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Constructos da Teoria do Comportamento Planejado

2. COMPORTAMENTO E BICICLETA

2.3. A TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEJADO

2.3.1. Constructos da Teoria do Comportamento Planejado

Alguns autores defendem a hipótese de que o comportamento não deve ser mensurado através de apenas três constructos como ocorre na Teoria do Comportamento Planejado. A inclusão de outros fatores pode facilitar e tornar mais exata a determinação da intenção comportamental. Temos como exemplo Limayen e Hirt (2003) que propõem a inclusão do hábito como uma referência a comportamentos passados que resultam na repetição de comportamentos no presente.

O fator hábito utilizado como complemento para determinação da intenção comportamental na pesquisa de Limayen e Hirt (2003), é um elemento relevante sobre o uso da bicicleta, pois o hábito em andar ou não andar de bicicleta normalmente está diretamente vinculado como preditor a este uso. Temos como exemplo a pesquisa de Bruijn et. al. (2009) na qual concluíram que a força do hábito é um forte preditor para o uso da bicicleta. Além disso, viram que a intenção é um preditor significativo para criar o hábito de andar de bicicleta.

Muitos estudos foram realizados com o objetivo de incluir outros constructos no papel de predizer a intenção comportamental juntamente com os três já presentes na Teoria do Comportamento Planejado. Ajzen e Fishbein (1980) ressaltam que a teoria está aberta para a inclusão de um constructo adicional, contanto que o mesmo apresente resultados positivos em pesquisas empíricas e possa ser definido em termos de quatro fatores: alvo, ação, contexto e elementos de tempo que descrevem o critério comportamental, além de poder ser aplicado no estudo de grande número de comportamentos sociais.

São a seguir apresentados os três constructos da Teoria do Comportamento Planejado: 2.3.1.1. Constructo Atitude

A importância deste constructo vem desde o início do surgimento da Teoria da Ação Racional de Ajzen e Fishbein (1980) onde queriam esclarecer as relações entre atitudes e

comportamento. A pesquisa dos autores da teoria indicou correlação positiva entre as variáveis (a) quando o comportamento observado é julgado relevante para a atitude, (b) quando atitude e comportamento são observados em níveis comparados de especificidade, e (c) quando a mensuração da relação atitude-comportamento pela intenção do comportamento é levada em conta.

De acordo com Ajzen (1991) a atitude se refere ao grau de avaliação pessoal, que pode ser favorável ou desfavorável com relação ao comportamento em questão.

Pode-se considerar atitude como um conceito multifacetado, que consiste em três componentes: (1) cognitivo (conhecimentos, crenças); (2) afetivo (gostos, preferências) e (3) comportamental. Sua mensuração envolve uma série de variáveis internas ao indivíduo, sustentadas pelos três componentes citados que estão em constante inter-relação (AJZEN e FISHBEIN, 2000).

Para Rodrigues, Assmar e Jablonski (2000) as atitudes envolvem o que as pessoas pensam, sentem, e como elas gostariam de se comportar em relação a um objeto atitudinal, enquanto que o comportamento não é apenas determinado pelo que as pessoas gostariam, mas, também, pelo que elas pensam que devem fazer (de acordo com as normas sociais); pelo que elas geralmente têm feito (hábito); e pelas consequências esperadas de seu comportamento.

2.3.1.2. Constructo Norma Subjetiva

Esse constructo refere-se à percepção das expectativas que indivíduos ou grupos têm a respeito de seus comportamentos. São as influências causadas pela pressão social de pais, amigos, grupos de referência, cultura, opinião pública e instituições sobre o comportamento dos indivíduos. Assume-se que as crenças normativas combinadas com a motivação pessoal em agir em conformidade com as expectativas sociais determinam a norma subjetiva que irá prevalecer (PEIXOTO, 2007).

Para Takano (2010), a norma subjetiva na Teoria do Comportamento Planejado refere- se ao que os outros (amigos, famílias etc.) pensam de um comportamento ou circunstância. A opinião externa impacta a atitude de um indivíduo diretamente, já que muitos indivíduos

valorizam a opinião dos outros. A norma subjetiva também contribui para o aprendizado e experiência, já que opiniões externas aumentam a quantidade de informação disponível do tomador de decisão, influenciando assim sua atitude e subsequentemente seu processo de escolha.

2.3.1.3. Constructo Controle Comportamental Percebido

Para Ajzen (1991) o controle percebido sobre o comportamento é definido como a crença do indivíduo sobre o grau de facilidade ou de dificuldade para desempenhar um determinado comportamento. Para as pessoas, normalmente os comportamentos são considerados como metas sujeitas a interferências e incertezas e o controle percebido sobre o comportamento serve para verificar até que ponto o decisor leva em consideração problemas pessoais e fatores situacionais que interferem positiva ou negativamente no desenvolvimento da ação.

De acordo com Godin (1994) e Matos e Sardinha (1999) o Controle Comportamental Percebido indica a crença (intenção) de quão difícil ou fácil será a adaptação ao comportamento de interesse (fatores internos ou externos ao sujeito) reconhecendo que muitas vezes as intenções fracassam devido à percepção de falta de capacidade, barreiras situacionais (reais ou percebidas) ou ainda a instabilidade das intenções.

No modelo conceitual de comportamento de viagem ativa proposto por Burbidge e Goulias (2008), já citado no item 2.2 deste capítulo, pode-se encontrar o conceito de controle comportamental percebido que descreve o quão difícil é para o indivíduo perceber uma mudança em termos de comportamento, no caso, mostra o quanto seria difícil parar de dirigir e começar a usar o transporte público, ou andar a pé, ou de bicicleta. Este controle comportamental percebido é influenciado por características pessoais, socioeconômicas e do ambiente construído, e também pela experiência e atributos de personalidade.

Por fim, para explicar melhor o termo CONSTRUCTO, ele pode ser entendido como um conjunto de termos ou de variáveis, que busca representar um conceito dentro de um quadro teórico específico. Um constructo pode ser um embrião de um modelo (MARTINS e PELISSARO, 2005). Na Teoria do Comportamento Planejado ele é representado por um

conjunto de CRENÇAS, ou seja, de variáveis que determinam a intenção comportamental ou mesmo o próprio comportamento.