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Nesta seção, apresentamos as circunstâncias em que esta pesquisa foi desenvolvida, bem como as ações que precederam à produção dos dados.

Em março de 2017, época em que foram coletados os dados desta pesquisa, o ambiente escolar da rede pública estadual encontrava-se afetado por rumores de uma possível greve geral dos professores, sem previsão de volta. As razões da greve estavam, basicamente, na retirada de direitos, como a redução da hora-atividade e possíveis punições àqueles professores que apresentaram atestado médico durante o ano como forma de justificar sua ausência do trabalho.

Percebendo toda essa tensão, fizemos alguns contatos com algumas pedagogas em diferentes colégios, para que elas intermediassem uma conversa com os professores de modo que pudéssemos explicar a proposta de pesquisa. Uma das pedagogas mostrou-se temerosa em tentar essa intermediação, alegando que os professores estavam estressados com aquela situação e ela não saberia como eles reagiriam. Como essa conversa foi por telefone, pedimos a ela, se possível, para que passasse a ligação para a sala dos professores. Nesse momento havia uma professora de português em hora-atividade que concordou em participar da pesquisa, porém, observamos que ela estava ocupada, então achamos melhor conversar pelo aplicativo WhatsApp, mas acreditamos que naquele momento ela não percebeu e passou o número antigo e ao tentar adicioná-la vi que ela não estava naquele número há algum tempo. Sem conseguir contato com essa professora, seria, necessário, então, continuar tentando o contato com outros professores.

Fizemos algumas ligações para outros colégios para verificar os horários que os professores de português estavam em hora-atividade para, assim, ir até os colégios. Conversei pelo WhatsApp com outra professora indicada por uma pessoa conhecida, mas ela informou ter vários encargos e, naquele momento, não poderia comprometer-se por estar muito

atarefada. Além disso, informou que, por conta da diminuição da hora-atividade, os professores teriam que trabalhar mais e que, por isso, seria um ano difícil.

Como eu tenho uma amiga que estudou comigo na graduação e trabalha na parte administrativa de uma escola, entrei em contato com ela e pedi, se possível, que conversasse com alguns professores explicando sobre a pesquisa. Como ela é muito querida pelos professores e funcionários por prestar suporte a todas as áreas da escola, principalmente aos professores, no que tange à parte de tecnologias, esses professores mostraram-se muito prestativos e dispuseram-se em ajudar.

Na tentativa de conseguir algum contato, fomos até o colégio e encontramos uma professora em hora-atividade. Ela aceitou conversar e colaborar com a pesquisa, então, combinamos uma instrução ao sósia para o dia seguinte, no momento de sua hora-atividade, que ocupava a primeira aula. Com tudo combinado, fomos até à direção da escola para explicar o motivo de minha visita e solicitar, se possível, um local reservado para a gravação em áudio que seria feita com a professora. A diretora informou que podíamos ficar em sua sala, mas, assim que chegamos ao colégio no dia seguinte, encontramo-nos com essa amiga que chegava ao trabalho e comentamos que na primeira aula participaríamos eu e a professora de uma instrução ao sósia e que, para isso, ocuparíamos a sala da direção, conforme sugestão da diretora. Essa amiga, no entanto, sugeriu outro local, já que a sala da direção não seria um bom lugar por ter certa circulação de pessoas.

Ela, então, nos indicou uma sala onde ninguém interromperia e, assim, ficaríamos à vontade. A sala ficava no andar debaixo do prédio onde ficava o arquivo morto do colégio. Esta sala ficava sempre trancada e, por isso, encontrava-se bastante abafada. De posse das chaves, as quais ficaram sob minha responsabilidade, abrimos as janelas para ventilar o ambiente, organizamos as cadeiras junto a uma grande mesa e, ao bater o sinal da primeira aula, fomos buscar a professora na sala dos professores e nos encaminhamos até esse local. As janelas davam para o espaço interno do pátio onde era possível ouvir o barulho das crianças em atividade física. Esse não foi um empecilho a nossa atividade, uma vez que naquele horário não havia grande circulação de alunos.

