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1. INTRODUÇÃO

1.3.1. OS 4 ELEMENTOS DO HIP HOP

O Hip Hop pode ser considerado um movimento completo por envolver diversas áreas da arte, é uma cultura multimídia. Afrika Bambaataa, um dos pioneiros e considerado grande mentor do Hip Hop e criador da Zulu Nation25 delimitou as 4 grandes vertentes do movimento: O Rap; O Grafitti; O Breakdance (B- Boy e B-Girl); O DJing. (BAMBAATAA)

1.3.1.1. Rap – A poesia

O Rap teve sua origem na Jamaica nos anos 60, porém de uma maneira mais primitiva. Derivado diretamente da África, o canto rimado da Jamaica era uma herança da musicalidade ancestral, como afirma Big Richards (2005), Rapper e ativista brasileiro. Essa herança também chegou ao Brasil através dos navios negreiros e deram origem a diversas formas de canto improvisado e ritmado (como

visto anteriormente na história do Jazz) como o Coco, o Repente e a Embolada. Richards ainda afirma que com o tempo, os jamaicanos migraram para os EUA, lá, nos guetos de New York o rap atende às necessidades dos jovens da periferia que buscavam uma maneira de expressar os problemas vividos em seu meio social. Quem ministra o Rap são denominados MCs26 ou Rappers.

1.3.1.2. Graffiti – A arte visual

Neelon & Gastman (2011) em seu documentário ‘The History of American Graffiti’: From Subway to Gallery, afirma que podemos considerar que o Graffiti acompanha a sociedade desde os primórdios com as pinturas rupestres. Segundo ele, desde que tenhamos paredes, vamos escrever nelas. Considerada um crime por muitos e uma forma de arte por outros, o Graffiti das gangues já estava nas paredes na década de 1970 em sua forma mais simples, o Tag. Servia para marcar que alguém ou algum grupo de pessoas esteve ali, um hábito famoso desde a Segunda Guerra mundial quando a assinatura “Kilroy was here” ficou conhecida. Apesar de sua origem confusa. Acredita-se que se originou pelo inspetor de navios James J. Kilroy, que marcava as anteparas dos navios que inspecionava e logo se espalhou pelo mundo através dos militares americanos.

Figura 21 - Tag histórica Kilroy was here, cuja origem não é totalmente esclarecida.27

Fonte: Site #Museu De Memes.

26 O termo MC vem do inglês master of cerimonies, e em português significa mestre de cerimônia, fazendo a

sigla ser usada em idioma brasileiro sem distorções. Fonte: Online Etymology Dicionary. Disponível em: http://www.etymonline.com/index.php?term=emcee&allowed_in_frame=0

As crianças da década de 1970 foram as responsáveis por evoluir a arte de uma simples marcação até as grandes obras que cobrem um vagão inteiro de metrô, algo nunca antes visto na nossa história. Era a primeira vez que a arte urbana, criada por pessoas comuns, literalmente viajava dentro do espaço metropolitano. Os autores do documentário ainda citam que não importam quantas leis, normas ou imposições a sociedade crie, sempre haverá uma criança ou jovem que vai sair por aí pintando as coisas que vê pela frente. (The History of American Graffiti': From Subway to Gallery, 2011)

Figura 22 - Metrô da cidade de New York.28

Fonte: Site Tooft Design.

Neelon & Gastman (2011) definem o Graffiti como o Rock n’ Roll das artes visuais. Ambos nasceram nos EUA, mas se espalharam ao redor do mundo. Embora muitos movimentos artísticos tenham ficado datados ou característicos de uma época, o Graffiti transcende essa regra e até hoje é considerado atual e contemporâneo, mesmo depois de 40 anos, pois vem evoluindo com o decorrer das décadas e se adaptando às necessidades das ruas de expressar opiniões, arte e protesto. No começo, o intuito não era estar numa galeria e ser famoso, mas, colocar seu nome, sua tag em quantos lugares fosse possível. Gastman defende que a melhor palavra para relacionar com o Graffiti é “ilegal”. É a arte da ilegalidade na parede. Funciona muito melhor em um muro, em um trem ou debaixo de uma ponte que dentro de um museu. A Arte que é levada para as galerias é mais trabalhada, mais elaborada, pois não há o risco de seu material ser levado por policiais, você pode ganhar mais dinheiro expondo em um museu. Eles afirmam que são produtos bem diferentes. É muito difícil, por exemplo, trazer crianças para dentro de um

