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4. MODELO MULTICRITÉRIO DE APOIO A DECISÃO PARA

4.2 Contextualização do problema de decisão

Para efetivar a aquisição de quaisquer bens ou serviços, o Hospital Universitário Onofre Lopes por ser uma organização pública deve submeter-se a utilização de processo licitatório que no Brasil é estabelecido e regulado através da Lei N°8.666, de 21 de Junho de 1993 (BRASIL,1993) e da Lei N°13.303, de 30 de Junho de 2016 (BRASIL, 2016). Além disto, a EBSERH também dispõe de um regulamento de licitações e contratos próprio que orienta suas subsidiárias para aplicação correta da legislação (EBSERH, 2018).

As licitações são procedimentos de convocação de empresas que tenham interesse em fornecer bens ou serviços para organizações públicas. E esse procedimento pode ser sintetizado em 10 fases, são elas (EBSERH, 2018):

1. Preparação; 2. Divulgação;

3. Apresentação de propostas ou lances; 4. Julgamento;

5. Verificação da efetivação das propostas; 6. Negociação;

7. Habilitação;

8. Interposição de recursos; 9. Adjudicação da Licitação;

10. Homologação do resultado ou revogação da Licitação.

Na fase de preparação, as áreas ou setores requisitantes devem destacar uma equipe responsável pelo planejamento para contratação (aquisição de bens ou serviços). O planejamento deve conter a justificativa, esclarecendo as razões para a realização da licitação, a quantidade necessária de bens ou serviços a serem contratados, os prazos para obtenção dos contratos, o estudo de mercado e a definição da equipe responsável para acompanhar todo o processo licitatório (EBSERH, 2018).

No HUOL são realizados planejamentos anuais de licitações, de modo que, todas as solicitações apresentadas pelas diversas áreas e setores compõem um documento designado calendário de compras que é submetido e aprovado pelo colegiado.

A unidade de licitações em conjunto com a equipe técnica designada no planejamento é responsável pela elaboração do edital de licitação, que deve esclarecer o objeto a ser licitado, as condições para participação de empresas, os critérios de julgamentos das propostas apresentadas e entre outras informações, como por exemplo, os prazos do processo licitatório, condições de pagamento e possíveis sanções (BRASIL, 1993).

Neste sentido, o procedimento licitatório segue para a fase de divulgação do edital e de quaisquer documentos oficiais necessários. A divulgação é realizada no Diário Oficial da União (DOU) e no portal eletrônico da EBSERH obedecendo o prazo especificado em lei (BRASIL, 1993).

A fase seguinte da licitação depende do modo de disputa entre os candidatos. Caso adote-se o modo de disputa aberta, as empresas realizam lances e são então julgadas de acordo com critério estabelecido em edital, que nesta situação pode ser o menor preço, por exemplo. Por outro lado, pode-se adotar o modo de disputa fechada. Para este caso, as propostas são mantidas em sigilo até a data e hora específica estabelecida em edital para que possam ser divulgadas (BRASIL, 2016).

Como mencionado, os critérios utilizados para julgar as propostas são estabelecidos em edital. Destaca-se dentre os critérios adotados em processos licitatórios o critério de menor preço, a combinação entre menor preço e técnica e somente técnica. Também podem ser considerados os demais critérios: maior desconto, melhor conteúdo artístico, maior oferta de preço, maior retorno econômico e melhor destinação de bens alienados (BRASIL, 1993).

Após julgadas as propostas ou lances é realizada a verificação de efetividade. Nesse ponto é avaliado se as propostas ou lances estão em conformidade com o exigido em edital. Com isso, se a concorrente situada na primeira colocação do processo licitatório, de acordo com os critérios de

julgamento, obtiver a efetividade do lance ou proposta, a candidata é então encaminhada para a fase de negociação.

A negociação tem como objetivo obter condições vantajosas para as organizações públicas, de modo que, procura-se alcançar valores iguais ou abaixo do orçamento estimado para a aquisição dos bens ou serviços, objetos da licitação. Após isso, são solicitados documentos que comprovem que a candidata possui habilitação jurídica, fiscal e qualificação técnica para exercer com seus compromissos de contrato.

Finalizada a fase de habilitação, se o candidato apresentar conformidade com todas as exigências apresentadas é então declarado o licitante vencedor. Contudo, é fornecida a possibilidade para que os demais concorrentes apresentem recursos que são avaliados pela equipe responsável pela licitação. Não havendo recursos ou caso os recursos existentes não forem admitidos é realizada a adjudicação do objeto da licitação para o candidato declarado vencedor. Após isso, ocorre a homologação do contrato (BRASIL, 1993).

Essas dez fases do processo licitatório esclarecem o contexto em que são selecionados os fornecedores de equipamentos médicos para o Hospital Universitário Onofre Lopes e demais organizações públicas brasileiras.

