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CAPITULO I – POLITICAS PÚBLICAS DE EDUCAÇÃO: INCLUSÃO E FORMAÇÃO

CAPITULO 4 – DO MACRO AO MICRO: UMA DESCRIÇÃO DO SISTEMA

4.9. Contornos da Criminalidade em Sergipe

O estado de Sergipe, localizado na região nordeste com uma população de 2.068.017 de habitantes, ocupa uma área de 21.918,354km. O estado possui 75 municípios, tendo Aracaju como capital.

No que se refere o sistema prisional atualmente os estado conta com 10 unidades prisionais, sendo 08 unidades masculinas, 01 hospital judiciário, que atende tanto a homens quanto mulheres e 01 unidade feminina. Oferece atualmente 2.297 vagas, para uma população carcerária de 3.763 segundo dados de junho de 2011 fornecidos pelo DEPEN.

Nesse capitulo traçaremos o perfil da população carcerária de Sergipe, enfocando a participação feminina no mundo da criminalidade no estado. Os dados que aqui constam são provenientes da Secretaria de Estado da Justiça e Cidadania, bem como do Departamento Penitenciário Nacional.

TABELA 05 – Unidades Prisionais de Sergipe

UNIDADE PRISIONAL Nº DE VAGAS % Nº DE PRESOS % FUGITIVOS % COMPLEXO PENITENCIÁRIO DR. MANOEL

CARVALHO NETO 1000 40.45 1813 47.66 42 14.53

CENTRO ESTADUAL DE REINTEGRAÇÃO 44 1.78 136 3.58 143 49.48

41Alguns dos dados apresentados pelo Departamento Penitenciário Nacional – DEPEN apresentam índices diferenciados na sua base de calculo, dificultando uma analise precisa das estatistas apresentadas. Cabe ressaltar que os dados do DEPEN, são construídos a partir de relatórios encaminhados pelos Estados.

SOCIAL AREIA BRANCA 1 - SEMI ABERTO

PRESIDIO FEMININO 175 7.08 199 5.23 5 1.73

HOSPITAL DE CUSTÓDIA E TRATAMENTO DE

SERGIPE 77 3.11 83 2.18 2 0.69

PRESÍDIO REGIONAL JUIZ MANOEL BARBOSA

DE SOUZA 111 4.49 260 6.83 22 7.61

PRESÍDIO REGIONAL SENADOR LEITE NETO 177 7.16 322 8.46 44 15.22

CENTRO ESTADUAL DE REINTEGRAÇÃO SOCIAL AREIA BRANCA 2 - SEMI ABERTO DESDE 02/07/2009

220 8.9 382 10.04 31 10.73

COMPLEXO PENITENCIÁRIO ADVOGADO

ANTONIO JACINTO FILHO 476 19.26 438 11.51 0 0

CADEIA TERRITORIAL DE NOSSA SENHORA

DO SOCORRO 160 6.47 139 3.65 0 0

COMPLEXO PENITENCIÁRIO ADVOGADO

ANTONIO JACINTO FILHO - SENTENCIADO 32 1.29 32 0.84 0 0

TOTAIS 2472 100 3804 100 289 100

Fonte: SEJUC/SE 2010

GRÁFICO 04 – Quantitativo de Homens e Mulheres nos Presídios Sergipanos

Fonte: Ministério da Justiça/DEPEN- 2011

Assim como o Brasil, Sergipe também apresenta um predomínio de homens nos presídios do estado. Da população de 3.763 presos, 3.565 são homens e 198 são mulheres. A identificação dos presos tomando-se por base seu perfil visa compreender quem é essa pessoa que se encontra presa, que oportunidade a sociedade lhe deu em relação à sua definição por uma profissão, as condições de trabalho que lhe foram oferecidas, os motivos que o levaram à prática de delitos, a justificativa para reincidir na criminalidade, enfim, visa verificar se existe uma relação entre os fatores socioeconômicos e a delinquência.

 Faixa Etária

Quando se definiu pela categoria idade dos presos, não se pensava em analisá-la fora de uma realidade que viviam no momento em que foram presos. Eles são parte de um grupo

Quantitativo de Homens e Mulheres nos

Presidios Sergipanos

Homens Mulheres

3.565

social que enfrentam responsabilidades muito cedo, o que os transforma em adultos com uma idade cronológica baixa. Assim, a categoria idade não deve ser considerada de forma isolada. Ela deve ser agrupada a outras categorias para uma melhor compreensão do perfil do criminoso que se encontra preso nas unidades prisionais de Sergipe.

