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Controlo dos equipamentos de pesagem dos misturadores

O controlo dos equipamentos de pesagem dos misturadores visa a avaliação regular da respetiva exatidão, de modo a aferir se as leituras geradas pelas balanças correspondem ao valor verdadeiro das cargas. Considerando a frequência de controlo exigida pela Central (diária para balanças equipadas com sistemas automáticos e mensal para as restantes), a equipa de trabalho definiu que a verificação da exatidão das balanças terá que ser realizada pelos operadores dos misturadores, consubstanciando-se, assim, num autocontrolo. Para estudar as implicações da implementação do autocontrolo, particularmente em termos de quebra de produção, procedeu- -se à definição de uma sequência de ações, a qual se apresenta na Figura 14.

Figura 14 - Ações necessárias previamente à implementação do autocontrolo das balanças dos misturadores

Os misturadores apresentam diferentes características, o que implica que não estejam equipados com um número uniforme de balanças. Procedeu-se, então, à identificação das balanças presentes em todos os misturadores, como consta da Tabela C.1 do Anexo C, recolhendo-se informação, a partir das receitas dos diversos compostos, sobre as substâncias pesadas em cada balança e sobre o peso, mínimo e máximo, das cargas habitualmente introduzidas nos misturadores. Seguiu-se uma verificação técnica do funcionamento das balanças, especialmente dos sistemas automáticos associados a alguns equipamentos, que permitem controlar a descida e a subida de padrões internos. Foi ainda delineado o método de controlo, através da identificação das tarefas previsivelmente necessárias.

Na Figura C.1 do Anexo C, encontra-se representada a folha construída para o registo das medições obtidas no âmbito deste controlo: os operadores apontam os valores do enviesamento sob a forma de pontos de um gráfico, com escalas previamente definidas; se os valores excederem as linhas de referência do gráfico, devem ser desencadeadas ações corretivas. A fim de comprovar a adequabilidade do método de controlo e para recolher informação sobre os tempos exigidos para a execução das respetivas tarefas, realizou-se um teste piloto no misturador 6, o qual foi escolhido por apresentar o número mais elevado de balanças. Os resultados do teste piloto são apresentados na secção seguinte.

Reunir informação sobre todas as balanças dos misturadores Verificar estado de funcionamento das balanças Definir o método de controlo Teste piloto no misturador 6

4.1.1 Resultados

No teste piloto ao misturador 6, estiveram presentes elementos de todos os departamentos representados na equipa de trabalho constituída para o estudo de implementação dos controlos no processo de misturação. O controlo das balanças exige a interrupção do funcionamento do misturador, pelo que se definiu, in loco, que o autocontrolo das balanças deveria ser sempre realizado aquando de um setup, evitando-se, assim, despender tempo na descontinuação de uma série em curso. Antes de iniciar o teste, o operador recebeu indicações sobre o método a adotar. As tarefas realizadas durante o teste são elencadas na Tabela 4, juntamente com os respetivos tempos de execução, os quais totalizam 23 minutos.

Tabela 4 - Tempo de execução das tarefas do autocontrolo dos equipamentos de pesagem dos misturadores

Com base nos resultados obtidos no teste piloto realizado no misturador 6 e atendendo ao tipo e ao número de balanças dos restantes misturadores, extrapolou-se o tempo de autocontrolo necessário para o conjunto destas máquinas, como se detalha na Tabela C.2 do Anexo C. Estima-se que o controlo das balanças equipadas com sistemas automáticos exigirá 122 minutos por dia e o controlo das restantes balanças exigirá 69 minutos por mês. Assim, o tempo apurado para a execução do controlo diário das balanças representa 0,84% do tempo diário disponível (tempo de trabalho deduzido do tempo associado às paragens programadas) e implica uma quebra diária de produção de 10 paletes de composto.

