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2 REFERNCIAL TEÓRICO

3.3 Contexto/local do estudo

A primeira etapa do estudo (identificação das ações para promoção da saúde desenvolvidas em um hospital de Portugal junto a familiares com recém-nascidos

hospitalizados e identificação das necessidades e mecanismos de enfrentamento de famílias portuguesas) se deu na unidade neonatal de um hospital central de referência, localizado na cidade do Porto/Portugal, no período de novembro a fevereiro de 2008.

O Porto é um município português, com 42 km² de área, sendo a segunda maior do país. Localiza-se no Norte de Portugal, a Noroeste da Península Ibérica, na margem direita do rio Douro, e próximo da sua foz. Possui cerca de 240.000 habitantes. A cidade metrópole, formada por municípios adjacentes que constituem entre si um único aglomerado urbano, conta com cerca de 1.400.000 habitantes. Além disto, é o centro de uma grande área metropolitana com cerca de 2 milhões de habitantes (INSTITUTO NACIONAL DE ESTATÍSTICA-INE, 2007).

O hospital é universitário e de alta complexidade que faz parte da Rede de Referenciação Materna e Infantil da cidade, sendo classificado como Hospital de Apoio Perinatal Diferenciado (HAPD), de acordo com sua função. Com a recente reestruturação, ocasionada pela “privatização” de alguns serviços, foram criadas Unidades Autônomas de Gestão (UAG). O serviço de Neonatologia integra a chamada UAG da Mulher e da Criança, que inclui os diversos serviços de Obstetrícia e Pediatria, admitindo recém-nascidos de médio e alto-risco. A criação dessas unidades vem proporcionar uma gestão mais racional dos recursos humanos e materiais, assim como otimizar a comunicação e articulação entre serviços.

O serviço de Neonatologia localiza-se no segundo piso do hospital, conta com dezessete leitos no total, separados em seis a oito por divisórias. Destes, seis destinam-se a bebês em cuidados intensivos, sendo que pode comportar até nove recém-nascidos. Há uma sala individualizada com apenas um leito destinado aos bebês em isolamento. Possui banheiro exclusivo para os pais e armários para guardar seus pertences. Há uma sala de reuniões/estudo, copa, vestiário com banheiros para funcionários, área de expurgo, repouso médico com sala para estudo e prescrição.

A equipe de enfermagem é composta de seis a sete enfermeiras por turno que

trabalham 36 a 40h por semana. Cada membro da equipe de enfermagem assume uma função de acordo com a experiência e o tempo de serviço na unidade. Quem coordena a equipe é sempre a enfermeira mais experiente, mas há também especialistas e os graduados, com menos experiência. Os profissionais estão organizados de forma que fique uma enfermeira para cada dois recém-nascidos em suporte ventilatório. Cada enfermeiro é responsável por dois a três bebês de médio e baixo risco. Ainda há no corpo de profissionais uma enfermeira chefe e outra responsável pela gestão de cuidados, especialista em saúde infantil e pediátrica. Para contribuir

nos serviços gerais e outras tarefas, a equipe conta com dois auxiliares no turno da manhã, um à tarde e outro à noite. O serviço dispõe ainda de um psicólogo e uma assistente social, que também exercem funções em outros serviços da UAG.

A segunda etapa da coleta de informações (intervenção por meio da abordagem grupal às famílias com recém-nascidos hospitalizados e comparação das necessidades e mecanismos de enfrentamento de famílias brasileiras e portuguesas) ocorreu na Casa da Mamãe (Sobral-Ceará/Brasil).

Como referido anteriormente, a Casa da Mamãe faz parte de um hospital filantrópico de Sobral-CE, entidade de referência secundária e terciária para os municípios da Região Norte do estado do Ceará/Brasil. O município de Sobral está situado na Região Norte do estado do Ceará, distante 240 km de Fortaleza. A cidade possui a quinta maior população do Estado, constituída de 175.814 habitantes, segundo o IBGE (2000), concentrando-se a maior parte na zona urbana. A cidade está localizada no sertão, tem clima tropical, quente e seco e conta com uma área territorial de aproximadamente 1.700 km2. Aproximadamente 20% da população vive com menos de um salário mínimo e quase 12% não tem instrução ou possuem menos de um ano de estudo. No setor saúde constitui referência para toda Zona Norte do Estado, sendo considerado Pólo Assistencial da Região.

