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A CONSTRUÇÃO DO BANCO DE DADOS SOBRE O ASSÉDIO MORAL EM

1 O PERCURSO METODOLÓGICO

1.4 A CONSTRUÇÃO DO BANCO DE DADOS SOBRE O ASSÉDIO MORAL EM

AÇÕES TRABALHISTAS

A primeira etapa do levantamento de dados – realizada em busca do entendimento e da motivação do assédio moral nos locais de trabalho – fez parte do projeto de pesquisa para o Mestrado em Administração Estratégica, da Universidade Salvador (UNIFACS), iniciado em 2002 e concluído em 2003. Neste trabalho, examinamos acórdãos judiciais trabalhistas por danos morais14, inclusive atas15 e sentenças16, nos quais os trabalhadores buscaram reparações financeiras para os maus-tratos sofridos durante o exercício das funções laborais, conforme informações disponibilizadas pelo TRT-5ª Região  Estado da Bahia. Este primeiro levantamento foi efetuado em fevereiro de 2003 e, naquele momento, constatamos que não havia nenhum registro de acórdão ou sentença com a ocorrência do termo assédio moral, o que nos levou a efetuar a pesquisa pelas temáticas danos morais e maus-tratos, apurando-se 244 acórdãos concluídos e publicados entre os períodos de 1999 a 2002, sendo identificadas 28 ações trabalhistas com referência a situações que poderiam ser classificadas como assédio moral.

Isto significa dizer que, até o início de 2003, não havia um único processo judicial trabalhista seja julgado pela Justiça do Trabalho do Estado da Bahia, em primeira instância, seja em apreciação de recursos pelo TRT – 5ª Região, em segunda instância, com pedido expresso de indenização por danos morais pela ocorrência de assédio moral entre trabalhadores.

Ainda analisando os casos de assédio moral na Bahia, em novembro de 2007, para uma comunicação no Terceiro Congresso de Juízes e Procuradores do Trabalho – 23a Região (Mato Grosso), efetuamos um novo levantamento de dados no TRT – 5ª Região, utilizando os mesmos critérios de pesquisa adotados no mestrado, desta vez, exclusivamente com a temática assédio moral, e obtivemos os seguintes registros relacionados aos períodos de 2001 a 2007: 106 dissídios trabalhistas individuais; 3 ações civis públicas; 1 dissídio trabalhista coletivo, o que indica que a discussão sobre assédio moral, em termos de Justiça do Trabalho

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Acórdão é uma peça escrita que contém o resultado de julgamento proferido por um colegiado, isto é, por um grupo de desembargadores (TRT) ou ministros (TST). Diz-se acórdão porque a decisão resulta de uma concordância (total ou parcial) entre os membros do colegiado. Nos casos de dissídios coletivos, o acórdão também é chamado de sentença normativa.

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Ata ou termo é a redução por escrito de certos atos processuais praticados nos autos de uma lide trabalhista.

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em nosso Estado, só passou a ter uma maior visibilidade quando do ingresso de ações trabalhistas em busca de reparações financeiras e morais.

O levantamento de dados das causas trabalhistas efetuado em 2007 traz algumas informações bem peculiares, o que pode, de forma precipitada, questionar o levantamento efetuado em 2003. Uma delas é uma ação trabalhista envolvendo assédio moral datada de 2001. Para 2002, apareceram 7 dissídios individuais. Em 2003, confirma-se a primeira ação civil pública e o registro de 12 processos trabalhistas. Para estes casos, julgados posteriormente, a explicação é que a Justiça do Trabalho e os representantes legais dos trabalhadores, com a divulgação do tema assédio moral no Brasil, quando do julgamento de recursos impetrados pelas partes ligantes, reformularam os pedidos de indenização por danos morais, apesar de esta expressão não constar nas iniciais de cada ação trabalhista entre 2001 e 2003.

