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JUNTO AO CEAV

O Centro de Atendimento à Vítima de Crime (CEAV) nasceu de uma parceria entre o Governo Federal, por meio da Secretaria Especial dos Direitos Humanos e Gerência de Proteção à Vítima e à Testemunha Ameaçada – e o Governo do Estado de Santa Catarina, junto com a Secretaria do Estado da Segurança Pública e Defesa do Cidadão. O objetivo é o de implementação de políticas públicas de assistência às vítimas de crimes.

A implantação do CEAV fundou-se no art. 245 da Constituição Federal de 1988, que por sua vez determina que: “A lei disporá sobre as hipóteses e condições em que o Poder Público dará assistência aos herdeiros e dependentes carentes de pessoas vitimadas por crime doloso, sem prejuízo da responsabilidade civil do autor do ilícito”.

Além disso, a implantação deste Centro de Atendimento segue a Resolução nº 40/34 da ONU, aprovada em 1985, que previa a Declaração dos Princípios Básicos de Justiça para Vítimas de Delitos e Abuso de Poder, com detalhamentos sobre os procedimentos a serem adotados no âmbito internacional e regional para garantir direitos às vítimas de delitos.

No Brasil, existem diversos centros que acolhem as vítimas de violências e crimes, como por exemplo: CEAV PB, CEAV ES, CEAV PE, NAVCV, CEAV GO, COAV RJ, NAV Pará, CRAV SP e CAV em Alagoas2. Santa Catarina possui três unidades do Centro de Atendimento a Vítima de Crime nas cidades de Lages, Joinvile e Florianópolis.

Em Florianópolis, o CEAV iniciou suas atividades em 31 de março de 1997, com o nome PRÓ-CEVIC, sendo administrado pelo próprio Estado, vinculado à diretoria de Justiça e Cidadania do Estado e situado à Rua Artista Bittencourt, n° 174, edifício Alcides Abreu, 3° andar, no Centro.

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As siglas significam respectivamente: CEAV Paraíba, CEAV Espírito Santo, CEAV Pernambuco, Núcleo de atendimento a Vítima de crime e violência, CEAV Goiás, Centro de Orientação e atendimento a vítima do Rio de Janeiro, Núcleo de Atendimento a vítima do Pára, Centro de Reabilitação a Vítima de São Paulo e Centro de atendimento a vítima de Alagoas.

Em 2004, a Sociedade Espírita de Recuperação, Trabalho e Educação (SERTE) passou a gerenciar o CEVIC, em parceria com a Secretaria de Segurança Pública e Defesa do Cidadão. Em 2005, a administração da instituição passou a ser de responsabilidade do Centro de Promoção, Proteção e Defesa de Direitos Humanos da SERTE (CPPDH/SERTE).

Em dezembro de 2008, o Centro Cultural Escrava Anastácia (CCEA) assumiu o CEAV, por ser uma Organização Não-Governamental (ONG), sem fins lucrativos, fundada em 7 de junho de 1994, na Capela do Mont Serrat, registrada oficialmente em 25 de maio de 1998. Foi a escolhida para continuar o trabalho, até então feito no centro de atendimento.

O CCEA nasceu de uma iniciativa das mulheres da comunidade local, que buscavam proteger seus filhos do tráfico de drogas. Ressalta-se que esta ONG é responsável por diversos programas. Dentre eles: Aroeira, Incubadora Popular de Cooperativas (IPC), Jovem Aprendiz, Frutos do Aroeira, Procurando Caminho, Prestação de Serviços Comunitários, Grupo Rosário da Luz e Apoio ao Desenvolvimento Escolar.

Além desses programas citados anteriormente, o CCEA já está a dois anos administrando os CEAV´s de Santa Catarina. Estes centros destinam-se a garantir a assistência multidisciplinar, contando com o atendimento psicológico, social e jurídico às vitimas de crimes de maior potencial ofensivo3, seus familiares e pessoas que direta ou indiretamente estejam ligados a vitima ou a situação do fato. Salienta-se que, embora a prioridade do Centro seja atender os crimes de maior potencial ofensivo (dolosos), o atendimento poderá ser estendido a vitimas de crimes de menor potencial ofensivo, porém deverá ser devidamente justificado.

