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4. O SISTEMA DE INFORMAÇÃO GEOGRÁFICA NO GOVERNO-ELETRÔNICO

4.3. AS CONTRIBUIÇÕES DO GOVERNO BRASILEIRO

O Governo Brasileiro vem contribuindo para a melhora da administração municipal com algumas medidas que serão comentadas a seguir, uma delas foram as diretrizes do Ministério das Cidades para a elaboração do Plano Diretor Participativo em 2006. E a outra, bem recente, é o Decreto Federal nº 6.666 que trata da unificação de dados geoespaciais para o país inteiro.

4.3.1. Plano Diretor Municipal do Ministério das Cidades

O Plano Diretor Participativo, orientado pelo Ministério das Cidades, possibilitou que as cidades tivessem, a partir daí, instrumentos adequados de políticas públicas para a gestão urbanística e ambiental de seu território, que levam em consideração seu perfil de crescimento, as vocações sócio-econômicas e as características físico – territoriais locais.

Segundo o Estatuto da Cidade (Lei Federal 10.257 de 10 de julho de 2001):

O Plano Diretor é o instrumento básico da política de desenvolvimento e expansão das cidades. É o instrumento que define e induz o cumprimento das funções sociais da cidade e da propriedade do município. Tais funções devem assegurar – o atendimento das necessidades dos cidadãos quanto à qualidade de vida, à justiça social e ao desenvolvimento das atividades econômicas. In: ESTATUTO DA CIDADE. Lei 10.257, de 10 de julho de 2001.

Disponível em:

https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/Leis/LEIS_2001/L10257.htm . Acesso em: 05/06/2009.

O Ministério das Cidades colocou parâmetros para os municípios entregarem o Plano Diretor Participativo até outubro de 2006, cerca de 1740 municípios no país inteiro se enquadraram nesta situação:

- Municípios com mais de 20.000 habitantes;

- Integrantes de regiões metropolitanas ou aglomerações urbanas; - Que possuam áreas de interesse turístico ou ainda;

- Situados em áreas de influência de empreendimentos ou atividades com significativo impacto ambiental na região ou no país.

O Ministério das Cidades orientou os municípios na elaboração do Plano Diretor Participativo disponibilizando um banco de experiências com o intuito de fornecer referências de processos e produtos feitos em vários pontos do país. Além da sistematização de experiências, o banco continha sugestões bibliográficas e legislações referentes aos planos diretores participativos e regularização fundiária sustentável. Porém, é bom frisar que não existe um modelo de Plano Diretor, são as demandas locais, as relações políticas e as características sócio-territoriais que variam de município para município que moldam o plano diretor.

A orientação do Ministério das Cidades é que fossem seguidos alguns passos:

1º - Ler a Cidade – leitura para identificar e entender a situação do município: área urbana, área rural, seus problemas, seus conflitos e suas potencialidades. Constitui um processo de identificação e discussão das principais questões sob o ponto de vista de diversos segmentos sociais. Nessa etapa de leitura da cidade, o Ministério salienta a necessidade de mapear a cidade:

- Mapas temáticos sobre o território;

- Mapas de caracterização e distribuição da população e seus movimentos; - Mapas de uso do solo;

- Mapas de infraestrutura urbana; - Mapas de atividade econômica

Em cada etapa deveria haver a participação de diferentes segmentos da sociedade, a Prefeitura deveria disponibilizar informações promover conferências, fórum, debates etc.

2º - Formular e Pactuar Propostas – a partir da leitura, definir os temas prioritários para o futuro e para a reorganização da cidade. Um Plano Diretor deve ter a capacidade de intervir na cidade e não só diagnosticar. Para cada tema prioritário devem-se definir estratégias e os instrumentos mais adequados considerando as características e os objetivos da cidade que estarão contidos no Plano Diretor.

3º - Definir os Instrumentos – Como viabilizar as intenções expressas no Plano. Os objetivos e estratégias devem estar estreitamente articulados com instrumentos de planejamento e política urbana.

4º - Sistema de Gestão e Planejamento do Plano Diretor – a lei do Plano Diretor deve estabelecer a estrutura e o processo participativo de planejamento para implementar e monitorar o Plano, sua conclusão não encerra o processo de planejamento, ajustes podem e devem ser feitos. O próprio P.D. determinará os meios e a sistemática de revisão. A lei institui que o P. D. deverá ser revisto pelo menos a cada 10 anos.

O P. D. dever ser discutido e aprovado pela câmara dos vereadores e sancionado pelo Prefeito, o resultado formalizado como Lei Municipal é a expressão do pacto firmado entre a sociedade e os poderes executivo e legislativo.

A atividade de construir e elaborar o P. D. de cada cidade deve incentivar os municípios a avaliar e implantar todo o sistema de planejamento municipal. Esse planejamento implica em:

- Atualizar e compatibilizar cadastros;

- Integrar políticas setoriais, orçamentos anuais e plurianuais com o plano de governo;

- Capacitar equipes locais;

- Sistematizar e revisar a legislação.