É a situação, por exemplo, da Ação de Consignação em Pagamento17, iniciada em 12 de junho de 2001 e promovida pela Petrobrás (Petróleo Brasileiro S/A) contra José Carlos Ramos dos Santos, empregado terceirizado, cuja discussão sobre o assédio moral surge apenas em 9 de maio de 2006, quando do julgamento em segunda instância, conforme Acórdão n. 11.206/06, a partir da relatora da ação trabalhista que entendeu que a indenização cogitada pelo trabalhador por dano moral tinha “vinculação com o que a doutrina atual classifica como assédio moral”. A outra situação exemplificativa diz respeito à ação trabalhista de Laís de Souza Blohem18, bancária, em litígio com a Caixa Econômica Federal, cujo pedido de indenização por dano moral foi indeferido porque “não há na inicial nenhum elemento capaz de demonstrar que a reclamante sofreu qualquer tipo de assédio moral por parte da reclamada”. Percebe-se, portanto, uma tendência, na esfera trabalhista judicial, de discutir o assédio moral, mesmo que o trabalhador ou seu representante legal, inicialmente não identificava a indenização por danos morais à prática do assédio moral e não vinculava a sua ocorrência a uma situação concreta de maus-tratos e humilhações.

Isso posto, com o propósito de perceber e mapear o andamento das causas trabalhistas sobre assédio moral, em julho de 2009, já com o objetivo de fundamentar o projeto de pesquisa Assédio moral e a precarização das relações de trabalho, submetido à seleção de doutorado em 2010, consultamos novamente a mesma base de dados, para o período 2001 a 2009, obtendo o seguinte resultado: 378 dissídios trabalhistas individuais; 7 ações civis públicas; e 1 dissídio trabalhista coletivo, demonstrando um acentuado

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TRT-5ª Região  Ação Trabalhista n. 01289.2001.018.05.00.4, 12 de junho de 2001. 18

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crescimento em nosso Estado das denúncias envolvendo o assédio moral, em relação a 2003 e 2007.

Em dezembro de 2011, em pleno processo de execução do projeto de pesquisa do doutorado, fizemos uma nova consulta utilizando os mesmo parâmetros e coletamos as seguintes informações: 1.200 dissídios trabalhistas individuais, 12 ações civis públicas e 1 dissídio trabalhista coletivo. Com estes expressivos números de processos judiciais trabalhistas, percebe-se que o assédio moral deixou o espaço privado do trabalho e partiu para uma mediação pública pela Justiça do Trabalho que, inicialmente, não soube interpretar plenamente a ocorrência do assédio moral no ambiente de trabalho, indeferindo as reivindicações dos trabalhadores, inclusive as postuladas em ação civil pública.

Para uma melhor validação das informações disponibilizadas pelo TRT – 5ª Região, cujo banco de dados foi ampliado a cada novo julgamento de uma ação trabalhista, em primeira e segunda instância, e com o foco apenas naquelas registradas a partir de 2001 e limitadas a 2010, com a mesma temática de assédio moral, efetuamos a última etapa do levantamento eletrônico, em junho de 2013, e obtivemos as seguintes informações: 3.146 dissídios trabalhistas individuais, 78 ações em consignação de pagamento, 15 ações civis públicas; 1 dissídio trabalhista coletivo, 9 ações sindicais, envolvendo 1.895 homens e 1.402 mulheres. Entre junho e dezembro de 2013, efetuamos a última busca eletrônica dessa documentação trabalhista, de modo a constituir um arquivo eletrônico individualizado por cada trabalhador ainda em estado bruto.

Quando da propositura do projeto de doutorado em 2009, a escolha da Justiça do Trabalho do Estado da Bahia como fonte principal de pesquisa foi mantida para a nova pesquisa. Desta vez, a opção se deu pelo conhecimento prévio da existência de ações litigiosas individuais e coletivas diretamente relacionadas ao termo assédio moral, conforme dados já expostos, permitindo estudar a degradação do ambiente de trabalho no Estado da Bahia e pensar o assédio moral sob a perspectiva da precarização das relações de trabalho.

Em termos procedimentais, informamos que os atos e termos das ações judiciais trabalhistas – acórdãos, atas, sentenças – são disponibilizados eletronicamente pelo TRT – 5ª Região, com acesso para consulta e pesquisa via web19. Neste caso, utilizamos o banco de dados eletrônico das Bases Jurídicas deste órgão, acessando a sua Jurisprudência (Acórdãos e Sentenças), com informações lançadas a partir de 2001, marco inicial desta pesquisa. Partimos, primeiramente, para a consulta ao banco de dados das causas julgadas e agrupadas

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em Acórdãos e, em seguida, fizemos uma pesquisa avançada nos documentos jurídicos eletrônicos que continham, em seu conteúdo ou em sua ementa, o termo assédio moral, utilizando como parâmetros de consulta contendo todas essas palavras e contendo essas frases exatas, de modo a disponibilizar apenas as informações dos processos trabalhistas vinculados ao objeto da pesquisa. O mesmo procedimento é adotado para a consulta das Sentenças, que também estão agrupadas na mesma base eletrônica. Com esta sistemática de busca sobre o assédio moral, constituímos a nossa plataforma de dados, que será explorada em um capítulo à parte.

