• Nenhum resultado encontrado

Uso de linguagens no ensino da Geografia escolar

Geografia em sala de aula II Temas diversos quede tão complexos, não cabem em versos.

À paisagem uma memória, Para o lugar a afetividade, impossível falar do urbano sem nos remeter à cidade.

(SILVA, 2018)

Quando nos referimos ao uso de linguagens na sala de aula para ensinar Geografia, nos utilizamos de instrumentos da comunicação social. Na sua metodologia o professor pode usar elementos textuais e não textuais para tratar dos conteúdos de Geografia na intenção de assumir um caráter pedagógico.

Do ponto de vista do estudo da linguística, a linguagem é a expressão da fala nos modos oral e também da escrita. Na dimensão da prática docente pode-se usar de linguagens para que haja o entendimento dos conteúdos pelos alunos. A linguagem em si é,

[...] um meio e como tal terá suas características como linguística, a poética ou a estilística, servindo aos mais variados objetivos, entre eles o didático. [...] Falar em linguagem é falar em comunicação social. [...] Os signos que servem à comunicação social são das mais variadas ordens, ou seja, de várias naturezas, como olfativos, tácteis, visuais e auditivos. (COSTA, 1971, p.15-20)

No entanto, o entendimento sobre o mundo se deve às variadas formas e representações. O universo que abrange as linguagens possibilita comunicações em plataformas virtuais, em livros, jornais, placas e desenhos, pois há comunicações na

maioria das coisas. Neste direcionamento, Ferraz (2017), nos auxilia na dimensão da experimentação das linguagens do impossível, para ele:

Pensar outros possíveis como linguagem, que não exclui ou limita, viver outros mundos, não mais o da ordem econômica capitalista, instaurar outras geografias, não mais a que limita a leitura a uma representação cartografável, experimentar outros espaços, intensivos e nômades. Será isso possível? A resposta a isso está no impossível, no impensado, no não imageado ou falado, não há possibilidade de enunciar cientificamente a esses nas condições atuais de mundo, pensamento e geografia. (FERRAZ, 2017, p. 89)

Nesse sentido, “O professor, ao mediar aprendizagens de Geografia, reconhece o aluno como protagonista da construção de seu conhecimento. A escola, então, afirma-se como um ambiente de contínua reconstrução de experiências” (COSTELLA e SCHÄFFER, 2012, p.66). No entanto, para que os alunos sejam reconhecidos como sujeitos protagonistas do conhecimento, há que se destacarem as práticas docentes que passam “Efetivamente, no ofício do professor um saber específico é constituído, e a ação docente não se identifica apenas com a de um técnico ou a de um ‘reprodutor’ de um saber produzido externamente”, (BITTENCOURT, 2009, pp. 50-51). O verbo ensinar requer uma ação prática e as mediações nas escolas surtem um efeito positivo quando são consideradas as experiências e vivências dos alunos e quando esses associam seu mundo ao conteúdo.

O professor ao ensinar sobre regiões brasileiras, pode para isso usar linguagens didáticas, por exemplo, a canção, que é uma comunicação universal e traz muita informação, sendo um bom caminho para essa exploração (SILVA E DANTAS, 2017) e (SILVA E SILVA, 2017). No processo de ensino de Geografia na escola, há a possibilidade de se usar linguagens que são em sua maioria:

Os textos escritos, os materiais gráficos e cartográficos e outras linguagens, quando associados aos conceitos e conteúdos da disciplina [...] ampliam as oportunidades de compreensão do espaço geográfico e de entendimento do mundo. Hoje, esse material está à disposição de todos os que estudam ou produzem a geografia (PONTUSCHKA, PAGANELLI e CACETE, 2007, p.215)

Em linhas gerais,

As linguagens constituem recursos didáticos que necessitam ser utilizados no mundo atual, seja na instituição escolar, seja em outros caminhos ou lugares, porque, por meio delas, os horizontes do conhecimento se abrem

para jovens, professores e cidadãos que já passaram pela escola em tempos anteriores.” (PONTUSCHKA, PAGANELLI e CACETE, 2007, p.215) Do ponto de vista pedagógico o uso de linguagens para ensinar Geografia,

É interessante assinalar que o uso de linguagens na Geografia sempre esteve associado que aquilo que é próprio da ciência geográfica: o trabalho com localização e diferenciação de lugares. E não poderia ser de outra maneira. Por outro lado, as imagens, os gráficos, as tabelas também foram incorporados na análise geográfica, incluída a análise de estruturas espaciais. (FILIZOLA, 2009, p.87)

Ao oportunizar o uso de diferentes linguagens nas aulas, é preciso considerar que toda resposta, mesmo equivocada, pode ser usada para exemplificação e comparação, pois “[...] a aprendizagem eficiente realiza-se quando o sujeito dispõe de materiais e instrumentos (domínio da língua, conceitos, informações etc.) e realiza operações mentais (deduzir, analisar, sintetizar etc.)” (COUTO, 2006, p. 86).