Um aspecto importante que deveria ser exposto seria a especial atenção voltada as camadas mais vulneráveis, cuja previsão de encontra no próprio termo em que o CEAV deve-se orientar, prestando serviços prioritariamente aos idosos, homossexuais, mulheres e negros vitimas de crime.

Antes da gestão do CCEA a demanda que chegava até o CEAV era de quase 90% de vítimas de violência doméstica, já que não havia um Centro de Referência à Mulher (CRM). Porém, com a Lei Maria da Penha (nº 11.340\06), a

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Segundo o Termo de Referência do Centro de Atendimento a vítima de crime nome são especialmente nomeados os crimes de homicídio, tentativa de homicídio, latrocínio, estupro, tortura, entre outros, considerados de maior potencial ofensivo.

cidade de Florianópolis passou a ter um CRM, mas que atende somente a demanda local, já o CEAV atende a Grande Florianópolis. Diante disso, o CEAV continua atendendo as vitimas de violência doméstica, exceto as da Capital, pois são encaminhadas para o CRM.

O CEAV atende todas as pessoas que chegam até o Centro. Caso não sejam o foco do programa, serão orientadas e prestadas as devidas informações, como também orientam e encaminham as vítimas para serviços específicos. Assim, elas são devidamente encaminhadas para as redes parceiras do Programa, dentre elas: a Associação Instituto Movimento (ASSIM), o Programa Sentinela, o Escritório Modelo de Advocacia (EMA) e a Rede de Atenção Integral às Vitimas de Violência Sexual (RAIVVS).

De natureza pública, o CEAV é fomentado por verba estatal, proveniente da União, representada pela Secretaria Especial de Direitos Humanos, que a repassa para Secretaria de Segurança Pública.

Os objetivos do CEAV são:

 Atender ás vítima de atos de violência, com extensão aos seus familiares;  Proporcionar atendimento gratuito a vítima de crime;

 Desenvolver políticas preventivas e melhoria da qualidade no atendimento à clientela;

 Realizar palestras informativas e educativas junto à comunidade;

 Atender às vítimas de crimes, em parceria com outras instituições que também trabalham para minimizar os efeitos da violência;

 Formar, capacitar e assessorar equipes técnicas para atuar na área de atendimento ás vítimas de crime;

 Consolidar a metodologia de atendimento;  Divulgar ações educacionais de prevenção;

 Permitir a apuração de crimes na esfera policial e/ou judicial de forma a combater a impunidade;

 Possibilitar a reestruturação da vítima, atuando de forma multidisciplinar na área social, psicológica e jurídica no combate a impunidade. ^

De uma maneira geral, o CEAV tem como finalidade de amenizar diversas mazelas, o exercício da cidadania e a busca pelos direitos humanos, pautando-se na garantia desses direitos. Deste modo, orienta as vitimas no que diz respeito a seus direitos e na superação do fato ocorrido, buscando a superação da situação de vitimização e assegurando o exercício dos direitos e da cidadania, bem como contribuindo no combate da impunidade e na diminuição dos índices de violência4.

Assim, uma das finalidades do CEAV fundamenta-se no compromisso de sistematizar e promover a integração da vítima em seu contexto social. Para tanto, buscar orientar e promover sua própria superação pessoal, psíquica, moral e social.

O CEAV conta com uma equipe local multidisciplinar, composta por: Coordenador, Advogado, Assistente Social, Psicóloga, Estagiária de Serviço Social, Estagiária de Psicologia e Secretaria.

Além da equipe local5, há também uma equipe estadual, que administra os três CEAV’s, cuja sede fica localizada em Florianópolis no Bairro Mont Serrat, conhecido também como “Morro Da Caixa”. A equipe estadual conta com o apoio de um Coordenador Geral, uma Pedagoga, uma Secretária Geral e um Tesoureiro.

