• Nenhum resultado encontrado

3 PESQUISA DE CAMPO

3.5 CONTRIBUIÇÕES PARA A PROPOSTA DO MODELO

Inicialmente, pode-se verificar que a atratividade por grandes volumes de um mesmo produto está presente nas indústrias fabricantes para o varejo de PL, enquanto que as literaturas apontam para uma tendência de baixo volume para um mesmo design. A ideia inicial era que este volume fosse produzido em pequenas quantidades, pois este juízo de valor dá margem para esta interpretação. Na prática, foi observada uma situação diferente conforme colocado por uma das empresas através do seguinte exemplo real: um volume a ser entregue de 3.776 peças de um mesmo design em duas cores, nos tamanhos Pequeno (P), Médio (M), Grande (G) e Grande, Grande (GG) significa pelo número total dos pontos de vendas deste cliente, que cada loja receberá apenas 4 peças por tamanho e por cor. E esta quantidade para um universo mínimo de 200 mil pessoas, proporciona esta interpretação de pequena quantidade, já que este cliente somente se instala em cidades com este número mínimo de habitantes, daí uma das interpretações do pequeno volume. Neste sentido, estas redes de lojas atendem a necessidade dos consumidores sem causar a impressão de total massificação, pois este pequeno volume em cada loja será vendido rapidamente e outro produto totalmente diferente entrará em curto prazo, pois as entregas de novos produtos acontecem praticamente todos os dias.

Por isto, varejista com marca própria, principalmente as lojas de departamentos são atrativas para estes fabricantes, pois possuem grande número de lojas e assim os fabricantes podem aplicar os princípios da produção em massa, especialização do trabalho e a economia de escala. No entanto, conforme a resposta da pergunta 70 da pesquisa de campo, os fabricantes para atenderem estes clientes, precisam utilizar ferramentas como CAD, EDI, internet, software para desenhos e de PCP para conseguir dar respostas a este mercado. Estas ferramentas contribuem para o cumprimento da pontualidade dos prazos, rapidez na

comunicação, qualidade dos produtos e do desenvolvimento significando ser necessárias na composição do PDP.

Portanto, as ferramentas sozinhas não resolvem toda a situação e os erros acontecem mesmo com as ferramentas mais modernas conforme apontado na pergunta 62, pois a falta de definição clara do produto, controle e sincronismo das fases e atividades, falta de um cronograma das atividades e integração dos setores, contribui para vários desperdícios que afetam o desempenho do PDP em termos de qualidade, tempo e custos. Assim, um PDP formalizado prevendo estas atividades com controles das fases e das atividades, com gates específicos conforme utilizado no modelo de Stage Gates de Cooper (1993), ajudaria as empresas, já que desperdícios elevam os custos.

E conforme as respostas das perguntas 52 e 53, sobre a geração e seleção das ideias, mesmo as empresas utilizando procedimentos diferentes, a viabilidade técnica e econômica do produto é considerada muito importante. Assim, o modelo de funil de Wheelwright e Clark (1992) pode contribuir para esta etapa, pois se destina a filtrar os pré- projetos que estão em consonância com os objetivos da empresa.

Outro fator de importância é o envolvimento dos fornecedores e parceiros no PDP, sendo apontada por 100% das empresas conforme resposta da pergunta 56 e mostrado em números os níveis de utilização na questão 72. Ainda, sobre o envolvimento dos parceiros, a pesquisa revelou que as empresas precisam desenvolver os tecidos para cada cliente e para isto dependem dos terceiros, mas estes não são levados em consideração na hora do desenvolvimento, e conforme mostrou a questão 47, os atrasos, tanto no desenvolvimento como na industrialização têm relação com o tecido. Além destes, as empresas necessitam de outros parceiros como na atividade de costurar, em que todas as indústrias pesquisadas utilizam estes serviços, inclusive há aquelas que utilizam 100 % a terceirização, como as empresas C e D.

Outro fator apontado como sendo primordial, é a necessidade de checar e analisar as fases do processo e as atividades que são executadas, o que reforça a necessidade de utilização dos gates no modelo para então autorizar as mudanças de uma fase para outra. Também é possível identificar que testes no protótipo são necessários antes de enviá-lo para a aprovação do cliente, procedimento apontado como essencial para evitar que a reprovação aconteça no laboratório do cliente, pois segundo as empresas é comum reprovar o protótipo, causando atrasos na emissão do pedido, ou mesmo o cancelamento do produto criando uma imagem negativa da empresa.

desenvolvimento através da experiência adquirida durante os anos, conforme apontado pelos entrevistados e presenciado pelo pesquisador.

Percebe-se que as empresas estão conseguindo atender seus clientes, mas conforme relatado pelos dirigentes, item coletado na seção informações extras do formulário, a cada ano, as exigências são maiores e o preço pago não acompanha as exigências do cliente, impactando diretamente na redução das margens de lucro da empresa.

Portanto, conforme Rozenfeld et al. (2006, p.479)

se uma empresa estiver criando produtos, ela já pratica o desenvolvimento de produtos. O PDP está ocorrendo, mas as vezes, o processo não é conhecido pelas pessoas da empresa, não são sistematizados, não existem padrões, o processo e os resultados (os produtos) não possuem qualidade, cada projeto ocorre de uma maneira diferente, as melhores práticas não são aplicadas, os métodos e ferramentas consagrados de PDP não são utilizados, enfim, não existe uma visão comum do PDP.

Assim, a criação de um modelo de PDP específico para estas indústrias contribuirá para a formalização do PDP e assim, possibilitar que o processo seja mais sistemático, assertivo e com menores custos.

No próximo capítulo se detalha as contribuições do estado da prática para a proposta do modelo de PDP.

4 PROPOSTA DO MODELO DE PDP PARA A INDÚSTRIA