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Conteúdo regional nas aulas de Geografia na Escola Professora Zila Belém

2.2 Aspectos gerais das Escolas, campo da pesquisa

2.3.1 Conteúdo regional nas aulas de Geografia na Escola Professora Zila Belém

Letras Letras, essência, solidão. Perdão? Sim, contramão. Letras, assistência, aprovação, ilusão! Não, realização. Letras, paciência, há paixão? Quão! Sim, letras. (SILVA, 2018)

O contato com a Escola Professora Zila Belém para a realização da pesquisa, se deu no primeiro semestre do ano de 2017. Procuramos a direção e coordenação, apresentamos o projeto de mestrado e os objetivos da realização da pesquisa. Após o diálogo com os gestores da escola e autorização prévia, nos encaminharam para a professora de Geografia.

Assim como o núcleo gestor, a professora de Geografia Maria Valdemiza Brito, analisando a proposta de pesquisa se prontificou a nos auxiliar, desta feita, mediante a autorização para que observássemos e registrássemos a sua prática

7GOMES, Paulo César da Costa. Geografia e modernidade. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 1996. p.165.

8MORIN, Edgar.MORIN, Edgar. O método II: a vida da vida. Portugal: Europa-América, 1980. (Tradução de Maria Grabriela de Bragança).

9MORIN, Edgar. Ciência com consciência. 15ª ed. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2013. (Tradução de Maria D. Alexandre e Maria Alice Araripe de Sampaio Doria). (p.176)

pedagógica. Esclarecemos que, no caderno de campo, iriamos escrever as impressões sobre os conteúdos ministrados e as situações que envolviam o processo de ensino do conteúdo de região.

A professora de Geografia Maria Valdemiza Brito é licenciada em Geografia pela URCA, tem mais de 30 (tinta) anos de experiência como docente. A sua relação com os alunos é atenciosa e afetiva.

As primeiras observações das aulas foram realizadas no dia 09 de outubro de 2017, no período da tarde, na turma do 7º ano C. Entramos na sala de aula, a professora nos apresentou aos alunos e explicou a finalidade de estarmos ali. Agradecemos aos alunos pela receptividade e nos dirigimos para as carteiras finais da sala, ficamos numa localização que permitia ter a visão mais ampla e que desse para observar a movimentação da professora e dos alunos, evitando interferir na rotina existente.

A aula iniciou com a professora efetuando a chamada, no entanto, devido ao barulho a professora dirige-se aos alunos de maneira respeitosa e pergunta:

“- Cadê o compromisso de vocês, minha gente? Esse barulho está atrapalhando a aula!”

Essa pergunta é natural, pois a intenção da professora é trazer os alunos ao ambiente da aula, em que o barulho prejudica a concentração. Diante disso, os alunos se acalmam por um instante, mas logo em seguida volta à mesma situação.

Como conteúdo de ensino nessa turma, foi seguido o “Percurso 13: Região Norte: localização e meio natural” do livro didático (Figura 7). A atividade proposta pela professora era que os alunos elaborassem e resolvessem questões sobre a região Norte.

Figura 7 Conteúdos geográficos

Fonte, SILVA, 2018.

Com a elaboração das questões os alunos iriam participar de uma dinâmica intitulada pela professora de passa ou repassa. A sala foi dividida em 05 (cinco) equipes, cada equipe com 06 (seis) alunos. Como fonte de pesquisa os alunos poderiam usar o livro didático. O propósito era que os alunos, pesquisando a partir das mesmas referências, encontrassem basicamente as mesmas respostas para as questões. Além disso, para a realização da atividade os alunos poderiam usar tarefas já realizadas sobre a região Norte, os cadernos de anotações e as questões disponíveis no livro didático. A professora indicou aos alunos que analisassem o mapa da página 110, do livro didático de Geografia.

Os mapas analisados foram: “Região Norte: político” e, “Região Norte, Amazônia Continental e Amazônia legal” (ADAS e ADAS, 2015, p.110-111), para que os alunos entendessem os aspectos físicos da região Norte foi indicado mais dois mapas, respectivamente, “Região Norte: físico”, e, “Região: Norte: relevo” (idem, p. 112). No contexto da aula a professora explicou o título, a legenda, os símbolos e o significado das cores. As explicações ocorreram nas equipes, para que os alunos percebessem os diferentes aspectos da região Norte do Brasil, como mostra a figura a seguir:

Figura 8 O ensino do mapa com o mapa

Fonte: SILVA, 2018.