museu, mas do lado de fora dele, a arte de rua sempre terá mais visibilidade, e é isso que os graffiteiros29 querem.

1.3.1.3. Breakdance – A dança

O breakdance, dança originada dos porto-riquenhos residentes do Bronx, em NY, passa a fazer parte do rap como a dança que acompanha as rimas e as batidas. Os dançarinos de break são chamados de b-boys. A dança é rápida e tem movimentos que exigem muito equilíbrio e força, pois, os b-boys, em algumas posições como o freeze (Figura 23), ficam parados se sustentando por alguns membros, daí o nome break, é o equivalente à pausa, freio, romper.

Figura 23 - Freeze, passo parado do breakdance.30

Fonte: Site Learn How to Breakdance.

O breakdance surgiu como uma forma dos jovens não se envolverem com as gangues de rua de New York, em especial os Savage Skulls que viviam em guerra com os Savage Nomads desde os anos 70 e sofreram influência da cultura punk. Fugir de encrenca era uma forma de manter a cabeça no lugar, e a arte é uma das melhores maneiras de se fazer isso, vide projetos como o brasileiro Afroreggae. E naquelas circunstâncias, nada era mais libertador que expressar seus sentimentos e denunciar os problemas da comunidade pobre e negra através de rimas poéticas urbanas acompanhadas de uma dança.

29 O que produz o Graffiti

Assim como os Savage Skulls, Savage Brothers e The Black Spades, outro grupo pioneiro no breakdance foi o Mighty Zulu Kingz. Eles eram o grupo de b- boys oficial da Zulu Nation, formados por Ahmed Henderson, Aziz Jackson, Shaka Reed, Kusa Stokes e Zambu Laner (NESS, 2016).

Figura 24 - Logo do The Mighty Zulu Kingz, grupo de breakdance da Zulu Nation.31

Fonte: Site Zulu Nation Netherlands 1.3.1.4. DJing – O ritmo

O DJ (disc-jockey) é aquele que executa discos de vinil utilizando dois toca-discos conectados por um mixer, permitindo assim, modificar o conteúdo dos discos, criando a mixagem. (FONTANARI, 2008). Surgindo primeiramente como as pessoas que tocavam discos em rádios ou nas comunidades, onde as pessoas não tinham dinheiro para comprar álbuns e singles, os DJs logo começaram a ganhar as pistas de dança, devido à popularidade das discotecas e do estilo ”disco”.

31 Figura 24 – Disponível em: http://www.zulunation.nl/index.php/knowledgde/bboy-ing/413-the-history-of-the-

Figura 25 - DJ Bobby Viteritti na década de 1970.32

Fonte: Site do DJ Bobby Viteritti.

“Nós tocamos Heavy metal, nós tocamos funk, tocamos reggae, calypso, soca, africanos, qualquer Jazz, qualquer coisa que tenha uma batida ou uma pegada legal, e nós manipulamos na mesa para a frente e para trás, fazendo sons diferentes e mixagens rápidas” (History of the birth Hip Hop Culture until 1991)

É assim que Afrika Bambaataa fala sobre o ofício do DJ dentro do movimento Hip Hop. Era nas festas das periferias onde as pessoas podiam ouvir algo de diferente, experimentar Rolling Stones misturado com James Brown. Isso atraía o público, que se divertia bastante. Bambaataa queria criar um novo som para a Zulu Nation, organização fundada por ele.

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