• Nenhum resultado encontrado

Capítulo 3. O ENSINO DA MÚSICA EM ESCOLAS REGULARES DE ENSINO

4.2 DADOS DO ENSINO MUSICAL EM ESCOLAS PARTICULARES (1ª à 4ª séries)

5.1.3 Construção dos projetos musicais

Quanto aos projetos na Escola A, é a coordenação e a direção da escola quem os constrói. “A escola tem um tema central e todos os projetos são feitos com base nesse tema [...] o projeto parte da direção da escola.” Segundo o professor João Paulo (A) é “difícil adequar os conteúdos e assuntos ao projeto da escola”, mas que esta também dá um certo tipo de abertura para que este professor inclua em suas aulas outros assuntos e conteúdos que se façam necessário para ajudar no projeto. E também, segundo o professor, nada o “impede de realizar outras atividades em sala, contanto que não atrapalhe e que tenham haver com o projeto, ou o tema do projeto proposto pela escola” (Professor João Paulo, escola A).

Normalmente existem projetos que envolvem outras disciplinas e partes de outros projetos da Escola A; neste caso, a direção e a coordenação são responsáveis por esse plano de unidade e a própria Escola faz o projeto. Normalmente estes projetos estão ligados à outras disciplinas ou assuntos que estejam sendo estudados em outras matérias e a música vem para complementar. Outras vezes, o projeto se mantém fiel às festas e datas comemorativas; aí existe o problema de o professor ter de conciliar seus conteúdos programados com outros projetos da unidade e as músicas das festinhas. Então, quando o professor não consegue conciliar as atividades devido ao curto tempo das aulas e há dificuldade em relação à quantidade de músicas a depender do evento, este professor acaba “tendo de deixar um pouco de lado o projeto que se está desenvolvendo, ou deixar um pouco de passar os conteúdos musicais e objetivos das aulas, para ensinar e ensaiar as músicas das festas ou da data a ser comemorada” (Professor João Paulo, escola A).

Percebe-se um impasse entre ter de satisfazer a Escola e a direção e em ter de dar conteúdos relevantes e interessantes para os alunos. O professor João Paulo (A) precisa ser firme e desenvolver bem seu plano de aula para não deixar, segundo ele: “buracos”.

Na Escola B, segundo a professora Ângela, o projeto geralmente é feito por ela mesma, baseando-se “na necessidade do que os alunos estão precisando aprender”. Segundo esta professora, é importante também que se acrescentem elementos da cultura indígena e africana, para que os alunos tenham oportunidade de aprender diversos tipos e estilos de música, de diferentes contextos, e tenham assim, um conhecimento musical de forma ampla. “Eu coloquei para eles trabalharem com cultura indígena e um pouco dos instrumentos musicais indígenas, para terem conhecimento do que são esses instrumentos e como estes também influenciam na nossa musicalidade.”

Na Escola B, também se busca proporcionar que os alunos construam ou ajudem na construção dos projetos, trazendo contribuições para os projetos propostos pela Escola, os alunos também sugerem repertórios, trazem instrumentos e contribuem com pesquisas sobre o assunto. Da mesma forma, neste contexto, as coordenadoras e professores de outras disciplinas sempre estão tentando complementar as aulas e unir de forma interdisciplinar com as aulas de música. Também existem os projetos da escola e das professoras regentes em que a música tem um importante papel, segundo a professora Ângela (B), “Elas (coordenadoras, professoras) sempre avisam quando tem algum curso” pensando sempre na questão de inovar as aulas e “estão sempre cooperando um com o outro [...] e às vezes aqui se faz uma atividade, aí eu digo: - ponha música pra ficar interessante” (Professora Ângela, escola B).

Na Escola C, segundo as professoras (Alice e Kelly), “os projetos são realizados no final de cada ano até o ano seguinte”. E diz que “é um projeto anual [...] eu entrei [...] já tinha um projeto pronto, eu só fiz executar” (Kelly, Escola C).

Geralmente “o professor é quem faz” os projetos e passa para a coordenação da Escola. Segundo as duas professoras, quando estas adentraram na Escola os primeiros projetos já estavam prontos, já haviam sido feitos pelos professores anteriores.