Note-se que, embora os tempos apresentados na Tabela 4 tenham em conta fatores de rendimento e de correção determinados pelo Departamento de Engenharia Industrial da Continental Mabor – como, aliás, é recomendado por Costa e Arezes (2003) –, existiu um elevado nível de entropia durante o teste piloto que não foi quantificado no tempo acima indicado: ocorreu uma avaria no sistema automático de uma das balanças, cuja reparação demorou cerca de 20 minutos; o operador não tinha credenciais de acesso ao menu informático que permite controlar os sistemas automáticos, tendo sido necessária a intervenção de um terceiro; procedeu-se, no decurso do teste, ao esclarecimento de dúvidas suscitadas pelo operador.

# Tarefas Tempo (s)

1 Preparar o início do autocontrolo (assegurar condições de segurança e material de registo) 15 2 Login (Inclui sair do menu da produção e entrar no menu da engenharia) 64 3 Iniciar verificação da balança de negro de fumo e aguardar que as massas desçam 94

4 Verificar e anotar leitura 17

5 Repetir o processo (passos 3 e 4) para as restantes balanças (6) com sistema automático 666 6 Transportar o carrinho com os padrões e a folha de registo 20 7 Colocar padrões na balança manual de químicos (1 padrão de 5 kg) 24 8 Iniciar verificação da balança, verificar e anotar leitura 11

9 Retirar padrões da balança 18

10 Transportar o carrinho com os padrões e a folha de registo 15 11 Colocar padrões na balança manual de borracha (5 padrões de 20 kg) 33 12 Iniciar verificação da balança, verificar e anotar leitura 17

13 Retirar padrões da balança 37

14 Retornar carrinho com os padrões ao local de origem e transportar folha de registo 37

15 Reiniciar a série (chamar receita) 45

16 Reposição a zero das balanças 250

1363 s

23 min

Autocontrolo da exatidão dos equipamentos de pesagem - Teste piloto no misturador 6

Balanças c/ sistema automático Balanças s/ sistema automático

4.1.2 Conclusões

Salvaguardando a significativa entropia verificada no teste piloto, é possível formular as seguintes conclusões e recomendações:

(1) Atendendo ao contínuo crescimento das metas de produção da Continental Mabor e dado que o composto misturado é imprescindível à produção dos elementos estruturais dos pneus, uma quebra de 0,84% no tempo disponível neste processo pode comprometer a satisfação das encomendas. Dever-se-á, portanto, ponderar a eventual apresentação à Central de uma proposta de redução da frequência do autocontrolo;

(2) A eventual proposta de redução da frequência do autocontrolo deve apoiar-se numa análise dos equipamentos de medição, especificamente da sua estabilidade, pois, no caso de equipamentos estáveis, uma periodicidade diária de controlo da sua exatidão poderá revelar-se excessiva. Uma análise preliminar de alguns certificados de calibração das balanças do misturador 6 (vide Figura C.3, Figura C.4 e Figura C.5 do Anexo C) demonstra comportamentos distintos em termos de estabilidade, pelo que nos equipamentos mais estáveis será adequada uma menor frequência de controlo;

(3) Para entender de forma mais rigorosa o impacto da implementação deste autocontrolo, sugere-se a realização de um novo teste piloto no misturador 6, mais abrangente: durante três semanas (de modo a que todas as equipas sejam avaliadas), os operadores do primeiro turno (das 08h00 às 16h00) devem proceder ao autocontrolo de todas as balanças no primeiro setup desse turno. Durante as várias instâncias do autocontrolo, um elemento do Departamento de Engenharia Industrial deverá registar os tempos de execução das tarefas e das ocorrências imprevistas, como, por exemplo, avarias; (4) O autocontrolo das balanças sem sistemas automáticos implica que os operadores

carreguem padrões de 20 kg, sendo recomendável que os carrinhos de transporte dos padrões sejam equipados com plataformas elevatórias, de modo a reduzir o esforço físico necessário e a aumentar o grau de ergonomia. No teste piloto, o carrinho não dispunha de plataforma elevatória, sendo visível nas fotografias da Figura C.2 do Anexo Coesforçodooperadoraquandodocarregamentodasbalançassemsistemaautomático.