Contextualização do Estudo e Metodologia

1.1. Enquadramento do estudo

Para a realização do trabalho empírico, optamos pelo inquérito por questionário como instrumento de recolha de dados e pela análise das Fichas de Unidades Curriculares do 3º ano do curso de Licenciatura em Gestão de Empresas (LGE). Os dados foram recolhidos junto dos estudantes que frequentavam o referido ano curricular e curso. Os mesmos foram abordados no início da aula de Estatística e convidados a responder ao questionário sobre as CT´s.

Uma parte do questionário foi adaptado da versão sobre “Approaches to Teaching Inventory” de Prosser & Trigwell (2004), e uma outra parte foi adaptado de uma versão da tese de mestrado em Gestão de Recursos Humanos, intitulado “As Competências Transversais dos Licenciados e sua Integração no Mercado de Trabalho”.

Estabelecemos a pergunta de partida, objetivos e hipóteses de trabalho de modo a orientar a construção do questionário. Deste modo, a pergunta de partida formulada para este estudo empírico foi:

PP: Até que ponto, o ensino superior está a construir competências transversais?

O presente estudo tem por principal objetivo verificar como tem sido a construção de competências transversais nos estudantes que frequentam o 1º ciclo do ensino superior, atendendo que houve mudança do paradigma educacional preconizada pelo PB no desenvolvimento de competências transversais e na gestão do processo de ensino-aprendizagem. De seguida apresentam-se os objetivos específicos que nortearão o presente trabalho de investigação:

Verificar em que medida a gestão do processo de ensino-aprendizagem concorre para o desenvolvimento de competências transversais nos estudantes;

Analisar em que medida os estudantes consideram importantes e dominam as competências transversais;

Verificar o papel da instituição de ensino no desenvolvimento/construção de competências transversais nos estudantes do ensino superior.

Neste sentido, tendo por base a pergunta de partida e o objetivo principal, passamos à formulação das seguintes hipóteses teóricas, que pretendemos testar:

Hip.1 - Os estudantes do ensino superior desenvolvem competências transversais ao longo do 1º ciclo;

Hip.2 – O comportamento praticado pelos docentes e discentes concorre para o desenvolvimento das competências transversais do curso de licenciatura do 1º ciclo da instituição de ensino superior a estudar.

1.2. Caracterização do questionário

O questionário foi constituído por 6 partes. Na primeira parte pretendíamos fazer um enquadramento do perfil do estudante, através de algumas variáveis qualitativas e quantitativas que depois poderiam servir para efetuar correlações com outras variáveis do questionário. Assim, foram incluídas nesta primeira parte questões relacionadas com o género, idade, regime de ingresso, estatuto profissional, relação contratual, tipo de funções, anos de exercício de atividade profissional e anos de experiência profissional.

A segunda parte tinha como objetivo recolher informação sobre o comportamento do docente no processo ensino-aprendizagem e o nível de autonomia desenvolvido pelo próprio estudante.

A terceira parte era dedicada às CT´s. Por isso, pretendíamos saber:

 o nível de posse/domínio das CT´s em duas situações: (1) aquando do ingresso no ensino superior, (2) apenas como consequência da aprendizagem obtida no curso que frequentou;

 o nível de posse/domínio por via de experiência profissional;

 a importância das diferentes CT´s para (1) desempenho das atuais funções enquanto profissional, (2) o desempenho de futuras funções no mercado de trabalho;

 os fatores contribuíram para a aquisição/reforço das CT´s;

 o nível de importância das CT´s relativamente às competências técnicas/específicas.

A quarta parte consistia em recolher informação sobre o papel das IES no que concerne às competências transversais. Portanto, procurou-se saber o grau de concordância relativamente ao papel ativo da instituição no processo de aquisição das CT´s nos estudantes e de que forma a instituição poderá potenciar a aquisição das CT´s nos estudantes.

Em todas estas variáveis foi utlizada uma escala de tipo Likert, contemplando 5 níveis, desde total discordância (1) até totalmente concordância (5). Finalmente, o questionário incluía uma parte destinada a comentários e observações sobre as diferentes questões colocadas ao longo do questionário.

1.3. Teste dos instrumentos

O questionário foi sujeito a um teste, que visou, por um lado, identificar dificuldades de compreensão das questões e, por outro, recolher opiniões sobre questões a introduzir, a retirar, ou mesmo a reestruturar.

O questionário foi testado junto de estudantes do 3º ano do curso de licenciatura de Marketing, Publicidade e Relações Públicas, os quais revelaram alguma dificuldade na compreensão de algumas questões, conduzindo assim à reestruturação das mesmas.

1.4. Caracterização da amostra

A amostra de estudantes é constituída por 40 indivíduos, que frequentavam o último ano do 1º ciclo do curso de LGE.

1.5. Tratamento de dados

Os dados obtidos através dos 40 questionários foram alvo de uma prévia análise, tendo sido atribuído missings a algumas respostas, pelo facto de, por um lado, haver respostas inválidas e, por outro, haver questões que não deviam ser respondidas pelos inquiridos tendo em conta a condição que se encontravam no momento (estudantes desempregados ou que nunca tiveram experiência profissional).

Realizamos o tratamento estatístico dos dados e respetivo procedimento através do programa informático S.P.S.S. – Statistical Package for Social Science:

 Estatística descritiva das variáveis em estudo, avançando-se posteriormente para um tratamento/análise mais apurado, utilizando cruzamentos de variáveis e correlações, quando considerado necessário;

 Aplicação do teste Spearman como método para verificar o grau de associação entre variáveis;

 Aplicação do qui-quadrado para verificar a distribuição dos sujeitos por diversas condições.