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7. RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO NA CIDADE DO RECIFE

7.1. RESULTADOS DA AMOSTRA DO CESAR

7.1.2. Medidas das crenças salientes

Os resultados relativos ao comportamento foram baseados nas medições das crenças salientes de acordo com a Teoria do Comportamento Planejado, onde o valor da crença é multiplicado pelo valor da importância da mesma crença. Nesta avaliação, as 10 crenças salientes pré-estabelecidas foram medidas. O maior valor possível de comportamento de cada crença é 25 (que vem da multiplicação dos maiores valores da escala utilizada no questionário – 5x5, o qual indica a pessoa ser totalmente favorável àquela crença) e o menor valor possível é 1 (totalmente contra àquela crença). Neste caso, o valor médio (indicando indiferença) é de 13.

Todas as crenças relativas ao constructo ATITUDE foram consideradas positivas quando relativas ao intuito de uso frequente da bicicleta, ou seja, todas têm grande interferência nesta decisão de comportamento. Os valores resultantes da avaliação da crença com a importância de cada crença foram todos superiores a 13 (valor que indicaria indiferença quanto à crença). A de menor valor foi „custo para se ter e/ou usar a bicicleta‟ (15,00) e a de maior valor foi a crença relativa à „segurança do trânsito‟ (21,38) (ver Tabela 7.4).

Tabela 7.4: Atitude com relação ao uso frequente da bicicleta (amostra CESAR).

Variáveis de ATITUDE (crenças salientes) – amostra CESAR

Avaliação da crença com relação ao uso da

bicicleta para ir ao trabalho e/ou escola

Importância da crença com relação ao uso da bicicleta para ir ao trabalho e/ou escola

ATITUDE com

relação ao uso da bicicleta para ir ao trabalho e/ou escola MÉDIA DESVIO PADRÃO MÉDIA DESVIO PADRÃO MÉDIA DESVIO PADRÃO

Andar de bicicleta é bom para a saúde 4,65 0,62 4,50 0,82 21,06 5,04

(In) segurança do trânsito 4,64 0,71 4,56 0,74 21,38 5,30

(In) segurança pública 4,12 0,95 4,19 0,94 17,85 6,64

Medo de andar de bicicleta 3,83 1,29 4,06 1,13 16,69 8,14

O valor resultante da avalição da crença „ comportamento no trânsito entre motoristas e ciclistas‟, relativa ao constructo NORMA DESCRITIVA, com sua importância, também foi alto (19,56), o que indica a relevância desta crença na intuição de uso frequente da bicicleta entre os não usuários cotidianos deste modo da amostra CESAR (ver Tabela 7.5).

Tabela 7.5: Norma Descritiva com relação ao uso frequente da bicicleta (amostra CESAR). Variável de

NORMA DESCRITIVA

(crença saliente) – amostra CESAR

Avaliação da crença com relação ao uso da bicicleta

para ir ao trabalho e/ou escola

Importância da crença com relação ao uso da bicicleta para ir ao trabalho e/ou

escola

NORMA DESCRITIVA

com relação ao uso da bicicleta para ir ao trabalho

e/ou escola MÉDIA DESVIO PADRÃO MÉDIA DESVIO PADRÃO MÉDIA DESVIO PADRÃO Comportamento no trânsito entre motoristas e ciclistas 4,41 0,84 4,35 0,94 19,56 6,28

Por fim, as crenças relativas ao constructo CONTROLE COMPORTAMENTAL PERCEBIDO, que foram as relacionadas ao grau de facilidade ou de dificuldade na ação do comportamento de uso frequente da bicicleta, também obtiveram resultados altos quanto à influência no intuito de se usar a bicicleta para ir ao trabalho e/ou escola. Dentre as 4 crenças salientes analisadas, a que obteve maior valor foi a de „infraestrutura cicloviária‟ (21,18), mostrando sua considerável influência na decisão de uso da bicicleta (ver Tabela 7.6).

Tabela 7.6: Controle Comportamental Percebido com relação ao uso frequente da bicicleta (amostra CESAR).

Variáveis de CONTROLE

PERCEBIDO (crenças salientes) –

amostra CESAR

Avaliação da crença com relação ao uso da

bicicleta para ir ao trabalho e/ou escola

Importância da crença com relação ao uso da bicicleta para ir ao trabalho e/ou escola

CONTROLE PERCEBIDO com

relação ao uso da bicicleta para ir ao trabalho e/ou escola MÉDIA DESVIO PADRÃO MÉDIA DESVIO PADRÃO MÉDIA DESVIO PADRÃO Tempo de deslocamento com o uso da

bicicleta 3,12 1,42 4,06 1,05 12,98 7,38

Infraestrutura cicloviária 4,52 0,92 4,60 0,73 21,18 6,03

Condições meteorológicas 3,61 1,20 3,40 1,24 13,30 7,56

Volume do tráfego motorizado 4,21 0,87 3,85 1,17 16,45 6,55

Observando o resultado final da avaliação das 10 crenças analisadas junto à relevância de cada crença viu-se que, com exceção da variável „tempo de deslocamento com o uso da

bicicleta‟, todas tiveram resultados acima do valor de indiferença da crença (13), mostrando a relevante interferência das variáveis na intenção de uso frequente da bicicleta, com destaque para quatro crenças que obtiveram valores próximos ao máximo permitido (25) que foram: „comportamento entre motoristas e ciclistas‟ (19,56), „andar de bicicleta é bom para a saúde‟ (21,06), „infraestrutura cicloviária‟ (21,18) e „segurança do trânsito‟ (21,38) (ver Figura 7.1).