Nesse sentido, para os autores Oliveira e Silva, Cavalcante e Vasconcelos (2016) os requisitos para celebrar contratos com organizações públicas mostra- se rígido devido a legislação, principalmente se comparado aos processos de contratação e seleção de fornecedores realizados em empresas privadas.

Nas licitações divulgadas pelo HUOL é possível perceber esse fator de rigidez, devido a significativa parcela de processos licitatórios utilizarem como critério de julgamento o menor preço. Isso significa que uma empresa candidata pode ser declarada vencedora apresentando apenas parâmetros mínimos de qualidade exigidos em edital.

Este fator, necessariamente, pode não garantir uma condição vantajosa para a administração pública, pois nesse caso não são consideradas vantagens ou benefícios que não estejam presentes em edital. Além disto, as equipes de elaboração de edital podem não estar familiarizadas com os parâmetros mínimos

de qualidade em situações de aquisição de equipamentos para proporcionar novos procedimentos médicos no hospital.

Os autores Rodríguez, Ortega e Concepción (2013) afirmam, por exemplo, que na elaboração de requisitos técnicos na seleção de fornecedores recomenda-se inserir certa flexibilidade oportunizando a obtenção de propostas técnicas eficientes e acessíveis.

Diante de tais circunstâncias, apresenta-se como alternativa viável e prevista na Lei N° 8.666 e na Lei N° 13.303, o procedimento de pré-qualificação que pode auxiliar o processo licitatório. A pré-qualificação tem como objetivo identificar no mercado fornecedores considerados aptos, assim como, bens que atendem as exigências da organização pública (BRASIL, 1993).

Esse mecanismo é indicado para situações em que se deseja analisar, detalhadamente, critérios de qualificação técnica. Oliveira e Silva, Cavalcante e Vasconcelos (2016) argumentam que essa é uma alternativa para aumentar a qualidade dos fornecedores que participam das licitações e dessa forma proporcionar efetivas vantagens através de compras eficientes no atendimento das necessidades das organizações.

Contudo, a legislação não esclarece de modo bem definido quais os procedimentos devem ser seguidos para implementar a pré-qualificação, o que de certa forma acaba inibindo sua aplicação (DE OLIVEIRA E SILVA; CAVALCANTE; DE VASCONCELOS, 2016).

Para sobrepor esta lacuna, o presente estudo propõe a utilização de procedimentos formalmente estruturados e transparentes através do modelo de decisão multicritério. Nesse caso, o modelo auxilia na definição e avaliação de critérios e na elucidação da estrutura de preferencias do tomador de decisão.

Com informações acerca do processo licitatório fornecidas neste tópico e as informações a respeito da aquisição de equipamentos médicos para as diversas áreas presentes no HUOL, definiram-se três cenários para a aplicação do modelo de decisão multicritério.

Cada cenário é composto por um processo licitatório efetuado pelo Hospital Universitário Onofre Lopes no ano de 2018. Essas licitações foram

escolhidas considerando o impacto financeiro de cada área requisitante, a complexidade técnica dos equipamentos e a presença de três ou mais empresas candidatas, aumentando a abrangência de mercado e a competitividade.

Com isso, dentre as áreas do HUOL que apresentaram significativo valor monetário investido na aquisição de equipamentos médicos, apenas a área de oftalmologia contempla as considerações estabelecidas anteriormente. Dessa maneira, os cenários são denominados: Cenário Equipamento A, Cenário Equipamento B e Cenário Equipamento C.

O Cenário Equipamento A, diz respeito a aquisição do equipamento denominado Campímetro. Esse equipamento é utilizado para diagnosticar problemas no campo de visão identificando áreas de cegueira presentes no olho humano. O HUOL adquiriu o Campímetro pelo valor de R$ 224.000,00.

Figura 08: Exemplo ilustrativo do equipamento Campímetro.

Fonte: Medical expo (2020).

O Cenário Equipamento B é referente a licitação para aquisição do equipamento intitulado Foto coagulador a laser. O objetivo deste equipamento é realizar tratamentos através do procedimento de coagulação utilizando feixes de luz (laser). Esse equipamento foi negociado pelo HUOL no valor de R$ 210.980,00.

Figura 09: Exemplo ilustrativo do equipamento Foto coagulador a laser.

Fonte: Medical expo (2020).

Por último, o Cenário Equipamento C é inerente ao Oftalmoscópio. Esse é um equipamento utilizado em exames que auxiliam no diagnóstico de problemas na região posterior do globo ocular. Quanto ao valor de aquisição, esse equipamento é relevante para o estudo, pois traz uma realidade de faixas de preço diferente dos outros dois cenários, uma vez que, o Oftalmoscópio foi adquirido pelo HUOL no valor de R$ 1.350,00.

Figura 10: Exemplo ilustrativo do equipamento Oftalmoscópio.

Fonte: Medical expo (2020).

Esclarecido o contexto do problema de decisão para aquisição de equipamentos médicos no qual o Hospital Onofre Lopes está inserido, parte-se para a construção do modelo de decisão multicritério para os três cenários considerados.

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