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Contextualização das Escolas

No documento 2019DeboraBerte (páginas 98-101)

4 AS POLÍTICAS PÚBLICAS SOCIAIS E A INSTITUIÇÃO ESCOLAR: UM

4.2 O lócus e os sujeitos da pesquisa

4.2.1 Contextualização das Escolas

4.2.1.1 Escola A

A Escola A foi criada por meio do Decreto Municipal n. 250/70, de 06 de novembro de 1970. A primeira edificação era pequena e de madeira. O prédio atual é de alvenaria e de médio porte. Este, foi reinaugurado após reforma no ano de 2007. Inicialmente seu objetivo era atender a alunos dos anos iniciais do ensino fundamental, isto é, do primeiro ao quinto ano. Atualmente atende a 299 alunos, da educação infantil (pré-escola) e do ensino fundamental (anos iniciais e finais), divididos em 16 turmas, com média aproximada de 18 alunos. Seu horário de funcionamento é nos turnos da manhã e da tarde.

A Escola A localiza-se em um dos bairros de maior extensão territorial e índice populacional do município de Soledade. Este bairro, ora nominado Bairro A, é dividido pela BR 386 e conta com uma população de 3.869 habitantes.60 No Bairro A, criado oficialmente em 1972, em meados dos anos 80, foram construídos os primeiros conjuntos habitacionais populares financiados pela Companhia de Habitação do Estado do Rio Grande do Sul – COHAB-RS. Esse fato, contribui para que até hoje o Bairro A seja conhecido por muitos por “COHAB” ou “Pró-Morar”61.

Os primeiros habitantes desse bairro “eram pequenos agricultores que deixaram o campo e vieram para cidade em busca de trabalho e de melhores condições de vida” (PPP, 2017, p. 3). Esses habitantes estabeleceram-se neste bairro e foram construindo suas moradias, em não raros casos, de maneira irregular, uma vez que “uma vasta extensão territorial do bairro pertencia à esfera pública e encontrava-se em situação de abandono” (idem).

Conforme descrito no PPP da escola, o Bairro A, na atualidade, ainda é estigmatizado “por se localizar em um local afastado do centro da cidade, ser constituído por pessoas de

60População declarada pelo IBGE no Censo Demográfico de 2010.

61 Pró-Morar é o nome de um projeto implantado pela COHAB- RS, na década de 80, com a finalidade de

pouco poder aquisitivo e com baixo nível de escolaridade, e, ainda, por apresentar elevados índices de violência e de criminalidade” (PPP, 2017, p. 3).

Conforme exposto no Projeto Político Pedagógico dessa instituição, no item dedicado à caracterização da comunidade escolar, frisa-se que “as condições socioeconômicas das famílias dos alunos que frequentam essa escola são restritas, em sua maioria, apresentam baixo nível de escolarização, exercendo atividades laborais informais com rentabilidade financeira que não condiz com suas necessidades de subsistência” (PPP, 2017, p.4). Dentre essas atividades, há destaque para as atividades de catador de materiais recicláveis, pedreiro, servente, empregada doméstica e prestador de serviços gerais.

No que se refere ao contexto social experienciado pela comunidade, pode-se dizer o mesmo não difere em muito do vivenciado nas periferias dos grandes centros urbano, em que as pessoas em situação de pobreza e pobreza extrema convivem diariamente com a violência, a drogadição, a falta de infraestrutura básica (principalmente em suas moradias), dentre outros. No Bairro A existem duas escolas de Educação Infantil, quatro de Ensino Fundamental, uma de Educação Especial. Há, também, duas unidades do Programa Saúde da Família (PSF), que contam com atendimento médico e odontológico, um CRAS, duas quadras esportivas, uma praça, templos de vários credos, estabelecimentos comerciais de pequeno porte (mercados, lojas de vestuário, de utilidades), dentre outros. Não há instituições bancárias, nem farmácias. Às margens da BR 386 localizam-se algumas da maiores empresas de industrialização, comércio e exportação de pedras preciosas do município.

A Escola A, participa das avaliações externas nominadas Prova Brasil, Provinha Brasil e Ana, tendo em vista o Decreto Federal nº 6.094, de 24 de abril de 2007, que estabelece que a qualidade da educação básica nacional será aferida por meio do IDEB, sendo este um indicador que abrange importantes conceitos para a qualidade da educação, o fluxo escolar e as médias de desempenho na avaliação.

Nesse sentido, no ano de 2017, a Escola A apresentou um IDEB de 5.2, para os anos iniciais, superando a meta estipulada para o mesmo ano. A média de proficiência também tem alcançado resultados satisfatórios, tendo nos últimos anos aumentado, passando em língua portuguesa de 176,8, em 2005, para 210,9 em 2017, e em matemática de 167,7 para 189,8 nos mesmos anos de referência62.