Assim a professora explicou para os alunos o objetivo do estudo com os mapas ilustrados no livro didático:

“- A explicação dos mapas é para vocês entenderem a divisão da região Norte, ou seja, seus estados, aspectos físicos, a Amazônia Legal.”

Após a explicação da professora um dos alunos faz uma pergunta: “- É para decorar professora?!”

A professora responde:

“- É para aprender, não quero nada decorado” A dimensão pedagógica em relação ao saber da professora impressiona. O seu desejo é que os alunos aprendam na fala é como se o processo de “decorar” não gerasse aprendizagem. O decorar pelo mnemônico também traz aprendizagens, a questão é a condução, afinal as coisas que sabemos não são estanques existem conhecimentos e se formulam com o acúmulo de informações ao longo do tempo, queiramos ou não, com a fixação em nossa mente.

Com esse diálogo e pelas ações em sala de fazer e refazer as questões, uma das alunas propôs que as atividades fossem com outros temas. Ou seja, há um desejo de que, a atividade continue, mas de outro conteúdo. E, como fazer?

Na prática, ao passar pelas equipes, havia pela professora a preocupação com o que os alunos estavam aprendendo, sempre perguntava:

Ao explicar sobre a Amazônia Continental foi necessário que a professora retomasse o conceito de território. Dessa ação metodológica compreendemos que, os conteúdos são trabalhados de forma conjunta, justamente com o propósito que o aluno desenvolva o raciocínio espacial, ou seja, ao passo que se explica sobre região, por exemplo, é possível retomar o conceito de redes geográficas, pois os espaços e lugares não estão de maneira isoladas no mundo. A proposta da professora é salutar e orgânica tendo em vista a maneira como explicou sobre a Amazônia Continental, ela prosseguiu: “A floresta Amazônica vai além do território do Brasil, a floresta engloba: os territórios (faixa de fronteira) do Brasil, Guiana, Guiana Francesa, Venezuela, Colômbia, Equador, Peru e Bolívia”. Neste momento para que os alunos pudessem compreender, a professora associou à região do Cariri Cearense, e argumentou:

“- Olha gente, essa ideia da continuidade da região Norte, é igual à nossa Chapada do Araripe, por exemplo, a gente ver ela aqui de Juazeiro, mas a sua extensão vai dos estados da Paraíba, Ceará, Pernambuco e Piauí, então quando a gente diz que a floresta Amazônica vai para além dos territórios brasileiro é que na prática, não existe a divisão natural da floresta.” No encerramento da aula a professora adianta os assuntos para serem estudados.

No dia 10 de outubro de 2017 observou-se uma aula no 7º ano A, sobre a região Norte, tendo por objetivo fazer com que os alunos entendessem as questões físicas, naturais e sociais da região.

Já no dia 16 de outubro de 2017, a estratégia utilizada na aula foi a mesma dinâmica do passa ou repassa com o conteúdo sobre a região Norte, a estratégia era que os alunos fizessem as perguntas em equipe sobre o assunto. Metodologicamente para os alunos aprenderem o conteúdo àqueles que melhor se saíram na dinâmica foi distribuído chocolates.

No dia 23 de outubro, observamos mais duas aulas, no 7º ano A. De início foi realizada a chamada para registro da frequência e a professora prosseguiu dando os vistos nas atividades dos alunos. Essa rotina de acompanhamento dos alunos, na visão da professora, é uma forma de avaliar e conferir se as atividades propostas foram realizadas. Os alunos foram chamados nominalmente para dar os “vistos”, no entanto, por conta das conversas paralelas a estratégia foi modificada, e a professora passou a corrigir as atividades nas mesas. Rapidamente a professora vendo que os alunos não resolveram a atividade solicitada no dia anterior ela diz:

“-Como a grande maioria não fez as atividades, irão fazer agora, na sala!”.

Numa sala de aula por mais que possamos planejar as nossas ações, sempre aparecem oportunidades de revermos o que planejamos. Deste feita, uma das alunas pergunta:

“- Professora! E, quem fez?!”

