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PARTE IV – CONCLUSÃO

10.1 Contribuições Práticas

“A importância dos processos de informação para o funcionamento organizacional não implica, no entanto, numa simples relação entre a quantidade de comunicação e eficácia organizacional. A defesa da comunicação como um desiderato da organização precisa ser qualificado no que diz respeito ao tipo de informações necessárias para a solução de determinados problemas, e com respeito à natureza do processo de comunicação entre indivíduos, grupos e subsistemas da organização. De fato, os sistemas sociais podem ser definidos como redes de comunicação restrita, a comunicação irrestrita implica ruído e ineficiência. Cada organização, portanto, deve resolver o problema de qual padrão de comunicação deve ser instituído, quais informações devem ser encaminhadas para que escritório. Um problema em estabelecer tal padrão é a sobrecarga de informações. Há limites para a quantidade de comunicação que pode ser recebida, codificada e efetivamente manipulado por qualquer pessoa. A tendência para a sobrecarregar certos escritórios com comunicações é alta, e as respostas dos indivíduos a sobrecarga de informação são muitas vezes inadequadas.”

(KATZ, KHAN, 1978, p. 471)

A grande contribuição desta pesquisa para a MP é de ter “dado nome aos bois”, pois tudo que está nesta tese é relativo à MP, e seus integrantes provavelmente tem o

conhecimento tácito disso. À medida que são explicitados e atribuídos nomes às percepções, termos são definidos e classificados, as várias “coisas” presente no cotidiano ganham outra perspectiva. O estar explícito facilita a discussão, direcionamentos e planejamento de ações para corrigir rumos e traçar novas metas. As lacunas passam a ser passíveis de debate, pois deixam o campo abstrato das sensações e percepções e passam a ter nome e contexto. Mesmo que este contexto não reflita o todo, joga luz às questões da realidade da rede, gerando possibilidades de reflexões construtivas e voltadas para ação.

O fato da rede enxergar as suas iniciativas como projetos já é um indicativa para que as práticas reconhecidas de gerência de projetos do Instituto de Gerência de Projeto (PMI, 2008) podem ajudar a MP na condução de projetos. Assim como a participação nos grupos de discussão do Instituto sobre a gerência de projetos em redes de colaboração constituírem uma nova fonte de conhecimento e também de oportunidade para ampliar a rede de relacionamentos. A transformação em rotinas e procedimentos os resultados de projetos já concluídos (por exemplo o Movelaria Solidária) podem garantir a sua operacionalização, evitando o desvio do foco dos projetos em andamento. Outra iniciativa é formalizar o apoio do Sebrae e do Sindicatos para operacionalizar esses procedimentos e também na capacitação e preparo dos novos empresários para integrar à MP.

Outra contribuição prática é explicitar a necessidade da MP desenvolver formas de buscar novos parceiros de forma proativa para ampliar a sua rede de relacionamentos e ampliar o acesso a novas fontes de conhecimento. A MP pode incentivar o desenvolvimento de agentes internos (empresários e sindicatos) e externos (Sebrae e parceiros) para que estes atuem ativamente na aproximação com outras redes, parceiros e na geração de novas oportunidades para a rede. Dada a amplitude entre os níveis de maturidade das empresas, a MP pode desenvolver serviços que atendam subgrupos específicos, contribuindo para o aumento da sua maturidade. Ao mesmo tempo, pode fazer uso das diferenças para

desenvolver subgrupos de interesses em comum, de forma que atuem em conjunto nos projetos, como uma forma de integrar e aproximar os empresários. O cuidado com o subgrupo é que este deve sentir que tem autonomia, respaldo e suporte do grupo; o esforço deve ser valorizado mais do que o resultado; o grupo precisa garantir que os seus resultados e lições aprendidas sejam compartilhadas e integradas ao conhecimento da MP.

Os desafios de gestão da rede, se negligenciados, podem fazer com que a MP volte-se para uma centralização, ou seja, fortaleceria a identidade de um subgrupo e não do grupo, o que seria um retrocesso. A Colaboração na gestão é fundamental e está associado à capacidade de alinhar as diferentes empresas e parceiros em torno do valor comum que une a MP. A possível expansão da rede é um estímulo a mais para o grupo desenvolver formas criativas de ouvir os integrantes, envolvê-los e incentivar a sua participação. Práticas de sucesso da MP podem ser reproduzidas, com pequenos ajustes, para constituir uma alternativa para dar fluidez ao grupo, sem burocratizá-lo e mantendo-o participativo, bastando espelhar as visitas técnicas e ajustá-las para desenvolver os subgrupos (por afinidade de metas e de perfis). De forma que a MP seja reconhecida pelo espaço criativo em que a proatividade é as novas idéias são valorizada. Além disso, esse movimento pode despertar novas lideranças para gerenciar a rede, oxigenando a direção e compartilhando as dificuldades de manter um grupo coeso para dar continuidade ao trabalho de evoluí-la como um todo.

O desafio da comunicação no grupo pode ser enfrentado com o desenvolvimento dos agentes internos com função específica de integrar os membros e melhorar a comunicação. Como mencionado por Katz e Kahn (1978), o excesso de informação e a comunicação irrestrita gera ruído e ineficiência. Além disso, a comunicação, para ser eficiente, implica que o receptor não só recebeu a mensagem, mas também que entendeu o seu conteúdo. À medida que novos chegam e a rede expande, a MP precisa desenvolver um padrão de comunicação que evolua de acordo com a sua realidade. O excesso de informação é prejudicial, assim como

a sua falta, e desenvolver mecanismos e meios para garantir uma comunicação eficiente é um desafio. Talvez o desenvolvimento dos subgrupos ajude a solucionar ou abordar a melhor essa questão; afinal, cada subgrupo pode escolher o seu padrão de comunicação, e assim o grupo teria mais opções de escolha entre aqueles padrões já em funcionamento nos subgrupos.

Esta pesquisa contribui com o Sebrae ao apresentar uma forma alternativa de abordar e avaliar as PMEs e a própria APL, evidenciando que: 1) a maturidade de cada integrante afeta o grupo, assim como a rede impacta na evolução de cada empresa; 2) explicita propriedades e dimensões que podem auxiliar a compreensão do comportamento e da dinâmica de outras redes localizadas em outras regiões. A avaliação prévia das integrantes da rede, a verificação da infraestrutura local e a implantação das políticas públicas locais possibilitam ao Sebrae avaliar quais ações podem ser mais eficientes para promover o seu desenvolvimento e o associativismo da rede. A dinâmica de colaboração na MP pode contribuir com os Sebrae estaduais no contexto das redes moveleiras como as de Ubá (MG), Bento Gonçalves (RS) e São Bento do Sul (SC), como referência para incentivar a integração das PMEs do setor, colaborando para a transformação social das regiões por meio da disseminação do associativismo e do aumento de competitividade dos pequenos empreendimentos.

Por fim, há duas contribuições práticas para o Sebrae aumentar o seu valor agregado junto as PMEs, mas também como competências e necessidades que se revelaram como tendências nas redes de cooperação: 1) a possibilidade de em conjunto com a MP desenvolver a competência e habilidades para conectar redes, ou seja, ser um agente para prover acesso às fontes de informação; 2) e desenvolver competências para ser um facilitador da dinâmica de gestão e de comunicação no grupo, potencializando o seu papel de catalisador juntos às redes de PMEs no Brasil.