Para esse encontro, levamos um caderno para anotações, caneta e um gravador digital. Antes de iniciarmos, fizemos alguns testes com o gravador para ver se estava funcionando. Estava um tanto receosa porque o aparelho era novo e cheio de funções das quais ainda não tínhamos nos apropriado. Embora estivéssemos nervosas, tudo transcorreu dentro do prazo que tínhamos para desenvolver o método, sendo utilizado em torno de quarenta e cinco minutos, o que foi suficiente.

Neste mesmo dia, às dez horas, estava agendada uma conversa com outra professora, em outra escola, para explicar o teor da pesquisa. O contato inicial com essa professora ocorreu através de uma amiga que morava no mesmo prédio da professora pesquisada. Essa amiga, então, passou o contato do WhatsApp e a partir daí começamos a conversar. Embora essa professora tivesse se mostrado relutante devido a todos os afazeres que tinha, marcamos uma conversa no colégio durante uma hora-atividade para que pudéssemos explicar sobre o que tratava a pesquisa e como o método seria desenvolvido. A professora aceitou participar, e nosso encontro ficou marcado para a semana seguinte, no dia e horário da hora-atividade.

Ainda durante aquela semana, estivemos na escola onde trabalhava essa minha amiga para conversar com duas professoras que ela havia indicado. Como essas professoras estariam disponíveis no período da tarde, precisaríamos pedir dispensa do trabalho para ir até o colégio explicar às professoras sobre a pesquisa e, se possível, agendarmos a instrução ao sósia. Ao chegar o dia marcado, fomos até o colégio, dirigimo-nos à sala dos professores e encontramos uma dessas professoras. Ela recebeu-nos amistosamente e pedindo licença para concluir uma atividade, solicitou que ficássemos aguardando pela chegada da outra professora, já que a conversa seria em conjunto.

Quando a outra professora chegou, apresentamo-nos e explicamos os detalhes e objetivos da pesquisa para as duas professoras. Depois das apresentações e uma breve explicação sobre a pesquisa, marcamos a instrução ao sósia para a semana seguinte, tentando aproveitar ao máximo o tempo que essas professoras disponibilizaram e o tempo que teríamos, já que precisaríamos pedir novamente, dispensa do trabalho para aplicação do método. Assim, combinamos um dia em que uma delas teria uma hora-atividade na primeira aula e a outra professora na segunda aula.

Sendo produzidas em um mesmo dia, uma após a outra, a pesquisadora sentiu-se um tanto desgastada física e mentalmente, o que pode ter sido provocado pelos esforços demandados pela aplicação do método que envolveu, além de certo nervosismo, muita atenção para ouvir o que era exposto, para em seguida formular perguntas, alimentando as trocas que houve entre pesquisadora e sujeito de pesquisa.

No dia seguinte fomos à uma outra escola a fim de darmos andamento a uma instrução ao sósia que estava previamente marcada. Fomos até o colégio com alguns minutos de antecedência e ficamos esperando pela professora na sala da diretora, que ficou conversando até sua chegada. A professora recebeu-nos calorosamente com um abraço e conduzindo-nos para sua sala, onde costumeiramente leciona para alunos da EJA – Educação de Jovens e Adultos, ficamos confortavelmente acomodadas.

Neste dia, a professora ainda recuperava-se de uma faringite e sinusite, o que a fazia falar em tom mais baixo e com certa dificuldade. Então, sugerimos à professora remarcar para outro dia, mas ela resolveu participar assim mesmo. Essa experiência foi bastante agradável, assim como nas outras, principalmente pela calma com que a professora se conduzia durante a instrução ao sósia e pelos conhecimentos que eram transmitidos. Ao longo dessa conversa, interpelamos a professora várias vezes através de algumas perguntas que elaboramos com o objetivo de alimentar a conversa, caso fosse necessário. A interação foi desenvolvida e encerrada de forma satisfatória e dentro do prazo previsto da hora-atividade.