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1. INTRODUÇÃO

1.3.2. CONTEXTUALIZAÇÃO HISTÓRICA

Em meados dos anos 70, a tradição jamaicana de criar rimas de reggae acompanhadas de um DJ foi levada para o Bronx, um dos cinco distritos da cidade de New York, pelo imigrante jamaicano DJ Kool Herc, considerado o pai da cultura Hip Hop. (Beat This: A Hip-Hop History, 1984). Kool promovia festas de rua no Bronx, em que negros e latinos participavam. Afrika Bambaataa logo seguiu o exemplo do jamaicano e em suas festas tocava os discos que possuía na sua vasta coleção. O documentário “Beat This” ainda cita que os discos de Bambaataa eram particularmente incomuns, isso inclui uma música alemã que experimentava sons

eletrônicos chamada Trans-Europa Express, do grupo Kraftwerk. Afrika já pensava que aquela seria a música do futuro e se perguntava se existiam grupos negros de música eletrônica, e inspirado por grupos europeus como o Kraftwerk, criou o eletro- funk. Apesar de Bambaataa ser considerado o maior ícone da propagação do Hip Hop, o chamado “Pai” da cultura foi Clive Campbell (DJ Kool Herc), que em 11 de agosto de 1973 realizou sua primeira festa despretensiosa, em parceria com sua irmã Cindy, apenas para arrecadarem um dinheiro extra para comprar roupas de volta às aulas, mas que fez desta data o real nascimento do Hip Hop. (GONZALEZ, 2007). A Festa de 11 de agosto foi realizada no prédio 1520 da Avenida Sedgwick em NY. O imóvel é considerado o marco zero do movimento, já que foi onde tudo começou, além de ter sido residência de Clive, que luta para que o edifício seja reconhecido como local histórico pelo governo.

Figura 26 - Flyer original da festa organizada por Clive (Kool Herc).33

Fonte: Flickr BROOKLYNITE PROJECTS.

33 Figura 26 – Disponível em: https://www.flickr.com/photos/brooklynitegallery/5594169442/ Acesso em:

Figura 27 - Edifício 1520 na Av. Sedgwick.34

Fonte: Site Voices of Eats Angila.

1.3.2.1. Afrika Bambaataa e a Zulu Nation

Já citado nesta pesquisa, Afrika Bambaata é o maior ícone da história do Hip Hop, tendo uma importância imensa para sua difusão ao redor do mundo e na mudança na vida das comunidades através dele.

Nascido sob o nome de Kevin Denovan, foi criado no Bronx e através de sua família ativista, teve contato a Teologia Negra da Liberação35.

A teologia negra é um movimento teológico que surgiu entre os cristãos negros nos Estados Unidos da América na segunda metade da década dos 60. Ela se concentra na reflexão teológica sobre a luta dos negros norte- americanos, liderados no princípio pelo pastor batista Martin Luther King, Jr., para conseguirem a justiça e libertação sociais, política e econômica numa sociedade dominada pelos brancos. (DUNAWAY)

As gangues dominavam as ruas e Denovan fazia parte dos The Black Spades e tinha grande facilidade para recrutar membros para a gangue. Quando

34 Figura 27 – Disponível em: http://www.voicesofeastanglia.com/2012/07/new-york-1520-sedgwick-avenue-

birthplace-of-hip-hop.html Acesso: 25/04/2016

estava estudando, Kevin ganhou uma viagem para a África que mudaria sua vida (Afrika Bambaataa: Zulu Nation Was Created to Turn Gangs Positive, 2015). A Visita às comunidades inspirou-o a acabar com a violência das gangues de sua terra natal e junto a isso, Kevin estava impressionado pela solidariedade apresentada no filme Zulu, o que fez mudar seu nome para Afrika Bambaataa, em homenagem ao “continente mãe” que acabara de visitar e adotando o nome Bhambatha, de um líder da tribo africana Zulu, que anos atrás iniciava uma revolução na África do Sul, uma ação que é considerada os primórdios do movimento antiapartheid.