No entanto, a arte vasa e extrapola as referências sobre o pensamento fragmentado, ao invés de separar, a arte une. E, dentro desta perspectiva apostar numa relação de ensino em que a arte faça parte do processo da educação, é sem dúvidas indicar caminhos.

Para Bakhtin (1981) na língua e, consequentemente, na linguagem, a essência e substância devem-se ao “fenômeno social da interação verbal”, ou seja, do diálogo, da escrita e oralidade das pessoas.

Os grupos humanos, sempre tiveram a necessidade de se comunicar, o que desde cedo e a partir dos gestos e vozes, por mais despretensiosos que fossem, contribuíram para o surgimento da linguagem. A comunicação humana se dá pelas expressões da linguagem nos mais diversos campos.

Entende-se que “A linguagem é, assim, a forma propriamente humana de comunicação, da relação com o mundo e com os outros, da vida social e política, do pensamento e das artes.” (CHAUÍ, 2001, p.137). Neste sentido, o que gera comunicação e entendimento pode ser considerado linguagem porque comunica.

Para Vygotsky (1998, p.47), “[...] o desenvolvimento do pensamento é determinado pela linguagem, isto é, pelos instrumentos lingüísticos do pensamento e pela experiência sócio-cultural da criança.” Vygotsky, explica que a linguagem é relativa aos instrumentos linguísticos. E,

Uma linguagem se constitui quando passa de meios de expressão aos de significação, ou quando passa de expressivo ao significativo. Um gesto, um grito exprimem, por exemplo, medo; palavras, frases e enunciados significam o que é sentir medo, dão conteúdo ao medo. (CHAUÍ, 2001, p.141)

Neste caso, a aproximação que se espera do termo linguagem para fazê-lo é justamente, no campo da ação didática. Nesta seara, quanto se utiliza no espaço escolar, de objetos para dar um sentido didático e pedagógico, a ideia como defende Costa (1972) seria de linguagem didática, que significa dizer:

Assim falar de uma linguagem didática para ser usada pelo professor, na sala de aula, ao expor sua disciplina, não a torna específica ou particular dentro do processo comunicativo. A conotação dada ao termo reflete apenas uma adjetivação relativa ao momento em que é usada, os seus objetivos, mas não há características próprias. Tipicamente didática ela jamais será, porque as características apontadas são comuns a toda e qualquer linguagem, bem empregada oralmente ou escrita. (COSTA, 1972, p.55)

As canções, as pinturas, as partituras, os textos literários e tantas outras formas de linguagem podem compor a linguagem didática, se estabelecendo como uma condição para ampliar a comunicação no âmbito do ensino em sala de aula. A partir de Costa (1972), podemos compreender que linguagem didática faz parte de um caminho para experimentara comunicação no ato de ensinar. É no fazer do professor que os conceitos, metodologias, recursos e materiais didáticos terão um sentido geográfico.

Todavia, a função da linguagem é comunicar agrupando um conjunto de signos para indicar coisas. Por exemplo, combinar colagens, fotografia e versos poéticos para dá sentido às abstrações conceituais, e com isso estabelecendo o sentido primordial da linguagem que é de comunicação.

A linguagem é um sistema de signos ou sinais usados para indicar coisas, para a comunicação entre pessoas e para a expressão de ideias, valores e sentimentos.” Sendo que “[...] a linguagem é um sistema de sinais com função indicativa, comunicativa, expressiva e conotativa.(CHAUÍ, 2001, p.141)

A arte de maneira geral se inscreve sob a ótica de gerar comunicação. Mas, é justamente, dentro da comunicação artística que se abrem possibilidades no entendimento do mundo. Pois, a leitura e aproximação geográfica partem da habilidade da conotação do professor para estabelecer o significado desejado, a

depender da intencionalidade na aula. É na intencionalidade didática que o professor passa a subscrever os meios que geram comunicação, cada um com suas especificidades, como possíveis de análises e entendimentos geográficos.