Na equipe local, o setor de Serviço Social é responsável pelo acolhimento da vítima, sendo o primeiro profissional a recebê-la6.

Neste contexto, a função principal do assistente social é acolher a vítima para identificar a situação problema na qual está inserida, para que possa encaminhá-la ao setor psicológico e/ou jurídico do CEAV, dependendo da situação, concluindo o trabalho multiprofissional.

Segundo o termo de referência7 do CEAV, cabe à assistente social entrar em contato com os demais recursos da sociedade que possam ser úteis, resolvendo as demandas mais urgentes, tais como: informar o Conselho Tutelar quando há criança ou adolescente em situação de risco; encaminhar a vítima e/ou sua família

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Informação retirada do site da instituição que administra o CEAV:

http://ccea.org.br/blog/?page_id=1896.

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A equipe local diz respeito à composição dos membros de casa CEAV de Santa Catarina.

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Geralmente o primeiro atendimento é feito pela Assistente Social. Porém, há uma política em que se pretende fazer o primeiro atendimento interdisciplinar, apesar que nem sempre é possível, por conta das agendas dos técnicos, pois eles muitas vezes estão atendendo alguma vítima no momento em que chega outra para atendimento inicial.

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O termo de referência ora citado é documento da Secretaria Especial de Direitos Humanos, e está disponível no CEAV, localizada à Rua Trajano, nº 152, 4º andar, Centro – Florianópolis/SC.

para casas de abrigo ou acolhimento, retirando-os do ambiente familiar até cessar a situação de violência; encaminhar a vítima para a divisão de assistência pública da Prefeitura Municipal, para que pleiteie cestas básicas; encaminhar a vítima e familiares para tratamento de saúde, sempre que se fizer necessário; encaminhar familiares, e também o agressor se este tiver interesse, para o tratamento ou internação, quando se tratam de pessoas usuárias de entorpecente; realização de visitas domiciliares, sempre que o caso exigir, para melhor diagnosticar a situação, e ainda acompanhamento sistemático da situação junto à família da vítima.

Desde a constituição do Programa, o Serviço Social encontra-se inserido, contribuindo para seu regimento e desenvolvimento, o que demonstra a importância do Serviço Social atuando na realidade.

O serviço psicológico tem um papel muito importante, pois visa efetivar o apoio regular a vitima de crime ou seus familiares, realizando acolhimento e coleta de dados das vítimas, além de realizar encaminhamentos para a psicoterapia e saúde mental, quando existir necessidade. Quando houver solicitação, o setor psicológico elabora relatório para o Tribunal, realizando também acompanhamento pessoal da vitima em diligências variadas ou visitas domiciliares.

Já ao setor jurídico cabe defender os interesses da vítima e seus familiares, em juízo, propondo as medidas judiciais cabíveis, elaborando relatórios e informações auxiliares para Tribunais e instituições, além de acompanhar a vitima na audiências e zelar pela boa conduta do processo.

Diante disso, é possível perceber que o CEAV tem uma importância significativa dentro do contexto da expressão social, vez que já se caracterizou como um programa de prioridade dentro da Rede, pois contribui de forma significativa para prevenção da violência e também ao atendimento as vitimas, acolhendo-as e empoderando-as. Neste contexto, o exercício de estágio curricular em serviço social apontou para necessidade de ampliar uma das frentes de trabalho do CEAV voltada à prevenção da violência. Entende-se que tal iniciativa é essencial e estratégica, pois se pode coibir a reprodução da violência antes de sua manifestação. Trabalhar tal aspecto no contexto escolar e para o enfoque do público adolescente é prioritário, em função da caracterização desta fase evolutiva, da evolução dos indicadores do bullying e da representação e atribuição do espaço escolar. A configuração deste processo foi diagnosticada e gerida pela apreensão da especificidade dos domínios do serviço social.

3.3 SENSIBILIZAÇÃO DE DOCENTES E DISCENTES COMO ESTRATÉGIA À

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