Na mesma época, e inspirado pelo DJ Jamaicano Kool Herc, Denovan, já sobre o nome de Bambaataa, começou a organizar festas e com elas, tirava os delinquentes e crianças de gangue das ruas, formando uma irmandade que ele passou a chamar de Zulu Nation. Segundo ele, a Universal Zulu Nation é uma formação, que quando começou, era composta por membros das gangues de rua de New York que eles organizaram para dá-las uma conotação positiva, ao invés de negativa (Afrika Bambaataa: Zulu Nation Was Created to Turn Gangs Positive, 2015). Ele ressalta que começou a organização dentro da comunidade negra, que isso inclui os latinos residentes de NY. Com a Zulu Nation, Afrika viajou o mundo espalhando os ensinamentos das Infinity lessons, que estão presentes em formas de parábolas no site oficial da organização. Todas as palavras e ensinamentos levam a um conceito principal que é o amor e a dedicação ao próximo. As Infinity lessons englobam desde a maneira em que se deve tratar as pessoas até como lidar com a polícia em caso de detenção ou interrogatório. As lições infinitas, em tradução livre, também eram eventos organizados pela Zulu Nation através de Bambaataa, onde eram oferecidas palestras, aulas de conhecimentos gerais, com bases filosóficas e religiosas, que visavam dar um futuro melhor para os jovens do Bronx, tirando-os do destino cruel das gangues e espalhando os lemas principais do Hip Hop: Paz, Amor, União e Diversão (CHANG, 2005). Bambaataa e a Universal Zulu Nation vão muito além de um grupo de pessoas com mentes parecidas. A organização é praticamente uma seita, com suas crenças, costumes, missionários ao redor do mundo e uma série de ideais místicos envolvendo diversas religiões como a indígino-brasileira, cristianismo, e nova era. Porém esses aspectos não serão abordados nesse projeto, pois, dinsvincula o seu caráter de entender os movimentos contraculturais através de sua história e utilizar essa compreensão como base para a criação de uma coleção de produtos de moda.

Figura 28 - Graffiti crime hurts, "crime machuca" em tradução livre.36

Fonte: Documentário Rhyme & Reason (1997).

Em 1980 foi criado o conjunto musical de Hip Hop Sousonic Force. Liderados por Afrika Bambaataa, foi um grupo de eletro-funk pioneiro na música eletrônica nos Estados Unidos da America. Claramente influenciados por grupos alemães da vanguarda da electo music como Kraftwerk e Yellow Magic Orchestra, Soulsonic Force lançaram em 1982 o single Planet Rock, que é considerado um marco na história do Hip Hop e da música eletrônica. Dois anos depois, surgia no quarto do dormitório de um cara chamado Rick Rubin, uma das maiores gravadoras do gênero e do movimento, a Def Jam Records. Rick, juntou-se a Russel Simmons e começou a gravar juntos dos Rappers, MCs e DJs locais, lançando nomes como Run DMC e LL Cool J, grandes fenômenos do Hip Hop (Dawn of Def Jam: Rick Rubin Returns to His NYU Dorm Room, 2014).

“Não há um lugar nesse país que o hip hop não tenha chegado [...] Não há nada de errado em alguém ser negro. Hip Hop é a expressão daqueles que vão em frente, do nosso dia a dia, do que vemos e fazemos [...] Você tem que escutar para entender [...] Não basta dizer ‘Eu faço Hip Hop’, é preciso Vivê-lo. (Rhyme & Reason, 1997)

É preciso vivência para estar dentro do movimento. No documentário Rhyme & Reason, nos é dito que o artista de rap pode ser qualquer pessoa de qualquer lugar, mas é preciso que ele visite o Bronx. Você nunca será um rapper completo se não souber de onde tudo surgiu. Vá para o South Bronx, visite o parque 123 e veja as pessoas, veja de onde aquilo nasceu.

1.3.2.2. Grandmaster Flash

Existe também uma peça fundamental para a evolução do Hip Hop e sua disseminação, O Grandmaster Flash. Joseph Saddler, seu nome de batismo, nasceu em Barbados, no Caribe. Logo cedo demonstrou interesse em seguir os passos do influente DJ Kool Herc. Estudou seus estilos e desenvolveu técnicas de mixagem que vieram a inovar a relação dos DJs com a música, como o Backspin37, o Punch Phrasing38 e a evolução do Scratching39 que passou a ser uma maneira de também criar a melodia.

