• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO: O ENSINO DAS LÍNGUAS E AS METAS

2.4. Descrição dos instrumentos de recolha de dados

2.4.1. Construção do guião da entrevista

Depois de apresentada a justificação e os critérios subjacentes à escolha da entrevista como método de recolha de dados, importa agora caracterizar em que moldes foi construída a entrevista efetuada aos sujeitos deste estudo. Neste sentido, procurou-se que os professores inquiridos dessem o seu testemunho no que respeita à forma como percecionavam a implementação das MCP, tanto dentro como fora do contexto de sala de aula. Optou-se, para isso, pela construção de um guião de entrevista semiestruturada. Ora, ainda segundo Bogdan & Biklen (1994, p. 135), “Nas entrevistas semiestruturadas fica-se com a certeza de se obter dados comparáveis entre os vários sujeitos, embora se perca a oportunidade de compreender como é que os próprios sujeitos estruturam o tópico da questão”. Segundo esta perspetiva, garante-se, então, a uniformidade na exploração e análise de cada uma das respostas dadas pelos inquiridos, cuja extensão ficou ao critério e às conceções dos próprios.

45

Na entrevista, é necessário ter em conta a individualidade de cada inquirido nas respostas às questões solicitadas, pois cada um perceciona o mundo com as suas experiências e vivências, com as suas emoções e sentimentos, com os seus conhecimentos e valores. Segundo Bardin (2013, pp. 89-90), no que respeita ao inquirido/entrevistado, este

Diz ´Eu’ com o seu próprio sistema de pensamentos, os seus processos cognitivos, os seus sistemas de valores e de representações, as suas emoções, a sua afectividade e a afloração do seu inconsciente. E ao dizer ‘Eu’, mesmo que esteja a falar de outra pessoa ou de outra coisa explora, por vezes, às apalpadelas uma certa realidade que se insinua através do ‘estreito desfiladeiro da linguagem’, da

sua linguagem, porque cada pessoa serve-se dos seus próprios meios de expressão

para descrever acontecimentos, práticas, crenças episódios passados, juízos…

Então, procedeu-se, igualmente, à validação do questionário por um investigador na área da Educação, sendo, posteriormente, testado por dois professores de Português do Ensino Básico, com o objetivo de se detetarem eventuais lacunas ou dúvidas levantadas pelas questões, e de se proceder, então, aos ajustes necessários antes da sua aplicação definitiva aos docentes.

Deste modo, resultou um guião constituído por onze questões abertas que a seguir são apresentadas e comentadas (Cf. Anexo II). As questões foram então as seguintes:

1. Acompanhou, certamente, a implementação das MCP na sua Escola. Como

lhe parece que decorreu todo o processo nas suas turmas?

Esta primeira pergunta, de caráter introdutório ao tema do estudo, teve por intuito realizar um balanço da implementação das MCP em cada um dos estabelecimentos de ensino ao nível das turmas dos docentes.

2. Que ações de formação frequentou para se atualizar do ponto de vista teórico?

2.1. Considera que essas ações foram frutíferas para alterar as suas crenças?

Neste segundo grupo de questões, o objetivo foi indagar sobre a preparação ou formação teórica dos professores, relativamente à implementação deste novo documento regulador, e se a formação teórica recebida foi proveitosa para abrir novos horizontes didáticos, necessários à implementação das MCP.

3. Que novas metodologias foram introduzidas ao nível do ensino das línguas? 3.1. Que mudanças provocaram as MCP nas suas práticas docentes?

46

Com estas duas perguntas, pretendeu-se perceber se houve necessidade de os docentes introduzirem novos métodos de ensino e, consequentemente, de proceder a alterações na sua prática letiva para levar a cabo a implementação das MCP.

4. Considera que as MCP privilegiam algum dos domínios do ensino da língua? 4.1. Qual deles? Em que sentido tal se verificou?

Estas questões foram colocadas para averiguar se, de entre os vários domínios do ensino da língua materna, os professores notaram que tenha sido dada maior ênfase a algum deles. Em caso afirmativo, deveriam identificar esse domínio e explicar de que forma foi evidenciado esse destaque.

5. A sua forma de ver a Escola alterou-se com a implementação das MCP? 5.1. De que forma ou em que sentido?

Pretende-se saber, com estas duas perguntas, se a Escola passou a ser percecionada de maneira diferente pelos docentes, com a implementação das MCP, apontando, em caso afirmativo, de que forma ou em que sentido tal se verificou.

6. É de opinião de que as MCP corresponderão aos objetivos do Programa Educação 2015, no que concerne à elevação das competências básicas dos nossos alunos?

Esta questão teve como objetivo compreender se os professores estão informados ou não no que respeita ao Programa Educação 20151, uma vez que o alcance final das MCP pelos alunos é o que se pretende com mais veemência, isto no sentido de concretizar os objetivos do referido programa.

7. Do seu ponto de vista, a implementação das MCP foi uma medida positiva ou negativa para a Escola? Justifique a sua opinião.

7.1 Serão as MCP um contributo para melhorar os resultados dos alunos?

Com estas últimas questões, em jeito de encerramento e de conclusão, pretende-se indagar sobre o possível impacto das MCP no contexto escolar e auscultar os professores se pensam tratar-se de uma mais-valia para os resultados escolares dos seus alunos.

1

O Programa Educação 2015 tem como objetivos: “elevar as competências básicas dos alunos

portugueses; assegurar o cumprimento da escolaridade obrigatória de 12 anos e reforçar o papel das Escolas.” (Ministério da Educação, s/d, p. 1)

47