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5. APRESENTAÇÃO DA COLEÇÃO E SEUS ELEMENTOS

5.1. ESBOÇOS E EVOLUÇÃO

Seguindo todas as informações captadas nas etapas anteriores de pesquisa e prosseguindo no processo de materialização dos conceitos, só que agora a partir da construção do campo de valores estéticos do autor, foram desenvolvidos assim os primeiros rascunhos.

Figura 41 - Esboços da coleção.

elementos visuais dos movimentos de contracultura. Foram desenhadas alternativas de modelagem, letreiros que pudessem ser transformados em estampas, acessórios e beleza. A Maquiagem da coleção é importante também para transmitir a narrativa criada. Ela dá apoio aos elementos gráficos e ao conceito. A Beleza tem como referência os icônicos olhos e maçãs do rosto marcados da cantora Siouxsie Sioux e faz uma junção com o conceito de quebra de estereótipos de gênero (Gender fluid), onde só a mulher se maquia, incorporando esse valor ao universo masculino, artifício que é usado pelas performers Drag queens.

Figura 42 - Siouxsie Eyes, os olhos icônicos da rockeira.

Fonte: Montagem criada pelo autor.

Um dos elementos gráficos utilizados surgiram do próprio traço e textura deixados pelo lápis nos rascunhos. Formavam-se espécies de estacas pontudas que evoluíram para pinceladas de nanquim.

Figura 43 - Esboços da coleção.

utilizados na coleção é incitar a sexualidade. Para agregar esses significados, foram adicionados elementos que remetem ao sexo como arreios de couro com argolas, cintos e a exposição de partes do corpo. Tais referências são heranças do movimento punk. As partes do corpo à mostra são uma ironia com o modo que o corpo feminino é sexualizado e objetificado nas grandes mídias, invertendo os papéis estereotipados.

Figura 44 - Esboços e evolução da coleção.

Fonte: Criado pelo Autor

Os rabiscos do grafite no papel, são claramente uma materialidade com uma significação ainda bastante aberta, citados anteriormente foram aprimorados com o uso de caneta-pincel com a finalidade de se tornar uma estampa curinga. Essa mancha gráfica serviria de apoio nas aberturas das roupas, dando a sensação de desgaste.

Fonte: Criado pelo autor.

Figura 46 - Produção dos elementos gráficos.

O elemento foi tratado digitalmente e transformado em uma ferramenta de software para multiplicar-se e variar a dispersão, direção e intensidade.

elemento gráfico.

Fonte: Criado pelo autor

O mesmo foi feito para texturas abstratas, dando liberdade para que se tornassem estampas rústicas, sem clareza e com aparência agressiva.

Figura 48 - Textura em pincel e Nanquim

Fonte: Criado pelo autor.

As tags são um elemento forte e presente até hoje na cultura Hip Hop. Foi desenvolvida uma série de tags em parceria com o Graffiteiro Léo Arem, membro da 33 CREW. As frases utilizadas foram retiradas de trechos de músicas Black/hip hop, até frases de impacto e empoderamento, criadas pelo autor, com base em depoimentos e fazendo referência ao histórico dos movimentos.

Figura 50 - Produção manual das Tags.

Fonte: Criado pelo autor.

A Palavra “Orgunga” é uma criação do rapper Rico Dalasan e ele explica que o termo significa o orgulho que vem depois da vergonha (Um Milkshake

gay, e conta em entrevistas que sofreu preconceito por isso e que sentia vergonha de suas características, mas depois que se relacionou com o Hip Hop, passou a se aceitar e ter orgulho de sua natureza e condição, fazendo disso sua ferramenta de poder e espalhando a mesma mensagem para os seus iguais. Por isso foram criadas variações de tag com a palavra Orgunga, pois ela se relaciona diretamente com os conceitos da coleção.

Figura 51 - Tags "Orgunga".

Fonte: Criado pelo autor.

Figura 52 - Tags "Plantations No More".50

Fonte: Criado pelo Graffiteiro Leo Arem para a coleção.

As estampas caligráficas são inspiradas nos trabalhos de grandes calígrafos como Claudio Gil, Luca Barcelona, Calligraffiti e João Paulo Soares, que

50 O termo Plantations é usado para classificar os sistemas agrícolas que exploravam a mão de obra

escrava, muito comum no sul dos EUA com as senzalas, onde a segregação racial era mais evidente e extrema. Logo, a tag pode ser traduzida como: Sem mais Senzalas.

diagramação, fazendo arranjos tipográficos mais caligráficos e abstrator, chegando a perder a legibilidade, mas garantindo uma carga expressiva maior.

Figura 53 - Obras caligráficas de Claudio Gil

Fonte: Montagem criada pelo autor. Figura 54 - Obras de Calligraffiti

desperate”

Fonte: Criado pelo autor

Figura 56 - Tag "Stop Killing Us".

negros por estarem vulneráveis ao sistema racista que vivemos, sendo alvos fáceis para a violência nas comunidades e favelas, sendo por meio do tráfico ou por serem julgados como bandidos por oficiais de polícia. Também é relacionada aos crimes de homofobia que matam centenas por ano no Brasil e no mundo pelo simples fato da sociedade não aceitar a maneira de viver e ser do outro.

“Bicha Bichérrima” é uma maneira de utilizar o xingamento para se auto afirmar, negando o significado ruim da palavra e transformando-a em adjetivo de consolidação.

Figura 57 - Tag "Bicha Bichérrima".

Fonte: Criado pelo autor. Figura 58 - Tag "Black Power".

Fonte: Criada pelo Graffiteiro Léo Arem para a coleção.

Fonte: Criado pelo grafiteiro Léo Arem para a coleção.

“I am my religion”52 é uma forma de negar a influência antiquada e muitas vezes opressora da religião sobre as pessoas. Afirmar-se como sendo sua própria religião dizer que você é seu próprio Deus, dono de seu corpo, seu templo, e de suas vontades.

Figura 60 - Esboço de pantera.

Fonte: Criado pelo autor.

Figura 61 - Textura sendo produzida manualmente.

Fonte: Criado pelo autor.

Figura 62 - Textura tratada digitalmente.

Fonte: Criado pelo autor.

Figura 63 - Pattern criado através do Tag.

Finalizado o processo de expressar visualmente o campo de imagens mentais que fora gerado com os estímulos conceituais aqui estruturados como campo de inspiração, e que assim se organizaram como o emporderamento de jovens excluídos socialmente, como negros, gays, artistas de rua e performers que atuam na construção da nossa realidade e cotidiano, e assim poder entrelaçar a esse campo a verve transgressora do Punk, foi possível também explorar imageticamente os conceitos de ausência, exclusão, e está à margem, que materialmente foram representados como fendas que mostram esse corpo masculino que existe e é real, mas que fica escondido, no campo do senso comum das roupas masculinas. As fendas também servem para mostrar o corpo de uma maneira a amá-lo e usá-lo como instrumento de empoderamento, em contraponto ao que a sociedade espera, ou seja, que nós não exploremos nossa sexualidade e tratemos nosso cormo como algo impuro ou impróprio.

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