Grandmaster Flash formou junto com mais 5 rappers o primeiro grupo de rap de New York, o Grandmaster Flash and The Furious Five. Composto por ele, Kidd Creole, Melle Mel, Mr. Ness, Kaith Cowboy e Rahiem, eles foram pioneiros em vários aspectos. Um deles é a criação do termo Hip Hop por Kaith Cowboy na década de 1970, que para simular uma marcha militar, onde os soldados fazem movimentos repetidos, cantarolava: hip hop and don’t stop/ left, right, hip, hop, hip, hop and don’t stop. (Origins of Hip Hop with Busy Bee Starski, 2010), e depois passou a referir-se às suas performances no palco como Hip Hop. Melle Mel foi o primeiro a se denominar um Mestre de Cerimônia (MC)40.

1.3.2.3. Gangsta rap

Com a evolução das técnicas e a disseminação do Hip Hop através dos Estados Unidos da América, o movimento que tinha começado na Costa Leste do país, estendeu-se para a Costa Oeste por volta de 1982, onde o estilo se desenvolveria com os anos para algo completamente novo, criando o Gangsta Rap. O termo se origina da palavra gângster, ou seja, aquele que participa de uma gangue. O Gangsta Rap é polêmico por mostrar o rap pela perspectiva do gangsta. Se ele vendia drogas, o rap falaria sobre a venda e drogas sob o olhar de quem está

37 Quando se sincroniza dois discos com a mesma música, marca-se uma batida da música e oscila entre um

disco e outro, causando um loop da mesma sequência. (How to Backspin | DJ Lessons, 2012).

38 Quando se pega uma pequena parte de uma gravação, como uma frase, por exemplo, e a coloca de uma

maneira estratégica utilizando o mixer.

39 Quando se mexe nos discos para frente e para traz enquanto eles estão sendo tocados, causando um efeito

de ranhura no som que está sendo propagado.

as vendendo. Ice-T explica a diferença do Hip Hop da Costa Oeste com a Leste quando diz que, na época, ele rimava sobre as festas em que ele e seus amigos frequentavam, mas a cena de New York era bem diferente da que eles viviam. A violência fazia parte da vida das pessoas e eles deveriam rimar sobre aquilo. Não demorou para que esse segmento do rap se tornasse motivo para guerras entre rappers e gangues. Ice-T diz que o Gangsta Rap é feito de um rapper para outro, dizendo quem é que manda e soltando ameaças como: “Eu vou atirar nessa porra dessa sua cara” (Rhyme & Reason, 1997). Pode-se dizer que esse novo estilo tem como base criativa, o quão longe o rapper pode chegar e quanto dinheiro ele pode fazer. Dr. Dre afirma que muitos dos artistas eram ignorantes, muitas vezes ingênuos e podiam ser facilmente sabotados pelas gravadoras, não sabendo quando receberiam, quanto receberiam e se realmente seriam pagos por seu trabalho. Em contraponto, se alguém o perguntar quanto custa o carro Mercedes que ele quer comprar, ele terá a resposta na ponta da língua. O que importa é mostrar quanto sucesso você estava fazendo, gastar seus primeiros pagamentos com correntes, joias, roupas, mas ainda morar em um pequeno apartamento. Por mais que o Gangsta Rap tenha desvirtuado a ideologia original do Hip Hop que surgiu na costa leste dos EUA, citá-lo é muito importante, já que é a partir dele que surgirão artistas como Jay-Z, P. Diddy e grupos como o N.W.A. Eles nos levarão ao Hip Hop que conhecemos hoje, com muita ostentação, festas, autoafirmação e um ritmo cada vez mais evoluído.

1.3.2.4. O Hip Hop e o empoderamento como emblema e herança de identidade negra.

O Hip Hop veio pela busca da liberdade e pela mudança de vida. Como disse Lauryn Hill e as meninas do grupo Salt n’ Pepa (Rhyme & Reason, 1997), elas estavam dispostas a dizer para as mulheres respeitarem umas às outras, amarem elas mesmas, pararem de ser o que os homens esperavam que elas fossem e passassem a ser o que elas quisessem ser, “Se elas quisessem usar uma saia curtinha ou uma calça baggy folgada, fazer coisas que elas quisessem fazer”. É um discurso feminista mas tem ligação direta com os questionamentos e valores defendidos ao longo da história do movimento negro e da contracultura. Aceitar a si mesmo, amando quem você é e transmitir essa mensagem de orgulho para as outras pessoas. Apesar de ser considerado violento e vulgar, o gangsta rap, segundo Ice-T, também pode ser considerado como inspiração. Ele diz que ninguém quer viver no gueto. A primeira coisa que eles querem fazer quando conquistam muita fama e dinheiro é tirar sua família de lá, e assim servir de exemplo para outros membros da comunidade. “Se um cara como eu, consegui, vocês também conseguem[...]. Os Jornalistas sempre dizem: ‘Nossa você tem uma bela casa’. E eu