A construção de um P.D. é também uma oportunidade para estabelecer um processo permanente de construir políticas, avaliar ações e corrigir rumos.

O P.D. deve garantir o acesso a terra urbanizada e regularizada, reconhece a todos os cidadãos o direito à moradia e aos serviços urbanos. Portanto, ele:

1º - Indica os objetivos a alcançar;

2º - Explicita as estratégias e instrumentos para atingir os objetivos;

3º - Oferece todos os instrumentos necessários para que estes objetivos sejam cumpridos.

Diretrizes semelhantes às do Plano Diretor Participativo do Ministério das Cidades podem ser adotadas para o projeto de SIG municipal e também ter um direcionamento para sites governamentais.

A orientação do Ministério das Cidades para o Plano Diretor Participativo é que fossem seguidos alguns passos e pode haver o mesmo tipo de orientação para a implantação do SIG Municipal.

O Governo Federal pode oferecer aos municípios na elaboração do SIG no Governo Eletrônico, um banco de experiências, com o intuito de fornecer referências de processos e produtos feitos em vários pontos do país, além da sistematização de experiências, o banco pode conter sugestões bibliográficas e legislações referentes ao programa brasileiro de E-gov e de Cartografia.

4.3.2. Decreto Federal da Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais - INDE

O Decreto nº 6.666 de 27/11/2008, institui, no âmbito do Poder Executivo federal, a Infra-Estrutura Nacional de Dados Espaciais - INDE, e dá outras providências.

Este Decreto cuja característica principal é de organizar o uso dos dados geoespaciais de origem Federal, Estadual, Distrital e Municipal, em proveito do desenvolvimento do País; promover a utilização e a produção dos dados geoespaciais nos padrões e normas homologados pela Comissão Nacional de Cartografia (Concar); e evitar a duplicidade de ações e o desperdício de recursos na obtenção de dados geoespaciais pelos órgãos da administração pública, por meio da divulgação dos metadados relativos a esses dados disponíveis nas entidades e nos órgãos públicos. In: BRASIL. Decreto nº

6.666 de 27/11/2008. Disponível em:

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2008/Decreto/D6666.htm. Acesso em 05/06/2009.

Estabelece um marco legal para a criação da infraestrutura nacional de dados espaciais. Espera-se que a partir daí o Brasil inicie uma política forte, voltada a evolução na área geoespacial.

Da mesma forma que existem outras infraestruturas (comunicações, transportes, recursos energéticos) no âmbito federal, nada mais coerente que deva existir também a Infraestrutura Nacional de Dados Espaciais – INDE, com normas e diretrizes bem fundamentadas, a fim de permitir a integração de todas as bases de dados com as diversas esferas de governo.

Iniciativas internacionais podem ser usadas para assimilar informações e aprendizados importantes para a implantação da INDE. Além de outras iniciativas já em curso no Brasil, não só de implantação de IDEs, mas também do padrão de interoperabilidade (e-ping) do Governo Federal.

Uma iniciativa internacional que pode ser citada é a diretiva européia INSPIRE (Infrastructure for Spatial Information in the European Community) ou infraestrutura europeia de informação geográfica. Em vigor desde 2007, tem como objetivo:.

“ estabelecer um framework legal para a criação gradual e harmonizada de uma infra-estrutura europeia de informação geográfica. Esta iniciativa incidirá inicialmente nas necessidades de informação geográfica para as políticas ambientais, mas sendo uma iniciativa de natureza inter-sectorial, expandir-se- á gradualmente para os outros sectores (e.g. agricultura, transportes, ...) à

medida que outros serviços da Comissão passarem a participar na iniciativa. A criação da infra-estrutura europeia de informação geográfica permitirá a disponibilização junto dos utilizadores, de serviços integrados de informação de natureza espacial baseados na existência de uma rede distribuída de bases de dados, ligadas com base em standards e protocolos comuns assegurando a sua compatibilidade. Estes serviços deverão permitir a qualquer utilizador identificar e aceder a informação geográfica proveniente de diversas fontes, desde o nível local até ao nível global, de um modo interoperável e para uma grande variedade de utilizações.

Os utilizadores alvo da iniciativa INSPIRE incluem os responsáveis pela definição e implementação de políticas aos níveis Europeu, nacional e local bem como os cidadãos e as suas organizações. Potenciais serviços incluirão a visualização de diferentes níveis de informação, a sobreposição de informação proveniente de diferentes fontes, a análise espacial e temporal dessa informação, entre outros.” INSPIRE - Infrastructure for Spatial Information in the European Community., Disponível em: http://inspire.jrc.ec.europa.eu/Acesso em 24/04/2009

Além do INSPIRE para o continente europeu, há também iniciativas nacionais como o projeto IDE da Polônia, o SNIG - Sistema Nacional de Informação Geográfica e o SNIT – Sistema Nacional de Informação Territorial, ambos de Portugal.

O Decreto Federal Brasileiro nº 6.666 de 27/11/2008 na íntegra, está inserido no anexo dessa dissertação.