Com relação aos dados eletrônicos disponibilizados pelo TRT – 5ª Região20, é interessante dizer que se trata apenas da documentação que começou a ser gerada a partir da tramitação da ação trabalhista, em 2001. Ou seja, atas, termos, sentenças, mandados, citações, e acórdãos e outros documentos que começaram a surgir após a primeira audiência de cada ação trabalhista. Com isto, queremos deixar claro que não analisamos o processo físico em sua íntegra, devidamente numerado, com os seus anexos e volumes, assim como não estamos nos referindo também à documentação gerada pelo Processo Judicial Eletrônico da Justiça do Trabalho (PJe), que ainda se encontra em fase de implantação21, iniciado a partir de 2012, período fora do alcance da nossa pesquisa – 2001 e 201022.

A análise efetuada em nosso estudo é vinculada àquelas peças jurídicas em formato eletrônico, em reprodução fidedigna dos documentos físicos, sem alteração de informações, algumas delas inclusive com as datas de publicação em Diário Oficial da Justiça do Trabalho. E por estes motivos, considerando que os dados necessários e essenciais foram disponibilizados, especialmente as sentenças e os acórdãos, que são imprescindíveis para a composição do banco de dados construído a partir das categorias empíricas, podemos, seguramente, afirmar que não há prejuízo nesta opção metodológica, haja vista a impossibilidade de acessar, fisicamente, a quantidade de ações trabalhistas com identificação de ocorrências sobre o assédio moral. Como já registrado quando da análise da primeira ação civil pública, os seus dados físicos já foram incinerados, procedimento adotado em

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“A implantação do PJe-JT, o Processo Eletrônico da Justiça do Trabalho, na Bahia, começou em maio de 2012, com a instalação do sistema na Vara do Trabalho de Santo Amaro da Purificação, a primeira a funcionar 100% de forma eletrônica” (Anuário da Justiça do Trabalho, 2012, p. 139). 21

Em junho de 2014, conforme informação do TRT-5ª Região, o Processo Eletrônico da Justiça do Trabalho (PJe-JT), foi implantado em todas das Varas do Trabalho de Salvador, Ilhéus e Itabuna. 22

Para maiores informações, ver o artigo “Processo Eletrônico na Justiça do Trabalho” (BRANDÃO, 2009), que aborda o sistema de processamento de dados aplicado ao processo judicial. Ver, também, a Lei n° 11.419, de 19 de dezembro de 2006, que dispõe sobre a informatização do processo judicial federal.

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atendimento à Lei n° 7. 627/198723, sistemática esta que impediria, neste momento, qualquer tipo de acesso àquela ação coletiva. A disponibilização eletrônica, mesmo que parcial, passa a ter, em termos de pesquisa de campo, um valor maior diante da crescente adoção de destruição física de processos trabalhistas.

Com essas escolhas previamente determinadas e já esclarecidas, o nosso levantamento agrupou o julgamento da ação trabalhista sobre assédio moral em primeira instância, efetuada por um Juiz do Trabalho, e também o julgamento em segunda instância, efetuado pelos desembargadores do TRT – 5ª Região, este sediado em Salvador (BA). Ressalta-se que, com este critério, criamos a possibilidade de analisar a ocorrência do assédio moral em qualquer localidade do Estado da Bahia, dado interessantíssimo para mensurar a sua concentração geográfica, bem como setorial, vista a abrangência jurisdicional das primeiras instâncias, algo praticamente impossível se fôssemos optar por consultar os processos em seus formatos físicos, em cada vara de origem, no próprio tribunal ou mesmo em arquivo geral. Com estas informações, queremos registrar que a nossa sistemática de busca de dados em formato eletrônico permitiu acessar, em termos estatísticos, a população de trabalhadores com ocorrência de assédio moral registrada em suas ações trabalhistas, o que nos leva a afirmar que a nossa pesquisa não envolve uma amostragem de trabalhadores por segmento econômico ou por região em nosso Estado.