respondo: Você quis dizer ‘bela casa para um cara negro’ não é racista do caralho”. (Rhyme & Reason, 1997). Ice-T ainda completa:

Você não vive em uma comunidade negra. Onde é a comunidade negra? Onde as pessoas brancas moram? Brancos vivem onde eles bem entenderem. Não há uma comunidade negra. Há uma comunidade pobre, e eu não estou querendo viver em uma porra de comunidade pobre. Venho gravando músicas há 14 anos, fazendo filmes. Eu não deveria fazer as merdas que deixam vocês felizes? Quero dizer... O que faz eles pensarem que nós queremos ficar nesses bairros? (Rhyme & Reason, 1997)

Para entender como o empoderamento chega no movimento Hip Hop, precisamos buscar um pouco das origens do Movimento Negro em sua luta pelos direitos civis. Na série de documentários The African Americans: Many Rivers to Cross (2014), o Dr. Henry Louis Gate Jr. Cita que a história do movimento negro teve sua reviravolta no século XX através da maneira como os negros se reinventaram em resposta à opressão sofrida por eles nesse período. As coisas nos EUA não eram nada fáceis para quem morava no Sul do país. Linchamentos às pessoas negras eram noticiados por jornais de gente branca como se fossem um evento de entreterimento. Através dos anúncios, a população sabia hora, local e quem seria a vítima do linchamento, podendo ir assistir a tudo na maior naturalidade possível e ainda levar “souvenirs” para casa, como as roupas das vítimas, objetos pessoais e até seus ossos (The African Americans: Many Rivers to Cross, 2014). Na maioria das vezes esses linchamentos envolviam cordas e árvores, para que os negros fossem enforcados, referência citada por Tupac Shakur41. Todo esse tratamento de erança escravocrata tornva a vida dos negros um verdadeiro inferno, quandos eles tinham oportunidade à vida, já que os linchamentos não poupavam homens, mulheres ou crianças.

Figura 29 - Jornal de New Orleans divulgando linchamento que aconteceria na mesma tarde da publicação.42

Fonte: Documentário The African Americans: Many Rivers to Cross.

Com a frequência do ataques se tornando cada vez maior, os negros migraram, do sul, para as outras regiões dos EUA, principalmente para o norte. “A Grande Migração era na realidade sobre liberdade, identidade, clamar por direitos de cidadania” (The African Americans: Many Rivers to Cross, 2014). Ainda no sul do país, os negros se juntaram e pensavam “não precisamos sair daqui”, uma maneira de afirmar que os brancos teriam que aprender a conviver com eles e tratá-los de maneira digna. Com as mortes, os brancos começaram a se preocupar com quem cuidaria dos seus filhos, quem limparia sua casa, quem lavaria suas roupas e etc. Juntando um fator a outro, a população negra, mais unida, desenvolvia uma cultura própria e isolada da cultura dominante daquela região, resultando em diversas associações ligadas somente à pessoas negras e a geração, através de William Edward Burghardt, de documentos e petições em busca de direitos civís. (The African Americans: Many Rivers to Cross, 2014). Dando um salto para New York, lá, a comunidade negra estava mais entrosada com a sociedade, de um modo geral. Eles tinham emprego corriqueiros e encontraram no Harlen, um lugar para serem eles mesmos. Eles tinham a liberdade de ser quem eles queriam. Nos anos seguintes os negros criaram aquele que seria o primeiro grande simbolo da cultura pop dos EUA em relação à música, o Jazz43. Seguindo os eventos relacionados ao movimento negro, em 1929 foi criada a Universal Negro Improvement Association

42 Captura de tela feito pelo autor. 43 Mais sobre Jazz na página 18.

and African Communities League44, que foi o maior movimento em massa envolvendo pessoas negras de história dos EUA. Seu líder Marcus Garvey, em sua visão messiânica, pregava que negros eram tão importantes quanto qualquer outra pessoa, eles foram reis e rainhas na África, trazendo um simbolismo de poder ao seu povo.