Essa pergunta é desmobilizadora de um planejamento, pois esse precisou ser refeito a partir da situação da sala aula por meio da pergunta realizada pela aluna. A intenção da aluna não é de se esquivar da atividade, mas em demonstrar à professora a sua indicação metodológica feita da aula anterior surtiu o efeito desejado. Afinal ela quer saber o que fazer, pois a atividade proposta foi de fato realizada. Essa pergunta também demonstra respeito ao ensino desenvolvido pela professora. Na tentativa de achar uma saída convincente a professora indica:

“- Façam uma revisão dos textos do capítulo, pois esse conteúdo será da prova!” A resposta coloca o ensino como algo doloroso, tendo em vista que o conteúdo será mensurado numa prova. Neste caso, pode gerar um bloqueio no aluno, pois o sentido agora é a temida prova. Até mesmo aos que já fizeram o exercício.

A atividade proposta aos alunos para sala de aula, nesta data, foi que eles elaborassem 15 (quinze) questões do “Percurso 14: Região Norte: a construção de espaços geográficos” das páginas 118 a 119 (Figura 9).

Figura 9 Ensino sobre a região Norte

A explicação do conteúdo deu-se a partir das dúvidas dos alunos. Metodologicamente, a professora passava de carteira em carteira explicando os motivos da ocupação da região Amazônica, além de estabelecer a comparação da ocupação dessa região em relação à ocupação do Nordeste.

O conteúdo regional é abordado a partir do processo histórico de ocupação que está relacionado a exploração das “drogas do sertão”, ao cultivo da seringueira, a retirada do látex para produção da borracha, a criação de rodovias e ferrovias. A esses fatores são acrescidos os conflitos sociais e ambientais, principalmente os relacionados ao desmatamento da Floresta Amazônica.

As práticas de ensino desenvolvidas no 7º ano, no período da realização dessa pesquisa, nos apresentaram informações sobre: como ocorre o exame do conteúdo de região; as fontes de pesquisas limitadas ao livro didático de Geografia.

Nesse contexto, temos que o livro didático é o aliado na prática docente, em que, as linguagens imagéticas, gráficas e cartográficas são exploradas pelo professor, mas, não verificamos por parte da professora uma variação de fontes para ensinar a Geografia, que amplie as possibilidades para explorar as informações que o espaço geográfico contém. Sentimos falta da inserção do conteúdo regional que se apresenta por meio das canções, dos filmes, dos poemas, das danças, dentre outros.

É inegável que vivemos hoje, na era global e da massificação de informações, mas, é preciso levar o aluno a extrair dessas informações cotidianas as reflexões sobre o espaço geográfico. A Geografia escolar deve dialogar com as formas pelas quais as crianças, jovens e adultos percebem o mundo pelas diferentes linguagens. É no contexto da sala de aula que essas fontes sistematizadas com informações de cunho regional podem ser inseridas para alargar aquelas que estão no livro didático. Mas, em quais circunstâncias as linguagens que comunicam e potencializam o entendimento geográfico são utilizadas para ensinar sobre região? Não identificamos, seria a resposta mais direta, no entanto, no avançar dessa pesquisa, as opções metodológicas dos professores foram condizentes com os objetivos projetados nos planejamentos. Defendemos neste trabalho que entender a realidade para agir é fundamental, ainda mais quando se trata de Geografia, e nas realidades espaciais das escolas deste estudo, autilização das linguagens enquanto expressões espaciais geográficas permaneceram apenas como possibilidade.

As crianças gostam de rap, hip-hop, se identificam com o reisado, celebram o Sagrado Coração de Jesus em suas casas, usam bonés de aba reta, andam em grupos, ou seja, a partir dessas referências vividas às ações metodológicas dos professores associadas com os estilos desses grupos. A questão é entender a realidade dos alunos e as ações começarem por essa via de proximidade. As linguagens propiciam o desvelamento do mundo. E é nessa seara de possibilidades que o Geozine enquanto linguagem para ensinar Geografia se insere no ambiente educacional.