Figura 7.1: Atitude, Norma Descritiva e Controle Comportamental Percebido com relação ao uso frequente da bicicleta da amostra do CESAR

Na Figura 7.1, a escala varia de 1 a 25, pois estes são os valores mínimo e máximo, respectivamente, para resultado da multiplicação da avaliação da crença com a importância da crença diante da escala aplicada no questionário que variou de 1 a 5 em todas as 20 questões relacionadas ao comportamento de uso frequente da bicicleta.

As variáveis „tempo de deslocamento com o uso da bicicleta‟ (12,98) e „condições meteorológicas‟ (13,30), ambas de caráter de controle comportamental percebido, foram as que mais se aproximaram de valores que indicam indiferença (13) no intuito de uso frequente da bicicleta, sendo consideradas as que menos interferem neste comportamento entre as 10 crenças avaliadas. No entanto, quando se trata apenas da importância da crença (ver Figura 7.2), a fator „tempo de deslocamento com o uso da bicicleta‟ se mostrou mais importante que „volume do tráfego motorizado‟, „custo para se ter e/ou usar a bicicleta‟ e „condições meteorológicas‟. 12,98 13,30 15,00 16,45 16,69 17,85 19,56 21,06 21,18 21,38 1,00 5,00 9,00 13,00 17,00 21,00 25,00

Tempo de deslocamento com o uso da bicicleta Condições meteorológicas Custo para se ter e/ou usar a bicicleta Volume do tráfego motorizado Medo de andar de bicicleta (in) Segurança pública Comportamento no trânsito entre motoristas…

Andar de bicicleta é bom para a saúde Infraestrutura cicloviária (in) Segurança do trânsito

Figura 7.2: Importância das crenças com relação ao uso frequente da bicicleta da amostra do CESAR

As 4 crenças que se destacaram na interferência de comportamento de uso frequente da bicicleta (comportamento entre motoristas e ciclistas, saúde com o uso da bicicleta, infraestrutura cicloviária e segurança do trânsito) demonstradas na Figura 7.1 também se destacaram na avaliação de cada crença e na importância das crenças (ver Figuras 7.2 e 7.3).

Figura 7.3: Avaliação das crenças com relação ao uso frequente da bicicleta da amostra do CESAR

Vale lembrar que todos os valores aqui descritos (tanto da amostra do CESAR quanto da UFPE, que será demonstrada no tópico 7.2) são baseados nas respostas a partir da escala aplicada no questionário que variou de 1 a 5 pontos, onde os valores mais altos indicam uma opinião mais favorável, tanto na avaliação quanto na importância, à crença. No questionário aplicado, como já foi citado, algumas afirmativas questionadas foram invertidas e o valor de

3,40 3,65 3,85 4,06 4,06 4,19 4,35 4,50 4,56 4,60 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00 Condições meteorológicas Custo para se ter e/ou usar a bicicleta Volume do tráfego motorizado Medo de andar de bicicleta Tempo de deslocamento com o uso da bicicleta (in) Segurança pública Comportamento no trânsito entre motoristas e…

Andar de bicicleta é bom para a saúde (in) Segurança do trânsito Infraestrutura cicloviária 3,12 3,61 3,83 3,99 4,12 4,21 4,41 4,52 4,64 4,65 1,00 2,00 3,00 4,00 5,00

Tempo de deslocamento com o uso da bicicleta Condições meteorológicas Medo de andar de bicicleta Custo para se ter e/ou usar a bicicleta (in) Segurança pública Volume do tráfego motorizado Comportamento no trânsito entre motoristas e…

Infraestrutura cicloviária (in) Segurança do trânsito Andar de bicicleta é bom para a saúde

algumas escalas também foi invertido, pois esta técnica é importante para evitar respostas tendenciosas. Entretanto, tanto na análise de confiabilidade do questionário quanto na validação dos resultados, essas inversões foram desconsideras, pois não indicam o valor real das respostas.

Observa-se no perfil da amostra e na medição das crenças que mesmo diante de vários fatores que interferem na intenção de uso e não uso frequente da bicicleta, principalmente os relativos à segurança do trânsito, a infraestrutura para uso da bicicleta e ao comportamento entre motoristas e ciclistas os quais normalmente são empecilhos a este uso na cidade do Recife, há na amostra do CESAR 62,75% de pessoas que se interessam por este uso. Isto indica que possivelmente melhorias relativas a esses empecilhos poderiam ajudar a aumentar o número de ciclistas utilitários desta amostra. Além disso, há nesta amostra uma boa conscientização do benefício do uso frequente da bicicleta para a saúde das pessoas.