A propósito, um quadro expressionista exposto numa galeria receberá interpretações diferentes, pois os sujeitos que o leem é que dão o seu significado. É dentro da imaginação que esse processo ocorre, tendo em vista que “A imaginação desempenha diversas funções fundamentais, entre os quais merecem ser salientadas a função crítica e a função criadora” (HISSA, 2002, p. 118).

Para o ensino do conteúdo de região, na prática, os professores podem iniciar da escala mais próxima, neste caso, o Cariri Cearense, justamente por ser o recorte espacial da dimensão regional do cotidiano dos alunos.

Na metodologia o professor pode escolher trabalhar com canções que tratam da temática em questão, pois proporcionam uma assimilação com o conceito de região. O seu uso, no ensino, e a reflexão com as letras, bem como os ritmos envolvem o trato espacial no ensino dos conteúdos da Geografia, o uso da linguagem didática como a canção, enquanto elemento artístico aproxima ao raciocínio espacial.

Em se tratando do Cariri Cearense há referências de composições e compositores que imprimem as características da região Nordeste do Brasil. Entende-se que o forró e seu movimento rítmico anunciam a sociedade sob o ponto de vista da representação cultural em que “Inserido em um contexto sociocultural particular, cada sociedade produz sua cultura e dela é resultado” (DOZENA, 2016, p. 375).

A dimensão espacial do Cariri Cearense se dá na compreensão de expressões como o forró, xote, baião, a literatura de cordel, o catolicismo popular, reisado, repente, poesia, xilogravura, arte em couro e em madeira, das renovações do Sagrado Coração de Jesus. Dentre essas, a música é essencial, pois

Em diversas obras geográficas é possível destacar que a música e seus diferentes elementos (letras, ritmos, sons e movimentos) podem ser tratados como objetos de estudos para a Geografia, uma vez que podem alimentar com elementos fatuais e processuais de ordem social, cultural, econômico e histórica a reflexão com base em conceitos fundamentais de explicação da realidade socioespacial (espaço, lugar, paisagem, região e território). (FUINI, 2016, p.306).

Uma das canções que tratam do Cariri Cearense é de autoria de Flávio Leandro, intitulada de “Caro Cariri”. Na letra são apresentados alguns dos municípios do Cariri Cearense. Com o auxílio de um mapa, ao tratar desses municípios, pode-se pedir para os alunos identificá-los espacialmente, bem como fazer um levantamento das características culturais, econômicas, históricas e sociais.

O professor de Geografia pode iniciar as discussões, por exemplo, solicitando aos alunos que identifiquem uma manifestação típica do Cariri Cearense, a Renovação do Sagrado de Jesus, que consiste numa celebração religiosa realizada anualmente na casa das famílias que se abrem à divindade dos santos católicos14.

No período da Renovação do Sagrado de Jesus, que coincide com uma data festiva da família, como a data do casamento dos donos das casas, a família toda se envolve nos preparos. As paredes das salas da entrada da casa são reservadas aos Santos Católicos, a imagem de “Nosso Senhor”, “São Lázaro”, “Santa Luzia”, “Nossa Senhora da Penha”, “Padre Cícero”, “Frei Damião” dentre outros, são distribuídos e decorados com flores nas paredes, há uma mesa abaixo dos Santos com arranjos e castiçais.

O corpo, na dança, ao se entregar a um ritmo também comunica uma espacialidade. Daí o reisado se insere nesse movimento de interpretação espacial que carrega um sentido geográfico no qual podem ser associados os conteúdos escolares.

O ensino deve ser contextualizado com a realidade dos alunos. Neste caso, as expressões culturais que formam o Cariri Cearense, como a expressão e corporeidade do reisado, podem proporcionar a dimensão espacial do conceito de região.

