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Capítulo 3. O ENSINO DA MÚSICA EM ESCOLAS REGULARES DE ENSINO

3.2 IMPORTÂNCIA DA MÚSICA NA ESCOLA REGULAR DE ENSINO

Existem diversas questões a serem pensadas referentes ao contexto das escolas e com relação ao ensino musical, assim como a forma que este tem sido aceito, realizado e vivenciado nestas instituições de ensino. Diversos estudiosos da área têm buscado soluções e têm feito interpretações significativas acerca destas questões.

Para Shafer (2001) não está sendo fácil assegurar um lugar para a música no contexto escolar, isso se torna ainda mais forte no Ensino Primário ou Fundamental e este ensino vai perdendo a força a partir do momento em que a criança cresce.

Segundo o autor Shafer (2001):

Muitos administradores escolares passam ao largo da música. Não é fácil demonstrar a essas pessoas que grandes mentes do passado asseguraram à música um papel educacional da mais alta significação, ao menos que tenham lido Platão, Aristóteles, Montaigne, Locke, Leibinitz, Rousseau, Goethe, Shaw e outros, o que não é muito provável. Mas, o “complexo de culpa”, que impede pessoas não musicais de expulsar inteiramente a música dos currículos, também as forma a justificar sua presença, sem compreenderem verdadeiramente por que ela deveria estar lá (SHAFER, 2001, p. 293-294).

Todo professor de música já deve ter se perguntado o porquê e a importância do Ensino Musical nas escolas. Hentschke (1993) considera que nem sempre o Ensino Musical é visto como uma disciplina escolar e que por vezes este passa a obter um sentido apenas lúdico e, embora esta preocupação esteja presente entre professores e pesquisadores da área, diz que

Não é difícil imaginar que numa concepção de cultura em que os valores intrínsecos e subjetivos não exercem papel determinante na educação formal do indivíduo, a atividade musical, freqüentemente seja assumida como atividade lúdica, sem conseqüência educativa (HENTSCHKE, 1993, p.50).

No Brasil, quando se refere ao ensino de música nas Escolas, a importância com relação ao aspecto sócio-pedagógico da área, secundariza-se. Surgem sempre dúvidas quanto

à sua efetiva importância. Música é diversão? É ludicidade? É terapia? É pra acalmar? É pra Relaxar?

Shafer (2001) considera que quando se tenta dizer o porquê da música nas escolas,

São inventadas muitas desculpas, a mais comum é a de que a música promove o bem-estar social: Cantar e tocar em conjunto pode resultar em compreensão e amizade. [...] Freqüentemente surgem argumentos justificando a música em termos morais. [...] Talvez tudo isso represente um declínio na eficiência da música (SHAFER, 2001, p. 294).

As relações do ensino da Música com a Psicologia, a Sociologia, com os temas transversais e com outras áreas de conhecimento são de grande importância para compreender este universo em que se está, vive, convive, aprende-se e ensina-se. Mas quais seriam os valores intrínsecos da música? Faz-se necessário saber como o ensino da música pode ajudar às pessoas a construir seu conhecimento musical sem se apoiar o tempo todo em outras áreas, e sim, fazendo links que contribuam para a prática deste ensino.

Precisam-se conhecer bem os aspectos musicais, psicológicos, sociais, para distinguir, analisar e assim concluir o que é verdadeiramente necessário à educação e ao ensino da música; descobrindo e utilizando metodologias aplicáveis em sala de aula, que contribuam para o crescimento e a aprendizagem musical dos alunos.

Faz-se necessário que educadores musicais reflitam sobre a função da música no contexto escolar e o papel do educador musical na escola, levando-o a pensar sobre o que realmente é necessário numa aula de música, e qual a necessidade da implementação de projetos que contribuam para o ensino-aprendizagem nestas escolas e ajude a direcionar as práticas pedagógicas musicais. Devem-se observar os problemas que influenciam na prática do ensino da música, mas, por outro lado, não adianta apenas debater, é preciso buscar propostas que visem à melhora desta realidade.

Atualmente, muitos pedagogos musicais estão interessados em determinar o que é relevante e eficaz no ensino da música em escolas de educação básica no Brasil. Para Maura Penna (2002),

É preciso aprofundar cada vez mais o compromisso com a educação básica, pois só assim a educação musical pode de fato pretender o reconhecimento de seu valor e de sua necessidade na formação de todos os cidadãos. Este é, portanto, o grande desafio (PENNA, 2002, p.18).

Esta citação, presente num de seus trabalhos com professores de escolas regulares, retrata como é necessário o ensino da música na educação básica e como esta é indispensável ao desenvolvimento humano. Deve-se, portanto, ter este compromisso para que a educação musical possa se firmar neste propósito.

É importante que as escolas que possuem aulas de música tenham uma visão comprometida, clara, correta do ensino de música. Que compreendam o porquê de se ter o Ensino Musical de uma forma educacional, como uma disciplina que ajudará o jovem e a criança de maneira integral. Que estas estruturas podem vir a ser formadas também mediante projetos feitos em conjunto pelos professores ao lado de um coordenador pedagógico ou responsável que lhe ajude no direcionamento do trabalho e onde possam trocar experiências.

O desenvolvimento de planos e estratégias deve ser feito de maneira consciente, com fundamentações relevantes e com conteúdos e assuntos que sejam necessários às aulas de música, pois este planejamento torna-se muito necessário e de grande relevância para um ensino musical de qualidade.

A partir das ações dos educadores musicais a realidade para se justificar a presença da música na escola poderá ser demonstrada em atos e argumentos mais relevantes, fortes e convincentes. Desta forma acredita-se que a música poderá vir a ser vista com outros olhos no contexto das instituições de ensino.

3.3 FUNÇÕES DA MÚSICA E SUA UTILIZAÇÃO EM ESCOLAS DE ENSINO