A Casa da Mamãe foi inaugurada em 20 de julho de 2001 e tem como objetivo equacionar barreiras geográficas e socioeconômicas comuns na região, abrigando as puérperas cujos filhos recém-nascidos no hospital necessitam de hospitalização. Trata-se de um ambiente familiar e acolhedor, com 256m2, localizado vizinho ao hospital. Sua estrutura física compreende duas salas, uma cozinha, três banheiros e três quartos, onde estão distribuídos nove leitos. As sessões ocorreram em uma das salas da casa. O critério para que a puérpera seja admitida na Casa é que ela tenha recebido alta hospitalar e seu RN esteja necessitando de cuidados especiais, o que implica permanecer na UCI; é necessário ainda, que a puérpera se dirija ao hospital diariamente para realizar ordenha e/ou amamentar seu bebê.

Enquanto estão abrigadas nesse local, as mães se deslocam ao hospital nos três turnos: manhã, tarde e noite. Durante cada período, elas fazem ordenha manual de leite materno para que os bebês que ainda não estão sugando, sejam alimentados e podem a qualquer momento ter acesso à unidade neonatal permanecendo com seus filhos que ainda estão em incubadora. Os bebês que possuem reflexo de sucção são amamentados ao seio. Há uma sala exclusiva para elas, onde podem amamentar e ordenhar com privacidade e tranqüilidade. Só retornam à Casa para a realização das refeições, higiene e descanso. As mães são orientadas a ordenhar para a alimentação de seus bebês durante a madrugada,

permitindo assim, que seja reforçado o uso do leite materno, pois a instituição não dispõe de Banco de Leite Humano. Há uma auxiliar de enfermagem que as acompanha, ajudando na ordenha diária de leite materno, como também nas orientações sobre cuidados no puerpério e no trajeto até o hospital.

A presença de uma profissional por período intermitente também se justifica pelo fato de, por a maternidade ser referência na região, o perfil da clientela é de gestantes de alto- risco, merecendo, portanto, mesmo após a alta, atenção especial, pois são relatados casos em que as mães apresentaram hipertensão, sangramento transvaginal, entre outras complicações, durante a estadia na Casa.

A opção pela Casa da Mamãe para os encontros se deu pelo fato de lá estarem instaladas as puérperas cujos RN estão internados, e por ser um local mais reservado, sofrendo pouca interferência de terceiros quando comparado ao ambiente hospitalar, onde a dinâmica do serviço dificultaria a privacidade necessária ao desenvolvimento da pesquisa.

A terceira etapa da coleta de dados (avaliação da utilização da abordagem grupal como estratégia para a promoção da saúde) em que se investigaram os resultados obtidos pelo grupo, foi realizada na Casa da Mamãe e também nos domicílios das famílias que participaram do grupo em Sobral-CE-Brasil e cujo RN recebeu alta. Sabe-se que o contexto sócio-cultural em que vivem essas famílias é permeado de incertezas, contradições, limitações e conflitos que refletem no processo de cuidar da saúde da família e nos aspectos preventivos envolvidos no modo de cuidar (VIEIRA; BARROSO, 2005).

Entende-se que nesses domicílios pode-se deparar com uma falta de infra- estrutura, assim como limitações econômicas, educacionais e sociais que dificultam a qualidade de vida dessas famílias. Por conseguinte, percebeu-se como necessária essa fase, tendo em vista ser possível captar in loco aspectos culturais que não foram percebidos durante a realização dos grupos. Também foi possível, através das visitas às famílias, reforçar a avaliação dos resultados da abordagem grupal que foram alcançados e mantidos após a finalização do grupo.