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Medição das crenças avaliadas na pesquisa de campo

6. METODOLOGIA DA PESQUISA DE CAMPO NA CIDADE DO RECIFE

6.1. APLICAÇÃO DA TEORIA DO COMPORTAMENTO PLANEJADO NO ESTUDO

6.1.5. Medição das crenças avaliadas na pesquisa de campo

De acordo com Ajzen (2002c), ao medir as crenças pode-se, teoricamente, investigar por que pessoas têm certas atitudes, normas subjetivas e controles comportamentais percebidos. É importante observar, entretanto, que esta função é considerada apenas para as crenças salientes, ou seja, as que são facilmente acessíveis na memória. Depois de identificadas 10 crenças salientes no levantamento bibliográfico e de serem questionadas nas duas populações da pesquisa de campo, a partir de escalas que mediram a intensidade e a importância de cada crença, fica possível medir o valor das crenças e avaliar as suas consequências.

O modelo proposto pela TCP para a medida da ATITUDE (A) em função das crenças leva em consideração a intensidade da crença e a avaliação de suas consequências, por meio da seguinte equação: ∑ Onde:

A = atitude com relação ao comportamento c = crenças comportamentais

a = avaliação da consequência do comportamento

Semelhante à medição da atitude, o CONTROLE COMPORTAMENTAL PERCEBIDO (CCP), de acordo com o modelo proposto da TCP, é medido pela seguinte equação: ∑ Onde:

CCP = controle comportamental percebido cc = crenças de controle sobre o comportamento

p = percepção da facilidade ou dificuldade para desempenhar o comportamento n2 = número de crenças de controle consideradas no modelo

Viu-se que, no modelo adaptado proposto nesta tese, para aplicação da TCP na pesquisa de campo, foram desconsideradas as crenças normativas, ou seja, as relativas às normas subjetivas, entre as crenças salientes. No entanto, houve a inclusão de um novo constructo no modelo proposto que foi o de NORMA DESCRITIVA, que se refere à como os outros se comportam em relação ao comportamento, no caso, ao comportamento de uso da bicicleta para ir ao trabalho e/ou escola.

Observa-se que a forma de medição das crenças se repete entre as crenças já estabelecidas no modelo original da TCP, essa mesma metodologia foi usada para medição da crença de NORMA DESCRITIVA desta pesquisa. Segue equação:

Onde: ND = norma descritiva

cd = crenças descritivas sobre o comportamento

ac = avaliação da consequência do comportamento das outras pessoas n3 = número de crenças descritivas consideradas no modelo

Finalizadas as medidas das crenças, usualmente, em pesquisas que trabalham a Teoria do Comportamento Planejado, são realizados testes de regressão das medidas em função dos constructos trabalhados para avaliar a intenção comportamental. A essência da análise de regressão é prever algum tipo de resultado a partir de uma ou mais variáveis previsoras. Com isso, é possível se inferir a influência dos constructos sobre as intenções comportamentais dos respondentes. Tal informação é importante para o planejamento de programas de intervenção, pois, de posse dela, o programa não sofre o risco de buscar promover mudanças em constructos que não dispõem de espaço de mudanças ou que, por algum motivo, não são determinantes das intenções comportamentais (HEIDEMANN, ARAUJO e VEIT; 2012).

6.1.6. Técnica estatística utilizada na análise dos dados resultantes da pesquisa de campo

Depois de avaliados os vários tipos de regressão, viu-se que a regressão logística é a que melhor se adequa a esta pesquisa. De acordo com Field (2009) a regressão logística é uma regressão múltipla, mas com uma variável de saída categórica dicotômica e variáveis previsoras contínuas ou categóricas. Simplificando, isso quer dizer que podemos prever a qual de duas categorias é provável que uma pessoa pertença dadas certas informações. No exemplo desta pesquisa, é determinar que variáveis podem definir se uma pessoa tem interesse ou não em usar a bicicleta frequentemente. Utilizando a regressão logística, pode-se verificar se todas as crenças salientes determinadas nesta pesquisa são capazes de prever o interesse pelo uso frequente da bicicleta, além de apontar a probabilidade deste uso acontecer.

Assim, por exemplo, se pegarmos uma pessoa com escore alto em relação ao medo de usar a bicicleta em seus deslocamentos cotidianos, que se incomoda com o clima da cidade do Recife, que tem consciência do bem que a bicicleta traz para sua saúde, dentre outras características, então o modelo de regressão logística poderá dizer, com base nas informações, quão provável é que esta pessoa use a bicicleta em seus deslocamentos diários. O software SPSS versão 22 foi utilizado para se executar todos os procedimentos da regressão logística aplicada nesta pesquisa.

6.2. CONCLUSÕES

Neste capítulo foram apresentados todos os detalhes da metodologia do estudo empírico realizado na cidade do Recife. Foram apresentados todos os procedimentos para se aplicar a Teoria do Comportamento Planejado e foi apresentado um modelo adaptado desta teoria baseado nas variáveis levantadas relativas a motivadores e empecilhos ao uso da bicicleta.

Dentre as etapas para aplicação da Teoria do Comportamento Planejado estão a definição das crenças salientes, etapa que vem sendo discutida desde o capítulo 4 desta tese, determinação da população a ser explorada, elaboração do questionário padrão da teoria, validação do questionário, medição das crenças e aplicação de técnica estatística em função dos constructos trabalhados para avaliar a intenção comportamental de uso frequente da bicicleta.

A população explorada na pesquisa de campo foi composta de pessoas da Universidade Federal de Pernambuco (campus Recife) e da instituição privada CESAR Apenas não usuários frequentes da bicicleta foram considerados, pois este foi o público-alvo da pesquisa, e com este perfil conseguiu-se um total de 500 pessoas. No próximo capítulo serão apresentados todos os resultados da pesquisa de campo.

7. RESULTADOS DA PESQUISA DE CAMPO NA CIDADE DO