A Geografia do ponto de vista epistemológico explica os fatos sociais por meio da reflexão espacial15 na ação do homem que transforma e consome esse

espaço, nas escalas local, regional ou global. As transformações desses espaços se dão na relação dos homens com as coisas. Silveira (2006), afirma que tudo que nos cerca só faz sentido, na existência e relação com as coisas, pois estamos no mundo e esse mundo só existe nas possibilidades de situações: “A existência é um conjunto

14Sobre as Renovações do Sagrado Coração de Jesus, ver. José Nilton de Figueiredo. A (con)sagração da vida formação das comunidades de pequenos agricultores da Chapada do Araripe. (Dissertação de mestrado em Antropologia) Universidade Federal do Pernambuco, 1998.

de situações. Estamos com as coisas, com os outros homens e numa esfera de significados” (SILVEIRA, 2006, p.86).

A escola é revestida de significados, pois esse ambiente é composto de sujeitos que trazem referências culturais distintas, que carregam sentidos sociais geográficos, que dão uma dimensão espacial, e o professor, no seu fazer didático pode fazer inferências para ensinar os conteúdos da Geografia.

4 LINGUAGEM DO GEOZINE: EXPERENCIAÇÃO PARA ENSINAR GEOGRAFIA

Nas suas Cadeiras Pelas cadeiras suas Alguns cadeiras assumem Outros cadeiras sentam Apenas cadeiras passam Outros cadeiras vivem Nas cadeiras eternas (re)nascem (SILVA, 2018)

As canções, poemas, imagens, desenhos são linguagens que possibilitam ver o mundo da experimentação. Esse mundo de experimentação (Figura 19) precisa ser instigado, sobretudo quando se tem na escola sujeitos de campos culturais vastos. Neste direcionamento pergunta-se: como o Geozine pode se constituir um artefato de combinações de linguagens diversas para o ensino de região, articulando diferentes escalas espaciais?

Figura 19 Experenciação do Geozine no IV EREPEG, 2018

Fonte: OLIVEIRA, 2018.

Neste capítulo iremos aprofundar uma metodologia, que para nós tem a possibilidade de combinar em um único material didático várias expressões e linguagens, criando uma comunicação para o ensino de Geografia, o Geozine. Este se constitui numa composição artística, pois “[...] a questão da linguagem geográfica,

seus limites e potencialidades, a partir do encontro com as linguagens imagéticas elaboradas no campo de composição artístico” (FERRAZ, 2017, p.64). O Geozine, que se aplica ao ensino da Geografia escolar, é uma linguagem que usa o recurso imagético, sendo desta feita uma recriação da ideia de Fanzine.

O surgimento da ideia e proposta do Geozine está atrelado ao fazer cotidiano e a insatisfação com esse mesmo fazer. O não contentamento com o corriqueiro gera a inquietação que incita a criação e recriação, sendo a chave para outras aprendizagens.

A profissão de professor está nesse contexto da inquietação criativa, seja na universidade que exige a vivência no Ensino, Pesquisa e Extensão; seja nas experiências na escola, que implica lidar com uma complexidade de saberes, dúvidas, imprevisões provenientes de campos disformes; seja na condição de um ser limitado de quem é solicitada uma atuação ilimitada. Tudo isso, se estabelece com a necessidade de uma formação cada vez mais ampliada, o que requer novos olhares para a Geografia, e desta feita uma reorganização da nossa condição enquanto sujeito no mundo. O educador, nos moldes de Rubem Alves (2000), é uma junção e justa posição de suas opções sociais, afetivas, políticas e ideológicas.

É necessário no fazer em sala de aula o estabelecimento de relação entre os conteúdos a partir da arte, considerando que:

[...] o fazer científico da Geografia [...] precisa agenciar e estabelecer intercessores com outros planos do pensamento, pois se o plano do científico geográfico não vai ao encontro do infinito, o plano filosófico e artístico vão, e eles podem fornecer matéria e forças necessárias para a linguagem geográfica não permanecer em seu isolamento e ilusão territorial, de apenas se concentrar em responder aos desejos do mundo do capital e do gerenciador territorial que é o Estado, mas, sim de fabricar o real com todas as outras potências da vida. (FERRAZ, 2017,p.91)

A partir disso apontamos o Geozine como linguagem para exercitar essa inquietação criativa para ensino de Geografia.

