárias devem ser registadas no Activo Corrente (Instrumentos Financeiros), enquanto as participações de médio/longo prazo ou estratégicas devem ser registadas no Activo Não Corrente (Investimentos Financeiros).

As participações financeiras de médio/longo prazo podem classificar-se em:

― Participações em subsidiárias – respeitam a participações em que a empresa investidora (participante) controla a investida;

― Participações em associadas – referem-se a participações em empresas em que a participante exerce influência significativa;

― Outras participações – participações em empresas nas quais a participante não controla nem exerce influência significativa.

A DC 24 – Empreendimentos Conjuntos indica a conta ―41.6 – Investimentos Financeiros – Entidades Conjuntamente Controladas‖, para diferenciar este tipo de investimentos. Os investimentos financeiros ou activos de médio/longo prazo (Imobilizado, segundo o POC) são motivados pelo rendimento conferido pela parte nos resultados da empresa participada ou pelo poder de controlar a gestão das empresas participadas, numa perspectiva de actividade integrada

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SNC Explicado, João Rodrigues (2009).

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Instrumento de capital próprio é qualquer contrato que evidencie um interesse residual nos activos de uma entidade após dedução de todos os seus passivos (NCRF 27).

num grupo económico. A NCRF 1 usa o termo «não corrente» para incluir activos tangíveis, intangíveis e financeiros de natureza de longo prazo.

O IASB e o SNC consideram igualmente as categorias acima referidas, completando com definições que são omissas no normativo nacional, designadamente os conceitos de controlo e de influência significativa.

Classificam-se como Activo Corrente aquele que satisfazer qualquer dos seguintes critérios: (NCRF 1;§14):

a) Espera-se que seja realizado, ou pretende-se que seja vendido ou consumido, no decurso normal do ciclo operacional da entidade;

b) Seja detido essencialmente para a finalidade de ser negociado;

c) Espera-se que seja realizado num período até doze meses após a data do balanço; ou d) É caixa ou equivalente de caixa, a menos que lhe seja limitada a troca ou uso para liquidar

um passivo durante pelo menos doze meses após a data do balanço.

Todos os outros Activos devem ser classificados como Não Correntes, incluindo activos tangíveis, intangíveis e financeiros cuja natureza seja de longo prazo.

No documento Modelos de Demonstrações Financeiras – Observações e Ligação às NCRF – é referido que na rubrica ―Activos Financeiros Detidos para Negociação … inscrevem-se as quantias respeitantes a activos financeiros detidos para negociação, cujo tratamento é definido pela NCRF 27 – Instrumentos Financeiros‖ e que ―Outros activos financeiros é destinada à apresentação das quantias de activos classificados como financeiros nos termos da NCRF 27 – Instrumentos Financeiros, com carácter corrente e que não sejam incluídos noutras rubricas do activo corrente‖. As aplicações em instrumentos de capital próprio de outra entidade são apresentadas como activos correntes, caso sejam detidos essencialmente com a finalidade de serem negociadas e se espere que a venda seja realizada num período até doze meses após a data do balanço. No modelo de Balanço de aplicação geral, estão previstas, no activo não corrente, as rubricas de participações financeiras – pelo método da equivalência patrimonial e outros métodos que acolhem os investimentos em associadas e em subsidiárias.

Finalmente, haverá que considerar eventuais interesses no capital de outras entidades que podem estar classificados como activos não correntes detidos para venda, aplicando-se a estes a NCRF 8 – Activos não correntes detidos para venda e unidades operacionais descontinuadas. Estes activos são apresentados no balanço como activos não correntes (conta 46 - Activos não correntes detidos para venda22).

Considerando o ―Balanço POC‖ e o ―Balanço SNC‖ verifica-se a seguinte apresentação das aplicações e investimentos em partes de capital de outras entidades:

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Esta conta destina-se a registar os activos a que se refere a NCRF 8. Os passivos associados a activos não correntes detidos para venda mantêm a sua mensuração e apenas deverão ser identificados para efeitos de divulgação.

BALANÇO

POC SNC

Imobilizado:

Investimentos financeiros:

Partes de capital em empresas de grupo Partes de capital em empresas associadas Títulos e outras aplicações financeiras

Activo não corrente

Participações financeiras – MEP

Participações financeiras – Outros métodos ……

Activos não correntes detidos para venda

Circulante:

Títulos negociáveis:

Acções em empresas de grupo Acções em empresas associadas Outros títulos negociáveis

Activo corrente

Activos financeiros detidos para negociação Outros activos financeiros

Tabela 2 – Apresentação das aplicações e investimentos em partes de capital