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5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.5 CARACTERIZAÇÃO DA AMOSTRA

5.5.3 Histórico Familiar e de Saúde da Amostra Populacional

5.5.3.2 Consumo de bebida alcoólica

O álcool é considerado uma droga psicotrópica, que atua diretamente no sistema nervoso central e está relacionado a várias condições neurológicas como acidente vascular, neuropatias e demência. Outros prejuízos ocasionados pelo uso excessivo do álcool estão relacionados a implicações que ocorrem em consequência do estado de embriaguez do indivíduo, como violência, acidentes de trânsito, resultando em uma série de transtornos para toda a sociedade (WHO, 2007b).

No Brasil, o consumo de álcool nas universidades tem sido motivo de preocupação, visto que as pesquisas têm indicado que os estudantes iniciam a ingestão de bebida alcoólica muito cedo, quando o organismo ainda está em formação (STAMM, BRESSAN, 2007). O V Levantamento Nacional sobre o Uso de Drogas Psicotrópicas

entre Estudantes do Ensino Fundamental e Médio da Rede Pública de Ensino nas 27 capitais brasileiras – 2004, em pesquisa realizada pelo Centro Brasileiro de Informações

sobre Drogas Psicotrópicas (2005), demonstrou que 73,2% dos jovens entre 18 e 24 anos já fizeram uso de bebidas alcoólicas alguma vez na vida e 15,5% apresentaram sintomas de dependência. A pesquisa Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para

Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico (Vigitel) apontou que 18% dos brasileiros

consomem álcool abusivamente (consumo de mais de quatro doses para mulheres e cinco doses de bebida alcoólica ao dia) (BRASIL, 2012). No ano de 2011 a frequência de adultos que relataram consumo abusivo de bebidas alcoólicas, nos últimos 30 dias, variou entre 11,9% em Rio Branco e 23,6% em Salvador, em 2012, aumentando progressivamente para 12,9% em Rio Branco e 26,6% em Salvador (BRASIL, 2013).

Na presente pesquisa, com relação ao uso de bebida alcoólica, 151 (46,6%) estudantes alegaram não beber e 173 (53,4%) disseram ingeri-la, e para a maioria destes (46,7%), a frequência de consumo é semanal. Tais resultados apontam para uma prevalência inferior do consumo de bebida alcoólica pelos acadêmicos quando do estudo, pois, em várias outras pesquisas, o percentual de estudantes que consomem bebida alcoólica foi maior.

Stamm e Bressan (2007), em pesquisa desenvolvida entre estudantes de graduação de um curso na área da saúde na Universidade do Oeste de Santa Catarina, realizada com 100 alunos observaram que, 70% dos entrevistados consumiam bebida alcoólica. Em outra pesquisa que envolveu 226 estudantes de uma universidade do Estado de Pernambuco, 68,8% dos alunos afirmaram fazer uso de álcool (COLARES; FRANCA; GONZALEZ, 2009). Enquanto Pedrosa et al. (2011) encontraram prevalência de 90,4% que já fizeram uso de álcool em algum período de suas vidas, e o uso atual de álcool foi 81,6% em estudantes matriculados nas Faculdades das Ciências da Saúde de duas universidades públicas alagoanas.

Em pesquisa de Pontes et al. (2009) com 157 acadêmicos do primeiro ano dos cursos de Psicologia, Enfermagem e Medicina Veterinária de uma instituição de ensino superior de Maringá, PR, observou-se que 91% dos participantes fizeram uso de bebida alcoólica ao longo da vida.

Com relação à frequência de consumo, na pesquisa de Ramis et al. (2012) com 485 estudantes da Universidade Federal de Pelotas, RS, 10,9% dos participantes consumiam álcool de duas a três vezes por semana. Ramos (2005) também encontrou resultado semelhante, pois 10,6% da sua amostra relataram consumir álcool de duas a três vezes por semana, e 22,7%, uma vez na semana.

Na pesquisa realizada por Cavalaro e Bertolini (2009) com 62 acadêmicos de um estabelecimento de ensino superior de Maringá, PR, a questão sobre o etilismo mostrou que, dos acadêmicos do 1º ano que ingeriam bebida alcoólica, 6% consumiam de três a quatro vezes por semana, e 46,4%, de uma a duas vezes por semana, 46,4% ingeriam ocasionalmente. Dentre os estudantes do 4º ano, 31,2% ingeriam de uma a duas vezes por semana e 62,5% consumiam ocasionalmente.

Entre os estudantes das instituições de ensino na presente pesquisa, o consumo de bebida alcoólica foi ligeiramente maior entre o sexo feminino, (Gráfico 3). Diferentemente do encontrado na literatura, o I Levantamento Nacional sobre o Uso de

Álcool, Tabaco e Outras Drogas entre Universitários das 27 Capitais Brasileiras mostrou

que, em qualquer período avaliado (na vida, nos últimos 12 meses ou nos 30 dias anteriores à entrevista), os homens consumiram mais álcool do que as mulheres (BRASIL, 2010b). Assim como Carvalho et al. (2011) e Oyama et al. (2010) observaram o consumo de álcool maior no sexo masculino. Na pesquisa de Pedrosa et al. (2011), foi identificado que os homens apresentaram prevalência de uso abusivo de bebida alcoólica quase três vezes maior que as mulheres.

GRÁFICO 3 - Distribuição do consumo de bebida alcoólica segundo o gênero (n=324).

Dourados, MS, Brasil, 2012

Fonte: Elaborado pela autora desta pesquisa, 2012.

Em relação ao consumo de álcool e a idade dos acadêmicos na presente pesquisa, a faixa etária cujo consumo se mostrou mais frequente foi entre 21 e 30 anos. Silva et al. (2006) encontraram dados semelhantes , na qual a prevalência maior do consumo de bebida alcoólica relacionado à idade foi: no intervalo entre 15 e 19 anos, 84% faziam uso de bebida alcoólica; entre 20 e 24 anos, 85,9% bebiam, e entre 25 e

29, 79,3% consumiam bebida alcoólica. Isso demonstra, segundo estes autores, o início precoce do consumo de álcool. Silva, Bezerra e Silva (2007) identificaram que, dentre os participantes (146 universitários) da pesquisa, 83,1% iniciaram o consumo antes de iniciar a vida acadêmica universitária, e quando questionado aos mesmos sobre se a quantidade de consumo aumentou ou diminuiu após a entrada na universidade, 84,1% responderam que o consumo aumentou.

Destaca-se que foi encontrado um total de 28,6% da população em estudo que desenvolvem os dois hábitos: o uso de tabaco e uso de bebida alcoólica. Oyama et al. (2010) afirmam que, apesar de não ser possível estabelecer se o consumo de tabaco influencia a ingestão do álcool ou se é o contrário, essa associação deve ser levada em consideração por se tratar de dois hábitos prejudiciais à saúde

GRÁFICO 4 - Distribuição do consumo de bebida alcoólica segundo idade (n=324). Dourados,

MS, Brasil, 2012

5.5.4

Características Clínicas de Pressão Arterial e Índice de Massa