A proposição e reflexão da linguagem didática do Geozine como constituição e contribuição ao pensar geográfico, é a soma das escolhas e dos caminhos traçados, na concepção e necessidade de reinventar a nossa prática. Essa é a aposta no que está fora, ou seja, apostar na criação a partir do que já existe e se tem no espaço escolar, significa dizer que:

[...] apostar no fora é apostar também na escola como potência criadora (mais que criativa), pois é nela onde passam a maior parte de seu tempo meninas, meninos e meninxs cujos corpos vibram e experimentam tudo à sua volta – o que lhes chega de fora – tudo o que lhes exige, inconscientemente, expressão – o que lhes tira para fora – tudo o que lhes constrange a vida – o que se coloca como problema – e os força a pensar (criar). (OLIVEIRA JUNIOR, 2017, p.49)

A criação do Geozine surgiu no exercício docente como professor do Setor de Ensino do Departamento de Geociências da URCA em Crato, ministrando aulas no curso de licenciatura em Geografia quando já realizávamos as práticas de elaboração dos Geozines com nossos alunos. Para pensar a prática foi significativa a nossa experiência na Educação Básica na Escola São Pedro e Otacílio Pereira, ambas em Juazeiro do Norte, o que nos remeteu ao aprimoramento das habilidades construídas ao longo da formação. De maneira mais efetiva quando da realização da disciplina “Material didático e ensino de Geografia”, ministrada pelo professor Adriano Lima Troleis no GEOPROF, na UFRN em Natal-RN.

Os processos de amadurecimento teórico sobre a Geografia escolar nos instigaram para sistematizar uma proposição metodológica que pudesse explicitar essa experiência como linguagem didática, proporcionando uma reflexão que possibilitasse ampliar as estratégias para ensinar. Assim, o Geozine de uma experiência cotidiana se transforma em uma experiência de pesquisa, pois,

É nesse sentido que é preciso investir contra a linguagem em busca de fazê-la outra para expressar este indizível, ainda que saibamos que este testemunho dado não nos dirá o fato, mas sim a sua reverberação no corpo da testemunha, em linguagem, o acontecimento. Cada testemunho é um ato inaugural na e da linguagem, pois abre a linguagem ao seu Fora. O seu Fora não sendo o fato, mas aquilo que nos afeta a partir dele. Não propriamente a experiência que dele tivemos, mas justamente aquilo que dela escapa, que excede à própria experiência como algo dizível, reconhecível, para qual já se teria linguagem. (OLIVEIRA JUNIOR, 2017, p.50-51)

Para isso, as imersões teóricas, empíricas e as discussões profícuas, no GEOPROF, permitiram refletir organicamente e criativamente sobre a epistemologia da Geografia, nas vertentes do ensino, sobretudo na dimensão das linguagens didáticas e metodologias de ensino, nos conduzindo a vivenciar o ser educador atado na perspectiva do inacabamento, e disso se configurando o desafio para novas aprendizagens, conforme professa Freire (1996).

A pesquisa que se impôs como condição para concluir o mestrado reflete uma das ações nesse processo. No âmbito do ensino, essa pesquisa tinha a força de induzir o conhecimento sobre a nossa prática na licenciatura como professor, que transbordou para a extensão, quando transformamos o Geozine em um campo de experimentação na escola Mário da Silva Bem,

Pontuamos assim, nosso esboço de diagramação de uma geografia possível seu território é por excelência político, a ação é focada na experienciação de novos sentidos e pensamentos espaciais, seu pensar trilha o da constante imagens espaciais. Seu conteúdo está na relação dos elementos que desdobra dos intercessores estabelecidos com os demais campos do pensamento, assim como sua forma de expressão decorre dos agenciamentos que traça com os corpos e enunciados distribuídos além dos limites de sua linguagem. (FERRAZ, 2017, p.91-92)

Essa Geografia possível, no ambiente escolar se constitui no ‘Fora’, como salienta Oliveira Junior (2017), a partir da sistematização dos conteúdos geográficos, na referência espacial dos sujeitos na elaboração de elementos distintos na sedimentação do Geozine.

A inspiração para o Geozine, como já pontuamos, vem do Fanzine. Mas, o que é um Fanzine? Como apresenta Magalhães (2013), os Fanzines são revistas livres, feitas a partir de material de fácil manuseio:

O termo fanzine é um neologismo formado pela contração de fanatic e

magazine, do inglês, que viria a significar magazine de fã. O fanzine é uma

publicação independente e amadora, quase sempre de pequena tiragem, impressa em mimeógrafos, fotocopiadoras, ou pequenas impressoras offset. Para sua edição, contamos com fãs isolados, grupos e associações ou fãs- clubes de determinada arte, personagem, personalidade, hobby ou gênero de expressão artística, para um público dirigido, podendo abordar um único