2.3.2 Conteúdo regional nas aulas de Geografia na Escola Mário da Silva Bem

A aula Quando ela começa? Nunca se sabe. Quando ela termia? Ninguém imagina. (SILVA, 2018)

Inicialmente deu-se o contato com o professor de Geografia, Ivison do Nascimento Freire Lopes, na oportunidade explicamos os objetivos do projeto de pesquisa de mestrado. Em seguida, acompanhado pelo professor apresentamos os motivos e pertinência da pesquisa à direção e coordenação pedagógica, tendo em vista a necessidade de refletir as ações didáticas desenvolvidas para ensinar os conteúdos de região, no 7º ano. O professor se dispôs a participar do nosso trabalho permitindo que fossemos observar algumas de suas aulas.

O professor Ivison é licenciado em Geografia pela URCA, possui especialização na área de formação e atuação de mais de 05 (cinco) anos em sala de aula.

Nos dias 09 e 10 de outubro de 2017, no período da manhã, observamos aulas para compreender a metodologia utilizada no ensinar do conceito de região, as fontes e linguagens utilizadas. O conteúdo a ser ensinado no 7º ano D, foi o “Percurso 13: região Norte” (Figura 10).

Figura 10 Os conteúdos do livro permeiam as escolas

Fonte: SILVA, 2018.

Antes de iniciar a aula, o professor explicou aos alunos o motivo da nossa presença em sala; em seguida sentei-me na última carteira da segunda fila ao lado direito da porta, local em que permaneci em silêncio, durante todo o processo de observação. Desse lugar dava para ter uma visão panorâmica da sala, o que facilitou a captação das falas dos alunos e a maneira de como o professor interagia com eles. Para o registro das observações fiz anotações no caderno de campo.

Para iniciar o assunto o professor faz junto aos alunos uma recapitulação do conteúdo ministrado da aula anterior. Na lousa ele sistematiza os conteúdos em tópicos, ou seja, faz um resumo dos temas indicados no livro didático. O registro foi exposto da seguinte maneira:

Conteúdo: região Norte. Histórico: muito tempo abandonada no território brasileiro. Amazônia continental: terras dos países vizinhos. Amazônia legal: terras do Brasil. Relevo: altitudes de 200 metros, terras baixas (planícies) ou planícies fluviais. Hidrografia: Rio Amazonas, banha terras de países vizinhos, navegável, fonte de alimentos, ciclo hidrográfico da floresta amazônica. Clima: equatorial úmido. Vegetação: floresta amazônica, tropical cerrado, campos, vegetação litorânea, matas de terras firmes, matas de inundação. (ROTEIRO DE CAMPO, 2017)

O objetivo da aula é situar os discentes no que diz respeito ao entendimento da região Norte (Figura 11), a partir dos aspectos históricos, sobretudo os ligados a colonização, as condições de natureza física, tais como o relevo, as bacias hidrográficas, as condições da flora e climáticas.

Figura 11 O conteúdo sistematizado na sala de aula

Fonte: SILVA, 2017.

Ao explicar o que representa cada tópico, o professor argumenta como as características citadas influenciam no modo de vida das pessoas. No decorrer da explicação o professor se dirige aos alunos:

“- Pessoal! Vocês lembram que eu falei há um tempo sobre regionalizar? Pois bem, a partir de hoje nós vamos estudar as regiões do Brasil, a saber, o Norte do Brasil. Vamos lembrar regionalizar é dividir o território em partes, e, neste caso, a gente vai estudar a região Norte, ou seja, iremos estudar o Brasil por partes, conforme as características de cada região.”

Ao iniciar a aula sobre o processo histórico da região Norte, foi solicitado aos alunos para abrir o livro na página 110 para explicar sobre a Amazônia Continental. Foi usado o mapa da página 111 para localizar a região.

Quando o professor adentra nas questões da Geografia física como relevo e planícies fluviais, ele faz a seguinte pergunta:

“- Por que na Amazônia as pessoas se locomovem em barcos e canoas?”, um dos alunos responde:

“-Porque não tem outro meio, senão morre afogado!”, muitos risos dos alunos.

Após essas intervenções, o professor, de pronto, retoma a resposta do aluno e diz:

“-Você está corretíssimo, pois além de ser o meio mais convencional atrelado ao fator natural, senão souber nadar, realmente morre afogado.”

