• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II: CONTEXTUALIZAÇÃO DA PRÁTICA

2.3. Contexto de natureza funcional

O futebol é um desporto que apresenta alguns sinais de resistência à mudança, pelo que os avanços procedentes de diferentes campos são por vezes vistos com alguma reticência. Todavia, a necessidade de obter bons resultados num contexto competitivo caracterizado pela presença de uma elevada igualdade entre as equipas, faz com que os treinadores se preocupem cada vez mais por tentar ter sob controlo cada um dos fatores que potencialmente podem influenciar o comportamento competitivo das suas equipas e jogadores, e em consequência os resultados dos jogos.

A nossa integração na equipa técnica do Varzim Sport Club na Época 2018/2019 surgiu na sequência do que tinha sido a nossa atividade na época imediatamente anterior: com o objetivo de dispor da oportunidade de realizar o presente estágio, assumimos durante a Época 2017/2018 funções relacionadas com a observação e análise, que agregou com as aulas de primeiro ano do 2º Ciclo.

Devido à carência que a equipa técnica tinha relativamente à elaboração de material audiovisual, fomos propostos numa perspetiva de continuidade. Isto foi de encontro às nossas pretensões, visto que pretendíamos utilizar a observação e análise de jogo como “porta de entrada” para o futebol profissional. Realmente, o treinador-analista tem assumido uma figura de grande importância pela forma como auxilia o treinador principal a aumentar a qualidade e efetividade das suas decisões e ações em questões relativas à direção e controlo dos processos de treino e competição. Segundo Vázquez (2012), o perfil profissional e formativo do treinador-analista corresponde ao de um treinador de futebol com conhecimentos e experiências no treino desportivo e análise tática do jogo, assim como uma elevada capacidade para utilizar certas tecnologias de apoio ao rendimento desportivo como os editores de vídeo ou programas informáticos específicos para o armazenamento e gestão dos dados retirados do treino e competição. De um ponto de vista funcional, o treinador-analista está diretamente envolvido nas tarefas do departamento de análise de jogo.

75

Numa primeira fase, as funções propostas pelo clube e pela equipa técnica passaram por tarefas exclusivamente ligadas à observação e análise, isto é, providenciar ao treinador dados que correspondam aos critérios de qualidade e especificidade desejados por este. Entre as nossas funções, estavam:

• Filmagem de exercícios de treino (nomeadamente exercícios de organização coletiva), unidades de treino e jogos;

• Análise qualitativa de momentos de jogo da própria equipa, à posteriori;

• Desenvolvimento da análise de rendimento manifestado pela própria equipa durante o último jogo, identificando áreas de rendimento individual e coletivo suscetíveis de serem melhoradas; • Realização de vídeos com momentos coletivos positivos e

negativos, de acordo com o modelo de jogo da equipa e sempre direcionado para a intervenção, seja esta corretiva ou de reforço; • Observação e análise das equipas adversárias, com a realização

de relatórios semanais em formato de vídeo, descrevendo as

principais características de jogo que o próximo adversário apresenta, dando bastante ênfase na análise das bolas paradas; fornecer sugestões sobre a forma como poderiam ser anulados os aspetos mais fortes e explorar os aspetos mais fracos do adversário. Ainda com a primeira equipa técnica, logo no primeiro dia de treinos, foi- nos proposto que, além destas funções, tínhamos de:

• Estar presente no momento de planeamento do treino;

• Auxiliar os restantes treinadores durante o processo de treino na montagem e recolha do material necessário, distribuição de coletes e bolas, condução e controlo dos exercícios de treino;

• Colaborar no processo de reflexão após treino.

Com o perpassar do tempo, já após o início da temporada, e com o surgimento de novos recursos, tivemos a oportunidade de gerir uma nova função, que não estava anteriormente prevista:

76

• Análise de jogo em tempo real (durante o momento competitivo), aproveitando a visão privilegiada que tínhamos no decorrer do jogo, as principais tarefas estavam relacionadas com a transmissão de informações relativas a aspetos tático-estratégicos em tempo real para os elementos situados no banco de suplentes, com o objetivo de providenciar ao treinador informação objetiva e atualizada para realizar certos ajustes que podiam melhorar o rendimento da equipa em termos coletivos e individuais. Além de enviar clips de vídeo quando requerido pela equipa técnica, com o auxílio de uma placa de captura que permitia obter imediatamente vídeos dos momentos de jogo pretendidos.

Com o câmbio da equipa técnica, além de reforçarmos a nossa autonomia nomeadamente no processo de observação e análise das equipas adversárias e na liderança de exercícios de treino, acumulamos funções às anteriormente detidas:

• Auxiliar e orientar sessões de treino individuais, sejam estes treinos de força em forma de circuito e/ou reforço muscular, sejam treinos táticos organizados por setores de jogadores por posições, realizados antes ou depois da sessão de treino formal;

• Esquematizar os posicionamentos das bolas paradas ofensivas

e defensivas de acordo como o treinador define previamente, além

de esclarecer os jogadores acerca de eventuais dúvidas sobre este momento de jogo ou de algum aspeto da equipa adversária;

• Realização de vídeos individuais (por jogador) e setoriais, com o objetivo de realizar uma intervenção corretiva;

• Realização de compactos de vídeos dos momentos de jogo das

equipas adversárias para posterior exibição aos jogadores.

A respeito da segunda mudança de equipa técnica, ficamos com menos tarefas, sendo que a nossa atividade consistiu:

77

• Colaboração com o analista da equipa técnica na análise das

equipas adversárias, com a observação e codificação de jogos e

realização de um relatório com os pontos-chave dos vários momentos de jogo das equipas;

• Colaboração com o analista da equipa técnica na análise de jogo

em tempo real (durante o momento competitivo), com a função de

fazer reparos em relação à organização da própria equipa e da equipa adversária, enviando clips de vídeo quando requerido pela equipa técnica.