Em relação à prática pedagógica inclusiva, conforme Boletim Estatístico da SMECD, a referida escola possui 42 alunos incluídos cadastrados no Censo Escolar do ano de 2018.

62 O IDEB dos Anos Finais da Escola A não foi aferido nos últimos anos devido ao número insuficiente de

Em sua maioria, estes alunos apresentam deficiência intelectual leve; há ainda um cadeirante com severo comprometimento psicomotor e neurológico e dois autistas. Esses alunos recebem atendimento educacional especializado (AEE) na Sala de Recursos Multifuncional (SRMs) da escola, em turno inverso, por professora capacitada. Há banheiro, dependências e vias adaptadas.

No que diz respeito aos espaços de aprendizagens e equipamentos, esta escola possui salas de aula amplas, biblioteca, sala de leitura, laboratório de informática (desativado), pátio e quadra esportiva coberta, auditório, parque infantil e área verde.

O quadro docente é composto por 02 professoras da educação infantil, 09 professoras dos anos iniciais, 12 professores dos anos finais, 02 professores do AEE, 04 professores de oficinas esportivas, 02 monitoras, 05 servidores de atividades gerais, 01 apoio pedagógico, 01 apoio administrativo, 01 coordenador pedagógico e 01diretor.

4.2.1.2 Escola B

A Escola B foi criada em meados do ano de 2001, pelo Decreto nº 8.352/2001. Está localizada no Bairro B, a sudeste da cidade. As primeiras famílias residentes nesse bairro eram, em sua maioria, de origem italiana, alemã e portuguesa. No que se refere ao setor econômico, o Bairro B conta algumas indústrias de pequeno e médio porte de pedras preciosas e semipreciosas, mercados, lojas, farmácia, elétrica, lavagem e polimento de carros, serralherias, bares, dentre outros (PPP, 2017a).

As profissões mais comuns dos moradores do Bairro B são as de trabalho doméstico, pedreiro, servente, costureira, cozinheira, comerciário e autônomo. No Bairro B existem duas igrejas evangélicas e uma católica. Além da Escola B, há também, uma escola estadual de ensino fundamental e médio e uma de educação infantil. No que diz respeito às atividades de lazer, existem duas praças arborizadas, com bancos e parquinho infantil em boas condições de uso, um Centro de Tradições Gaúchas (CTG), o Parque Municipal de Exposições, o Museu da Pedra e da Mineralogia e dois salões comunitários.

O Bairro B oferece o programa Estratégia de Saúde Familiar (ESF) que conta com agentes de saúde, o Programa Primeira Infância Melhor (PIM) e a Pastoral da Criança, que realizam visitas domiciliares as famílias de baixa renda.

A Escola B atende a 290 alunos da Educação Infantil ao 9º ano do Ensino Fundamental, distribuídos em 15 turmas. Desses, 26 alunos são incluídos. Os alunos da Educação Infantil e dos Anos Iniciais do Ensino Fundamental frequentam a escola no turno da tarde e os dos Anos Finais no turno da manhã. Conforme consta no PPP da escola, elaborado em 2016, “esse educandário está inserido em um contexto social vulnerável, isto é, em um contexto em que as condições de moradia são precárias e os moradores encontram-se expostos aos mais variados tipos de violência, tendo acesso facilitado ao álcool e as drogas” (PPP, 2017a, p.3).

No ano de 2017, o IDEB para os Anos Iniciais foi de 5.8, constituindo-se no melhor índice de escola do SME do município de Soledade. A taxa de proficiência média em matemática e língua portuguesa foi de 219,1 e 206,9, respectivamente. Neste mesmo ano, o IDEB para os anos finais não foi aferido, devido a não ter atingido os requisitos necessários para o cálculo do desempenho. Segundo exposto no portal do MEC, este índice não se consolida apenas em um mero indicador estatístico, mas em um condutor de políticas públicas para a melhoria da qualidade da educação.

A Escola B é composta por dois prédios, o primeiro possui nove salas de aula, refeitório, sala da direção, sala dos professores, cozinha, área de serviço e seis banheiros. O segundo prédio abriga o ginásio de esportes, a biblioteca, a sala de informática, a de vídeo, duas de oficinas, a sala de recursos multifuncional e quatro banheiros. A Escola B encontra-se em perfeitas condições de infraestrutura física, sendo conforme avaliação de pais e alunos classificada como “um ambiente agradável, atrativo e seguro” (PPP, 2017a, p.5).

O quadro de funcionários da escola B é composto por 02 professoras de educação infantil, 08 professoras dos anos iniciais, 11 professores dos anos finais, 02 professores do SRMs, 04 professores de oficinas esportivas, 06 servidores de atividades gerais, 01 apoio pedagógico, 01 apoio administrativo, 01 coordenador pedagógico e 01diretor.

No documento 2019DeboraBerte (páginas 98-101)