Em função do volume de informações, essas consultas foram realizadas em várias etapas, que foram iniciadas, parcialmente, em 2007, retomadas em 2009 e 2011 e encerradas em 2013. Ao final, conseguimos um mapeamento constituído de 322 páginas com os números das ações trabalhistas sobre assédio moral cujo termo constava no corpo ou na ementa do Acórdão. A quantidade de páginas para a palavra assédio moral em Sentença totalizou 635 páginas. Cada página continha, em média, 6 ações trabalhistas, cuja numeração se repetia a partir do primeiro julgamento até o encerramento do caso. Para evitar repetição das ações trabalhistas, com esta base de dados já impressa, partimos para outro tipo de consulta. Desta vez, fomos para a base de dados dos Processos, que exige o número completo de cada ação trabalhista para disponibilizar suas informações. Para não correr o risco de não localizar aquele processo, imprimimos as folhas de rosto de cada um deles, que foram arquivados anualmente, em pastas separadas e por ordem numérica.

Ao acessar esta parte da consulta, uma ação trabalhista de cada vez, abríamos, primeiramente, o Rito Ordinário, que contém a data da abertura da ação trabalhista e toda a

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A Lei n° 7.627/87 dispõe sobre a eliminação de autos findos há mais de cinco anos nos órgãos da Justiça do Trabalho.

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sua movimentação processual até o seu encaminhamento ao TST, em datas as mais diversas, gerando os mais variados documentos, dentre os quais as atas de audiências e as sentenças, elementos essenciais da nossa pesquisa. Nesta fase, copiávamos eletronicamente esses documentos, salvando-os em uma pasta para cada ação trabalhista organizada por ano. Em seguida, da mesma forma mencionada, repetíamos o procedimento com o Acórdão, que é a peça jurídica gerada em segunda instância e disponibilizada como Recurso Ordinário.

Como cada ação trabalhista tem as suas particularidades, de acordo com o tipo de demanda, outros documentos são produzidos pela Justiça do Trabalho, a exemplo de: edital de citação; certidão; carta precatória; mandado de citação; mandado de citação para pagamento; notificação; mandado de bloqueio e penhora; mandado de reintegração; mandado de conduta coercitiva; mandado de imissão de posse; mandado de busca e apreensão de autos; edital de notificação de audiência; carta precatória; cálculos de liquidação, etc. Assim, de modo a subsidiar a análise de cada caso relatado por cada trabalhador, efetuamos todas as cópias eletrônicas de cada documento ali registrado.

Durante essa etapa de coleta bruta dos dados, fazíamos, também, uma leitura prévia das sentenças e acórdãos e, aos poucos, fomos montando um banco de dados paralelo com alguns elementos que chamavam a atenção quando da captura, a exemplo de: ideação suicida; empregados demitidos porque fizeram greve; boletins de ocorrências em delegacias de polícia com acusação de furtos ou roubos; denúncias de cárcere privado; prisão de empregado durante o trabalho; demissão por baixa produtividade; trabalho em condições desumanas, sem direito a água e alojamento; assédio moral a empregados idosos, que foram admitidos em 1957, 1972 e 1976; bancários obrigados a efetuar transporte de valores sem segurança; sequestros da família de um gerente de banco; agressões físicas (prato quebrado na cabeça da empregada); exposição de caixão de defunto no local de trabalho; uso de medicamentos para elevar a produção; estágios; cooperativas falsas; pessoa jurídica fictícia; empregado colocado em sala de castigo; empregado sem direito a assento no local de trabalho; xingamentos e apelidos, inclusive de conotação sexista e racista, etc. A partir dessas situações, começamos a construir as categorias empíricas e a pensar o método da abordagem biográfica para compor a história de vida dos trabalhadores.

Esclarece-se que os dados constantes dos processos judiciais trabalhistas são disponibilizados para livre consulta, com acesso aos nomes dos litigantes, das testemunhas, das empresas reclamadas e seus representantes e ao conteúdo dos julgamentos da lide trabalhista. Quando há restrição, o processo trabalhista corre em segredo de justiça e as

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informações não são disponibilizadas. Por esta razão, os dados já obtidos poderão livremente ser publicados, inclusive com os nomes das partes envolvidas – empregado e empregador.