TABELA 06 - Faixa Etária por Sexo em Sergipe

Faixa Etária Homens Mulheres Total

18 – 24 anos 1.174 48 1.222 25 – 29 anos 929 41 970 30 – 34 anos 618 35 653 35 – 45 anos 541 51 592 46 – 60 anos 152 16 168 Mais de 60 anos 25 01 26 Não informado 88 04 92 Total geral 3.527 196 3.723

Fonte: Ministério da Justiça/DEPEN- 2011

A população prisional do Estado de Sergipe tem um perfil jovem: dos 3.723 presos, 58,9% têm menos de 30 anos, demonstrando que os idosos estão menos expostos a situações criminais. Apenas 33,5% dos presos têm mais de quarenta anos, e desses 0,6% têm idade igual ou superior a 60 anos e 2,4% não foram informados. Sergipe assim como o Brasil, sua população carcerária são de pessoas que estão no auge da vida produtiva, no entanto constituem o excedente de mão de obra desqualificada e de baixa escolarização.

 Etnia

TABELA 07 – Perfil Étnico por Sexo em Sergipe

Cor/Etnia Homens Mulheres Total

Branco 454 20 474

Negro 295 20 315

Pardo 2.669 156 2.825

Amarelo 70 00 70

Outros 51 00 51

Total 3.539 196 3.735

Fonte: Ministério da Justiça/DEPEN- 2011

Como fora apresentado no perfil nacional, Sergipe também aparece como um dos estados onde a população carcerária declarou-se de cor parda. No tocante as mulheres, Silva e Soares (2001), em um estudo realizado no estado do Rio de Janeiro sobre a população carcerária feminina, também constataram uma sobre representação de mulheres não brancas, com baixa escolaridade e com baixos rendimentos. Não obstante, Costa (2001), em seu estudo também no estado do Rio de Janeiro, e Carvalho (2000), em pesquisa realizada para o censo criminológico do estado de Minas Gerais na Penitenciária Industrial Estevão Pinto, também detectam uma maioria de mulheres não brancas entre as presas. Entretanto, esse não é um dado universal. De acordo com Salmasso (2007), entre as detentas da cidade de Marília, em São Paulo, há uma preponderância de mulheres brancas.

Observando o estudo desenvolvido por Caleiro (2002) na cidade de Franca - São Paulo1890-1940, conseguimos perceber, além de um preconceito racial por parte das autoridades, uma corroboração numérica que já evidenciava a sobre representação das não brancas na população carcerária feminina:

O preconceito com relação à cor das indiciadas é nítido no registro feito pelos escrivães. Importa ressaltar que este dado não consta dos autos de qualificação com indicações impressas como: idade, profissão, estado civil, etc. Não obstante, o qualificativo “preta” é introduzido de maneira bem legível. Fica evidente a discriminação racial dos funcionários da delegacia de polícia, que eram a representação da sociedade, em considerar a cor da pele como item importante na qualificação das indiciadas. Como “pretas” foram registradas 22 mulheres e como pardas apenas duas (CALEIRO, 2002: 94). Outra preocupação que se soma ao fato de as não brancas estarem sobre representadas nos números, pelo menos nos oficiais, diz respeito à questão das condições de vida que grande parte delas vive. Sobre isso, Caleiro (2002), nos esclarece que as mulheres francanas demonstraram um espaço cujo denominador comum era à pobreza, ou seja, o perfil geral das mulheres era a não remuneração ou sub-remuneração.

Fonte: Ministério da Justiça/DEPEN- 2011

No tocante à tipologia criminal, em Sergipe a realidade mostra–se congruente com os estudos que apontam para a grande participação das mulheres no tráfico de drogas. E dos homens em crimes voltados para o patrimônio. Nesse sentido, ainda que existam estudos divergentes como os de Carvalho (2000) e Salmasso (2007), evidenciando uma maior preponderância de crimes violentos entre as presas, muitos outros, como os de Costa (2001), Moki (2005) e Soares (2007), apontam para um crescente número de mulheres encarceradas por envolvimento com o tráfico de drogas, chegando essas a perfilar 60% do total de presas no país. Observando o Gráfico 05, percebemos uma realidade bem condizente com o panorama nacional, uma vez que 78% das mulheres estão encarceradas por envolvimento com o tráfico de drogas.