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CAPÍTULO I – ENQUADRAMENTO TEÓRICO: O ENSINO DAS LÍNGUAS E AS METAS

1.2. Enquadramento teórico dos textos programáticos

1.2.4. O Currículo Nacional do Ensino Básico de 2001

O Currículo Nacional do Ensino Básico – Competências Essenciais (Decreto-Lei

6/2001) “Inclui as competências de caráter geral, a desenvolver ao longo de todo o ensino básico, assim como as competências específicas que dizem respeito a cada uma das áreas disciplinares e disciplinas” (Abrantes, 2001, p. 9). A noção de competência, no presente documento, vem “promover o desenvolvimento integrado de capacidades e atitudes que viabilizam a utilização dos conhecimentos em situações diversas, mais familiares ou menos familiares ao aluno.” (Ibidem), sendo que “[...] a opção pelo uso de competência está ligada à rejeição da ideia de definir objetivos mínimos”. (Idem, p. 10). Além disso, “ A disciplina de Língua Portuguesa desempenha um papel fundamental no desenvolvimento das competências gerais de transversalidade disciplinar”. (Idem, p. 31).

O Currículo Nacional de 2001, ao rejeitar a definição de objetivos mínimos e centrando-se nas competências essenciais, vai permitir uma maior flexibilidade, no que respeita ao trabalho a desenvolver por cada escola, tendo em conta o seu meio envolvente. Neste sentido, o desenvolvimento de atitudes e capacidades tornam viáveis os conhecimentos a aplicar nas diversas situações em que o aluno está inserido. As competências deverão ser encaradas como objetivos a alcançar com a

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ajuda do professor e da comunidade educativa, para que possa desenvolver saberes fundamentais ao longo do Ensino Básico. Importa, ainda, acrescentar um aspeto fundamental do programa que consiste na abordagem de temas transversais às diferentes disciplinas, uma vez que estas se complementam entre si.

No que respeita às competências específicas, o currículo está organizado em função de cinco competências, nomeadamente compreensão do oral, expressão oral, leitura, expressão escrita e conhecimento explícito.

Entende-se por compreensão do oral a capacidade para atribuir significado a discursos em diferentes variedades do Português. Esta competência envolve a receção e a decifração da mensagem por acesso a conhecimento organizado na memória, o que implica prestar atenção ao discurso e selecionar o essencial da mensagem. (Abrantes, 2001, p. 32)

Significa esta competência específica, compreensão do oral, que o aluno, através dos conhecimentos que vai adquirindo, seja capaz de interpretar as mensagens recebidas em diferentes contextos. Logo, é indispensável selecionar a informação para que os diferentes géneros do oral sejam compreendidos, mesmo os mais complexos e de longa duração, assim como conhecer o vocabulário, as estruturas gramaticais, as estratégias linguísticas e não linguísticas em função dos objetivos comunicativos pretendidos.

Associada a esta competência, compreensão do oral, está uma outra competência denominada expressão do oral.

Entende-se por expressão oral a capacidade para produzir cadeias fónicas dotadas de significado e conformes à gramática da língua. Esta competência implica o recrutamento de saberes linguísticos e sociais e supõe uma atitude cooperativa na interação e o conhecimento dos papéis desempenhados pelos falantes em cada tipo de situação.(Ibidem)

No que respeita a esta competência específica, expressão do oral, ela significa que o aluno pode invocar os seus saberes linguísticos e sociais para produzir cadeias fónicas com sentido, a serem utilizadas nas diferentes situações em que os falantes intervêm e em que são conhecedores dos papéis que desempenham. Nesse sentido, o aluno deve ser capaz de utilizar os diferentes recursos, nomeadamente prosódicos, pragmáticos, expressivos, linguísticos e não linguísticos, por forma a atingir o objetivo a que se propõe. Por outro lado, deve conhecer o vocabulário e a gramática adequada aos géneros formais e públicos do oral.

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Entende-se por leitura o processo interactivo entre o leitor e o texto em que o primeiro reconstrói o significado do segundo. Esta competência implica a capacidade de descodificar cadeias grafemáticas e delas extrair informação e construir conhecimento. (Ibidem)

Esta competência específica, a leitura, significa que o aluno tem de ser capaz de descodificar cadeias grafemáticas que lhe transmitem conhecimento através da sua interação com o texto, conseguindo-o entender em função da relevância da informação e da capacidade de interpretar e de deduzir diferentes sentidos e de perceber os usos figurativos.

Entende-se por expressão escrita o produto, dotado de significado e conforme à gramática da língua, resultante de um processo que inclui o sistema de representação gráfica adotado. Esta competência implica processos cognitivos e linguísticos complexos, nomeadamente os envolvidos no planeamento, na formatação linguística, na revisão, na correção e na reformulação do texto. (Ibidem)

Como se pode verificar, a expressão escrita é uma competência específica bastante complexa em que o aluno produz cadeias de grafemas percetíveis, com significado e que pressupõe estarem de acordo com a gramática da língua. Assim, o aluno, ao longo do 2.º e 3.º Ciclos, irá desenvolver capacidades de utilizar a escrita de uma forma multifuncional, o que implica o conhecimento dos géneros textuais e das diferentes técnicas de produção escrita.

Entende-se por conhecimento explícito o conhecimento reflectido, explícito e sistematizado das unidades, regras e processos gramaticais da língua. Esta competência implica o desenvolvimento de processos metacognitivos, quase sempre dependentes da instrução formal, e permite aos falantes o controlo das regras que usam e a selecção das estratégias mais adequadas à compreensão e expressão em cada situação de comunicação. (Ibidem)

O conhecimento explícito remete para uma competência específica que implica o conhecimento das regras fundamentais da gramática da língua, de forma que o aluno se saiba exprimir nas diversas situações. Significa isto que deve haver uma progressiva aquisição de conhecimentos sobre a estrutura e o uso da língua de uma forma sistematizada e refletida.

Apesar de ter sido assumido como documento de referência central para o ano letivo de 2001/2002, sensivelmente dez anos mais tarde é publicado, em Diário

da República, o Despacho n.º 17169/2011, em que o então Ministro da Educação e

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vez que este não reúne condições para orientar a política educativa preconizada para o Ensino Básico, dando, então, lugar à elaboração dos documentos que constituirão

Os Programas de Português de 2009.