Segundo a professora Kelly (C), este ano (2008) ela também construiu um projeto seu, e de início havia se pensado em utilizá-lo apenas com as turmas de 4ª série, mas depois de alguns ensaios viu-se que o projeto poderia ser feito incluindo todas as turmas de 1ª a 5ª séries Fundamentais, então se precisou da ajuda tanto da professora de música Alice (C) para organizar as outras turmas de música, quanto da colaboração das professoras regentes (de classe) para ajudar a organizar as turmas durante os ensaios e apresentações referentes ao projeto. Quanto a isto, a professora Kelly se refere da seguinte forma:

A princípio era só para 4ª série, mas depois os outros professores gostaram muito do projeto, aí entrou o professor de Teatro e a professora Alice (C), ficando no caso de Alfa até a 5ª série. Então, a gente fez um trabalho de contextualização mesmo. Eu mostrei vídeos do compositor, contei a história dele e cada turma ficou com uma música para apresentar.

Nesta Escola C, existem projetos maiores, fixos, que já fazem parte da Escola, como festivais e outras apresentações artísticas, em que os alunos podem apresentar canções, dublando outros cantores ou criadas por eles próprios. Segundo a professora Kelly (C), os meninos dançam, cantam, compõem, dublam, imitam outros cantores, a depender da categoria, estas são divididas por séries e faixa etária.

Segundo a professora Kelly (C), eles podem:

Imitar um cantor que eles gostem, podem cantar também, dançar, dublar, isso aí até a 2ª série. E os alunos da 3ª até a 5ª série já vão criar, serão composições deles, eles

criam na sala e a gente se reúne pra escolher quais serão as musicas selecionadas. São três músicas por turma, e essas músicas vão concorrer ao troféu de melhor intérprete, de melhor composição, e todas serão composições deles mesmo.

Outro projeto que também já é fixo da escola, e todo ano acontece é “o auto de natal, que é no final do ano, quando a parte da música é muito solicitada” (Professora Kelly, Escola C). Trata-se de um projeto em que toda a escola participa.

No contexto da Escola D, os projetos são feitos pelos próprios professores de Música e levados para a coordenação aprovar. Para Daniela, professora da Escola D:

É assim, geralmente nós fazemos o projeto, trazemos pra coordenação, eles dão uma olhadinha, o que é que a gente precisa, eles já sabem pela data, e se eles observam alguma coisa que não esteja bem, fazemos a modificação.

Também existe o projeto geral, na Escola (D), este é feito mediante um tema desenvolvido pela escola em conjunto com as professoras de classe ou regentes, em que, segundo a professora Daniela (D), “a coordenação traz o projeto geral, que as professoras regentes estão desenvolvendo e a gente trabalha junto.”

Busca-se ainda neste contexto, trabalhar a questão da interdisciplinaridade e, ainda no relato da professora Daniela (D), que diz: “agente procura também entrar em contato com os projetos que estão sendo desenvolvidos por professoras regentes, inserindo no contexto do que a classe está trabalhando. É interdisciplinar também”.

Na opinião da professora Daniela (D), é preferível trabalhar com “projetos maiores” e que a cada semestre tenha uma apresentação. No caso das turmas de Musicalização, tem participações nas datas comemorativas, projetos separados, de acordo a data a ser comemorada. A Escola também estimula apresentações e sempre o Coral está presente nas festas ou semanas de atividades (Semana da Criança etc.). Segundo a professora, “o coral participa um pouco mais no sentido a tipo de apresentações”. Porque além de se ter as semanas de atividades diversas realizadas pela Escola (D), onde se solicita bastante o Coral, “[...] têm datas festivas, dia das mães, dia dos pais, dia das crianças, então, realmente o coral tem participado mais e a própria escola desenvolve semanas de atividades.”

A professora Michele (D), professora de Música (flauta), na Escola (D), diz que “tem um projeto principal, com as turmas de flautas e com alunos de outras turmas de música da escola”, trata-se de um festival que ocorre anualmente na escola. É um projeto que foi desenvolvido pela própria professora. As turmas de flauta normalmente começam a se apresentar a partir do 2º semestre do ano letivo, quando os alunos já têm maior intimidade com o instrumento. Este projeto, a cada ano, trabalha com um tema específico elaborado pela própria professora Michele (D). A professora ainda cita outros projetos que são desenvolvidos pela Escola (D), com relação às datas comemorativas:

Fora isso tem as datas festivas, que eles só começam a tocar do 2º semestre em diante. [...] os de flauta doce só começam a tocar no 2º semestre, porque aí eles estão fluentes, já tem um repertório. E eu gosto mesmo de colocar pra tocar, então começa o dia da vó, dia dos pais, dia das crianças [...] E no final do ano geralmente a gente vai pro shopping, toca música de natal e o repertório deles também.