A partir disso houve a explicação das condições climáticas, da região Norte, tendo por referência de observação e análise das precipitações anuais trazidos no livro didático.

Após a explicação os alunos copiam no caderno a sistematização dos conteúdos da lousa. O professor acompanha a realização das tarefas feitas pelos alunos. Para encerrar a aula o professor informa o tema da aula seguinte:

“- Na próxima aula, iremos estudar a construção do espaço geográfico, da região Norte”.

Percebeu-se que nessa situação o livro didático é explorado com frequência. A partir dele temos as explicações que são intercaladas com as análises das imagens, dos climogramas e dos mapas. Observou-se também que o docente se “aproveita” das falas dos alunos, no sentido, de aproximá-los do conteúdo ensinado.

Ainda no dia 09 de outubro de 2017, observamos mais uma aula, desta feita na turma do 7º ano E. O conteúdo foi o mesmo da turma do 7º D, onde o professor fez o resumo dos assuntos sobre a região Norte em forma de tópicos.

Nessa sala de aula alguns dos fatores que contribuem para a dispersão dos alunos foram a ausência de iluminação adequada, falta de ventilação, interrupção constante das aulas, alunos amontoados à frente da mesa do professor. Por que há concentração de carteiras à frente da mesa do professor? Justamente por algumas lâmpadas não funcionarem, deixando o ambiente às escuras.

O professor indica que os alunos abram o livro na página 110, e, em seguida os alunos observam o mapa e dizem as siglas e os respectivos estados, ao mesmo tempo o professor usa a lousa para sistematizar as falas dos alunos. São associados, ainda pela análise do mapa, os países que fazem fronteira com a região Norte do Brasil: Guiana, Guiana Francesa, Equador, Peru e Bolívia.

No decorrer da aula foram feitas interrupções por membros da coordenação pedagógica: a primeira foi chamando os alunos para lanchar e depois foi por conta de um aviso sobre os jogos esportivos da escola.

Na situação das interrupções percebemos o descontentamento do professor por ver seu esforço de planejamento se perder em fração de segundos. E nisso compreendemos que a aula envolve uma conjuntura em que estão inclusas as pessoas que fazem a instituição escola, com suas regras e normas.

Os alunos fazem a refeição dentro da sala de aula, por dois motivos, o primeiro porque não há outro espaço que comporte a quantidade de alunos, e o

segundo por ser estratégia da direção escolar, tendo em vista as constantes brigas que ocorriam nos intervalos das aulas.

Entre o intervalo das aulas, há sempre a necessidade de orientação dos alunos em relação ao comportamento. Quando o professor consegue sistematizar os conteúdos, organizar o início da aula, essa é interrompida também pela coordenação. Temos um intervalo de aproximadamente 20 minutos dentro da aula. Como os alunos lancham em sala de aula é impossível ministrar qualquer conteúdo. Entre a ida dos alunos para deixar pratos, talheres e copos, já se tem perdido muito tempo. A sala de aula assume a função de refeitório, além disso, e o professor terá que se desdobrar novamente para aquietar os alunos. Há prejuízos tanto para o professor quanto para os alunos, primeiro porque o planejamento da aula e o ensino dos conteúdos são comprometidos pela interrupção, segundo, os alunos não conseguem se concentrar e, consequentemente, apreender o assunto nas aulas.

Acompanhamos também uma aula de Geografia, nesta mesma data, no 7º ano A. No diálogo com o professor Ivison, antes de entrar em sala, ele nos informa que essa é uma das turmas que consegue melhor captar e compreender os assuntos ministrados por ele. O professor atribui esse maior êxito a participação dos alunos de maneira mais ativa na resolução das atividades e a leitura leituras dos textos do livro. A forma de ensino é semelhante às turmas anteriores, no entanto, a forma como os alunos do 7º A percebem a necessidade e utilidade do estudo em suas vidas é o diferencial, como nos explicou Ivison.

Para cada sala de aula do 7º ano, há sequências lógicas diferentes nas explicações, embora sejam os mesmos conteúdos ensinados.

A aula na turma do 7º ano C é sobre a mesma temática: “Região Norte”. O professor segue o mesmo plano de aula, com poucas variações metodológicas. Nesta sala, a aula foi também interrompida, desta vez pela coordenação da escola,