Na década de 1930, com a população sofrendo as consequências da Grande Depressão econômica, a igualdade racial parecia estar cada vez mais distante. A supremacia branca era que decidia onde eles poderiam comer, por qual porta deveriam entrar, a parede onde poderiam se encostar e até os hotéis em que deveriam descansar após uma longa viagem na estrada. Na década de 1940 os negros tinham sua própria imprensa e seus próprios canais de rádio, dirigidos por DJs negros tocando músicas da comunidade negra. Isso dava a eles a sensação de liberdade, de união, orgulho e poder. (The African Americans: Many Rivers to Cross, 2014). Na década de 1950, já com muita lutas pelos direitos civís e contando com a representatividade de vários artistas negros conhecidos, algo faria com que o movimento chegasse a outro nível: Uma costureira negra, se negava a obedecer o pedido de um branco a se levantar de seu lugar em um ônibus. Rosa Parks, como era chamada, foi presa e se tornou um simbolo da atitude revolucionária que o movmento seguiria dalí para frente. O ato de Rosa inspirou a população negra a boicotar as redes de ônibus, se negando a usá-los.

O movimento ficou mais forte com a ajuda do pastor batista Martin Luther King Jr. Inspirado pelos ideais pacifistas de Mahatma Gandhi, Martin acreditava que todos poderiam viver pacificamente, respeitando a diversidade de etnias e cores. Por ser pastor, seu modo de falar atraía as pessoas transmitindo liderança, firmeza e confiança, sendo um dos maiores líderes de movimentos sociais que já existiu. Um marco tão importante quanto o de Rosa Parks aconteceria em decorrer das revindicações políticas. Pela primeira vez, uma menina de 6 anos entrava em uma escola totalmente composta por crianças brancas, em resposta à lei de fim a separação escolar. Ruby Bridges, a menina, conta que na época não entendia o que era aquilo. Pessoas assustadas, revoltadas, retirando seus filhos brancos da escola pela indignação. Eles não viam uma menina negra indo estudar, eles viam a mudança, e eles teriam que aceitar esse fato. (The African Americans: Many Rivers to Cross, 2014).

Figura 30 - Ruby Bridges chegando na escola cercada de brancos protestando contra a integração racial.45

Fonte: Site PPA Berlin News

Os atos liderados por Martin acabavam gerando imagens midiáticas perfeitas para que o país inteiro visse o que aquele povo sofria. Em 1965 com a marcha de Selma, toda a nação ficou chocada ao ver a repressão policial sobre os protestantes pacíficos. Martin conseguiu, com isso, unir pessoas de diversas etnias, credos e culturas em favor da marcha. Em uma das caminhadas, Martin se juntou a Stonkely Carmichael, um líder da nova geração do movimento, que virou um grande símbolo por ser membro dos panteras negras e por, em seus discursos, repetir as sentenças “O que vocês querem? Liberdade! E quando vocês querem? Agora!” Seguidos de “O que nós queremos? Black Power46!”. O discurso televiosionado de Carmichael repercutia pelo país inteiro e na manhã seguinte a expressão Black Power não só estava na boca de todos, mas também se tornaria o nome de um novo movimento. Após o assassinato do lider pacifista Martin Luther King, a população negra não via mais sentdo em lutar sem violência e ao redor do país podiam ser vistos várias rebeliões em que eles ateavam fogo em suas cidades e vandalizavam o patrimônio.

45 Figura 30 – Disponível em: https://ppaberlin.com/2011/11/13/a-pequena-ruby-bridges-e-a-historia-do-racismo-

nos-eua/ Acesso em: 16/05/2016

Figura 31 - Poster Black Power.47

Fonte: Scribd.

A revolta deu mais força para um grupo que havia sido criado em 1966 e que é até hoje um dos maiores ícones do empoderamento e do Black Power, O Partido dos Panteras Negras. Se tratava da luta armada do movimento e foi criada para proteger a população negra da violência que sofriam da população dominante. Kathleen Neal Cleaver, uma das líderes dos Panteras Negras, diz em entrevista ao documentario The African Americans Many Rivers to Cross que as pessoas

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