Para um melhor entendimento do marco de pesquisa definido em nosso estudo – as ações trabalhistas iniciadas entre 2001 e 2010 – e do alcance temporal das ocorrências de assédio moral, esclarecemos que estes exercícios, incluindo o seu intervalo, dizem respeito ao ano em que o trabalhador ou empregador, por meio de uma petição inicial, protocolou a ação trabalhista em uma daquelas Varas de Trabalho já mencionadas. Ao fazer este registro, a ação recebeu determinado número, que contém o ano em que o processo foi iniciado. O trabalhador, em função da prescrição do seu direito de ação quanto aos créditos de natureza trabalhista, não poderá acionar judicialmente o seu empregador após dois anos de rescisão contratual. A mesma norma legal, Inciso XXIX, Art. 7°, CF/88, e Art. 11°, CLT, também determina, levando-se em consideração este primeiro prazo estabelecido, que as suas reivindicações, em termos de créditos resultantes das relações de trabalho, só podem retroagir aos últimos cinco anos, considerando como marco a data de registro da petição inicial da ação trabalhista, sob pena de preclusão. Com estas informações, queremos dizer que, entre as ações registradas nos primeiros anos da década de 2000, há referência a diversas situações de assédio moral ocorridas ainda nos anos 1990. Este esclarecimento é interessante para pensar que os casos de assédio moral na Bahia, a exemplo de outros estudos realizados no Brasil, estão diretamente relacionados às transformações ocorridas com o neoliberalismo nos anos 1990, particularmente entre as empresas públicas que foram objeto de privatização em nosso Estado, como, por exemplo, nos segmentos banco, telefonia e energia. A despeito desta exigência legal, especialmente entre empregados com contrato por prazo indeterminado e firmados bem antes dos anos 2000, para referendar os pedidos que são objetos de discussão judicial em períodos mais recentes, é comum o surgimento destas datas e de fatos mais antigos, algo que enriquece ainda mais a nossa fonte de pesquisa.

Os documentos disponibilizados eletronicamente pela Justiça do Trabalho do Estado da Bahia não possuem um formato único, não são numerados e dependem da forma como foram produzidos em cada uma daquelas varas de trabalho, obedecendo, em termos processuais, à ordem cronológica dos atos produzidos em cada sessão de audiência ou de julgamento. Neste sentido, como já informado antes, para cada processo, efetuamos separadamente a captura das atas, das sentenças, dos acórdãos, dos mandados, etc. Os documentos são apresentados em formato eletrônico como Microsoft Word ou PDF, este um formato portátil para documentos (Portable Document Format) desenvolvido pela Adobe Systems. Para os documentos gerados em Microsoft Word, houve a necessidade de sua

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transformação em PDF, de modo a unificar toda a documentação e a facilitar a leitura e a busca de informações. Com esses esclarecimentos, queremos registrar que as citações dessas informações nas histórias de vida dos trabalhadores não obedecerão às exigências da Associação Brasileira de Normas Técnicas (ABNT), a exemplo de paginação e data. Em função da particularidade do tipo de documento e da forma como ele é utilizado neste trabalho, a fim de distinguir o que é fala direta do trabalhador ou da testemunha e de cada julgador ou julgadores, esses episódios, sempre que diretamente mencionados, serão acompanhados de aspas. Quando citados indiretamente, resultado de uma reelaboração de contextos, cada número de ação trabalhista também será previamente informado em nota de rodapé, de modo a identificar qual a origem daqueles episódios.

O banco de dados deste estudo foi construído em Microsoft Access. Na sua formulação, após uma leitura das principais ocorrências constantes das sentenças e acórdãos  os documentos da ação trabalhista que permitem uma quantificação de elementos empíricos que confirmarão ou não as hipóteses firmadas  elegemos as seguintes variáveis, cujas perguntas apresentarão resposta de forma negativa ou positiva, ou indicativa da questão abordada: sexo do empregado e do agressor; valor da indenização por danos morais; ocorrência de assédio moral entre gerentes; segredo de justiça; conciliação; justa causa; licença saúde; assédio sexual; revista íntima; furto ou roubo; despedida indireta; adesão a algum plano de demissão voluntária; tipo de adoecimento (relação das doenças apresentadas pelos empregados); tipo de empresa (privada, pública ou economia mista); estabilidade (CIPA, gravidez, licença saúde, empregado não optante, sindicato); suicídio; assistência jurídica gratuita; racismo; assistência sindical; acidente de trabalho; reintegração ao emprego; estágio; cumprimento de metas; tipo de assédio (vertical, horizontal, outros); assédio moral